C O M U N I C A Ç Ã O
A V A L IA Ç Ã O D A E V E N T U A L A T IV ID A D E T E R A P Ê U T IC A
D A P L A N T A R U B IM N A IN F E C Ç Ã O E X P E R IM E N T A L D E C A M U N D O N G O S P E L O P L A S M O D I U M B E R G H E I
V ic e n te A m a to N e to , L u c ia M a r ia A lm e id a B r a z , G o k ith i A k isu e e M a r ia H e le n a C o la m e o M o tta . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l
2 4 ( 4 ) : 2 6 3 - 2 6 4 , o u t - d e z , 1 9 9 1
D iversas possibilidades terapêuticas concretas têm nexo com a utilização de plantas, das quais p o r vezes são inclusive identificados e sintetizados os princípios ativos. Exemplo recente no âmbito das doenças parasitárias é hoje a viabilidade de em prego da artem isinina, eficiente no sentido de beneficiar pacientes com m alária, advindo esse medicamento de conhecimentos popularm ente acumulados na China3.
O b s e r v a ç õ e s d e le ig o s , p o r v e z e s trad ic io n a lm e n te coletad as, podem m erecer atenção e a valorização de algumas delas propiciou a consolidação de rem édios amplamente usados. P o r c o n sid e ra r v á lid as o co rrên cias de tais naturezas decidim os em preender estudo referente ao rubim , cujo sum o, conform e fatos a nós relatados, possuiria a capacidade de debelar infecção palúdica humana.
P a ra re a liz a r a nec essária investigação, recorrem os a modelo experim ental baseado em
parasitism o de camundongos pelo P l a s m o d i u m
b e r g h e i14.
L e o n u r u s s i b i r i c u s L. é ro tin e ira m e n te mencionado como rubim ou cordão de frade e faz
parte da fam ília L a b i a t a e , composta por 200
gêneros e cerca de 3200 espécies, extensamente distribuídas no m undo2.
U tilizam os 50 camundongos Balb-C, cada um com 20 g de peso, separados em cinco grupos de dez ( A l , A 2, B I , B2 e C). Infectamos 30 com 106 form as do hem atozoário, contidas em 0,1 ml de
Laboratório de Investigaçao Médica-Parasitologia do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Laboratório de Farmacognosia, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
E ndereço p a ra correspondência: Prof. Vicente Amato Neto. Laboratório delnvestigaçãoMédica-Paiasitologi.aAv.Dr. Amaldo 455, 01246 São Paulo, SP, Brasil.
Recebido para publicação em 12/09/91.
s o lu ç ã o f i s i o l ó g ic a e , p a r a a c o n ta g e m , c o rrelacio nam os a p o rc en tag em d e hem ácias parasitadas, em esfregaço de sangue corado, com o núm ero total de glóbulos, em câmara de N eubauer.
Em liquidificador obtivem os duas preparações de rubim , ou seja, em 200 ml de água destilada colocamos 100 g de caules ou de folhas e partes aéreas pouco antes colhidos. G eladeira serviu para c o n s e rv a ç ã o e a a d m in is tr a ç ã o c o m e ç o u , cotidianamente, quatro dias após o aviam ento, por meio de sonda gástrica e volum e de 0,5 m l, estando os roedores em jejum . O tratam ento principiou na data de inoculação do plasm ódio e perdurou até o final da experimentação.
Quanto aos grupos, especificamos a seguir o que correspondeu a eles: A l - infectados, receberam preparação decaules; A2 - não infectados, receberam preparação de caules; B I - infectados, receberam preparação de folhas e partes aéreas; B2 - não infectados, receberam preparação de folhas e partes aéreas; C - infectados, não receberam preparações.
Avaliamos as parasitem ias em dias alternados, comprovamos núm eros crescentes de plasm ódios desde 72 horas após as inoculações e notam os os comportamentos adiante consignados a propósito das mortes de todos os componentes: A l - entre o quinto e o vigésim o-quarto dias; B I - entre o sexto e o vigésim o-sexto dias; C - entre o oitavo e o décimo-sexto dias. N os contingentes A2 e B2 os camundongos permaneceram vivos.
Pelo menos de acordo com o procedem os, o rubim não revelou efetividade, contrariando os pareceres dos que julgaram ter conseguido proveitos
através dele. O P . b e r g h e i presta-se, sem dúvida, a
triagens de caráter terapêutico e, no presente estudo, perm itiu conclusão válida, atinente de um lado à intenção de não desprezar sim plesmente concepções populares e, de outro, a deduzir pela inatividade quando adotada tática para decisão.
C o m u n i c a ç ã o . A m a í o N e t o V , B r a z L M A , A k is u e G , M o t t a M H C . A v a l i a ç ã o d a e v e n t u a l a t i v i d a d e t e r a p ê u t i c a d a p l a n t a R u b i m n a i n f e c ç ã o e x p e r i m e n t a l d e c a m u n d o n g o s p e l o Plasmodium berghei. R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a
d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 4 : 2 6 3 - 2 6 4 , o u t - d e z , 1 9 9 1
REFERÊN CIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2. Hoehne PC. Plantas e substâncias vegetais tóxicas e medicinais. Graphicans, São Paulo e Rio de Janeiro p.250-251, 1939.
3. Klayman DL. Q i n g h a o s u (artemisinin): an
antimalarial drug from China. Science 228:1049- 1054, 1985.
4. Peters W, Portus JM , Robinson BL. The chemotherapy of rodent malaria, XXII. The value o f drug resistant strains of P . b e r g h e i in screening forblood schizontocidal activity. Annals of Tropical Medicine and Parasitology 69:155-171, 1975.