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Poesia e Fotografia. Quarenta Clics em Curitiba. Poesia e fotografia, com o fotógrafo Jack Pires. Catatau. 2ª ed. Porto Alegre, Sulina, 1989.

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OBRA ANALISADA: Distraídos Venceremos – 1987

GÊNERO Poesia

AUTOR Paulo Leminski

DADOS BIOGRÁFICOS Nome completo: Paulo Leminski Filho

BIBLIOGRAFIA

Poesia

• “Curitiba, Etecetera”, 1976. (2ª edição Secretaria de Estado Cultura, Curitiba, 1990.)

• “Polonaises”. Curitiba, Ed. do Autor, 1980.

• “Não Fosse Isso e Era Menos/ Não Fosse Tanto e Era Quase”. Curitiba, Zap, 1980.

• “Tripas”. Curitiba, Ed. do Autor, 1980.

• “Caprichos e Relaxos”. São Paulo, Brasiliense, 1983.

• “Hai Tropikais”. Ouro Preto, Fundo Cultural de Ouro Preto, 1985. • “Um milhão de coisas”. São Paulo, Brasiliense, 1985.

• “Distraídos Venceremos”. São Paulo, Brasiliense, 1987. (5ª edição 1995)

• “La Vie en Close”. São Paulo, Brasiliense, 1991.

• “Winterverno”. Fundação Cultural de Curitiba, Curitiba, 1994. (2ª edição publicada pela Iluminuras, 2001.)

• “Szórakozott Gyozelmunk” (Nossa Senhora Distraída) - Distraídos venceremos, tradução de Zoltán Egressy, Coletânea organizada por Pál Ferenc. Hungria, ed. Kráter,

• “O Ex-estranho”. Iluminuras, São Paulo, 1996.

• “Melhores poemas de Paulo Leminski”. (Seleção Fréd Góes) Global, São Paulo, 1996.

• “Aviso aos náufragos”. Coletânea organizada e traduzida por Rodolfo Mata. Coyoacán - México, Eldorado Ediciones, 1997

Poesia e Fotografia

• “Quarenta Clics em Curitiba”. Poesia e fotografia, com o fotógrafo Jack Pires.

Prosa

• Catatau (prosa experimental). Curitiba, Ed. do Autor, 1975. 213p. • Agora é que são elas (romance). São Paulo, Brasiliense, 1984. • Catatau. 2ª ed. Porto Alegre, Sulina, 1989.

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poética/ensaio). Iluminuras, São Paulo, 1994. (Prêmio Jabuti de poesia, 1995)

• Descartes com lentes (conto). Col. Buquinista, Fundação Cultural de Curitiba, Curitiba, 1995.

• Agora é que são elas (romance). 2ª ed. Brasiliense / Fundação Cultural de Curitiba, 1999.

• Catatau. São Paulo, Iluminuras, 2010. Ensaios

• POE, Edgar Allan. O corvo. São Paulo, Expressão, 1986. 80p. (apêndice)

• Poesia: a paixão da linguagem. Conferência incluída em "Os Sentidos da paixão". São Paulo: Companhia das Letras, 1987. • Nossa linguagem. In: Revista Leite Quente. Ensaio e direção.

Curitiba, Fundação Cultural de Curitiba, v.1, n.1, mar.1989. • Anseios crípticos (anseios teóricos): peripécias de um

investigador dos sentido no torvelinho das formas e das ideias. Curitiba, Criar, 1986.

• Metaformose, uma viagem pelo imaginário grego (prosa

poética/ensaio). Iluminuras, São Paulo, 1994. (Prêmio Jabuti de poesia, 1995)

• Ensaios e anseios crípticos. Curitiba, Pólo Editorial, 1997. Biografias e ensaios

• Cruz e Souza. São Paulo, Brasiliense. Coleção "Encanto Radical", n° 24, 1985. 78p.

• Matsuó Bashô. São Paulo, Brasiliense, 1983. 78p. • Jesus. São Paulo, Brasiliense, 1984, 119p.

• Trotski: a paixão segundo a revolução. São Paulo, Brasiliense, 1986.

• Vida (biografias: Cruz e Souza, Bashô, Jesus e Trótski). Sulina, Porto Alegre, 1990. (2ª edição 1998)

Traduções

• FANTE, John. Pergunte ao pó. São Paulo, Brasiliense, 1984. • FERLINGHETTI, Lawrence. Vida sem fim (com Nelson Ascher e

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outros tradutores). São Paulo, Brasiliense, 1984. n.p. • JARRY, Alfred. O supermacho; romance moderno. São Paulo,

Brasiliense, 1985. 135 p. lndicação editorial, posfácio e tradução do francês.

• JOYCE, James. Giacomo Joyce. São Paulo, Brasiliense, 1985. Edição bilíngue, tradução e posfácio.

• LENNON, John. Um atrapalho no trabalho. São Paulo, Brasiliense, 1985.

• MISHIMA, Yukio. Sol e aço. São Paulo, Brasiliense, 1985.

• PETRONIO. Satyricon. São Paulo, Brasiliense, 1985. Tradução do latim.

• BECKETT, Samuel. Malone Morre. São Paulo, Brasiliense, 1986. Indicação editorial, posfácio e traduções do francês e inglês. • Fogo e água na terra dos deuses. Poesia egípcia antiga. São

Paulo, Expressão, 1987.

RESENHA “Distraídos Venceremos” é uma obra literária, publicada em 1987, que contém poemas escritos por Paulo Leminski entre 1983 e 1987. O título da obra, “Distraídos Venceremos”, faz um trocadilho com o bordão progressista “unidos venceremos”. Além disso, contém a noção de contestação da lógica fundada na razão cartesiana. A razão cartesiana descarta o acaso e a arte. A partir da elaboração do título da obra, Leminski contesta a soberania do pensamento ocidental e da razão sobre o acaso. “Distrair”, em latim, distrahere, significa “puxar para diversas partes”. Em lugar de se limitar pela razão, o poeta defende a ideia de expandir-se, distrair-se. Assim, mesmo desatentos, descuidados, divertidos e esquecidos venceremos, já que importa à poesia criar possibilidades, e não ditar regras. Afastar-se da referência, do primeiro significado das palavras é um de seus objetivos.

Trabalhar com a palavra e suas possibilidades de significação pode ajudar o homem a viver a partir de um conceito diferente de realidade. Em “Distraídos Venceremos”, além de versar sobre essas possibilidades, os poemas contêm uma reflexão sobre os elementos com que o poeta tem de lidar no seu ofício:

• a página (“Esta página, por exemplo,/ não nasceu para ser lida./Nasceu para ser pálida,/ um mero plágio da Ilíada” – fragmento do poema “Aviso aos Náufragos”).

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• as palavras, as linhas, o silêncio (“a palavra quebra uma esquina, /mínima linha vazia, a linha, uma vida inteira,/ palavra, palavra minha” - fragmento de um poema não nomeado, p.9)

• a luz, as letras, o mistério (“Meia-noite, livro aberto./ Mariposas e mosquitos/ pousam no texto incerto./ Seria o branco da folha,/ luz que parece objeto?/ Quem sabe o cheiro do preto,/ que cai ali como um resto?/ Ou seria que os insetos/ descobriram parentesco/ com as letras do alfabeto?” – fragmento do poema “Adminimistério”). • O fazer poético, o texto (um texto morcego/ se guia por

ecos/ um texto texto cego/ um eco anti anti anti antigo – fragmento do poema “Distâncias Mínimas”).

• A língua (“Pesa dentro de mim/ o idioma que não fiz,/ aquela língua sem fim/ feita de ais e de aquis” – fragmento do poema “O Par Que Me Parece”).

A poesia de Leminski não deseja a significação mais previsível e lógica das palavras. A finalidade do poema não é comunicar no sentido estrito. O sentido atribuído a cada palavra não pode ser automático. Além disso, o valor do poema não é mensurado a partir do lucro obtido através dele. A poesia é um espaço de negação do “utilitarismo” burguês. O poeta compreende, assim, a arte como espaço de total subversão à lógica capitalista.

Nesse sentido, o primeiro poema “Aviso aos Náufragos”, um trocadilho com a expressão “aviso aos navegantes”, alerta o leitor de que se trata de um momento de incertezas e autocrítica. O poema pretende guiar o leitor em relação à proposta da obra. Leminski revela que sua poesia pode ser lida de diversas formas, a partir de novos significados. Ao poema “Aviso aos Náufragos”, se segue “A Lei do Quão”, mais um trocadilho, a partir da expressão “A Lei do Cão”, em referência ao Ato Institucional Número Cinco (AI-5), instituído no período ditatorial. Sobrepondo-se à Constituição de 24 de janeiro de 1967, bem como às constituições estaduais, o AI-5 dava poderes extraordinários ao Presidente do país e suspendia várias garantias constitucionais. No

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poema, se destacam os versos “A sombra máxima/pode vir da luz mínima”, em referência ao período de sombra a que os brasileiros estavam submetidos.

O prefácio da obra é, de fato, um poema-prefácio chamado

“Transmatéria Contrassenso”. Nele o poeta revela sua percepção em relação ao próprio momento poético: “[...] arrisco crer ter atingido um horizonte longamente almejado: a abolição (não da realidade,

evidentemente) de referência através da rarefação” (LEMINSKI, Paulo. Distraídos Venceremos, p. 4). O desejo de eliminar a referencialidade das palavras está ligado ao intento de romper com a razão cartesiana, lógica que norteia o modo de compreender a realidade no mundo ocidental, apregoando que a palavra nasce atrelada ao seu referente. Portanto, em “Distraídos Venceremos” Leminski põe em prática sua intenção de que a palavra poética não seja, como no uso corrente, um sistema de etiquetas para as atividades do dia a dia.

ESTILO DE ÉPOCA O escritor Paulo Leminski surgiu no cenário cultural em 1963, quando participou da Semana Nacional de Poesia Concreta, que foi realizada em Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte. Nesse evento, Leminski foi apresentado ao grupo paulista de poesia concreta. Tal fato consolidou a admiração do jovem poeta pelo concretismo.

Havia muitos eventos culturais surgindo no país naquele momento. O motivo era o acontecimento de uma profusão social e cultural, no início da década de 1960, que refletia o momento de esperança e

desenvolvimento alcançados na década anterior - e logo perdidos por causa do Golpe de 1964 e da instauração do período ditatorial no Brasil. Portanto, aquele foi um período de intensa movimentação da sociedade.

No cenário político anterior ao Golpe, acontecia o aprofundamento da democracia. No cenário social, se desenvolviam projetos coletivos: a sociedade se organizava em associações, sindicatos, partidos, conforme os princípios socialistas que a guiavam. Nas artes, havia uma produção intensa e diversificada que revolucionava a música, o cinema e a literatura. Os novos meios de comunicação (rádio, televisão, telefone, satélites) também propiciavam a configuração de uma nova dinâmica

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social.

Tal contexto sugere uma poesia que propusesse a arte em conformidade com esse mundo. Tratava-se da poesia concreta, que conduzia o poeta à exploração do ritmo e da plasticidade visual das palavras, de acordo com a “aventura plástica”, conceito desenvolvido por Décio Pignatari (1979). Em conformidade com esse cenário, as artes pretendiam não se

submeter ao “utilitarismo” do consumo e ao valor mercadológico

capitalista. A juventude de então estava imersa nessa proposta que unia imagem, som e texto. Leminski era um desses jovens que se encantou pelo concretismo. Depois de se encontrar com Haroldo de Campos, na Semana Nacional de Poesia Concreta, os dois autores passaram a trocar correspondências. Leminski tornou-se, então, membro mais novo do grupo de poetas concretistas.

O Golpe de 1964 e a subsequente Ditadura Civil-Militar aconteceram no auge dessa profusão de transformações sociais, econômicas e culturais, caindo como uma pesada mão de ferro sobre as ideias e os ânimos da população brasileira. Todavia, tais reações não conseguiram conter o descontentamento de uma parcela da sociedade em relação ao Golpe. Na literatura, não se conseguiu eliminar, entre alguns poetas, o intento de realizar uma poesia politicamente engajada. Leminski adotou um

comportamento subversivo que se estendia da forma de sua poesia (que rechaçava regras de composição e padrões) à sua própria apresentação física (roupas hippies, uso de drogas etc.).

Já nos anos 1980, num mundo em que o egocentrismo e a valorização mercadológica ganhavam cada vez mais espaço, Leminski escolheu uma postura poética que propiciava uma “visão plural”, trazendo a alteridade, a multiplicidade e seus conflitos para o poema, além de reconhecer a intertextualidade como condição apriorística da produção artística. Tal prática resultou num processo de criação artística e de concepção de arte que permite o convívio de diferentes estéticas, com elementos da cultura pop, clássica e oriental.

INTERTEXTUALIDADE A intertextualidade é parte da ideia de Leminski sobre o que é poesia e como ela deve ser feita. Trata-se de uma escolha do poeta pelo encontro, pela alteridade. Converteu o que viu e ouviu em poesia, rebelando-se

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contra o pensamento linear e a razão. A paixão pela leitura é a origem dessa escolha:

M, de Memória

Os livros sabem de cor milhares de poemas. Que memória! Lembrar, assim, vale a pena. Vale a pena o desperdício,

Ulisses voltou de Tróia,

assim como Dante disse, o céu não vale uma história. Um dia, o diabo veio seduzir um doutor Fausto. Byron era verdadeiro. Fernando, pessoa, era falso. Mallarmé era tão pálido, mais parecia uma página. Rimbaud se mandou pra África, Hemingway de miragens. Os livros sabem de tudo. Já sabem deste dilema. Só não sabem que, no fundo, ler não passa de uma lenda. (Leminski, 2006, p. 91)

Assim, o próprio poema se torna lugar de promover esses encontros entre o que foi lido e o que foi visto. Em “M, de Memória”, por exemplo, o poeta produz a tessitura capaz de abrigar, em um só poema, referências à epopeia “Odisseia”, de Homero, na imagem de Ulisses, além da “Divina Comédia”, na figura de seu autor, Dante de Alighieri. Refere-se também a “Fausto”, poema trágico escrito por Goethe; a Lord Byron, um dos autores mais influentes do romantismo; ao poeta português Fernando Pessoa; ao escritor e crítico francês Stéphane Mallarmé; ao poeta simbolista francês Rimbaud e ao escritor norte-americano Ernest-Hemingway.

Portanto, a intertextualidade é, para Leminski, a forma como ele próprio se torna poesia,já que autores e personagens existem nas letras do imaginário do poeta.

VISÃO CRÍTICA Em “Distraídos Venceremos”, Leminski afirma a necessidade de a poesia ir além dos limites impostos pelos usos corriqueiros da linguagem, pelo pensamento linear e racionalista e pela concepção do ser humano como máquina a serviço da produtividade.

A partir dessas ideias, o poeta incorpora em sua arte a multiplicidade de significados que cada elemento que compõe a poesia pode manifestar. Assim, alarga as possibilidades desse conjunto multifacetado de

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significados, criando novos usos para as palavras. Na obra, Leminski rechaça limites estéticos, culturais e artísticos. Deseja para a sua poesia a liberdade para transgredir esses limites ou ignorá-los.

O conceito de palavra poética do autor concebe a poesia como lugar dos contrários, do diferente, da alteridade. Além disso, seu projeto de construção de poesia prevê uma interação entre diversas mídias,

formando poemas fragmentados, como um mosaico, capazes de agregar cinema, música, artes plásticas, cartum, televisão.

Através dessa confluência de ideias e linguagens, Leminski promove uma visão inaugural de mundo no poema. Torna-se expressão de inadaptação ao modus operandi da sociedade. Enquanto poeta num mundo regido pela ideia de valor, associada estritamente ao lucro que algo pode proporcionar, refuta a ação de atribuir um valor e uma utilidade à poesia e ao ato de escrever:

Razão de Ser

Escrevo. E pronto.

Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso.

Escrevo porque amanhece, e as estrelas lá no céu lembram folhas de papel, quando o poema me anoitece. A aranha tece teias.

O peixe beija e morde o que vê.

Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê? (Leminski, 2006, p. 80)

No poema “Razão de Ser”, repudia a noção, concernente à lógica de mercado, de necessidade de justificar a existência de utilidade para a escrita literária. A poesia é, pois, própria das coisas que existem porque precisam existir, para serem desfrutadas, sem associá-la a uma ânsia por utilidade.

Referências

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