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Perfil epidemiológico dos casos de dengue registrados no município de Primavera do Leste–Mt entre o período de 2002 a 2012 / Epidemiological profile of dengue cases registered in the municipality of Primavera do Leste – Mt between 2002 and 2012

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Perfil epidemiológico dos casos de dengue registrados no município de

Primavera do Leste–Mt entre o período de 2002 a 2012

Epidemiological profile of dengue cases registered in the municipality of

Primavera do Leste – Mt between 2002 and 2012

DOI:10.34117/bjdv5n11-352

Recebimento dos originais: 07/10/2019 Aceitação para publicação: 29/11/2019

Vivian Tallita Pinheiro de Santana

Mestre em Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela Universidade Federal de Mato Grosso UNIC – Primavera do Leste-MT

End. Av. Minas Gerais, nº 1730, Ap. 204, Bairro Jardim Riva, Primavera do Leste – MT viviantallita@hotmail.com

Phelipe Magalhães Duarte

Especialização em Vigilância Sanitária pelo Centro Universitário Internacional UNIC – Primavera do Leste-MT

End. Rua Gabidu, nº 185, Ap. 07, Bairro Jardim Riva, Primavera do Leste – MT duarte.phe@gmail.com

RESUMO

O presente estudo buscou apresentar o perfil epidemiológico dos casos notificados no município de Primavera do Leste, Mato Grosso, entre os anos de 2002 a 2012, a partir de dados registrados nos sistemas de informação oficial de notificações do país: DATASUS e SINAN. Durante o período avaliado foram notificados 3548 casos, havendo mais frequência nas áreas urbanas, em mulheres, assim como indivíduos das raças parda e branca, nas faixas etárias entre 20 a 39 anos, com ensino Fundamental completo e incompleto. Dengue clássica registrou a maioria das ocorrências, o que refleti na evolução da maioria dos casos para cura sem sequelas. Os óbitos se deram pelo agravo da notificação que correram devido a Febre Hemorrágica do Dengue (FHD), Síndrome do Choque do Dengue e Dengue com complicações. Diante do perfil epidemiológico para o município de Primavera do Leste, verifica-se a necessidade de investimento em ações de controle da doença, integrando todos segmentos da sociedade.

Palavras-chave: dengue, epidemiologia, Aedes aegypti

ABSTRACT

The present study aimed to present the epidemiological profile of the cases reported in the municipality of Primavera do Leste, Mato Grosso, between 2007 and 2012, based on data recorded in the official notification systems of the country: DATASUS and SINAN. During the period evaluated, 3548 cases were reported, with more frequency in urban areas, in women, as well as individuals of the brown and white races, in the age groups between 20 and 39 years old, with complete and incomplete Fundamental education. Classical dengue recorded most of the occurrences, which I reflected in the evolution of most cases to cure without sequelae. The deaths were due to the aggravation of the notification that occurred due to Dengue Hemorrhagic Fever (DHF), Dengue Shock Syndrome and Dengue with complications. In view of the epidemiological profile for the municipality of Primavera do Leste, there is a need for investment in disease control actions, integrating all segments of society.

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Keywords: dengue, epidemiology, Aedes aegypti

1 INTRODUÇÃO

A dengue é uma doença de transmissão vetorial que tem registrado ocorrência expansiva mundialmente (MACIEL et al., 2008). Nas últimas décadas observa-se grande elevação no número de casos, constituindo-se assim uma das principais doenças re-emergentes, e, portanto, um problema de saúde pública mundial (SANTOS et al., 2012; PIGNATTI, 2004).

O agente etiológico causador da dengue é um vírus pertencente à família Flaviviridae com genoma RNA e quatro sorotipos conhecidos (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) (OMS, 2001), que é transmitido por meio picada do mosquito fêmea da espécie Aedes (Stegomya) aegypti, contaminado com o vírus. Esse vetor apresenta ocorrência para várias regiões tropicais e subtropicais do mundo, sendo registrados predominantemente em áreas urbanas e semi-urbanas (TAUIL, 2001; MEDRONHO, 2006; MCCALL; KITTAYAPONG, 2006), propagando-se em criadouros artificiais que acumulam água de chuvas ou para o uso doméstico (CONSOLI; OLIVEIRA, 1998).

A ocorrência dos casos no Brasil está relacionada sazonalidade das chuvas que favorecem o ciclo biológico do mosquito disseminador do vírus, pois possibilitam condições favoráveis de temperatura e umidade para o desenvolvimento do embrião (BRASIL, 2005). Assim, os períodos de maior incidência da doença são registrados nos meses mais quentes e úmidos, que correspondem aos primeiros cinco meses do ano (janeiro a maio) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).

A ocorrência de epidemias de tem sido registrada em todo o território nacional, o que enfatiza a necessidade de conhecer os processos de transmissão e as características epidemiológica dessa doença. No Brasil a região Centro-Oeste é classificada como de alta incidência de dengue (827 casos por 100 mil habitantes), sendo endêmica em 18 municípios (13%) do Estado de Mato Grosso (BRASIL, 2009b; 2010b).

Portanto, ao considerar o cenário atual da incidência de dengue no pais e o Centro-Oeste, o presente estudo buscou apresentar o perfil epidemiológico dos casos notificados no município de Primavera do Leste, Mato Grosso, entre os anos de 2002 a 2012, a partir de dados registrados nos sistemas de informação oficial de notificações do pais: DATASUS e SINAN e, desta forma, subsidiar na proposição de medidas complementares de controle e combate.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, observacional e retrospectivo, realizado com base na avaliação do banco de dados de registro das informações contidas na ficha de notificação do DATASUS e SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) e disponibilizados pelo site do Ministério da Saúde. O estudo foi desenvolvido com o

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intuito de se obter o perfil epidemiológico de vítimas prevalentes e dos casos de dengue registrados no município de Primavera do Leste – MT, no período entre os anos 2002 e 2012.

As variáveis selecionadas para compilação e montagem do perfil da vítima e dos casos foram: sexo, zona de residência, região de saúde, raça, município, mês de sintomas, manifestações hemorrágicas, grau FHD, gestante, faixa etária, extravasamento plasmático, evolução, escolaridade, critério de confirmação, complicação, e classificação final.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período avaliado foram notificados 3548 casos de dengue no município de Primavera do Leste - MT, as incidências foram maiores nos anos de 2010 (n=2438), 2007 (n=660) e 2009 (n=348). Resultados semelhantes também foram registrados para o município de Juscimeira – MT (ASSUNÇÃO; AGUIAR, 2014) e em Montes Claros – MG (SILVA et al., 2014). A elevação das notificações junto ao Sistema Nacional de Agravos e Notificação – SINAN (BRASIL, 2017) tem sido observado desde 1990, semelhante aos dados levantados durante o presente estudo, em que o maior número de casos notificados em Primavera do Leste também ocorreu em 2010. Nesse ano registrou-se um aumento da incidência da dengue nacionalmente, o que pode ser atribuído à recirculação de sorotipos virais como DEN-1 e DEN-4 (BRASIL, 2010a; DIAS et al. 2010).

Do total de notificações, 94,92% (n=3368) dos casos foram registrados de ocorrência para a área urbana, que reforça a caracterização do dengue como uma doença comum de ambientes urbanizados (RIBEIRO et al, 2008). Esse resultado pode estar relacionado as características específicas do mosquito transmissor, que possui preferência por ambientes intra e peridomicílio, nos quais encontra alimento e possibilidades de criadouros artificiais (PELLISSARI et al. 2015). Áreas com maior densidade populacional, falta de saneamento, coleta de lixo deficiente, habitações sem água encanada e com recipientes inadequados de armazenamento, além de condições sócio-econômicas precárias favorecem a manutenção do ciclo da dengue (OPAS, 1991).

As vítimas mais frequentemente acometidas são do gênero feminino (55,15%; n=1957), das raças parda e branca (57,52%; n=2041), nas faixas etárias entre 20 a 39 (43,35%; n=1538) e 40 a 59 (20,86%; n=740) anos, com ensino Fundamental completo e incompleto (28,24%; n=1002).

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Tabela 1 - Características dos casos de dengue segundo gênero, faixa etária, raça, zona de residência, escolaridade, critério de confirmação e confirmação final, entre o período de 2005 a 2012, na cidade de

Primavera do Leste-MT, Brasil.

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total % Variáveis N N N N N N N N N GÊNERO Masculino 1 - 276 2 172 1104 1 35 1591 44,8 Feminino - 5 384 1 176 1334 7 50 1957 55,2 Total 1 5 660 3 348 2438 8 85 3548 100 FAIXA ETÁRIA Em branco/IGN - - - 1 - - 1 0,03 <1 Ano - - 10 - 5 43 - 2 60 1,7 1- 4 - 1 14 - 13 96 - - 124 3,5 5- 9 - - 25 - 23 176 - 4 228 6,4 10-14 - - 56 - 32 212 - 7 307 8,7 15-19 1 - 76 - 38 256 1 8 380 10,7 20-39 - 1 297 2 137 1065 3 33 1538 43,3 40-59 - 3 148 1 81 482 4 21 740 20,9 60-64 - - 16 - 6 37 - 2 61 1,7 65-69 - - 3 - 4 29 - 4 40 1,1 70-79 - - 14 - 9 28 - 3 54 1,5 80 e + - - 1 - - 13 - 1 15 0,4 Total 1 5 660 3 348 2438 8 85 3548 100 RAÇA Ign/Branco - 1 2 - 21 1262 4 11 1301 36,7 Branca - 4 406 3 184 510 2 42 1151 32,4 Preta - - 49 - 13 100 - 2 164 4,6 Amarela 1 - 23 - 2 5 - - 31 0,9 Parda - - 174 - 127 557 2 30 890 25,1 Indígena - - 6 - 1 4 - - 11 0,3 Total 1 5 660 3 348 2438 8 85 3548 100 ZONA RESIDÊNCIA Ign/Branco - - 3 - 9 36 - 2 50 1,4 Urbana 1 4 649 3 329 2294 8 80 3368 94,9 Rural - 1 8 - 9 108 - 3 129 3,6 Periurbana - - - - 1 - - - 1 0,06 Total 1 5 660 3 348 2438 8 85 3548 100 ESCOLARIDAD E Ign/Branco - 2 27 - 118 1465 4 28 1644 46,3 Analfabeto - - 2 - 2 15 - - 19 0,5 1ª a 4ª série incompleta do EF - - 63 1 26 122 - 5 217 6,1 4ª série completa do EF - - 76 - 12 51 2 4 145 4,1 5ª à 8ª série incompleta do EF - - 195 - 51 171 - 12 429 12,1 Fundamental completo - - 105 - 22 81 - 3 211 5,9 E. médio incompleto 1 1 67 1 22 98 1 10 201 5,7 E. médio completo - - 47 1 37 177 - 13 275 7,8 Superior incompleta - - 18 - 8 30 1 4 61 1,7

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Superior completa - 1 26 - 23 40 - 1 91 2,6 Não se aplica - 1 34 - 27 188 - 5 255 7,2 Total 1 5 660 3 348 2438 8 85 3548 100 CRITÉRIO CONFIRMAÇÃ O Laboratorial - 2 246 2 176 208 8 76 718 20,2 Clínico-epidemiológico 1 3 414 1 172 2230 - 9 2830 79,8 Total 1 5 660 3 348 2438 8 85 3548 100 CLASSIFICAÇÃ O FINAL Dengue Clássico 1 5 656 3 342 2433 8 85 3533 99,6 Dengue com complicações - - 1 - 5 1 - - 7 0,2 Febre Hemorrágica do Dengue - - 3 - 1 2 - - 6 0,17 Síndrome do Choque do Dengue - - - 2 - - 2 0,1 Total 1 5 660 3 348 2438 8 85 3548 100 % 0,03 0,14 18,6 0,08 9,81 68,71 0,23 2,4 100 100 Fonte: Dados da pesquisa

Há diversos fatores relacionados à transmissão do dengue e a dinâmica da doença pode variar até mesmo entre os sexos, porém o acometimento em maior frequência de pessoas do sexo feminino pode ser atribuído ao maior tempo em que as mulheres permanecem no intra-domicílio (GONÇALVES NETO; RÊBELO, 2004). A maior incidência de vítimas do sexo feminino também foi observada nos trabalhos de Fernandes et al. (2013), Vicente (2013), Costa et al. (2011), Souza e Dias (2010), Gonçalves Neto e Rêbelo (2004) e Forattini et al. (2000).

A faixa etária entre 20 a 39 anos também foi a mais acometida por dengue nos dados levantados por Gonçalves Neto e Rêbelo (2004), Santos et al. (2016) em Vitória da Conquista-BA, Escosteguy et al. (2013) no Rio de Janeiro, em Goiás por Santos et al. (2009) e na Bahia por Souza e Dias (2010), assim como levantado pelo presente estudo, faixa etária esta que se trata de uma grande parte da população considerada economicamente ativa (IBGE, 2015).

Santos et al. (2009) também registraram a maioria dos casos envolvendo vítimas com apenas o ensino fundamental, assim como Assunção e Aguiar (2014) em Juscimeira-MT. Ribeiro et al (2008), ressaltam que o nível escolar está diretamente relacionado às condições socioeconômicas do indivíduo. Segundo Cunha et al. (2008) as condições sanitárias vividas podem predispor a infecção pela maior possibilidade de contato com o vetor. A baixa escolaridade reflete no entendimento dos cuidados preventivos relativos à doença (SANTOS et al., 2009), assim como na compreensão das orientações dadas pelo profissional de saúde (TEIXEIRA et al., 2002).

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A ocorrência de casos envolvendo vítimas das raças pardas e branca em Primavera do Leste – MT pode ser atribuída a grande proporção da população desse no município pertencerem a essas raças. Santos et al. (2009) e Fantinati et al. (2013) em Goiás também registraram a maioria dos casos envolvendo vítimas das raças pardas e branca.

Em 42 casos as vítimas estavam em período gestacional, a maioria destas no primeiro (38,10%; n=16) e terceiro trimestre (26,19%; n=11). Nascimento et al. (2017) registraram distribuição semelhante na proporção de casos por trimestre de gestação, com frequência pouco maior no segundo trimestre (32,6%), diferindo do apontado para município de Primavera do Leste – MT. A infecção por dengue durante o período gestacional não está relacionada à ocorrência de malformações congênitas, porém tem consequências em desfechos maternos desfavoráveis, como hemorragias e morte materna associada ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia, eclampsia (BASURKO, et al., 2009; RESTREPO et al., 2003; HUNG et al., 2015; SHARMA et al. 2006). Diante disso, é essencial o reconhecimento das gestantes como grupo vulnerável à contaminação do Dengue (NASCIMENTO et al., 2017).

Em 79,76% (n=2830) dos casos o diagnóstico foi realizado através de avaliação clínico-epidemiológica e em apenas 20,14% (n=718) a confirmação se deu através de diagnóstico laboratorial. A realização dos exames específicos de sorologia (IgM), detecção do antígeno NS1, isolamento viral, detecção de genoma viral (RT-PCR) ou imuno-histoquímica, e histopatologia em situações de óbito, são essenciais para identificação da real contaminação e conclusão dos casos (NASCIMENTO et al. 2017).

A solicitação do exame laboratorial é realizada conforme recomendações da Vigilância Epidemiológica de cada região e, em períodos epidêmicos, é indicada para todo o paciente grave com dúvidas no diagnóstico (DIAS et al., 2010). Assim, no período epidêmico é obrigatório a realização da sorologia de 10% dos casos suspeitos de Dengue Clássica e em todos os casos graves (BRASIL, 2009c), conforme proposto nas Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue. Devido às similaridades clínicas apresentadas entre a dengue e outras doenças febris agudas, o diagnóstico laboratório deve ser realizado para a confirmação sorológica e identificação viral, além de oferecer suporte para investigações epidemiológicas (CORDEIRO, 2012).

O Dengue Clássico foi registrado para 99,58% (n=3533) das notificações, sete foram classificados como Dengue com complicações, seis como Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) e dois como Síndrome do Choque do Dengue. Resultados semelhantes foram registrados por Assunção e Aguiar (2014), Fantinati et al. (2013), Ribeiro et al. (2008) e Vasconcelos et al. (1999), que de acordo com Santos et al. (2009) seguem a tendência nacional. O Ministério da Saúde (2014) destaca maior ocorrência de Dengue clássica entre os casos com classificação definida, assim como, também

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observado pelo Sistema de Vigilância epidemiológica para os casos suspeitos entre a população geral do país.

Dentre as características clínicas apresentadas pelo paciente com a Dengue clássica as manifestações hemorrágicas discretas como gengivorragia, epistaxe, menorragia e gastrointestinais e hematúria mais raramente, que podem acontecer variando de leve a grave. A ocorrências dessas manifestações estão relacionadas a contagem de plaquetas inferior a 100.000 mm³, caracterizando plaquetopenia. E na Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) os achados laboratoriais registram trombocitopenia, redução do número de plaquetas para menos de 100.000 mm³, aumento da hemoconcentração e leucopenia (FIGUEIREDO; FONSECA, 2002; WHO, 2009; BRASIL, 2009c). Quanto aos critérios clínicos para caracterização de complicações do Dengue a contagem de plaquetas foi registrado em apenas seis casos e estes com índices menores que 50.000mm3. Em apenas um foi declarado não se encaixar em FHD e, nos demais 99, 80%, ignorou-se o registro dessa complicação. Os graus FHD foram ignorados em 99,83%, porém quatro casos foram classificados como de Grau II, um de Grau III e outro de Grau V. Em Goiás Santos et al. (2009) registraram plaquetopenia abaixo de 100.000 em 92,3% dos casos e apenas cinco pacientes que completavam os critérios de FHD. Escoteguy et al. (2013) registrou em torno de 90,0% dos casos com plaquetemia abaixo de 50.000/mm3.

As manifestações hemorrágicas foram registradas em apenas sete casos, porém em 99,54% essa informação não foi declarada no formulário de notificação. O extravasamento plasmático foi registrado em apenas seis notificações, sendo que em grande parte (99,55%) essa informação foi ignorada. De acordo com Brasil (2016), a ocorrência de extravasamento plasmático se manifesta em maior parte nos casos graves.

Em 99,69% (n=3541) dos casos os pacientes evoluíram para cura sem sequelas, registrando-se registrando-seis óbito pelo agravo da notificação que correram devido a Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) (dois casos), Síndrome do Choque do Dengue (um caso) e dengue com complicações (um caso). A evolução dos casos em maior proporção para cura também é observada nos estudos de Fantinati et al. (2013) e Santos et al. (2009).

O óbito pelo Dengue pode ser evitado com a conduções de medidas de assistência adequadas, incluída a priorização do atendimento dos pacientes de acordo com a classificação de risco, baseados nos sinais clínicos e laboratoriais, tais, como a perda plasmática e a iminência de choque, indicando evolução para gravidade e possível óbito (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). Dos casos de óbito registrado para o presente estudo apenas um notificou a contagem de plaquetas com índices menores que 50.000mm3, dois registraram manifestações hemorrágicas, três extravasamento plasmático e três

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Febre Hemorrágica do Dengue de graus Grau II (um caso), um de Grau III (um caso) e outro de Grau V (um caso).

Os dados consultados apresentaram elevada taxa de variáveis preenchidas como ignoradas ou em branco. O preenchimento inadequado dos dados durante a notificação reflete na qualidade das informações, assim, ressalta-se a importância de continua capacitação dos profissionais envolvidos nesse processo, bem como, nas ações de conscientização e mobilização social em áreas de risco para disseminação do Dengue.

4 CONCLUSÃO

Na região Centro-Oeste o aumento dos casos acompanha o perfil para do país. Em Primavera do Leste – MT o ano de 2010 registrou o maior número de ocorrências, seguindo aumento da incidência da dengue nacionalmente. Os casos também foram mais frequentes nas áreas urbanas, em mulheres, assim como indivíduos das raças parda e branca, nas faixas etárias entre 20 a 39 anos, com ensino Fundamental completo e incompleto. A raças parda e branca são as mais predominantes na população do munícipio. A Dengue clássica registrou a maioria das ocorrências, o que também refletiu na evolução da maioria dos casos para cura sem sequelas. Os óbitos se deram pelo agravo da notificação que correram devido a Febre Hemorrágica do Dengue, Síndrome do Choque do Dengue e Dengue com complicações. Diante das características epidemiológicas do Dengue para o município de Primavera do Leste, verifica-se a necessidade de investimento em ações de controle da doença e consequentemente de sua epidemia. Porém, vários são os fatores que dificultam a erradicação da Dengue, desta forma o controle da doença requer ações conjuntas de toda a sociedade e poder público em combate ao vetor, pois é a medida mais eficaz e economicamente viável.

REFERÊNCIAS

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