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Programa de atendimento educacional especializado complementar : desafios e possibilidades para educação inclusiva

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Academic year: 2022

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Universidade de Brasília – UnB Instituto de Psicologia – IP

Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento – PED

Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde PGPDS

PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO COMPLEMENTAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA EDUCAÇÃO

INCLUSIVA

ANA ESTER SOARES OLIVEIRA

Orientadora: Profª Dra. Mírian Barbosa Tavares Raposo

Brasília – DF 2011

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Universidade de Brasília – UnB Instituto de Psicologia – IP

Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento – PED

Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde PGPDS

PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO COMPLEMENTAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA EDUCAÇÃO

INCLUSIVA

ANA ESTER SOARES OLIVEIRA

Monografia apresentada como requisito necessário para o Curso de Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar do Depto. De Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano – PED/IP - UAB/UnB.

Orientador (a): Profª Dra. Mírian Barbosa Tavares Raposo

Brasília – DF 2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANA ESTER SOARES OLIVEIRA

PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO COMPLEMENTAR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA EDUCAÇÃO

INCLUSIVA

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista do Curso de Especialização em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar – UAB/UnB. Apresentação ocorrida em 16/04/2011.

Aprovada pela banca formada pelos professores:

Profª Dra. Mírian Barbosa Tavares Raposo Orientadora

Profª Drª Diva Albuquerque Maciel Examinadora

Ana Ester Soares Oliveira Cursista

BRASÍLIA/2011

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu filho Filipe, que, mesmo com pouca idade, compreendeu a distância e a ausência com muita sensibilidade. Às minhas irmãs, Ana Raquel e Ana Daniela, que supriram esta distância e ausência com amor e carinho. Aos meus pais e ao meu irmão que sempre me incentivaram com amor

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos participantes, professores e mãe do aluno que, juntamente comigo, construíram este trabalho ao compartilhar suas experiências, emoções vivenciadas dentro e fora do contexto escolar. Agradeço à Secretaria de Estado de Educação que, prontamente, disponibilizou documentos necessários na construção das informações. Ao centro de ensino especial, representado pelo seu diretor, que compreendeu a intenção desta pesquisa e apoiou nossos estudos. À coordenação local do Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar, na pessoa da coordenadora local, que cedeu material e informações para compor esta pesquisa.

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RESUMO

Em meio aos desafios da inclusão escolar, destacamos o Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar como uma das ações que apoia e fortalece processo inclusivo no Distrito Federal. Neste estudo tentamos compreender a importância dos atendimentos educacionais especializados complementares na implantação e manutenção do processo de inclusão, bem como a relevância destes no processo de desenvolvimento humano e educacional dos alunos com necessidades educativas especiais. Na perspectiva de uma abordagem qualitativa, constatamos em um contexto diversificado a ressignificação da prática pedagógica em função do benefício do aluno. Neste sentido, verificamos a reestruturação de um ambiente educacional especializado, um centro de ensino especial, que entra no cenário inclusivo como rede de apoio à inclusão escolar. Sugerimos a partir deste estudo, a elaboração colaborativa de uma política inclusiva que conduza a construção de uma educação inclusiva de qualidade.

PALAVRAS-CHAVES: Inclusão Escolar, Atendimento Educacional Especializado Complementar, Desenvolvimento Humano e da Aprendizagem.

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ABSTRACT

Amid the challenges of school enrollment, we highlight the Specialized Educational Assistance Program as a Complementary action that supports and strengthens inclusive process in Distrito Federal. In this study we try to understand the importance of specialized complementary schooling services in implementing and maintaining the process of inclusion, as well as their relevance in the process of human development and education of students with special educational needs. From the perspective of a qualitative approach, we found a diverse background in the redefinition of teaching practice for the benefit of students. In this sense, we see the restructuring of a specialized educational environment, a special education center, which enters the scene as a comprehensive support network for school inclusion. We suggest from this study, the collaborative development of an inclusive policy that leads to building an inclusive education of quality.

KEY WORDS: School Inclusion, Specialized Educational Complementary Care, Human Development and Learning

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SUMÁRIO

RESUMO...

APRESENTAÇÃO...

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIVERSIDADE, CONCEPÇÃO, AFIRMAÇÃO E OPORTUNIDADES...

1.1 Educação e Diversidade...

1.2 Educação Inclusiva...

1.3 Programas e Políticas afirmativas para educação inclusiva...

1.4 Programa de Atendimento Especializado Complementa...

2. OBJETIVOS...

2.1 Geral...

2.2 Específicos...

3.METODOLOGIA...

3.1 Contexto da Pesquisa...

3.2 Participantes da Pesquisa...

3.3 Materiais...

3.4 Instrumentos de Construção de Informações...

3.5 Procedimentos de Construção de Informações...

3.6 Procedimentos de Análise das informações...

4. RESULTADOS...

5. DISCUSSÃO TEÓRICA DOS RESULTADOS...

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...

REFERENCIAIS...

APÊNDICES...

A – ROTEIROS DAS ENTREVISTAS...

B – TRANSCRIÇÕES DAS ENTREVISTAS...

C – TABELAS DE ORGANIZAÇÃO DE DADOS...

ANEXOS...

A- Carta de Apresentação – Escola (Modelo)...

B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Professor (Modelo)...

C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Pais (Modelo)...

viii 1 4 4 4 5 6 7 8 8 8 10 10 11 13 14 19 23 25 36 42 44 47 47 50 100 112 112 114 116

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APRESENTAÇÃO

Os desafios que permeiam a educação inclusiva vão além da garantia legal do acesso à educação. A construção de uma sociedade inclusiva nos remete a uma ressignificação da concepção de educação no que se refere principalmente ao seu papel e sua função social. Diante da perspectiva da educação inclusiva, o papel da educação fundamenta- se no desenvolvimento da aprendizagem na diversidade, em que sua função não é limitada à oferta de oportunidades, contudo, estende-se ao constante cultivo das possibilidades.

Considerando estes aspectos, propostas de estratégias e adaptações necessárias para contemplar a singularidade do aluno com necessidades educativas especiais, são mencionadas em documentos norteadores da ação pedagógica, como alternativas de promoção e apoio à inclusão escolar. E entre estas ações esta pesquisa enfatiza o Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar que compõe as diretrizes pedagógicas do Distrito Federal.

O atendimento especializado no Distrito Federal assegura o direito à educação de 13.095 alunos (Censo 2010 - SEE/DF) distribuídos nas 14 regionais de ensino, que disponibilizam estes atendimentos em: classes comuns do ensino regular; classes especiais;

classes de integração inversa; centros de ensino especial; Centro de Ensino de Deficiência Visual e classes hospitalares.

As diretrizes pedagógicas do Distrito Federal preveem o atendimento dos alunos com Necessidades Educativas Especiais - NEE, preferencialmente, em classes comuns do ensino regular. O atendimento em classes especiais e nos centros de ensino especial tem um caráter provisório, a fim de adequar o atendimento às necessidades do aluno, excetuando-se os casos de alunos com deficiências severas - mental ou múltipla cujo atendimento requer um currículo especial.

Sendo assim, muitos alunos que estavam em classes especiais e Centros de Ensino Especial (CEE) foram encaminhados para classes comuns do ensino regular. Mesmo com os benefícios da inclusão, algumas questões foram apontadas como obstáculos para a efetivação do processo inclusivo. Um aspecto importante é o fato de as escolas regulares não contarem com atendimentos disponibilizados no CEE (educação física adaptada, informática adaptada,

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etc.) atividades essenciais para o desenvolvimento educacional e humano dos alunos com NEE. Nesse sentido, as diretrizes pedagógicas do Distrito Federal determinam a disponibilização destes atendimentos, em caráter complementar, nos CEE no horário contrário ao de aula, para os alunos inclusos, através do Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar, que visa contemplar as particularidades e necessidades dos alunos e auxiliar o processo inclusivo.

São disponibilizadas desde 2008, num centro de ensino especial em Taguatinga, as seguintes atividades que compõem o Programa de Atendimento Educacional Especializado: educação física adaptada, artes, informática adaptada, jardinagem e argila que são ofertados aos alunos de inclusão. No entanto, a procura para ingresso nesse programa é realizado quase exclusivamente pelos pais. Alguns professores que estão ou passaram por escolas inclusivas relatam que desconhecem a oferta destes atendimentos. Responsáveis pelo programa afirmam que constantemente é realizada a divulgação por meio da Regional de Ensino.

Segundo os profissionais que realizam os atendimentos e pais de alunos participantes do programa, são evidentes os benefícios dessas atividades no desenvolvimento humano e na aprendizagem desses alunos.

Nessa perspectiva, a pesquisa teve por objetivo visualizar e avaliar o funcionamento de uma proposta pedagógica que, a princípio, representa uma possibilidade considerável de desenvolvimento da aprendizagem através da diversidade de atividades e ambientes.

Para isso, na fundamentação desta pesquisa, enfatizamos aspectos como: a importância da diversidade no desenvolvimento humano e da aprendizagem através da ressignificação da função da educação para a construção de uma sociedade inclusiva; a educação inclusiva como um processo criativo que sugere a utilização dos diversos serviços, recursos e ambientes educacionais no favorecimento de uma educação de qualidade para todos; as ações e programas que compõem a construção da educação inclusiva; a implementação de programas e políticas que afirmam a garantia à inclusão e acessibilidade; e a análise do programa de atendimento educacional especializado complementar a fim de

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esclarecer dúvidas sobre seu funcionamento e compreender a sua real importância no processo de inclusão dos alunos NEE.

Seguindo essa proposta, este trabalho contou com relatos de professores que atuam no programa de atendimento complementar e no ensino regular, com pais de alunos que recebem atendimento nas atividades já citadas. Dessa forma, buscamos proporcionar de maneira colaborativa a construção de uma pesquisa que mostrará as ações que, de forma coadjuvante, reforçam, apoiam e fundamentam a prática pedagógica no ambiente escolar de ensino regular.

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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: DIVERSIDADE, CONCEPÇÃO, AFIRMAÇÃO E OPORTUNIDADE

1.1 - Educação e diversidade

O trajeto evolutivo da educação sempre foi permeado e redimensionado pelas tendências e teorias educacionais. Essas tendências sempre refletiram elementos da sociedade vigente. Nesse sentido, aspectos tais como, o que aprender, como aprender, função da escola, função do professor, eram definidos no intuito de formar o cidadão de acordo com o perfil estabelecido culturalmente. Para Paulo Freire (1996), o processo educativo é consolidado pela história da sociedade e a história individual da pessoa. Sendo assim, o desafio da construção da identidade é constituí-la em conjunto com o outro.

A partir das teorias sociointeracionistas, as concepções do ensinar e aprender são analisadas a partir do processo de interação do indivíduo com o meio. Vygotsky (1995) apresenta a concepção de desenvolvimento em que a cultura, a sociedade e a história influenciam na formação da identidade e ressaltam a importância da presença de um outro mais experiente no processo de aprendizagem.

Em seus estudos, Vygotsky analisa o desenvolvimento das pessoas com necessidades especiais a partir das leis da diversidade, afirmando que as leis que regem o desenvolvimento humano são as mesmas para todos, a diferença está nos meios de apropriação do conhecimento. Nesse sentido, a singularidade do desenvolvimento atípico tem o foco nas possibilidades de apropriação das ferramentas culturais capazes de desenvolver as funções psicológicas superiores, contrapondo-se ao estigma culturalmente imposto à deficiência, e revelando um mecanismo de compensação que utiliza meios alternativos para a constituição do indivíduo como ser social.

Nesse contexto, a diversidade de conhecimentos é elemento propulsor do desenvolvimento humano e da aprendizagem. Sendo a escola um ambiente que reúne

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“diversidade de conhecimentos, atividades, regras e valores e que é permeado por conflitos, problemas e diferenças” (MAHONEY apud DESSEN & POLONIA, 2007), ela se transforma em espaço privilegiado de desenvolvimento. Sendo tão rica em possibilidades relacionais, a escola deve, portanto, considerar os elementos que interferem na aprendizagem e que podem ser de natureza cognitiva, afetiva, emocional entre outras ( cf. Dessen & Polonia, 2007).

Ressaltando a importância da educação na diversidade, cabe à escola criar meios que superem as dificuldades, que assegurem o desenvolvimento e promovam ações que conduzam a atividades que transcendem a educação informativa. O estímulo a atividades desportivas, recreativas e culturais aproxima os diferentes, rompendo com as barreiras do monoculturalismo (cf. Kelman, 2009).

1.2 - Educação Inclusiva

A partir da elaboração de vários documentos mundiais, a construção de uma sociedade inclusiva torna-se uma meta a ser alcançada, onde a educação configura-se alicerce indispensável nesta empreitada. Para tanto, o Brasil assume o desafio de estabelecer esta sociedade através de ações que favoreçam a acessibilidade e define em documentos legais as condições necessárias para garantia de uma educação de qualidade para todos.

Segundo a Resolução nº 2, de 2001, do Conselho Nacional de Educação – CNE /CEB, art. 3º:

“Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais em todas as etapas e modalidades da educação básica”. (p.1)

O processo inclusivo não deve ser visto como uma proposta de diluição dos serviços especializados, pois o sucesso da Política de Educação Inclusiva depende desta rede de suporte especializado. Segundo Correa e Blanco (apud GLAT, 2007):

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“Necessidades Educativas Especiais são aquelas demandas exclusivas dos sujeitos para aprender o que é esperado para seu grupo referência, e que precisam de diferentes formas de interação pedagógica e/ou suportes adicionais: recursos, metodologias e currículos adaptados, bem como tempos diferenciados, durante todo ou parte do seu percurso escolar”. (p. 25)

Neste movimento por uma educação inclusiva de qualidade, a principal meta é garantir a acessibilidade de pessoas com necessidades educativas especiais ao ambiente regular de ensino, com auxílio de estratégias, adaptações, recursos e serviços.

Assim, a escola se constitui como ambiente de diversas possibilidades, sendo a intervenção a cada indivíduo estabelecida conforme sua necessidade. As tarefas desempenhadas em sala de aula devem favorecer as formas superiores de pensar e aprender, tais como memória seletiva, criatividade, raciocínio abstrato, pensamento lógico, tendo o professor uma função preponderante nesta mediação (cf. Marques apud DESSEN &

POLONIA).

1.3- Programas e políticas afirmativas para educação inclusiva

Diante do desafio de construir uma sociedade inclusiva, o Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial (SEEsp), desenvolve programas e ações que visam a garantia de uma educação para todos a partir da implementação da Política Nacional de Educação Especial, que assegura o atendimento especializado aos alunos com necessidades educativas especiais.

A SEEsp, por meio dos seus programas e ações, apresenta possibilidades para viabilizar o processo inclusivo e apoiar os sistemas de ensino com programas de formação continuada de professores na educação especial, programa de implantação de salas de recursos multifuncionais e demais programas que buscam implementar a educação inclusiva e direito à diversidade.

Além dos programas, a elaboração de leis e documentos tem fundamentado e orientado as ações, estruturando o atendimento educacional especializado. Segundo o Decreto nº 6571, de 2008, entende-se por atendimento educacional especializado todo o conjunto de recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, ofertados de forma

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complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. Este documento ainda enfatiza a importância da transversalidade das ações do ensino especial no ensino regular, no intuito de viabilizar e consolidar o processo inclusivo.

A Constituição Federal de 1988 determina que o atendimento educacional especializado deve ocorrer, preferencialmente, na rede regular de ensino. No entanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/96), ressalta que não havendo possibilidade de inclusão em função de suas condições específicas, o atendimento far-se-á em classes, escolas ou serviços especializados. O Decreto nº 3298, de 1999 observa que os serviços de educação especial serão ofertados pelas instituições de ensino em geral mediante programas de apoio ao aluno que está incluso na rede regular.

Dessa forma, podemos compreender que as ações que favorecem a educação inclusiva devem surgir de todos os ambientes educacionais e sociais considerando o substrato do processo educacional inclusivo que enfatiza a importância do respeito à diversidade no ambiente educacional, onde as possibilidades estão diretamente vinculadas aos meios que conduzirão o aluno com necessidades educativas especiais a constituir-se como ser social.

1.4- Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar

Nesse contexto, a fim de orientar os currículos e projetos pedagógicos, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEE/DF) elabora as diretrizes pedagógicas do Distrito Federal, com base na concepção da aprendizagem adotada pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal em uma perspectiva de construção de conhecimento numa relação sócio-histórico interacionista, fundamentada na convicção de que os conhecimentos científicos necessitam ser reconstruídos em suas plurideterminações”

(Orientações Gerais para o Ensino Fundamental de 9 Anos: Bloco Inicial de Alfabetização, 2006).

Esses processos interativos integram-se de forma dinâmica e dialética, compondo uma rede denominada Rede de Significações e envolvem um fluxo de comportamentos que são interpretados pela ação do outro e por elementos orgânicos, físicos, internacionais,

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sociais, econômicos e ideológicos (cf. Diretrizes Pedagógicas do DF). Essa rede estrutura um meio que, a cada situação:

“captura e recorta o fluxo de comportamentos dos sujeitos, tornando-os significativos naquele contexto, constituindo-se como mediadora do desenvolvimento, simultaneamente de cada um e de todos os participantes envolvidos”. (ROSSETTI-FERREIRA et al, 2000).

Nessa perspectiva, o desenvolvimento deve ser compreendido como um processo contínuo, multidimensional e dinâmico, que está sempre em movimento e que ocorre na interação dialética que o organismo tem com o ambiente.

Diante dessas concepções, as diretrizes pedagógicas do Distrito Federal contemplam o processo inclusivo ao apresentar orientações para a realização do atendimento educacional especializado na perspectiva inclusiva, contando com programas de apoio à educação inclusiva. Na rede pública de ensino do Distrito Federal, a Educação Especial desenvolve as funções de complementação e suplementação curricular.

E entre os programas apresentados, o Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar tem o intuito de oferecer atendimentos que não são ofertados no ensino regular. As atividades sugeridas no documento envolvem: a educação física adaptada, atendimento em salas de ambiente temático; oficinas pedagógicas profissionalizantes e encaminhamentos para outros serviços complementares, sendo estes viabilizados de acordo com o contexto de cada instituição de ensino envolvida.

Esta é mais uma ação que sugere o fortalecimento do processo inclusivo a partir da reelaboração dos ambientes educacionais com o intuito de efetivar o processo de inclusão escolar e embasar a construção da sociedade inclusiva.

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2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Compreender a importância dos atendimentos educacionais complementares, na implantação e manutenção do processo de inclusão, bem como a relevância destes no processo de desenvolvimento humano e educacional dos alunos com necessidades educativas especiais.

2.2 Específicos

Compreender o Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar e seu funcionamento em Taguatinga;

Identificar as percepções dos profissionais da escola regular sobre o Programa de Atendimento Especializado Complementar;

Avaliar as atividades oferecidas pelo programa de atendimento especializado complementar no desenvolvimento do comportamento adaptativo e funções intelectuais do aluno a partir da percepção de pais, professores e alunos;

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3.METODOLOGIA

Diante das questões aqui expostas, acredita-se que a aplicação de uma pesquisa com abordagem qualitativa é fundamental por compreender que o processo de construção do conhecimento científico considera todas as relações estabelecidas e as experiências apresentadas no contexto. Segundo MACIEL E RAPOSO (2010):

“A teoria é vista como uma construção sistemática que é permanentemente confrontada com a multiplicidade de ideias que aparecem entre aqueles que a compartem, das quais resultam um conjunto de alternativas que se expressam na investigação científica e que seguem diferentes zonas de sentidos em seu desenvolvimento sobre a realidade estudada” (p.13)

3.1 – Contexto da Pesquisa

O Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar é organizado de forma regional, ou seja, cada Gerência Regional de Ensino (GRE) define a disponibilidade de atendimento conforme suas condições. Os atendimentos analisados compõem as atividades complementares da GRE de Taguatinga, que utiliza os ambientes de um centro de ensino especial para realização dos atendimentos.

Segundo a coordenadora do Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar no centro, o espaço de realização destas atividades é amplo e conta com uma sala de argila, laboratório de informática, sala de psicomotricidade (utilizada para as atividades de educação física adaptada), duas piscinas (uma pequena e uma grande utilizadas nas atividades de educação física adaptada), espaços arborizados para a aplicação das atividades de jardinagem e salas que são direcionadas para as atividades de artes.

Dessa forma, o CEE, além do atendimento aos alunos com necessidades educativas especiais, constitui-se como um setor de apoio à inclusão. As diretrizes Pedagógicas do Distrito Federal consideram que o papel do CEE ampara-se no seguinte artigo da resolução do CNE/CBE nº 02, de 2001 art. 3º: “Os sistemas de ensino devem constituir e

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fazer funcionar um setor responsável pela educação especial, dotado de recursos humanos, materiais e financeiros que viabilizem e deem sustentação ao processo de construção da educação inclusiva”.

3.2- Participantes da Pesquisa

De acordo com Maciel e Raposo (2010), a pesquisa qualitativa representa um processo permanente de produção de conhecimento, sendo importante a apresentação do tema ao grupo investigado por meio de um diálogo. Seguindo esta sugestão, o processo de produção de conhecimento torna-se natural e possibilita uma interação maior entre pesquisador e investigado.

Compreende-se que as relações firmadas entre pesquisador e pesquisados vão produzir diferentes significados sobre o objeto de pesquisa, considerando cada um, de acordo com sua função.

Nesse sentido, tornou-se essencial conhecer as percepções dos diversos segmentos presentes na pesquisa. Diante do contexto estudado, considerou-se importante a participação de uma mãe de aluno que compartilhava das atividades complementares; de um professor regente do programa de atendimento especializado complementar; e de um professor do ensino regular que tinha em sua sala de aula um aluno participante das atividades complementares.

3.2.1 - Mãe do aluno do Programa de Atendimento Educacional Complementar

Ao visitar os ambientes de atendimento, em uma segunda-feira, percebi a presença de uma mãe que acompanhava seu filho no atendimento complementar. Um aspecto que me chamou atenção foi o sorriso que essa mãe tinha estampado no rosto ao acompanhar o filho.

Percebi que ela poderia contribuir na construção desta pesquisa por mostrar-se muito dedicada ao desenvolvimento integral do seu filho. Essa impressão foi confirmada pelos professores do atendimento que a indicaram como uma das mães mais presente do atendimento complementar, podendo, desta maneira, caracterizar o Programa de Atendimento Educacional

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Especializado Complementar. Aqui a conheceremos por Angélica e seu filho será chamado de Gabriel.

Angélica tem um filho chamado Gabriel, que é especial, autismo funcional.

Descobriram um pouco tarde porque ele não apresentava todas as características. Servidora pública, Técnico-Administrativo na área da Saúde. Seu local de trabalho é o Hospital Regional de Taguatinga – HRT. Cumpre um horário semanal de trinta horas, distribuídas da seguinte forma: todas as manhãs (4h); e sexta-feira, manhã e tarde (10h).

Seu filho Gabriel, hoje com 10 anos, está atualmente matriculado num centro de educação fundamental em Taguatinga numa classe especial com duas professoras, e está sendo preparado para o processo de alfabetização, um momento que a mãe relata com muita emoção: “ a primeira vez que ele falou “Eu”. .. sabe, porque pra um pai é muita coisa, entendeu. O Gabriel não pegava num lápis, o Gabriel começou a ficar na escola, ele está aprendendo a ler, a escrever, né... do jeito assim.. não tanto... mas o ano que vem...”

Gabriel frequenta o Atendimento Educacional Especializado Complementar uma vez por semana e recebe três atendimentos conforme especificado a seguir: argila, educação física adaptada (piscina) e jardinagem.

3.2.2 - O Professor do Atendimento complementar

A professora em questão é colega de trabalho há muitos anos. Sempre trabalhamos em áreas diferentes, mas sempre admirei a competência e o comprometimento desta colega com a educação. E ao convidá-la a participar deste processo de construção, ela se colocou à disposição com muita gentileza. Neste estudo, a chamaremos de Dalva.

Dalva está na Secretaria de Educação há 14 anos e há 2 anos no atendimento complementar a convite da responsável pelo Ensino Especial na Gerência Regional de Ensino de Taguatinga, para montar um projeto interessante para o atendimento complementar. No início de 2008, a professora elaborou o projeto argila para compor os atendimentos complementares.

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A professora cumpre um horário semanal de quarenta horas, sendo distribuídas da seguinte forma: 20h matutino e 20h vespertino. Há um ano atende o aluno Gabriel no atendimento argila.

3.2.3 - O Professor do Ensino Regular

A professora em questão foi selecionada por ser a professora regente do aluno Gabriel, que recebe o atendimento especializado complementar. Aqui a identificaremos pelo nome de Bruna.

Professora Bruna é pedagoga, trabalha há quase 25 anos na Secretaria de Educação e desde que começou a trabalhar, fez opção pela Educação Especial. Então, nestes 25 anos dedicou muitos anos à educação especial.

Durante muito tempo trabalhou em duas escolas, no centro de Ensino Especial e Escola Classe, porque, na verdade, identifica-se com alfabetização e com Educação Especial.

Ao ser questionada acerca do motivo da sua opção pela Educação Especial, a professora Bruna relatou:

BRUNA E eu acredito mesmo que seja um dom que Deus me deu... e também como um dom na alfabetização. E hoje eu vejo que há uns anos Deus estava me preparando para a inclusão e eu não sabia. Na época as pessoas falavam: “Você é maluca, trabalhar de manhã em Taguatinga e à tarde na Ceilândia com alfabetização, você é maluca”. E eu tinha, como muitos colegas da Educação Especial, muito preconceito em relação à inclusão. Na verdade, eu tinha preconceito, e hoje muito cuidado.

Preocupo-me muito com a situação da inclusão hoje.

Atualmente é regente no centro de ensino fundamental onde o aluno Gabriel está matriculado, em classe especial para autista, sendo o aluno Gabriel componente dessa turma.

Segundo a professora Bruna, o atendimento educacional especializado complementar tem colaborado com o processo educacional do aluno na escola regular.

3.3- Materiais

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Para proceder à construção das informações, necessitamos de uma série de materiais que nos auxiliaram no registro, organização e análise dessas informações:

Neste estudo dispomos dos seguintes materiais:

Celular com gravador mp3;

Notebook;

Caderno de anotações;

Pen drive;

Cds RW;

Termos de livre consentimento;

Carta de apresentação.

3.4 - Instrumentos de Construção de Informações

Os instrumentos a serem utilizados numa pesquisa qualitativa devem apresentar- se como provocadores das reações e expressões do outro ante a sistemática investigada, de maneira que o conhecimento possa estruturar-se num processo dialógico contemplando as relações estabelecidas entre os sujeitos envolvidos (MACIEL E RAPOSO, 2010). Nessa perspectiva, considerando o contexto a ser estudado e a importância desta inter-relação para a composição da investigação, utilizamos como método de pesquisa a entrevista por constituir instrumento interativo que facilitam a verificação e coletas de dados no sentido de contemplar ou redimensionar os objetivos propostos, bem como o esclarecimento dos questionamentos indicados neste projeto.

3.4.1 -Entrevistas

Ao definir a entrevista como instrumento de informação, considerei a importância de utilizar uma técnica que preservasse a naturalidade do processo de construção e elaboração das informações. Segundo Maciel e Raposo:

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“A entrevista, por exemplo, tem o propósito de converter-se em um diálogo, em cujo curso as informações vão aparecendo na complexa trama em que o sujeito as experimenta no seu mundo real”. (p.84)

Nesse sentido, a entrevista apresenta-se como instrumento que produz o diálogo com naturalidade construindo o conhecimento a partir da relação pesquisador-investigado. Por se tratar de um instrumento que oferece flexibilidade, acredito que possamos alcançar resultados mais eficientes para atender à proposta da pesquisa. Segundo Gil (1987), a entrevista é instrumento que abrange com maior profundidade as informações sobre o comportamento humano.

Seguindo esta perspectiva, optamos pela entrevista semiestruturada, por organizar o processo em um ambiente que proporcione um estudo aprofundado do objeto de estudo.

Para subsidiar este estudo, propomos a realização de entrevistas com os participantes aqui mencionados. Para essas entrevistas fizemos uso de três roteiros de entrevistas específicos, apresentados a seguir:

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM PAI DE ALUNO

Apresentação e informações pessoais: Caracterização do pai ou responsável: nome, idade, escolarização, profissão.

Caracterização do aluno: nome, idade, identificação da NEE, principais características:

Em qual escola está matriculado? Qual ano está cursando? (especificar o tipo de turma -Classe Especial, Classe Comum).

Caracterização da família: caracterização das pessoas que moram na residência.

História da família referente à chegada daquela criança que possui atendimento.

1. Informações sobre o Programa de Atendimento Especializado Complementar:

Caracterização do programa: o que é, como funciona, quais os objetivos, quem são os responsáveis, quem são os profissionais;

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Como soube dos atendimentos complementares?

Quais as solicitações para efetuar a matrícula?

Relação do programa com a escola;

Quais as sugestões para aprimorar os atendimentos.

2. Percepções sobre Programa de Atendimento Especializado Complementar para a criança:

Como foi definida a escolha dessas atividades?

De quais atividades seu filho participa? Como é? Quantos atendimentos por semana?

Quanto tempo seu filho participa das atividades complementares?

Qual é a reação do seu filho diante das atividades realizadas? Qual a preferência dele?

Como as atividades realizadas estão favorecendo o comportamento do seu filho?

Qual o maior benefício para a aprendizagem do seu filho?

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM O PROFESSOR DO ATENDIMENTO COMPLEMENTAR

Apresentação/informações pessoais e funcionais;

Nome, formação, história profissional;

História pessoal na SEE/DF. Quais funções exerceu nos últimos dois anos?

História pessoal no programa: Quanto tempo atua no Programa de Atendimento Complementar? Quando iniciou as atividades complementares na instituição?

1. Informações sobre o Programa de Atendimento Especializado Complementar

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Caracterização do programa: o que é? Como funciona? Quais os objetivos?Quem são os responsáveis? Quem são os profissionais?Como é realizada a divulgação junto às escolas regulares? Quantos alunos são atendidos por turno?

Como é a preparação/formação continuada/avaliação dos professores dos atendimentos e regentes dos alunos atendidos para avaliações?

Existem trocas de informações entre esses professores? Como é? Quem promove?

Qual a periodicidade?

Percepções sobre Programa de Atendimento Especializado Complementar

Sobre a atividade: O que você faz especificamente? Por que faz assim? Quem o ajuda?

Como aprendeu? Como é sua avaliação?

Sobre os alunos na atividade: De forma generalizada, como os alunos reagem diante das atividades realizadas por você? Dê exemplos.

Sobre os pais nas atividades: Como é a participação e acompanhamento dos pais? O que faz para aproximá-los? Dê exemplos. Quem o ajuda? O que falta para ser perfeito?

Sobre sua avaliação dos alunos em atividade: Como as atividades realizadas estão favorecendo o comportamento do aluno? Qual o maior benefício para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno?

Quais sugestões para aprimorar os atendimentos?

ROTEIRO DE ENTREVISTA DO PROFESSOR DO ENSINO REGULAR

1. Apresentação/informações pessoais e funcionais AQUI FALAREMOS SOBRE O PROFESSOR

Nome, formação, história profissional;

História pessoal na SEE/DF. Quais funções exerceu nos últimos dois anos?

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História pessoal na escola onde atua: Em qual turma é regente atualmente? Quanto tempo atua com classes inclusivas?

2. Informações sobre o Programa de Atendimento Especializado Complementar Conhece o Programa de Atendimento Especializado Complementar? O que é? como funciona? Quais os objetivos? Quem são os responsáveis? Quem são os profissionais?

3. Percepções sobre Programa de Atendimento Especializado Complementar

Como é o aluno João na sua sala? Você sabe que ele participa do programa? Isso tem ajudado? Como? Dê exemplos. Relate o perfil do aluno e o comportamento em sala.

Qual a relação dessas atividades com a sua atividade específica em sala? Existe algum momento de encontro entre os professores dos atendimentos e regentes dos alunos atendidos para avaliações, trocas de informações? Quando? como é?

Como essas atividades podem influenciar no desenvolvimento do aluno? Dê exemplos. Como as atividades realizadas estão favorecendo o comportamento do aluno e o desenvolvimento da aprendizagem? Dê exemplos. Quais os benefícios para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno? Dê exemplos.

Quais sugestões para aprimorar os atendimentos?

As entrevistas foram realizadas após o encerramento das atividades do Atendimento Complementar. O período de realização das entrevistas foi definido considerando que o aluno Gabriel, com Transtorno Global do Desenvolvimento, estava ambientando-se ao atendimento e que, ao final do processo, as informações seriam mais consistentes e atenderiam com maior amplitude aos objetivos propostos.

Nessa etapa da pesquisa, buscamos definir, com antecedência, os dias, horários e locais de acordo com a disponibilidade dos participantes. Desta forma, as entrevistas foram realizadas seguindo a seguinte ordem: professora do ensino regular – Bruna (professora regente do aluno Gabriel); professora do Atendimento Educacional Especializado

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Complementar - Dalva; e mãe do aluno Gabriel (aluno que recebe atendimento complementar).

3.5– Procedimentos de Construção de Informações

Esta subseção é destinada à apresentação dos critérios de escolha dos principais segmentos que compõem nosso objeto. Referindo-se a esta pesquisa, destacamos como segmentos principais a instituição onde ocorrem os atendimentos educacionais complementares e os participantes deste estudo.

Para este estudo optamos por uma entrevista semiaberta, visando alcançar com maior eficiência os objetivos propostos que serão apresentados em subtítulos com a intenção de facilitar a compreensão da leitura.

3.5.1- A Instituição

O contexto de pesquisa aqui apresentado foi definido por ser a instituição principal de realização das atividades do Programa de Atendimento Educacional Especializado um centro de ensino especial em Taguatinga. Desde 2008, este centro especial acolhe o Programa de Atendimento Complementar disponibilizando, além do seu espaço, profissionais especializados em diversas áreas a fim de oferecer suporte à realização deste programa. Esta nova modalidade educacional no Distrito Federal traz à Instituição mais uma perspectiva de atendimento.

Aqui apresentamos dois quadros que resumem as atividades oferecidas, quantitativo de professores e alunos:

Atividades Complementares Quantidade de professores

Alunos Atendidos no Atendimento Complementar

Argila 1 24

Educação Física 1 33

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Informática Adaptada 1 28

Artes 1 29

Jardinagem 1 26

Quadro 1: Quantitativo de professores e alunos atendidos

Neste segundo quadro especificamos o quantitativo de alunos por turno:

Atividades Complementares

Matutino Vespertino Alunos Atendidos no Atendimento Complementar

Argila 16 8 24

Educação Física 14 19 33

Informática Adaptada 12 16 28

Artes 9 20 29

Jardinagem 9 17 26

Quadro 2 – Atividades Complementares e quantitativo de alunos por turno.

3.5.2 - Participantes

Nesta subseção apresentaremos em ordem cronológica a realização das abordagens para participação deste estudo. Enfatizamos que a realização das entrevistas não condiz com esta ordem apresentada, pois cada entrevista foi marcada de acordo com a disponibilidade dos participantes.

3.5.2.1 - Professora do Atendimento Educacional Especializado Complementar Argila.

A professora Dalva foi a primeira participante a ser convidada. Por conhecer todos os alunos do atendimento complementar, considerei a possibilidade de a professora auxiliar na definição do aluno e responsável a compor o grupo de participantes neste estudo.

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Há nove anos trabalho no Centro de Ensino Especial, onde conheci a professora Dalva. Mesmo trabalhando na mesma escola nosso contato era mínimo. No entanto, sua competência e comprometimento com a educação eram pontos relevantes em sua conduta profissional. Além desses requisitos, verifiquei que a professora estava bem informada do processo inclusivo, bem como a implantação do Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar no Centro de Ensino Especial nº 1 de Taguatinga.

Dessa forma, em uma de nossas coordenações, conversei com a professora e lhe expus o objetivo do estudo e solicitei sua ajuda. A professora Dalva aceitou gentilmente o convite.

Marcamos a primeira tentativa de entrevista para o dia 17 de dezembro de 2010, às 8 horas da manhã. Este encontro não foi possível por motivos pessoais da professora que não pôde comparecer. Outro encontro foi marcado para o dia 20 de dezembro de 2010, às 14 horas, ocasião em que finalmente procedemos à entrevista.

A entrevista foi realizada no Centro de Ensino Especial nº 01 a pedido da professora. A princípio, solicitei que a professora verificasse o roteiro de entrevista e que autorizasse através do Termo de Livre Consentimento a apresentação destas informações para compor a pesquisa. A duração da entrevista foi de trinta e um minutos. Para registrar as informações fizemos uso de um celular com gravador mp3 e um caderno de anotações. Ao final, agradeci à professora por sua participação, a qual colocou-se à disposição para maiores informações. A entrevista da professora da Dalva de acordo com a ordem de realização das entrevistas foi a segunda a ser realizada.

3.5.2.2 - Mãe do aluno Gabriel: aluno no Programa de Atendimento Educacional Especializado

O primeiro contato com a mãe de Gabriel, Angélica, foi durante o intervalo dos atendimentos. Ao iniciar este estudo conversei com alguns colegas e pedi que indicassem uma mãe que fosse comprometida com o atendimento. Então uma das indicações foi o nome de Angélica, que me impressionou pelo cuidado e compromisso com a educação do filho.

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Como eu disse, este primeiro contato foi em um intervalo. Apresentei-me e expliquei o objetivo da nossa conversa, e oficializei o convite para participar do estudo. O seu entusiasmo em colaborar foi admirável, imediatamente forneceu seus contatos para marcarmos a entrevista. Angélica ressaltou que em sua casa seria melhor, pois, poderia dispor melhor do tempo sem interrupções. Combinamos, então, que no dia 22 de dezembro de 2010, às 14 horas iniciaríamos a entrevista em sua residência.

Antes de iniciar a entrevista apresentei o roteiro de entrevista, para que Angélica pudesse verificar os objetivos principais daquele momento. Após autorização para apresentar as informações registradas nesta pesquisa, iniciamos a entrevista que durou uma hora e nove minutos. Para registrar as informações foi utilizado um celular com gravador mp3 e um caderno para anotações adicionais. Ao encerrar a entrevista agradeci Angélica pelo acolhimento e contribuição. Angélica agradeceu a oportunidade e colocou-se à disposição para outros momentos de colaboração. Essa entrevista, por ordem de realização, foi a terceira e última entrevista a ser realizada, pois foi definida de acordo com a disponibilidade de tempo e local da participante em questão.

3.5.2.3 – Professora regente do aluno Gabriel no Ensino Regular

A decisão de entrevistar a professora regente do aluno Gabriel no ensino regular foi por considerar a importância de verificar o desenvolvimento do aluno neste ambiente e as contribuições dos atendimentos complementares neste processo.

Não conhecia a professora Bruna, mas sua fisionomia não era estranha. Nosso primeiro contato foi ao visitar a escola CEF 18 de Taguatinga, escola onde o aluno está atualmente matriculado, momento em que expliquei o motivo da visita, e imediatamente convidei-a a participar do estudo. No mesmo instante, a professora colocou-se à disposição e ali marcamos o nosso segundo encontro, que seria na sala de atendimento do aluno.

Primeiramente, apresentei o roteiro de entrevista para que a professora Bruna pudesse focalizar os objetivos do estudo e então apresentei o Termo de Livre Consentimento e, após sua assinatura, demos início ao procedimento. Durante a entrevista percebemos que já havíamos trabalhado juntas no próprio Centro de Ensino Especial nº 1 de Taguatinga, por um

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curto período de tempo. Esse fato influenciou de forma positiva a continuação da entrevista, que tornou-se mais confortável na exposição dos fatos. A duração da entrevista foi de uma hora e quinze minutos. Para o registro das informações foi utilizado um celular com gravador mp3 e um caderno para anotações complementares. Ao finalizar a entrevista agradeci a rica participação da professora Bruna, que, prontamente, colocou-se à disposição para maiores informações.

3.6 - Procedimentos de análise das informações

Após finalizar a etapa de coleta das informações, segui com a análise dos dados com a intenção de confrontar as informações com os objetivos aqui apresentados. Esta etapa foi divida em dois momentos conforme apresentação a seguir: transcrição das entrevistas e categorização dos dados.

3.6.1 – Transcrições das entrevistas

Ao finalizar o processo de entrevistas, iniciei a fase de análise das informações transcrevendo as entrevistas. Este procedimento exige do pesquisador cuidado no repasse das informações. O trabalho de conversão das informações de áudio para texto requer atenção, no sentido de reproduzir as informações com exatidão.

3.6.2 - Categorias de Análise

A partir das transcrições, destaquei as partes mais relevantes. E, para proceder à categorização de dados, retomei os objetivos e a fundamentação teórica, a fim de seguir com a análise das informações. A intenção de prosseguir com o levantamento de categorias de análise foi por considerar que esta estratégia concentra os dados, focalizando os objetivos propostos. Sendo assim, foram definidas três categorias expostas a seguir:

3.6.2.1 – Diagnóstico: compreensão da realidade

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Nesta categoria enfocamos a importância da realização do diagnóstico o mais cedo possível, sendo que a adequação do atendimento especializado desde os primeiros anos de vida constitui um fator proeminente no desenvolvimento humano. Nesse sentido, julgamos o tema essencial na composição de uma das categorias de análise, também por constituir um momento determinante para o desenvolvimento social de Gabriel, aluno do atendimento complementar.

3.6.2.2 – Processo de adaptação da escola à necessidade do aluno

Processo de Inclusão Escolar configura uma rede de adaptações curriculares, às quais a escola deve se apropriar. Aqui temos a oportunidade, a partir da vivência de um aluno e de sua família, de visualizar as estratégias criadas pela escola a fim de adaptar-se à necessidade do aluno.

3.6.2.3 - Rede de apoio à inclusão: Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar

Nesta categoria abordamos a influência do Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar a partir do olhar dos participantes desta pesquisa. A partir dos dados coletados com confronto dos objetivos propostos, verificaremos a relevância destas ações no processo inclusivo de um aluno.

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4. RESULTADOS

Neste capítulo apresentaremos as informações construídas através das entrevistas.

Os resumos de cada entrevista serão dispostos aqui e suas transcrições estarão disponíveis nos anexos. Ressaltamos que o conteúdo destes resumos considerou as categorias já mencionadas no capítulo anterior.

4.1 – Angélica: Mãe do aluno Gabriel

Angélica é mãe de Gabriel, autista funcional, cujo diagnóstico foi feito tardiamente. A única diferença que percebia no filho era no desenvolvimento da linguagem, notava que o filho apontava muito e em comparação com a prima era diferente. No entanto, o pediatra aconselhou que esperasse, pois era homem.

A comprovação dos primeiros indícios aconteceu na escola. Segundo Angélica, Gabriel não se enturmava e a professora afirmou que o menino apresentava uma diferença, mas não sabia do que se tratava. Levaram Gabriel a uma psicóloga, mas não era especialista em autismo.

A mãe de Gabriel narra um fato marcante em sua história. Ela relata que, no início, a vida escolar do filho foi conturbada pela falta de compreensão. Angélica diz que matriculou Gabriel em uma pequena escola e a diretora a chamou para conversar e lhe acusou de irresponsabilidade, de colocar remédio no chá do filho e disse que Gabriel ia rodar em um poste. Dessa forma, a família retirou Gabriel da escola. Essa transição durou menos de um mês.

ANGÉLICA: Aí ela (diretora da escolinha) falou que eu era irresponsável, que eu não sabia do meu filho, que eu botava remédio no chá, e que meu filho ia rodar num poste..Menina, pense numa pessoa que se pudesse morrer naquele momento, eu morria. Foi assim ele saiu de lá, e entrou no CEI 4, demorou menos e um mês esta troca.

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Angélica diz que continuou a buscar um diagnóstico preciso. Nesta época Gabriel iniciou o atendimento com uma psicóloga e no CONPE. As dúvidas sobre o diagnóstico de Gabriel aumentavam.

ANGÉLICA: A neurologista falou que não era, ou então achava que era um Asperger, que era alguma coisa mais leve. Mas a Drª Rose já achava que era autismo mesmo. Então eles se reuniram e a Drª Rose falou que possivelmente seria isto, autista.

A busca por uma resposta continuou, quando indicaram uma psicóloga especialista em autismo. Angélica entrou em contato e pediu, encarecidamente, que a psicóloga atendesse Gabriel.

Após algumas adaptações de horário, o atendimento iniciou apresentando os primeiros resultados. Angélica diz que foi emocionante ver o desenvolvimento do seu filho.

ANGÉLICA: Eu fiquei emocionada a primeira vez que eu vi o Gabriel copiando do quadro.

...a primeira vez que ele falou “Eu” ... sabe, porque pra um pai é muita coisa entendeu.

Angélica ressalta que há pouco tempo recebeu outro diagnóstico relacionado à alimentação de Gabriel: Intolerância Múltipla Alimentar, uma doença raríssima que necessita de uma rígida dieta e controle de quantidades e horários.

Sobre a permanência de Gabriel na escola, a mãe de Gabriel expõe as várias estratégias criadas pela escola, no sentido de promover a inclusão de Gabriel. No início o menino não ficava na sala. Sempre ao chegar, seu filho encontrava-se no pátio da escola. E para agravar mais a situação a constante troca de professores foi um aspecto negativo para a adaptação do aluno.

ANGÉLICA: Teve uma professora que só passou 2 horas na turma, foi pegar um dinheiro no banco e nunca mais voltou. Até que veio uma chamada Clea, que ficou na turma só que ela não tinha experiência.

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Logo após, a escola em que Gabriel estava tornou-se inclusiva. E então várias estratégias foram criadas a fim de manter o aluno na escola, pois não havia classe para autista.

Primeiro incluíram com duas professoras, depois diminuíram a turma e mesmo assim não conseguiram, pois, segundo Angélica, as professoras não tinham experiência.

Quando a psicóloga, que hoje atende Gabriel, iniciou o acompanhamento, falou para a família que estava tudo errado. Primeiro Gabriel deveria passar pelo Centro de Ensino Especial para depois ir para a inclusão. No entanto, Angélica enfatizou que os profissionais do Centro poderiam realizar o atendimento, mas que a escola deveria adequar-se às necessidades do filho. Foi quando a escola onde seu filho estava matriculado (CEI 04 antigo 27) montou uma classe para autista.

Hoje Angélica relembra com emoção os desafios deste início de processo de inclusão e ressalta que acredita no potencial do filho.

ANGÉLICA: O Gabriel não pegava num lápis, o Gabriel começou a ficar na escola, ele está aprendendo a ler, a escrever, não tanto, mas o ano que vem..

..a gente não sabe onde ele vai chegar, mas ele tem capacidade pra isto.

Onde ele vai chegar eu não sei, mas que alguma coisa ele vai fazer, com certeza ele vai.

Apesar das dificuldades, Angélica não parou de buscar oportunidades para o desenvolvimento de seu filho. Ao saber que atividade física seria muito bom para o menino, logo procurou uma academia que o aceitasse. Durante um tempo, Gabriel frequentou uma academia, na atividade de natação. No entanto, os objetivos desta atividade não supriam mais as necessidades de Gabriel. Então, a mãe decidiu retirar Gabriel da academia e comunicou às professoras a decisão. As professoras logo indicaram o Programa Atendimento Complementar, realizado no CEE 01 de Taguatinga, pois oferecia atendimento na piscina, entre outros.

Angélica ligou para a coordenadora do atendimento complementar no centro e marcou uma entrevista. Durante a entrevista Angélica falou das preferências de Gabriel. Após alguns ajustes que a escola fez para definir as atividades e o dia, o atendimento iniciou.

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Gabriel frequentou três atividades: argila, jardinagem e educação física (piscina), às segundas-feiras, de acordo com a necessidade de Gabriel e da família. Logo Angélica observou que as atividades estavam beneficiando seu filho. O primeiro ponto ressaltado por Angélica foi a alegria que seu filho demonstrava após cada atividade.

ANGÉLICA: E assim o complementar pra ele é muito importante, é tanto que segunda- feira ele já fala: “vamos lá pra jardinagem?

... Então assim a Vi dá esta flexibilidade pra ele de relaxar, coisa que em lugar nenhum eu ia conseguir. E melhor ainda, quando não pode ir pra piscina ela consegue fazer com que ele fique no ginásio e saia de lá feliz Quando perguntamos sobre a relação da escola regular com o atendimento complementar, Angélica destaca os benefícios das atividades complementares no processo de aprendizagem. Angélica fala do efeito calmante da água devido o atendimento na piscina; a jardinagem que trabalha lateralidade, e noções básicas que auxiliam no processo de alfabetização; e a argila que favorece na reprodução de letras e símbolos. Ressalta que a professora Dalva, através do atendimento argila reforçou o processo de pré-alfabetização de Gabriel.

Assim concluímos este momento com Angélica falando de suas expectativas em relação ao Programa de Atendimento Especializado Educacional e a afirmativa sobre a importância do processo educacional ser construído em conjunto, escola, atendimentos educacionais e clínicos.

ANGÉLICA: Assim a nossa perspectiva para o ano, com relação à escola não só a escola complementar como a escola regular dele é que ele seja alfabetizado, e a terapia dele vai trabalhar em cima disto...

...assim, porque eu acho que todo mundo tem que falar a mesma língua, com certeza elas (professora do atendimento complementar) fazem parte deste processo...

4.2 - Professora Dalva: regente do atendimento complementar argila

A professora Dalva, formada, diz que está no Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar há 2 anos, a convite da responsável do ensino especial na Gerência Regional de Ensino de Taguatinga, que, na época, solicitou-lhe a elaboração de um projeto de atendimento para compor o Programa de Atendimento Complementar.

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Após apreciação e aprovação do projeto, Dalva inicia o atendimento, em 2008, com 13 alunos. No entanto, destaca que durante todo o ano, em quase todos os meses receberam alunos.

DALVA: Eu fiz um projeto para o atendimento complementar argila ela gostou e aí a gente começou a trabalhar. O atendimento complementar argila, em 2008, começou com 13 alunos e foi muito interessante em 2008 porque todos os meses nós recebemos aluno.

Dalva diz que o Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar foi idealizado por pessoas que se encontram distantes da realidade do ensino especial, dos pais, dos professores do ensino regular, enfim distante do contexto escolar.

Ao questionar sobre a divulgação dos atendimentos, a professora diz que a responsabilidade da divulgação é de competência da GRE de Taguatinga, que sempre afirmou cumprir com sua responsabilidade. No entanto, Dalva apresenta dúvidas quanto à eficácia dessa etapa junto ao corpo docente.

Ainda em referência à divulgação, a professora ressalta a importância de uma divulgação com mais informações sobre o programa. Dalva afirma que o ato da divulgação deve constituir-se de um momento de esclarecimento e apresentação do projeto dos atendimentos, junto aos professores das escolas regulares, com a intenção de contar como acompanhamento destes profissionais.

DALVA: E o que é principal, independente de divulgar e falar é falar o que é o atendimento e qual o benefício deste atendimento para o aluno.

... que além de divulgar para o professor do ensino regular o que é o atendimento complementar, esse professor precisa entender o que é isso, ele precisa acompanhar o aluno dele até aqui

Dalva reforça a importância da aproximação entre a escola regular e os professores dos atendimentos complementares, para que ela possa considerar as ações da sala

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de aula regular, em seu planejamento, e que o professor regente do regular acompanhe o processo do seu aluno nos atendimentos.

Sobre a implantação do Programa de Atendimentos Complementares, Dalva relata que as atividades deviam ser oferecidas desde 2008, no entanto, só iniciaram os trabalhos em 2009.

Dalva cumpre a carga horária de 8 horas por dia dispostas da seguinte forma: 4 horas no turno matutino; e 4 horas no turno vespertino. A professora diz discordar com a organização de sua carga horária e desabafa dizendo que o horário não favorece o planejamento individual e o encontro com os professores do ensino regular. A professora sugere que a carga horária dos professores dos atendimentos complementares siga a mesma organização da carga dos professores do Centro de Ensino Especial, que é a mesma dos professores do ensino regular.

Quanto aos cursos de formação continuada, a professora relata que no ano de 2010 não foi ofertado nenhum curso. O único contato que tiveram com a Regional de Ensino foi uma reunião, o que deixou os profissionais com a impressão de abandono. Dalva afirma a importância da formação continuada e enfatiza que as mudanças na educação são necessárias.

DALVA: Não foi oferecido nada , nada, nada.. ..nenhum único curso, em 2010 nós tivemos um único encontro com a Regional de Ensino no início do ano, passamos o resto do ano aqui na escola carentes disto desta troca...

Formação continuada é importante, é claro que é importante. A educação está mudando, e precisa mudar...

Atualmente as atividades oferecidas no CEE 01 de Taguatinga, são: argila, artes, educação física, informática e jardinagem. Segundo a professora, até o ano de 2009 os atendimentos eram escolhidos pelos pais dos alunos. No ano de 2010, a Gerência Regional de Ensino apresentou uma modulação muito específica, onde o perfil do aluno direcionava a definição dos atendimentos.

O aluno Gabriel ingressou no programa em 2010 com os seguintes atendimentos:

argila, educação física e jardinagem. Gabriel era atendido às segundas-feiras, no período

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vespertino. Dalva diz que a definição dos atendimentos foi opção da mãe do aluno. Dalva afirma que entre os três atendimentos, Gabriel nutre uma grande paixão pelo atendimento na piscina (educação física). A professora relata que o desenvolvimento do menino na piscina é muito significativo.

DALVA: Na verdade, a grande paixão dele é a piscina... porque ele vai muito bem na piscina, ele faz lá coisas que os outros não conseguem, ele tem uma autonomia boa na piscina

A professora Dalva comenta sobre o momento que soube que Gabriel, além de ser um aluno com Transtorno Global do Desenvolvimento, apresentava também uma intolerância alimentar grave, fato que tornou o período de adaptação do aluno ao atendimento argila, mais delicado. Dalva relata que depois que Angélica, mãe de Gabriel, especificou a gravidade da situação, então a professora compreendeu a realidade do aluno.

DALVA: O Gabriel além de ter transtorno geral do desenvolvimento ele tem uma restrição alimentar, gravíssima, não é fácil lidar com isso, ela (a mãe) traz o lanche dele... Aí que ela sentou e foi me contar da vida dele. A ficha caiu... aí eu tive noção... tá lá pregado no quadro até hoje, são duas folhas digitadas do que ele não pode comer.

Dalva verificou que necessitaria de adaptações na rotina de Gabriel para que pudesse usufruir dos benefícios do atendimento. Então a professora organizou o atendimento do aluno conforme suas necessidades e assim as dificuldades foram minimizadas.

Com relação ao processo inclusivo educacional, a professora reafirma a importância das parcerias, a fim de beneficiar o desenvolvimento do aluno.

DALVA: Agora é interessante reforços permanentes, material diversificado, alternativo, que reforcem positivamente o que o Gabriel precisa. E, assim, as parcerias, eu acredito que as parcerias fazem diferença pra todo aluno especial.

O programa para o processo inclusivo é excelente, afirma a professora Dalva. Ela relata que o aluno Gabriel identificou a argila como um recurso para ele. Dessa forma, o atendimento direciona as atividades em função do reforço a uma pré-alfabetização. Assegura

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que o aluno está pronto para ser alfabetizado e necessita trabalhar o comportamento, precisa de reforços positivos.

Os planos para o ano de 2011 incluem estratégias, como a divulgação em todas as escolas, sendo realizadas pela equipe do atendimento complementar (professores e a coordenação do programa no Centro). Dalva finaliza sua colaboração enfatizando a importância da união das forças em prol do aluno.

DALVA: Reunião quinzenalmente é interessante com o professor do regular, pra gente está fundamentando nosso planejamento, pra gente estar vendo quem é este aluno que a gente está atendendo, pra gente ver o que ele está precisando, literalmente somar forças em prol do aluno esquecendo um pouco a burocracia.

4.3 - Professora Bruna: regente do aluno Gabriel no Ensino Regular

Bruna, professora regente do aluno Gabriel no ensino regular, relata que já conhecia a mãe de Gabriel. Quando a mãe recebeu o resultado sobre a real situação do seu filho, Bruna foi uma das pessoas a orientar a mãe para que buscasse um atendimento especializado para ele. A professora afirma que desconhecia aspectos que envolviam os Transtornos Globais do Desenvolvimento, mas mesmo assim ajudou a mãe de Gabriel, indicando-lhe uma psicóloga que o acompanha até hoje.

BRUNA: Algumas indicações foram dadas pra ela. Eu conheci a mãe do Gabriel, em outra situação... na época, eu fui uma das pessoas que falou pra ela:

“Eu não sei, eu não sei de mais nada, não entendo nada, mas eu sei que Helena faz um trabalho legal.

A professora relata que apesar do medo, a mãe de Gabriel aceitou o atendimento e dedicou-se muito para auxiliar no atendimento do filho.

Bruna juntamente com a professora Selma (professora regente junto com Bruna no CEF 18) montaram uma turma (classe especial para TGD) no CEF 18 de Taguatinga.

Gabriel foi acompanhando a professora Selma, que levou o aluno porque queria continuar o trabalho que estava sendo realizando.

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