Diagnóstico Prévio da degradação ambiental na área do lixão
de Alto Paraguai/MT
Figura 01 – localização do município de Alto Paraguai-MT
Fonte: Por Raphael Lorenzeto de Abreu - Imagem: Matogrosso MesoMicroMunicip.svg, own work, CC BY 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1417286
Diagnóstico ambiental da área do lixão
A identificação e análise dos fatores ambientais na área foram realizadas a partir de pesquisa de campo, onde realizamos a descrição da condição ambiental atual dos fatores ambientais para os meios: físico ou abiótico, biótico e antrópico.
Identificação dos impactos ambientais na área de estudo
A identificação dos impactos ambientais foi realizada a partir do levantamento das principais atividades realizadas na área e do diagnóstico ambiental.
Os métodos utilizados para identificar os impactos ambientais nesse relatório Prévio foram: Ad Hoc (Método espontâneo) e Check Lists (listagem de controle), na modalidade descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização da área de estudo Altitude: 252 m
Distância da Capital: 214,10 km
Extensão Territorial: 2.053 Km2 (IBGE) 3.031,64 km2 (Município)
Localização Geográfica: Mesorregião 130, Microrregião 532- Alto Paraguai. Centro-Sul
mato-grossense
Relevo: Província Serrana. Grande Serra do Tombador, que é localmente denominada
por: Currupira, Quitanda, Julião, Tira-Sentido, Ararinha. Notáveis as interrupções da Serra, os vãos: Vão Grande e Vãozinho
Formação Geológica: Formações dobradas do Proterozóico, Grupo Alto Paraguai. Faixa
Móvel Brasileira
Bacia Hidrográfica: Grande Bacia do Prata
Clima: Tropical quente e sub-úmido. Precipitação anual de 1.750 mm. Temperatura
média anual 24ºC. Maior máxima 40ºC. Menor mínima 0ºC
Georreferenciamento da área e Mapa de localização da área do lixão Serão anexados ao Relatório os mapas da área.
Imagens aéreas do lixão de Alto Paraguai - MT
Fig 4 - - Acervo fotográfico ADETEC
Os resíduos depositados de forma inadequada sobre o solo, mas possuem resíduos espalhados em toda a extensão acarretando alterações significativas ao local.
Área do aterro sanitário
Segundo informações, esse lixão está funcionando à cerca de dez anos neste local e esta a 2,7 km do centro urbano. Este lixão esta sendo desativado pela prefeitura, devido à construção de uma célula em outra área, mas como não existe nenhum tipo de cerca ou portão de acesso e ate mesmo monitoramento no local, os resíduos continuam sendo depositados de forma aleatória.
Fig 7 - - Acervo fotográfico ADETEC Fig 6 - - Acervo fotográfico ADETEC
Em outra área, a 4,7 km do centro da cidade, instalada a 06 meses, foi construída uma “célula” sem impermeabilização, sem o sistema de tratamento de líquidos percolados; sem sistema de tratamento biológico, sem existência de drenagem de gases e todos os outros itens exigidos para o funcionamento de um aterro controlado.
Fig 8 - célula de do aterro sanitário - - Acervo técnico ADETEC
Essa nova estrutura, esta caracterizada pela forma que esta apresentada, como um novo lixao, ou seja a “celula” não passa de uma vala.On de os resíduos serao depositados de forma inadequada. Sera mais um área degradada em pouco tempo.
Diagnóstico Prévio Ambiental da Área do Lixão
Apresentaremos a seguir, o diagnóstico prévio qualitativo, nos meios físicos (solo, recursos hídricos, ar e paisagem), biótico (flora e fauna) e antropico (problemas sociais e saúde pública). Para um diagnostico preciso sobre os efeitos da disposição inadequada dos resíduos, se faz necessário à realização de analises laboratorial.
Meio Físico
Solos
Durante a vistoria no local do lixão, percebe-se um dos processos mais degradantes do solo, a erosão, sendo intensificada com a intervenção humana local, aumentando a exposição do solo, devido à retirada da vegetação. Poças de chorumes foram identificadas ao logo da vistoria no local.
Na área percebe-se que a estrutura do solo encontra-se alterada, devido à disposição inadequada dos resíduos, onde existe uma grande quantidade de resíduos que são classificados como perigosos, apresentando potenciais altos de contaminação do solo, tais como: embalagens de óleo de oficina, pneus, lâmpadas, produtos eletroeletrônicos, pilhas e baterias.
Os resíduos citados como perigosos, são citados no Art.33, da Lei 12.305/2010, que determina a obrigatoriedade da logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, cuja embalagem, após uso, constitui resíduo perigoso, pois entre seus constituintes com pilhas e baterias apresentam em sua composição metais pesados (mercúrio, chumbo, zinco, cádmio, manganês e lítio). Outro resíduo que contem mercúrio são as lâmpadas florescentes. Monteiro et.al.(2001) afirmam que o mercúrio e toxico para o sistema nervoso, e quando inalado ou ingerido, causa problemas fisiológicos.
Fig 12 - - Acervo técnico ADETEC
Ar
A composição do ar no lixão é alterada pela emissão de gases provenientes da decomposição e queima dos resíduos sólidos, onde a decomposição gera o metano (Ch4), gás sulfídrico, e outros (PAGLIUSO 2008). São gases extremamente inflamáveis que geram risco de queimadas e explosões.
Observamos a pratica de queima dos resíduos, com objetivo da diminuição do volume do lixo e visando afastar animais das proximidades do ambiente de trabalho dos catadores. Durante a queima é liberado gases tóxicos devido à composição dos materiais presentes, causando problemas respiratórios, suspensão de material particulado, cinzas, etc.
Fig 14 - - Acervo técnico ADETEC
Paisagem
Foi modificada em função da degradação da área, alterando sua paisagem causando impacto visual.
Identificação dos Impactos Ambientais
A avaliação dos impactos ambientais causados pela instalação do lixão no município , envolveu analise qualitativa dos efeitos, identificação da ocorrência na área de influencia direta, possibilitando a classificação previa do seu valor, ações de mitigação, significância, incidência e possível reversão, observando o grau de prejuízo que essa atividade oferece ao meio ambiente.
Quadros 1 - Impactos Ambientais identificados e respectiva classificação no lixão
Impactos Ambientais Mitigação: Preventivas, minimizadoras, compensatórias .
Relevância Incidência Reversibilidade Fatores Afetados
Poluição e /ou contaminação de solo M S D e IN RV Solo, água e
antropico.
Compactação de solo M S D e IN RV Solo, água e fauna
Alteração nas características físicas do solo
M S D e IN RV
Solo e fauna Alteração nas características
químicas do solo
M S D e IN RV
Alteração nas características biológicas do solo
M S D e IN RV
Erosão M S D e IN RV
Alteração da paisagem M S D e IN RV Paisagem
Alteração de relevo M S D ou IN IR Solo, relevo e
paisagem Poluição e/ou contaminação
recursos hídricos
NM S D e IN RV Água, antropico,
fauna e flora aquática Proliferação de micro e macro
vetores
M S D e IN RV Antropico, fauna e
paisagem Poluição e/ou contaminação do ar
atmosférico
M S D e IN RV Ar, antropico e
fauna
Legenda: M – mitigável; NM não mitigável; S – significativa; NS – não significativo; D – direta; IN – indireta; RV – reversível; IR - irreversível
Critérios de Classificação quanto ao valor
Impactos Ambientais Mitigação: Preventivas, minimizadoras, compensatórias.
Relevância Incidência Reversibilidade Fatores Afetados
Redução ou perda total da flora M S D RV Flora, fauna, solo,
água e paisagem Redução ou perda total da fauna
nativa
M ou NM S D RV Fauna
Contaminação dos animais M S D e IN RV Fauna
Contaminação e/ou poluição áreas vizinhas
M S IN RV Antropico, solo,
fauna, água e paisagem Riscos de contaminação aos
catadores
M S D RV
antropico
Saúde Publica - impactos M S D e IN RV
Riscos de saúde do Trabalho M S D RV
Incomodo para vizinhança M S D RV
Desvalorização da área do entorno M NS D e IN RV OU IR
Geração de empregos temporários M S D RV
Legenda: POS – positivo; NEG – negativo; M – mitigável; NM não mitigável; S – significativa; NS – não significativo; D – direta; IN – indireta; RV – reversível; IR - irreversível
Identificação dos tipos, das causas e das consequências da degradação na área.
Dentre os impactos citados no Quadro 1, alguns tem o potencial da perda de voltar ao estado natural, devido ao tempo do deposito do lixo no local de forma indiscriminada e sem tratamento, causando a contaminação dos recursos naturais, hídricos e atmosférico.No Quadro 2, a seguir, será apresentado a descrição com os tipos,classificação, causas e consequências da degradação na área do lixão.
Quadro 2 - Tipo de degradação identificados no lixão
Tipo de degradação Classificação Causas Consequências Fatores ambientais
afetados Poluição e contaminação de solo Física, química e biológica. Natural (chuva) ou antropico ( gestão inadequada dos resíduos)
Afeta saúde dos seres vivos; Limitação uso solo
Solo, água e antrópico.
Compactação de solo Física, química e biológica. Presença e veículos pesados; Pressão exercida pelos resíduos sólidos, animais, catadores. Impermeabilização da água, Desenvolvimento da fauna comprometida
Solo, água e fauna
Contaminação recursos hídricos
Química Natural (chuva); Antropico (formação de chorume e elementos químicos perigosos)
Afeta saúde dos seres vivos; Limitação uso das
águas;
Água, antrópico, fauna, flora aquática Contaminação do ar atmosférico Física, química e biológica. Natural (formação de gases resultante da ação de bactérias na matéria orgânica); Antrópica (queima)
Afeta saúde dos seres vivos; Risco de incêndios e explosão; Odores desagradáveis; Contaminação do ar por gases de efeito estufa;
Ar, antrópico e fauna
Redução ou perda total da flora Biológica Antrópica (desmatamento) Exposiçao do solo; Compactaçao do solo; Degradação da área; Perda da deposição natural de MO oriunda da flora)
Flora, fauna, solo, água e paisagem
Redução ou perda total da fauna nativa Física, química e biológica. Antrópica (presença de veículos e maquina pessoas, desmatamento) Desequilíbrio da
cadeia alimentar; Fauna
Erosivo acelerado Física, química e biológica. ventos e água); Antrópico (desmatamento, compactação); camadas mais férteis do solo; Solo e fauna Impacto na saúde publica Social Antrópico (fumaça,macro e micro vetores, material contaminado) Vários tipos de doenças (respiratória, verminoses, cortes, infecções) Antrópico
Estratégias de recuperação da área em estudo
Constatamos que a área sofreu alterações em sua estrutura, seja de natureza física, química ou biológica, levando à degradação da sociedade, do solo, dos recursos hídricos, da flora e da fauna.
A Lei 12.305/2010 determina o encerramento das atividades dos lixões, o que necessita de critérios técnicos para avaliação para as providencias necessárias e corretas. Salientamos que o fechamento e abandono da área, acarretando o fim da atuação dos catadores, e disposição inadequada dos residuos não é suficiente, pois há continuação de geração de gases, odores e chorume, enquanto houver atividade biológica de resíduos.
A primeira medida a ser tomada para recuperar uma área é o isolamento, seguido da identificação da degradação existente no local. Após este diagnóstico, são sugeridas medidas de mitigação para diminuir o efeito dos impactos ambientais, e com base na escolha do uso futuro para área degradada, definem-se técnicas (físicas, químicas e biológicas) para recuperação.
A seguir, serão descritas as etapas propostas para recuperação da área degradada do lixão.
Isolamentos da Área
Primeiramente torna-se necessário eliminar o fator de degradação, isolando a área e não permitir qualquer interferência. Intervir no lixão com o intuito de encerrar sua operação, requalificando o ambiente local e, reduzindo os impactos ambientais. Além disso, é necessário a escolha de um local adequado para destinação desses resíduos, ou seja, um aterro sanitário devidamente licenciado e dentro das normas vigentes.
Retirada de Catadores na Área do lixão
Ao desativar o lixão, não podemos esquecer, daqueles que sobrevivem desta atividade, os catadores, que buscam seu sustento no local. Uma das alternativas sugeridas é a criação da associação dos catadores no município, podendo mobilizar a sociedade para a coleta seletiva solidária e sensibilizar as pessoas para a importância do trabalho dos catadores, usando a “ferramenta” da Educação Ambiental, além de integrá-los nas atividades do aterro sanitário futuro.
Medidas Mitigadoras
As medidas mitigadoras constituem o conjunto de ações que visam a reduzir os impactos negativos. Outra forma de controle é a compensação dos impactos não mitigáveis.
Abaixo são apresentadas algumas medidas que devem ser adotadas para minimizar os impactos significativos diagnosticados.
Quadro 3 - Impactos significativos e medidas de controle.
Tipo de Degradação Medidas Mitigadoras
Contaminação do solo
Retirada dos resíduos do local;
Retirar a camada de solo contaminada e depositar solo natural na área escavada, onde o solo contaminado iria para aterro
sanitário;
Usar técnicas de recuperação, como por exemplo, “biorremediação microbiana” e “fitorremediação”.
Compactação do solo Descompactar o solo e implantar práticas conservacionistas; Revegetar outras áreas no lixão, que não estejam compactados.
Erosão acelerada Limitar o desmatamento;
Usar técnicas, de controle de erosão (laminar e sulcos) Contaminação da água Análise dos corpos d’águas do entorno do lixão;
Eliminação das aberturas do solo, que ocasiona acúmulo de água. Contaminação do ar atmosférico Retirada dos resíduos do local;
Não realizar queimadas dos resíduos. Redução ou perda total da flora Reflorestamento;
Recuperar as áreas de importância ecológica.
Redução ou perda total da fauna - Criar áreas de preservação ambiental, garantindo boas condições para abrigo da fauna.
Riscos aos catadores - Criar uma associação de catadores;
- Proporcionar programa de educação ambiental.
Impacto na saúde pública - Implantar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos; - Implantar programa de educação ambiental para o município em
estudo. Fonte:. (2015 -Pollyana B. de Azevedo, et al)
Recomendações para uso da área
O uso recomendado para a área é a preservação ambiental, obtida com o reflorestamento.
Reflorestamento
Para o reflorestamento é necessário que o solo esteja com sua
composição,estrutura,densidade, porosidade e sua fertilidade adequada. Caso não esteja deve-se fazer a devida correção.
Devem-se diagnosticar os tipos de espécies vegetais em torno da área do lixão, para serem usadas na revegetação. Para o preparo do solo é necessária à implantação de espécies do estágio primárias encontradas no em torno da área e, em seguida, inserir espécies vegetais de sucessão ecológica secundária e clímax.