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O CAPITALISMO TARDIO NA CONTEMPORANEIDADE LATINO- AMERICANA: UMA APROXIMAÇÃO AO CASO MEXICANO

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Academic year: 2021

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O CAPITALISMO TARDIO NA CONTEMPORANEIDADE

LATINO-AMERICANA: UMA APROXIMAÇÃO AO CASO MEXICANO

CARVALHO, Gabriel Araújo.

Estudante do Curso de Relações Internacionais e Integração, bolsista (IC-UNILA) – ILAESP – UNILA; E-mail: gabriel.carvalho@aluno.unila.edu.br; TRASPADINI, Roberta Sperandio.

Docente/pesquisadora do Curso de Relações Internacionais e Integração – ILAESP – UNILA; E-mail: roberta.traspadini@unila.edu.br.

1 INTRODUÇÃO

O Capitalismo Tardio (MANDEL, 1982) é uma concepção teórica que visa sintetizar alguns elementos presentes na fase contemporânea do capitalismo. Este estágio se inicia com as derrotas da classe trabalhadora diante dos fascismos e das guerras, desenvolvendo-se a partir da Terceira Revolução Tecnológica. Enquanto uma nova fase de desenvolvimento do capital, este estágio, síntese das etapas anteriores, tem traços distintivos, tais quais “a redução do ciclo vital do capital fixo, a aceleração das inovações tecnológicas (geradoras de rendas que se tornam a principal forma dos superlucros monopolistas sob o capitalismo tardio) e a absorção do capital excedente pelo rearmamento ininterrupto” (MANDEL, 1982, p. 4).

Neste ponto, é notável a articulação produtiva ao mercado mundial a partir da concentração e centralização da elaboração, processos estes que dão origem às empresas transnacionais, as quais se configuram enquanto a principal forma fenomênica do capital. Pensando no caso mexicano, enquanto a segunda maior economia da América Latina e sede de empresas transnacionais, este trabalho se propõe a entender algumas especificidades reservadas ao continente latino-americano nesta nova era do desenvolvimento capitalista a partir da aproximação à realidade mexicana.

2 METODOLOGIA

A pesquisa recorreu a fontes primárias e secundárias no intuito de se reunir um referencial teórico que permita aplicar conceitos e teorias à realidade

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mexicana, em específico, e latino-americana, em geral. Além disso, o projeto recorreu aos debates realizados em torno de cada temática reservada a encontros semanais. Esses debates ocorreram com base na síntese dos conteúdos que fundamentavam cada encontro dando abertura e gerando oportunidade ao posicionamento político diante das categorias estudadas.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A partir da noção de Capitalismo Tardio oferecida por Ernest Mandel, é possível entender que “a economia mundial capitalista é um sistema articulado de relações de produção capitalistas, semicapitalistas e pré-capitalistas, ligadas entre si por relações capitalistas de troca e dominadas pelo mercado capitalista mundial” (MANDEL, 1982, p. 32). Neste sentido, a realidade latino-americana sofre de forma ainda mais cruel uma vez que a própria criação das sociedades contemporâneas, as quais conformam o continente, se orienta com base na satisfação de demandas alheias:

Colônia produtora de metais preciosos e gêneros exóticos, a América Latina contribuiu em um primeiro momento com o aumento do fluxo de mercadorias e a expansão dos meios de pagamento, que, ao mesmo tempo em que permitiam o desenvolvimento do capital comercial e bancário na Europa, sustentaram o sistema manufatureiro europeu e propiciaram o caminho para a grande indústria (MARINI, 2005, p. 133-134).

Assim, o continente latino-americano se ergue enquanto civilização capitalista a partir da criação de sítios para exploração mineral e extrativa, atendendo às demandas metropolitanas europeias. Este pacto colonial pavimentou o caminho através do qual a América Latina enquadrar-se-á às necessidades da divisão internacional do trabalho, concebida a partir da Revolução Industrial. Os efeitos de tamanha especialização ao atendimento de demandas alheias geram sociedades próximas territorialmente, alheias político-economicamente:

Exportando as mesmas matérias-primas e importando produtos manufaturados de fora da região, nenhum vínculo econômico se formava entre esses países. Assim, a forma tradicional de desenvolvimento, no quadro da divisão internacional do trabalho surgida na época do Pacto Colonial e ampliada na primeira fase da Revolução Industrial, contribuiu para consolidar a fragmentação regional (FURTADO, 2007, p. 30).

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Esta é uma realidade que a América Latina, em geral, e o México, em particular, enfrentam até hoje baseando suas economias a demandas, muitas vezes, interoceânicas. Podemos pensar no processo de industrialização mexicana a partir da divisão de três fases: a primeira é aquela que surge, antes da Primeira Guerra, da existência de um mercado interno que possibilitou a modernização da matriz produtivo-industrial com fins voltados ao “aumento da produção de matérias-primas e dos produtos agrícolas para satisfazer as demandas crescentes da nova fase de industrialização nos países capitalistas avançados [...] [e a] absorver maior quantidade dos produtos manufaturados dos países capitalistas centrais” (BAMBIRRA, 2013, p. 66). Esta fase foi marcada por uma relativa autonomia na América Latina de modo que “os países mais importantes da região (Brasil, Argentina e México), aproveitando-se da criaproveitando-se mundial e dos conflitos entre as potências [...] haviam começado a trilhar um caminho de desenvolvimento independente que permitira a sua rápida industrialização” (SOUZA, 2009, p. 47).

A segunda fase corresponde ao fim dessa relativa autonomia com a integração monopólica, período no qual há “uma integração, cada vez mais, articulada dos interesses das empresas estrangeiras aos interesses das classes dominantes locais” (BAMBIRRA, 2013, p. 126). É quando se inauguram no México as indústrias maquiladoras, as quais transformaram o país numa “plataforma territorial exportadora” (MORALES, 2015) a partir da incorporação de “um novo padrão de industrialização, diferente ao da substituição de importações, uma vez que não se produz para o mercado interno” (MORALES, 2015, p. 103, tradução nossa).

4 RESULTADO

O processo de industrialização mexicano teve fases distintas sendo, uma delas, marcada por relativa autonomia diante de um contexto internacional favorável à expansão do mercado interno. Isto muda radicalmente após a integração monopólica sofrida pelo México depois do período entreguerras. A partir do capitalismo tardio é possível notar como a dependência deteriora ainda mais os efeitos de concentração e centralização produtivas no México por meio das maquiladoras.

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5 CONCLUSÕES

Portanto, a contemporaneidade mexicana, em especial, e latino-americana, em geral, não é marcada somente pelas dinâmicas internacionais do próprio capitalismo. Aqui, encontramos especificidades e até deformações oriundas da combinação entre tendências que se explicitam a partir do capitalismo tardio e da dependência, que marca o continente desde sua formação. As indústrias maquiladoras, marca da economia industrial mexicana, estão mais voltadas à satisfação das demandas estadunidenses e europeias do que às necessidades do próprio povo mexicano, e esta é uma característica presente na produção latino-americana desde os primórdios da colonização.

6 PRINCIPAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MANDEL, Ernest. O capitalismo tardio. São Paulo: Abril Cultural, 1982. 416 p. MARINI, Ruy Mauro. Dialética da Dependência. In: TRASPADINI, Roberta; STÉDILE, João Pedro. Rui Mauro Marini: Vida e Obra. São Paulo: Expressão Popular, 2005.

MORALES, Josefina. La industria maquiladora en México bajo el TLCAN 1993-2013. In: VILLAGRA, Luis Rojas., coord. Neoliberalismo en América Latina: crisis, tendencias y alternativas. Assunção: CLACSO, 2015, 316 p.

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