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APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA EM UMA OBRA DE CONSTRUÇÃO VERTICAL EM BELÉM-PA

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APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA EM UMA OBRA DE CONSTRUÇÃO VERTICAL EM BELÉM-PA

Luciney Feitosa dos Santos1 Victor Hugo Fontes Nunes2 Carla Barroso de Oliveira Leão3

RESUMO

O desenvolvimento de métodos de execução aplicados à realidade atual das obras torna-se fato imprescindível para o bom desempenho das empresas construtoras. Tem-se protegido cada vez mais o sistema de produção, solucionando possíveis problemas que antecedem a realização de tarefas, isso é fruto da necessidade das construtoras em trabalhar em ambientes incertos e prever possíveis obstáculos à execução de um empreendimento. O surgimento de uma moderna filosofia de gestão tem sido bastante debatido entre as empresas construtoras: a Construção Enxuta. Com base em um conjunto de princípios ligados diretamente aos conceitos da construção enxuta e considerados primordiais para um planejamento eficaz, foi realizado a avaliação, por meio de um formulário, da aplicação dos onze princípios básicos do Lean Construction. Dessa forma, foi possível alcançar o objetivo principal desta pesquisa: avaliar o grau de aplicação dos princípios da construção enxuta de uma obra de construção vertical na cidade de Belém. Os objetivos específicos da pesquisa foram: identificar quais são os princípios do Lean Construction; verificar quais as técnicas utilizadas para colocar em prática a filosofia Lean; e analisar quais os benefícios os princípios Lean geram em uma obra de construção vertical. No que tange aos resultados, observou-se que cerca de 87% dos princípios analisados da construção enxuta são aplicados pela empresa, podendo melhorar a eficácia dos mesmos na obra. Foram sugeridas melhorias para aprimorar os pontos deficientes. PALAVRAS-CHAVE:

Construção Enxuta. Princípios Lean. Aplicação dos princípios.

1 Engenheiro Civil. Artigo Revisado e atualizado após apresentação e publicação em anais da VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia na Faci DeVry em 2016, de acordo com sugestões decorrentes da referida Apresentação. Belém, Pará. E-mail: victorfontesnunes@hotmail.com

2 Engenheiro Civil. E-mail: luciney.santos@gmmattos.com.br

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1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA E JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

No Brasil, a construção Civil é o setor da indústria mais atrasado em relação a tecnologias de produção, mão-de-obra qualificada e métodos de gerenciamento, que sejam voltados não só aos interesses das empresas, mas também ao bem estar dos colaboradores. Em relação a isso é importante ressaltar que mesmo a construção civil tendo estes déficits, principalmente por trabalhar em quase cem por cento das vezes com uma produção artesanal, o próprio mercado da construção vem se impondo e cobrando de forma veemente um avanço em seus métodos de gerenciamento e construção. (SAURIN, 1997)

Com o aquecimento da economia e das tecnologias do dia a dia, as empresas de construção sentem-se cada vez mais pressionadas em cumprir prazos cada vez mais apertados, buscando dos seus colaboradores o máximo de sua produtividade, e tudo isso atrelado a custos cada vez menores, visando lucros maiores para as construtoras. Isso torna cada vez mais difícil gerenciar uma obra de forma que ela se encaixe nestes parâmetros exigidos. Entretanto, a visão de gerenciamento na construção Civil tem mudado bastante e vem dissipando ideias cada vez mais arrojadas na tentativa de diminuir ou sanar tais dificuldades.

O desperdício de tempo é um dos principais fatores na construção Civil que não permite que um colaborador e a empresa cumpram suas metas. Isto gera, conforme o grau de dificuldade, um desestímulo por parte do colaborador, o que provoca muita das vezes a perda de uma excelente mão-de-obra. Na tentativa de evitar algumas das várias dificuldades do setor, métodos de gerenciamento e planejamento têm sido aprimorados em uma visão chamada de “Lean Construction”, que quer dizer, Construção enxuta. Por meio destes parâmetros é possível aproximar cada vez mais o canteiro do colaborador. (SAURIN, 1997)

Saurin (1997) afirma que quando uma obra busca utilizar técnicas Lean ela favorece ao máximo suas necessidades e diminui suas dificuldades e traz visivelmente uma aceleração na produtividade e uma motivação por parte dos funcionários. O planejamento adequado do canteiro de qualquer construção é primordial para um fluxo adequado de pessoas e materiais, o que possibilita uma alavancagem das atividades.

Baseado nesses fatos desenvolveu-se um estudo na linha de raciocínio “Lean Construction”, visando explorar “in loco” a aplicação dos princípios da Construção Enxuta de um canteiro de obras da Cidade de Belém - PA, favorecendo a empresa, seus colaboradores e o aumento no ritmo e qualidade na produtividade.

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A oportunidade criada, a partir do estágio, em uma empresa que utiliza para suas obras a mentalidade enxuta, despertou a curiosidade de realizar o estudo a respeito do assunto. Estudo esse que futuramente poderá ser utilizado para aprimorar ainda mais o uso da filosofia Lean em demais obras.

A produtividade é um dos fatores primordiais para o sucesso ou derrota de uma empresa somando-se ao fator da filosofia da construção enxuta que é parte principal neste processo. Tendo como base o trabalho de Kurek (2005), a base deste trabalho é avaliar o nível de aplicação dos princípios da Construção Enxuta para uma obra vertical na cidade de Belém.

Paralelo a essa avaliação serão apresentadas de que forma as técnicas da “Lean Construction” podem ser aplicadas em um layout e planejamento de um canteiro para facilitar ao máximo a interatividade entre a disponibilidade de materiais e pessoas com a necessidade de cada tarefa a ser realizada.

Segundo Ohno (1997) e Shingo (1996) as perdas no processo produtivo podem ser classificadas nas seguintes classes: por superprodução, transporte, processamento, fabricação de produtos defeituosos, movimentação, espera e estoque. Portanto as perdas são atividades desnecessárias que geram custo e não agregam valor e deve-se buscar de todas as formas, eliminá-las.

Baseado nessas afirmações, pode-se garantir que a aplicação das técnicas Lean reduzem a perda de tempo e ociosidade do canteiro de obras.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Com base no que foi apresentado anteriormente, essa pesquisa tem como motivação inicial a oportunidade de analisar dados de uma empresa construtora, onde os pesquisadores realizaram o estágio, com o intuito de responder a seguinte questão: Como está o nível de aplicação dos princípios da Construção Enxuta para uma obra de construção vertical na cidade de Belém?

Pra responder essa questão faz-se necessário desdobrar a questão geral, formulando outras questões norteadoras de pesquisa:

a) Quais são os princípios da Construção Enxuta?

b) Quais as técnicas utilizadas para colocar em prática a filosofia Lean? c) Quais os pontos de deficiência?

1.3 OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho é avaliar o grau de implantação dos Princípios da Construção Enxuta em uma obra vertical, de acordo com o formulário proposto por Kurek (2005).

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Os objetivos específicos são:

• Conhecer os princípios da Lean Construction para aplicação no canteiro. • Exemplificar técnicas da Lean Construction no canteiro das obras. • Identificar os pontos de melhoria.

1.4 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA

Este estudo apresenta as seguintes delimitações:

a) O estudo foi focado em um único empreendimento residencial de 1 torre que está em fase de acabamento, sendo ela composta de subsolo, térreo, pavimento mezanino I, Pavimento lazer e 17 pavimentos tipos contendo 4 apartamentos com sacada por andar de área total de 90m² cada.

b) A análise de dados se restringirá a verificação de respostas obtidas a partir de um questionário de avaliação proposto por Kurek (2005), que delimitará o grau em porcentagem da utilização dos princípios da Construção Enxuta em uma obra, retirado após a verificação das respostas obtidos de um questionário avaliativo.

c) O estudo de caso se ateve a caracterização de somente uma obra, no intuito de diagnosticar particularmente seus parâmetros de utilização da mentalidade enxuta.

2 MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo será esclarecido o método de pesquisa, o mesmo propõe a estratégia de pesquisa, o delineamento da pesquisa, coleta de informações e Escolha das hipóteses.

2.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de um conjunto de práticas Lean geradas em uma empresa construtora na cidade de Belém do Pará. Por meio destas informações, a estratégia tomada foi o estudo de caso.

Para Yin (2001), o estudo de caso representa: a estratégia preferida quando se coloca questões do tipo “como” e “por que” e uma maneira de se investigar um tópico empírico seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-especificados.

Outras características desta estratégia chamam atenção: quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. A situação na qual esta estratégia de pesquisa se inclui é a respeito de estudos organizacionais e gerenciais. (YIN, 2001)

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Segundo Yin (2001), o estudo de caso pode ser implicado em dois tipos: único e múltiplos. Dessa forma, como nesta pesquisa o foco de estudo será apenas uma amostra a pesquisa se caracterizará como um estudo de único caso.

Pode-se afirmar também que de acordo com Yin (2001), o estudo de caso avaliado neste trabalho é de natureza quantitativa, pois busca-se a coleta de informações para se chegar a um resultado

2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O desenvolvimento desta pesquisa é dividida em quatro etapas:

Etapa 1 - Análise Preliminar

A primeira fase do estudo tem como objetivo principal, realizar uma análise a respeito da obra e apresentar um estudo a respeito dos fundamentos da construção enxuta e os princípios Lean a serem abordados.

Etapa 2 - Verificação dos Princípios Lean

Nesta etapa discutiu-se os Princípios da Construção Enxuta que a obra já utilizava em seu canteiro e como seria o estudo desejado sobre o uso das diretrizes da construção enxuta aplicadas nesta obra.

Etapa 3 - Execução do estudo sobre a aplicação dos princípios da Construção Enxuta no canteiro de obra.

Neste momento foi realizado um estudo por meio de um questionário avaliativo e diagnosticado qual o grau de suas aplicações na obra e verificado quais melhorias ainda poderiam ser implantadas ao sistema de construção da empresa.

Etapa 4 - Resultados e Conclusões.

Foi realizada a análise crítica do estudo e discutiram-se os resultados a partir do índice de implantação dos princípios Lean encontrados para obra.

2.3 COLETA DE INFORMAÇÕES

Para efetuar a coleta dos dados na obra, o instrumento de trabalho foi a ferramenta de pesquisa desenvolvida por Kurek (2005), de análise e avaliação quanto à aplicação dos princípios da

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construção enxuta em uma obra. O questionário trata-se de um formulário de perguntas estruturado, baseados nos onze princípios de Koskela (1992).

No questionário aplicado todos os princípios e todas as perguntas foram considerados com pesos e importâncias iguais na construção enxuta. Os resultados foram apresentados em percentuais de desempenho em relação a utilização da construção enxuta.

3 ESTUDO DE CASO.

A fim de mensurar o grau de implantação dos conceitos da Lean Construction, utilizar-se-á o método de avaliação proposto por Kurek (2005), baseado em um formulário destinado a guiar a medição do grau de disseminação de cada uma das técnicas da Construção Enxuta em uma determinada obra que desta forma foi apresentado e respondido pelos responsáveis técnicos da obra em estudo.

No processo de desenvolvimento da pesquisa a lista de verificação retirada de Kurek (2005), serve como roteiro para chegar em um indicador por princípios Lean, que após este os resultados gera através de uma média ponderada um indicador geral que mostra o nível que a empresa utiliza os processos enxutos. Essa lista foi elaborada baseada nos onze princípios básicos da construção enxuta propostos por Koskela (1992). Segundo Kurek (2005), para cada princípio foi elaborada perguntas que envolvem práticas, atitudes, comportamentos, em que suas aplicações apresentam a real evidência da utilização da Filosofia da Construção Enxuta.

A avaliação individual de cada princípio tem como objetivo identificar com quais deles a obra está sendo contemplada nas práticas de produção e finaliza com a geração de um indicador geral para diagnosticar seu grau de implantação.

Cada item da tabela de princípios deve ser assinalado conforme sua aplicação na obra, podendo ser: SIM, NÃO e NÃO SE APLICA. Caso a última resposta exista ela não deve entrar no cálculo da pontuação.

A fórmula a seguir indica a pontuação por princípio Lean Construction (IPi) obtido na pesquisa:

IPi = (PO/PP) x 100

Onde:

IPi: Indicador por princípio PO: Pontos obtidos

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As respostas dos itens serão apresentadas em forma de tabela, como mostra o exemplo a seguir, onde posteriormente será calculado o IPi (índice por princípios)

Tabela 1 - Tabela de resultados por princípios e o índice de IPi

PRINCÍPIO Nº DE ITENS POR PRINCÍPIO (PONTOS POSSÍVEIS) S I M N Ã O NÃO SE APLICA (N/A) Ipi (%)

1 . Reduzir a parcela de atividade que não

agregaram valor

2 . Aumentar o valor do produto através da

consideração nas necessidades do cliente

3 . Reduzir a variabilidade

4 . Redução do tempo do ciclo de produção 5 . Simplificar através da redução do

número de passos ou partes

6 . Aumentar a flexibilidade de saída

7 . Aumentar a transparência do processo 8 . Focar o controle no processo global 9 . Introduzir a melhoria contínua no

processo

10 . Manter um equilíbrio entre melhorias

nos fluxos e nas conversões

11 . Referências de ponta (benchmarking) Fonte: Adaptado por Nunes & Santos, 2015 -

Por meio dos dados da tabela será possível encontrar o ICE (Indicador Geral), que calcula-se resolvendo a média ponderada dos pontos obtidos por indicador por princípio (IPi):

ICE = ∑ (IPi x p) / (∑p)

Onde o coeficiente de ponderação p é 0,909, levando em consideração que existem onze princípios (10/11 = 0,909).

Indicando individualmente cada princípio é possível identificar a situação de cada um, possibilitando a verificação de que precisam ser mais trabalhados ou até mesmo, implantados, caso tal prática ainda não exista. (KUREK, J. 2005)

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3.1 CARACTERIZAÇÃO DA OBRA 3.1.1 Dados da Empresa

A empresa em estudo atua no mercado da construção civil desde o ano de 2012, obtendo durante este tempo uma grande evolução em seus métodos construtivos e gerenciamento de obras. A política de gerenciamento da empresa é baseada principalmente nos métodos de gerência da construção enxuta, buscando aplicar seus métodos e difundir esta filosofia em todas suas obras. A empresa tem buscado atender as modernizações e exigências do competitivo mercado da construção civil, tentando atender os principais parâmetros de avaliação para uma boa construtora, prazo, qualidade, baixos custos e satisfação dos clientes.

3.1.2 Dados da obra em estudo

A obra consiste na construção de um Edifício residencial Multifamiliar, obtendo subsolo, pavimento Térreo, Pavimento mezanino I, Pavimento Lazer, Pavimento Tipo e cobertura, ao todo somando 17 pavimentos tipos, cada um contendo 4 apartamentos, totalizando 68 unidades.

Cada apartamento possui uma sala de estar/jantar com sacada Gourmet, duas suítes, um quarto, um banheiro social, cozinha, área de serviço e banheiro de serviço. Toda a área do apartamento totaliza 90 m² sendo direito de cada unidade uma vaga de garagem.

As áreas comuns são compostas de Piscina Adulta, quadra poliesportiva, Churrasqueira, Play-Ground, Brinquedoteca, Salão de Jogos, Salão de festas com copa e dois Lavabos, área Fitness com dois Lavabos, Sauna e área Relax.

4 ANÁLISE E RESULTADOS

Após a coleta de dados e alimentação da tabela de aplicação dos princípios obteve-se os seguintes resultados para a pesquisa:

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Tabela 2 - Dados coletados da obra PRINCÍPIO Nº DE ITENS POR PRINCÍPIO (PONTOS POSSÍVEIS) S I M N Ã O NÃO SE APLICA (N/A) Ipi (%) 1 . Reduzir a parcela de atividade que

não agregaram valor 2 2 0 0 100%

2 . Aumentar o valor do produto através da consideração nas necessidades do cliente

5 3 2 0 60%

3 . Reduzir a variabilidade 3 3 0 0 100%

4 . Redução do tempo do ciclo de

produção 3 3 0 0 100%

5 . Simplificar através da redução do

número de passos ou partes 4 4 0 0 100%

6 . Aumentar a flexibilidade de saída 4 2 1 1 67% 7 . Aumentar a transparência do

processo 4 3 1 0 75%

8 . Focar o controle no processo global 2 2 0 0 100% 9 . Introduzir a melhoria contínua no

processo 4 4 0 0 100%

10 . Manter um equilíbrio entre

melhorias nos fluxos e nas conversões 2 1 1 0 50% 11 . Referências de ponta

(benchmarking) 3 2 0 1 100%

Fonte: Produção própria, 2015

Através de uma breve análise pelo formulário apresentado por Kurek (2005), como pode-se perceber na Tabela acima, a maior parte dos princípios, sendo eles: 1, 3, 4, 5, 8, 9 e 11; chamam atenção por atingirem o resultado de 100%.

Percebe-se que os princípios 2, 6 e 7 necessitam de uma certa atenção, pois atenderam respectivamente 60%, 67% e 75% do resultado de suas respectivas avaliações.

O princípio 2, chama atenção pois 60% da sua necessidade foi atingida, e percebe-se dois pontos que necessitam de mudança: a empresa não realiza, avaliação pós-entrega e reuniões com projetistas.

4.1 CÁLCULO DO INDICADOR – ICE

Em seguida, após todos os índices de aplicações dos princípios terem sido calculados, calculou-se o Indicador Geral.

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ICE = ∑ (IPi x p) / (∑p) = (100+60+100+100+100+67+75+100+100+50+100)*0,909/(11*0,909) = 82

ICE ≈ 87 %

Deste modo, com base no formulário proposto por Kurek (2005), o ICE propõe que há uma significativa adesão a Construção Enxuta por parte da empresa, pois o resultado obtido foi de aproximadamente 87%.

Tabela 3 - Formulário de perguntas e respostas

PERGUNTAS SIM NÃO N/A

1.1 A obra possui um arranjo físico para armazenamento de materiais, visando minimizar a distância entre locais de descarga e os respectivos locais de utilização?

X 1.2 Existem evidências de redução de atividades de movimentação, inspeção e espera (utilização de algum dispositivo de melhoria do fluxo

do processo)? X

2.1 São identificadas as necessidades dos clientes internos e externos? X 2.2 Os processos são mapeados e identificados os clientes e seus

requisitos? X

2.3 Existe alguma forma sistemática para obter os requisitos do cliente

(pesquisa de mercado e avaliações pós-ocupação)? X

2.4 Existe retroalimentação com projetistas, como reuniões onde são

debatidos os requisitos dos clientes? X

2.5 Existe planejamento das tarefas a fim de garantir os requisitos dos

clientes internos na sequência de atividades? X

3.1 Existem procedimentos padronizados para execução das tarefas? X 3.2 Existem procedimentos padronizados para recebimentos de materiais? X 3.3 Existe controle da variabilidade na execução das tarefas? X 4.1 Existem boas condições de trabalho, com segurança e equipamentos

adequados aos operários? X

4.2 Existe uma divisão dos ciclos de produção (como pacotes de trabalho, conclusão de uma metragem especificada, conclusão por pavimento)? X 4.3 Existe alguma evidência de eliminação de atividades de fluxo que

fazem parte de um ciclo de produção? X

5.1 É evidenciada a utilização de elementos pré-fabricados, “kits” ou

máquinas polivalentes no processo de produção? X

5.2 Existe um planejamento do processo de produção? X 5.3 Existe uma constante avaliação do processo buscando a melhoria (reuniões, discussões para identificação de simplificação das operações)? X 5.4 Existe uma organização no canteiro com relação ao armazenamento de equipamentos e material visando eliminar ou reduzir a ocorrência de movimentação e deslocamento?

X 6.1 O produto é customizado no tempo mais tarde possível. Existem

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6.2 O processo construtivo permite a flexibilização do produto, rapidamente, sem grandes ônus para a produção (como utilização de

divisória de gesso acartonado e lajes planas)? X

6.3 As equipes de produção são polivalentes? X

6.4 Existe uma minimização no tamanho dos lotes aproximando-os de sua

demanda? X

7.1 O canteiro de obras está livre de obstáculos visuais como divisórias? X 7.2 No canteiro são utilizados dispositivos visuais como cartazes,

sinalização e demarcação de áreas? X

7.3 São empregados indicadores de desempenho que tornam visíveis

atributos do processo? X

7.4 São empregados programas de melhoria na organização e limpeza

como o programa 5S? X

8.1 A empresa faz parceria com fornecedores, no sentido de reduzir atividades que não agregam valor no momento da entrega e qualidade do

material? X

8.2 Existem planejamento e controle da produção a fim de garantir a

entrega da obra no prazo? X

9.1 Existem evidências, exemplos de dignificação e iniciativas de apoio à

mão de obra? X

9.2 Existem procedimentos para monitorar as ações corretivas (as causas

reais) e a eliminação com ações preventivas? X

9.3 A gestão é participativa, são aceita sugestões de funcionários? X 9.4 Utilizam-se indicadores de desempenho para monitoramento dos

processos? X

10.1 São evidenciadas práticas de melhorias nos fluxos, como

mapeamento do processo? X

10.2 Existe uma estratégia de ataque à obra? X

11.1 A empresa conhece seus próprios processos (estão descritos e

entendidos)? X

11.2 São evidenciados aprendizados a partir de práticas adotadas em

outras empresas similares? X

11.3 Adapta as boas práticas encontradas a sua realidade? X Fonte: Adaptado de Kurek, 2005

Na pergunta 2.3 percebeu-se um descaso da empresa quanto a avaliação pós-entrega de seu produto ao cliente, na verdade essa é uma realidade que o mercado oferece, porém se empresas começarem a adotar tal prática, notavelmente isso agregará valor no que diz respeito à segurança dos produtos dos futuros clientes.

Na pergunta 2.4, observa-se que há uma comunicação, mas não há reuniões entre projetistas e os clientes quando o assunto é a discussão de requisitos que por vezes surgem na obra.

Na pergunta 6.2 verifica-se uma necessidade quanto a flexibilização dos produtos no que diz respeito aos processos produtivos (uso de inovações que permitam tal acesso), pois a empresa ainda

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não adota estas práticas e no item 6.4 não existe uma minimização no tamanho dos lotes aproximando-os da realidade de sua demanda.

No item 7.3 é necessário maior esforço por parte da equipe técnica de engenharia, pois não é encontrado nenhum indicador de desempenho para informação do processo produtivo.

Na pergunta 10.1 foi observado que ainda não são evidenciadas práticas de melhorias nos fluxos, porque não há uma ferramenta específica que mapeie os mesmos, que são realizados de acordo com a necessidade da obra e minimizados dentro do possível, com o uso de outras técnicas.

Já nas perguntas 6.4 e 11.3 não foi constatado na obra, respectivamente a minimização no tamanho dos lotes aproximando-os de sua demanda e a flexibilização de boas práticas para a à realidade da empresa. Neste caso de acordo com Kurek (2005) caso não haja na obra tal prática, a pergunta e a resposta analisada não devem entrar no cálculo da pontuação do ICE.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo foi avaliar o grau de implantação dos Princípios da Construção Enxuta em uma obra vertical. Para isso, foi realizado acompanhamento em uma obra que aplica técnicas da Construção Enxuta na cidade de Belém. Para que esse objetivo fosse alcançado foi necessário desdobrá-lo em questões mais específicas.

Em um primeiro desdobramento buscou-se identificar os princípios que são a base vital da Construção Enxuta de acordo com Koskela (1992), são eles: Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor, Aumentar o valor do produto através da consideração nas necessidades do cliente, Reduzir a variabilidade, Reduzir o tempo de ciclo de produção, Simplificar através da redução do número de passos ou partes, Aumentar a flexibilidade na execução do produto, Aumentar a transferência do processo, Focar o controle no processo global, Introduzir melhoria contínua no processo, Manter um equilíbrio entre melhorias nos fluxos e nas conversões e Referenciais de ponta. Em seguida procurou-se testar a primeira hipótese, por meio da análise do formulário apresentado por Kurek, o qual apontou que há uma significativa adesão aos princípios da Construção Enxuta na obra em estudo, pois o resultado obtido foi cerca de 87%.

Desta forma, foi corroborada a hipótese que a empresa estudada adota em suas práticas gerenciais que a tornam um referencial precursor no cenário paraense.

Buscou-se, também, identificar as técnicas utilizadas para colocar em prática a filosofia Lean, dentre elas as que mais se destacam são: vias de fluxo, quadros de planejamento de materiais, planejamento de curto, médio e longo prazo, organização de materiais em palets, encurtamento de distâncias entre material e mão-de-obra e montagem de kits; corroborando a segunda hipótese, uma vez que as técnicas utilizadas por essa obra podem ser facilmente replicadas para outras obras.

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O cumprimento dos objetivos secundários de conhecer os princípios e exemplificar técnicas da Lean Construction no canteiro de obras e analisar o nível de aplicação dos mesmos foram atendidos após os dados obtidos.

Em suma, o presente trabalho contribuiu para avançar o conhecimento sobre Construção Enxuta, principalmente no que diz respeito às técnicas utilizadas em obras verticais.

De tudo que foi analisado, pode-se concluir que a construção civil vem sofrendo aos poucos uma pressão no processo de seus métodos e conceitos. Isso tem gerado algo muito positivo e tem trazido desenvolvimento. O setor da construção cada dia mais tem buscado fontes de conhecimento que possam ajuda-los a ser mais competitivos no mercado. Devido tais necessidades ao longo do tempo encontraram-se formas diferentes para o gerenciamento de uma obra.

A Mentalidade Enxuta, introduzida e adaptada as necessidades da construção por Lauri Koskela, criou uma atmosfera de novas informações e gerou curiosidade na aplicação de tal Filosofia. Na obra em estudo a Construção Enxuta se apresentou muito forte nos métodos gerenciais da empresa. Isso é bom, pois torna-se um exemplo para outras empresas e obras que pretendam aderir a filosofia.

Pode-se afirmar que as dificuldades que a empresa encontra, não estão distantes de serem corrigidas, basta um maior esforço e disciplina para buscar níveis mais próximo de 100%.

A aplicação da Construção enxuta, principalmente em Belém, ainda é um grande desafio. A cultura criada na Construção, de métodos e maneiras rústicas, infelizmente ainda está impregnada em nossa concepção a esse respeito. Na verdade isso pode levar algum tempo para ser digerido completamente.

Pretende-se publicar este trabalho para servir de referência para novas pesquisas, para empresas que ainda se utilizam de técnicas gerenciais rústicas e expor uma necessidade que o próprio mercado vem exigindo em termos de rapidez de entrega de produtos para os clientes.

Sugere-se que haja uma busca mais detalhada a respeito de cada princípio, pois o formulário apresentado por Kurek (2005) apresenta ainda algumas debilidades no que diz respeito a um melhor detalhamento de cada princípio praticado em loco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KOSKELA, L. - Application of the New Production Philosophy to Construction. Tech. Report No 72, CIFE, Stanford Univ., CA. 1992.

KUREK, J. – Introdução dos Princípios da Filosofia de Construção Enxuta no processo de produção em uma Construtora em Passo Fundo. Passo Fundo – RS. UPF, 2006.

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OHNO,T. – O Sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Larga Escala. Bookman Companhia Editora, Porto Alegre. 1997.

SAURIN, T.A. Método para diagnóstico e diretrizes para planejamento de canteiros de obras de edificações. Porto Alegre, 1997. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande Sul. Porto Alegre.

SHINGO, S. - O Sistema Toyota de Produção do ponto de vista da engenharia de produção. 2ª. ed. Porto Alegre: Bookman. 1996.

Referências

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