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Valoração dos ativos e passivos ambientais das UHT Corumbá III e IV : apontamentos sobre a disponibilidade a pagar dos cidadãos do entorno pelo uso dos recursos naturais

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental

VALORAÇÃO DOS ATIVOS E PASSIVOS

AMBIENTAIS DAS UHT CORUMBÁ III E IV:

APONTAMENTOS SOBRE A DISPONIBILIDADE A

PAGAR DOS CIDADÃOS DO ENTORNO PELO USO

DOS RECURSOS NATURAIS.

Autora: Andréa Abadia Bartonelli de Rezende

Orientador: Prof. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araújo

Brasília

DF

2012

(2)

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB

15/08/2012

R467v Rezende, Andréa Abadia Bartonelli de.

Valoração dos ativos e passivos ambientais das UHT Corumbá III e IV: apontamentos sobre a disponibilidade a pagar dos cidadãos do entorno pelo uso dos recursos naturais. / Andréa Abadia Bartonelli de Rezende – 2012.

119f. ; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2012. Orientação: Prof. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araújo

1. Planejamento ambiental. 2. Economia ambiental. 3. Meio ambiente. I. Araújo, Paulo Ricardo da Rocha, orient. II. Título.

(3)

ANDRÉA ABADIA BARTONELLI DE REZENDE

VALORAÇÃO DOS ATIVOS E PASSIVOS AMBIENTAIS DAS UHT CORUMBÁ III E IV: APONTAMENTOS SOBRE A DISPONIBILIDADE A PAGAR DOS CIDADÃOS

DO ENTORNO PELO USO DOS RECURSOS NATURAIS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araújo

(4)

Dissertação de autoria de Andréa Abadia Bartonelli de Rezende, Intitulada “VALORAÇÃO DOS ATIVOS E PASSIVOS AMBIENTAIS DAS UHT CORUMBÁ III E IV: APONTAMENTOS SOBRE A DISPONIBILIDADE A PAGAR DOS CIDADÃOS DO ENTORNO PELO USO DOS RECURSOS NATURAIS”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília em _______________________, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

_______________________________________________ Prof. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araújo

Orientador

PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL DA UCB

_______________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Albertina P. M. Costa

Examinador Interno

PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL DA UCB

_______________________________________________ Profª. Drª. Lucijane Monteiro de Abreu

Examinador Externo

(5)

Ao meu pai João Batista, e à madrinha Laura, pelos valores com que me educaram.

Aos meus queridos irmãos D2, pelo amor irrestrito, carinho e cumplicidade.

(6)

AGRADECIMENTO

Quero agradecer a Deus por Ele estar sempre perto de mim, me amparando e me inspirando na realização desse trabalho, minimizando a angústia e ansiedade típicas de um empreendimento intelectual dessa envergadura.

Quero agradecer a todos os professores do Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília - UCB, pelo esmero para com os conteúdos, pela competência e profissionalismo demonstrado ao longo da aplicação dos créditos e, principalmente, pela delicadeza, pela atenção e pela parceria que se estabeleceu conosco, do início ao fim dos trabalhos.

Quero agradecer, ainda, a todos os meus colegas que, advindo de diferentes formações e de múltiplas expectativas a respeito do Mestrado, tornaram-no mais rico, mais proveitoso e que me deram muita energia e disposição para continuar, para além dos nossos colóquios, me fazendo chegar até aqui entre pares, mas, sobretudo, alçados à condição de amigos.

Não poderia deixar de lembrar e de agradecer também, aos bibliotecários da UCB e a todo o pessoal de apoio, que sempre nos atendeu com tanta presteza e profissionalismo.

Agradeço, à Professora Drª. Albertina e ao Professor Dr. Paulo, meu dileto orientador, pela paciência, pelas palavras elogiosas, de incentivo e de mobilização para o aprofundamento deste trabalho com o fim de publicá-lo e, muito especialmente, à querida professora e examinadora externa, vinda da UnB, e agora amiga, Drª. Lucijane, como ela mesma disse, futura parceira em projetos de consultoria, pela atenção, pela disposição, pelo cuidado com os detalhes e por tantas indicações e correções de rumo que me levaram à conclusão desse trabalho.

Quero agradecer a todos que me auxiliaram na aplicação dos questionários e, muito especialmente, aos cidadãos das cidades de Abadiânia, Alexânia, Luziânia e Santo Antônio do Descoberto, vizinhas à UHE Corumbá III e IV, que se dispuseram pacientemente a nos responder e colaborar com nossa pesquisa. Espero que a conclusão desse trabalho possa lhes ser útil à sua causa e ao encaminhamento de suas demandas.

Além desses, agradeço à minha família pela paciência, pelo incentivo, pelo carinho, pela cumplicidade, pelo afeto e por todo o investimento material e imaterial que me concederam. Por isso, esse trabalho é dedicado a vocês!

Enfim, agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização e conclusão desse trabalho.

(7)
(8)

RESUMO

Esta pesquisa buscou avaliar se os habitantes das cidades de Luziânia, Silvânia, Santo Antônio do Descoberto, Alexânia e Abadiânia, impactados diretamente pela construção da UHE Corumbá III e IV percebem ou perceberam seus impactos positivos e negativos e se teriam alguma Disposição a Pagar com relação a seus ativos e passivos ambientais. Para tanto, utilizou-se de ferramentas do planejamento e da gestão ambiental para a valoração ambiental, como: a pesquisa Survey estruturada, formatada e aplicada sob uma perspectiva antropológica, buscando-se acessar diretamente a população envolvida por meio do Método de Valoração Contingente. A pretexto de precificar ou dar valor de mercado a algo imaterial, aferido hipoteticamente, legitima a concepção de referenciais de valor monetário tanto para o mercado, quanto para a avaliação de políticas públicas para o setor. No sentido de trazer uma maior racionalidade e eficiência na utilização e gerenciamento dos recursos naturais, parte-se do pressuposto de que a população impactada possa vir a referendá-lo, pela aprovação, consentimento e Disposição a Pagar/Aceitar, em face de seus potenciais benefícios exteriores ao objeto em si – geração de energia. Pelos resultados da pesquisa, esta hipótese foi tecnicamente comprovada mas, eticamente, comprometida em função da condução do processo de desinformação conduzido pelos interesses econômicos. Ao mesmo tempo em que a população se declara, majoritariamente, disposta a pagar tanto por seus benefícios econômicos como pela reversão de seus impactos destrutivos, declara-se também, majoritariamente, desinformada e, consequentemente, desmobilizada para a ação. Esta pesquisa, portanto, ao mesmo tempo em que aponta uma perspectiva positiva de desenvolvimento e crescimento econômico, também aponta para os desafios ligados às exigências do licenciamento ambiental. Aqui colocado dentro da lógica da Economia Ambiental de fins regulatórios, permissiva, complacente e afinada com este modelo de desenvolvimento infra(des)estruturado e (in)sustentável. Concluindo, apresenta os resultados da DAP e suas contradições, chamando atenção para a observância da “Carta da Terra” em seu princípio 9º e 10º.

(9)

ABSTRACT

This study aimed to assess whether the inhabitants of the cities of Luziânia, Silvania, Sto. Antonio Descoberto, Alexânia and Abadiânia, directly impacted by the construction of hydroelectric Corumbá III and IV perceive or realize their positive and negative impacts and would have some relationship to Willingness to Pay their environmental assets and liabilities. To this end, this work makes used of tools for planning and environmental management, which are used for environmental valuation, such as: the Survey Research was structured, formatted and applied in an anthropological perspective, seeking direct access to the population concerned by the Contingent Valuation Method. The pretext of price or market value to give something immaterial, measured hypothetically, legitimizes the concept of reference of monetary value for both the market and for the evaluation of public policies for the sector. In order to bring greater rationality and efficiency in the use and management of natural resources, it starts from the assumption that the population impacted might ratifies it, approval, consent, and Willingness to Pay / Accept, in view of their potential benefits outside the object itself - power generation. The results of the study, this hypothesis was proven technically but ethically compromised as a function of conducting the process of misinformation driven by economic interests. While the population declares itself, mainly, willing to pay as much for its economic benefits as the reversal of its destructive impacts, it is stated also, mostly, uninformed and therefore disbanded for action. This research, therefore, while pointing a positive outlook for economic growth and development, also points to the challenges linked to the environmental licensing requirements. Here placed within the logic of Environmental Economics regulatory purposes, permissive, indulgent and in tune with the developmental model below (un) structured and (un) sustainable. In conclusion, presents the results of the DAP and its contradictions, calling attention to the observance of "Earth Charter" in principle 9 and 10.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Valores Normativos de Jan. de 2001 segundo Resolução ANEEL nº 488 ... 4

Quadro 2 Capacidade de Geração Elétrica Instalada por fonte e sistema ... 7

Quadro 3 Percentual de Área Inundada do Reservatório da UHE Corumbá IV ...18

Quadro 4 Área Inundada pelo barramento UHE Corumbá IV e Valores Financeiros Recebidos em 2008 ... 19

Quadro 5 Aproveitamentos Hidrelétricos prospectados na Bacia do Rio Corumbá ... 21

Figura 1 Instantâneo extraído do google mapas a uma distância de 10 km... 16

Figura 1A Representação Cartográfica do Lago e sua AIA ... 17

Figura 2 Mapa de Prospecção da Bacia do Rio Corumbá ... 22

Figura 3 Foto de UHE Corumbá III enviada por Orlando Rodrigues ... 24

Figura 4 Foto do Local onde foi construído o Barramento do AHE Corumbá IV... 25

Figura 5 Foto de UHE Corumbá IV, extraída das lâminas em ref. 18... 26

Figura 6 Igreja Matriz N. Sra. D’Abadia em Abadiânia ... 29

Figura 7 Igreja Matriz do Imaculado Coração de Maria em Alexânia ... 31

Figura 8 Igreja Matriz de Sta. Luzia no Município de Luziânia ... 33

Figura 9 Avenida Principal de Entrada de Sto. Ato. do Descoberto... 35

Figura 10 Capelinha da Paróquia do N. Senhor do Bonfim em Silvânia ... 37

Figura 11 Foto do Lago tomando o pasto de uma pequena fazenda em Luziânia ... 41

Figura 12 Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Foto de Benfeitorias de Lazer Particular, construídas sobre o Lago do Reservatório próximo ao município de Luziânia ... 42

Distribuição do Desenho Amostral ... 67

Distribuição do Desenho Amostral por Idade ... 68

Distribuição do Desenho Amostral por Escolaridade ... 69

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Margem de Erro Desejada ... 66

Tabela 2 Distribuição pela variável Local em relação à Identidade de Gênero ... 67

Tabela 2A Distribuição do Desenho Amostral por idade ... 68

Tabela 2B Distribuição do Desenho Amostral pela variável Escolaridade ... 69

Tabela 2C Distribuição do Desenho Amostral da variável Estado Civil em relação a Idade... 70

Tabela 2D Distribuição do Desenho Amostral relacionados à variável residência ... 71

Tabela 3 Distribuição do Desenho Amostral da Ocupação em relação à Renda ... 71

Tabela 4 Andamento da Construção e Licenciamento da UHE-Corumbá III e IV ... 72

Tabela 5 Demandas provocadas pelos Passivos ... 72

Tabela 6 Percepção de Impactos Positivos... 73

Tabela 7 Percepção de Impactos Negativos... 73

Tabela 8 Se havia conhecido as UHE Corumbá III e IV ... 73

Tabela 9 Em Relação a Perdas Pessoais ... 74

Tabela 10 Em Relação a Ganhos Pessoais... 74

Tabela 11 Em Relação a Benefícios Econômicos e Socioambientais ... 75

Tabela 12 Em Relação a Malefícios Econômicos e Socioambientais ... 75

Tabela 13 Considerando a construção das Usinas ... 76

Tabela 14 Considerando os benefícios para o entorno... 77

Tabela 15 Considerando os Potenciais Econômicos ... 77

Tabela 16 Considerando o incremento das opções de Lazer e seu uso ... 78

Tabela 17 Considerando o incremento de novos negócios decorrentes das Usinas... 79

Tabela 18 Disposição a pagar em relação aos Passivos... 79

Tabela 19 Considerando os motivos para estar disposto a pagar... 80

Tabela 20 Destinação gerencial dos Recursos provenientes da DAP... 81

Tabela 21 Considerando a construção das Usinas e a DAP... 82

Tabela 22 Considerando os benefícios para o entorno e a DAP ... 83

Tabela 23 Considerando os Potenciais Econômicos e a DAP... 84

Tabela 24 Considerando o incremento das opções de Lazer e seu Uso e a DAP... 84

Tabela 25 Considerando o incremento de novos negócios decorrentes das Usinas... 85

Tabela 26 Disposição a pagar em relação aos Passivos e a DAP... 86

Tabela 27 Estatística de Regressão – Modelo I ... 88

Tabela 28 Análise de Variância Simples (Anova) – Modelo I ... 88

Tabela 29 Coeficientes – Modelo I ... 89

Tabela 30 Estatística de Regressão – Modelo II ... 90

Tabela 31 Análise de Variância Simples (Anova) – Modelo II ... 90

(12)

LISTA DE SIGLAS

ACI Análise do Clima de Investimento

AHE Aproveitamento Hidroelétrico

AIA Avaliação de Impactos Ambientais

AID Área de Influência Direta

ALC América Latina e Caribe

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – Banco Mundial

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento Social

CEB Companhia Energética de Brasília

CELG Companhia Energética de Goiás CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CTE Centro Tecnológico de Engenharia Ltda.

DAP Disposição a Pagar

EC Excedente Compensatório

EE Excedente Equivalente

EIA Estudos de Impactos Ambientais

ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileira S/A

FHC Fernando Henrique Cardoso

GWe Giga Watt

Ha Hectares

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado

Km Kilômetro

MCV Método de Custo de Viagem

MCVH Método de Custo de Viagem Hedônico

MDI Municípios Diretamente Impactados

MDR Método Dose Resposta

MMA Ministério do Meio Ambiente

MPF Ministério Público Federal

MPH Método de Preços Hedônicos

MVC Método de Valoração Contingente

MWe Mega Watt

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas

PTF Produtividade Total de Fatores

RIMA Relatório de Impactos Ambientais

SOBRATEMA Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção SPSS Statistical Packcage for the Social Sciences

UHE UHT

Usinas Hidrelétricas

(13)

1

1.1 – INTRODUÇÃO 1

1.2 – DEFINIÇÃO DO PROBLEMA, JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE. 3

1.3 – OBJETIVO GERAL: 9

1.3.1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS 9

1. 4 – ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 10

1.5 - AS QUESTÕES DE INFRAESTRUTURA NO BRASIL 12

16

2.1 - CARACTERIZAÇÃO DAS UHE CORUMBÁ III E IV 21

2.1.1 - APROVEITAMENTOHIDRELÉTRICO- AHECORUMBÁIII 23 2.1.2 - APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO - AHE CORUMBÁ IV 25

2.2 - CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS PESQUISADOS 27

2.2.1 - ABADIÂNIA 28

2.2.2 - ALEXÂNIA 30

2.2.3 - LUZIÂNIA 32

2.2.4 - SANTO ANTÔNIO DO DESCOBERTO 34

2.2.5 - SILVÂNIA 36

2.3 - ENUMERANDO OS IMPACTOS PREVISTOS NO EIA 38

43

POR QUE QUANTIFICAR O MEIO AMBIENTE? 43

VALORANDO O MEIO AMBIENTE 46

3.1 – MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL 48

(14)

3.1.5.1 –FORMATO ABERTO OU LANCES LIVRES (OPE N-EN DED) 57

3.1.5.2 –JOGOS DE LEILÃO (BID DING GAMES) 57

3.1.5.3 –CARTÕES DE PAGAMENTO (PAYMENT C ARD) 58

3.1.5.4 REFERENDUM 58

3.1.5.5 REFERENDUM COM FOLLOW-UP 59

3.1.5.6 CONTINGEN T RANKIN G 59

3.1.5.7 CONTINGEN T AC TIVI TY 60

61

67

5.1 – TRABALHANDO COM OS DADOS 72

5.2 – TRABALHANDO COM A DA P 81

5.2.1 – MODELO DE REGRESSÃO I - Y = POTENCIAIS ECONÔMICOS 88 5.2.2 – MODELO DE REGRESSÃO II - Y = IMPACTOS NEGATIVOS 90

92

6.1 – CONCLUSÕES 92

6.2 – RECOMENDAÇÕES 94

96

(15)

1

1.1 – INTRODUÇÃO

Inicia-se o trabalho citando em sua epígrafe, um fragmento do pensamento daquele eminente teólogo jesuíta francês, geólogo, paleontólogo, antropólogo e filósofo, Teilhard de Chardin, por ter sido um dos primeiros cientistas ocidentais a introduzir o conceito de unicidade cósmica à ciência ocidental. Por meio de sua teoria do ponto ômega1 que, utiliza-se de um sofisticado esquema intelectual para inferir e expressar o dinamismo e a convergência da ciência, religião e filosofia, em uma perspectiva evolucionista, para nós, sintetiza os princípios do pensamento ecológico e, sobre o qual, dialoga com diversos autores ao longo deste trabalho.

No entanto, a questão do planejamento e da gestão ambiental, colocado sob a perspectiva da valoração ambiental, retroage ao paradigma reducionista da ciência tradicional com o intuito de, matematicamente, quantificar e dar valor monetário a pressupostos de valores imateriais advindos da apropriação e da manipulação do homem sobre a natureza.

Um caminho não invalida o outro. Enquanto um dá teto, o outro dá chão; enquanto um teoriza e filosofa sobre as complexas questões que envolvem o meio ambiente e sua sustentabilidade, o outro concretiza o saber empírico das pretensões e expectativas do fazer cotidiano. Não obstante, dentro dos mecanismos dialéticos da história, teto e chão polarizam-se e se complementam; um não existe sem o outro. A potência e o controle; a ação e a reação; os ativos e os passivos dentro de uma lógica de oposição. Neste caso, colocando-se os ativos como teto e o passivo como chão. Ou seja, toda a potência dos ativos ecológicos deve estar submetida ao controle e regulação em face dos passivos que possam ser gerados.

1

“Ômega aí é o símbolo da plenitude, estando no início e no fim de tudo, mas também no centro e no vértice. O ponto ômega se caracteriza, portanto, como ponto final de totalização, ponto cume de personalização, ponto de plena realização”. (DE MORI, Geraldo Luiz. Síntese, Belo Horizonte, v. 32,

(16)

2 Enfim, para a concretização deste trabalho que é estruturado, formatado e aplicado sobre uma perspectiva antropológica2 e, para atender ao rigor metodológico de uma pesquisa científica, concentra-se e limita-se o enfoque deste, em aferir, exclusiva e hipoteticamente, qual seria a disposição a pagar (DAP) da população diretamente impactada pelas Usinas Hidrelétricas - UHE Corumbá III e IV para que se mantivessem ou fossem aprimorados. Por isso, o título: “VALORAÇÃO DOS ATIVOS E PASSIVOS AMBIENTAIS DAS UHT CORUMBÁ III E IV: APONTAMENTOS SOBRE A DISPONIBILIDADE A PAGAR DOS CIDADÃOS DO ENTORNO PELO USO DOS RECURSOS NATURAIS”.

2 Pesquisa de campo em que se busca inferir, diretamente das pessoas envolvidas e/ou impactadas,

(17)

3

1.2 – DEFINIÇÃO DO PROBLEMA, JUSTIFICATIVA E HIPÓTESE.

A pretexto de precificar ou dar valor de mercado a algo imaterial, ou seja, precificar expectativas, impressões, abstrações que a população possa ter ou vir a fazer em relação a determinados ativos subjetivos, como beleza, contemplação, lazer ou potencialidades outras que vão além do objeto em si – no caso, geração de energia – analisar a DAP da população envolvida é uma ferramenta ou instrumental que legitima a concepção de referenciais de valor monetário para o mercado, bem como, para a elaboração de políticas públicas para o segmento, a fim de gabaritar e, do mesmo modo legitimar, tomada de decisões de investimento.

Segundo Motta (1998, p.17) quando o próprio processo político impõe uma avaliação econômica para sustentar sua capacidade de ordenação de prioridades, os indicadores econômicos tornam-se de grande valia. Esta afirmativa, sem dúvida alguma, se traduz pela imposição do pensamento hegemônico e é em si mesmo, um elemento de contradição e reducionismo. Mas, ao mesmo tempo, a DAP também pode se traduzir pela tomada de consciência de determinada população em relação a seus algozes ou à sua própria autofagia.

Por isso mesmo, as questões de Infraestrutura que, quase sempre se colocam em confronto com ecologistas ou ativistas pelo Meio Ambiente, haja a vista a construção da Usina de Belo Monte - no Rio Xingu, servem de balizamento para descrever a importância de trabalhos de Valoração Econômica dos Ativos x Passivos Ambientais, como este, e, também, como instrumento de negociação e validação/refutação de argumentos de lado a lado. Obviamente, tomando-se o cuidado de não simplificar as questões envolvidas, ou reduzi-las a jogos de interesses menores que sempre nos alcançam, como tampouco, legitimar impressões de senso-comum, imobilizantes e refratárias ao desenvolvimento.

(18)

4 mercado atribuído. A energia produzida com base na queima de insumos fósseis3 e correlatos possui um valor unitário ou preço por megawatt (MWe) mais elevado, devido ao valor monetário individual de seus insumos. Ou seja, o preço individual dos insumos soma-se para compor o preço final da energia gerada. No entanto, outras fontes mais limpas e sustentáveis, como as Usinas Hidrelétricas (UHE) possuem um valor muito menor, pois, sua precificação é dependente de seu valor em si, não somado ao insumo que a gera. No caso, um rio ou curso d’água, é um bem ambiental sem valor monetário atribuído. Além da água, como aplicar valor monetário à energia solar, à energia dos ventos, à energia das ondas do mar? Suas fontes originárias possuem uma condição e um valor imaterial e, por isso, são teórica e tecnicamente, incalculáveis.

No entanto, a ANEEL4, sob os auspícios da Era FHC – de triste memória das escandalosas privatizações e do Apagão Elétrico que subtraiu dos brasileiros R$60.000.000.000,00 (sessenta bilhões de Reais)5 segundo Delfim Neto, através da resolução nº 488, de 29 de Agosto de 2002, especifica o seguinte Valor Normativo, para as diferentes fontes de energia (Quadro 1):

Art.2º Estabelecer para os contratos bilaterais de compra e venda de energia elétrica de prazo igual ou superior a vinte e quatro meses, referentes aos empreendimentos em fase de implantação comprovada, os Valores Normativos, referidos a janeiro de 2001, conforme o seguinte quadro:

Quadro 01 – Valores Normativos de Janeiro de 2001 segundo Resolução ANEEL nº488

FONTE VN0i (R$/MWh) K1(mínimo)

Competitiva 72,35 0,25

Termelétrica Carvão 74,86 0,25

Pequena Central Hidrelétrica - PCH 79,29 0,25

Termelétrica Biomassa e Resíduo 89,86 0,25

Usina Eólica 112,21 0,25

Usina Solar Fotovoltaica 264,12 0,25

VN0i =Valor Normativo vigente em janeiro de 2001

K1 = fator de ponderação do índice IGP-M

3 Petróleo e Carvão mineral, por exemplo.

4 <http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2002488.pdf>

(19)

5 Destes valores normatizados constantes do Quadro 1, depreende-se que fora subvertido e corrompida a lógica da matriz energética brasileira, tida e havida como diferencial estratégico por seu modelo de energia barata e sustentável e, por outro lado, legitima o uso irracional das termelétricas com o fulcro de garantir eficiência e atendimento à demanda. Desequilibrando, sobremaneira, a relação de oposição e complementaridade entre ativos e passivos ambientais.

Assim, considerando que tanto os bens ambientais – aqui tratados como ativos ecológicos - não possuem valor monetário atribuído ou preço de mercado, como também os passivos ecológicos6, não o possuem. Por exemplo: como atribuir valor monetário aos buracos na camada de ozônio, provocados pelas termoelétricas e na queima de insumos fósseis para a geração de energia? Como atribuir valor monetário à devastação provocada pelo desmatamento predatório das matas e de um bioma ímpar, como o cerrado? Como atribuir valor monetário à tragédia ecológica provocada pelo lago da UHE de Balbina7? Dentre tantos outros.

É nesse contexto que se insere os instrumentos da Valoração dos Ativos Ambientais como ferramentas necessárias para a precificação dos mesmos. Os instrumentos científicos para avaliação são vários. A literatura científica e, particularmente, Motta (1998) enumera os seguintes: Métodos de Função de Produção; Método da Produtividade Marginal; Métodos de Mercado de Bens Substitutos; Métodos de Função de Demanda; Métodos de Mercados de Bens Complementares; Métodos de Preços Hedônicos; Métodos do Custo de Viagem (MCV) e o Método da Valoração Contingente (MVC).

A importância de um trabalho como este é o que o ex-ministro do Meio Ambiente, Gustavo Krause, descreve na apresentação de um manual publicado pelo próprio ministério, em 1998, de autoria do Professor/Pesquisador Dr. Ronaldo Seroa

6 Passivos ecológicos representam os impactos destrutivos advindos da intervenção humana sobre a

natureza.

7 Usina Hidrelétrica construída no Rio Uatumã, no Estado do Amazonas e entrou em funcionamento

(20)

6 da Motta8: “(...)procura-se viabilizar mecanismos de orientação de política e investimentos de modo mais eficiente, com a análise, sob o ponto de vista econômico, das decisões de cunho ambiental.” Neste, o ex-ministro também salienta que “a consciência do valor intrínseco da biodiversidade está prevista na Convenção Internacional sobre Diversidade Ecológica, ratificada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº 2 de 03 de fevereiro de 1994 (...)”.

Assim considerando, esse trabalho assume perspectiva extremamente alvissareira diante dos gargalos de infraestrutura colocados para o Brasil. Por exemplo, no que diz respeito à geração de energia. A matriz energética brasileira, majoritariamente, é sustentada pela hidroeletricidade. Correa Neto (2001, p.18)9, assinala e coloca em representação gráfica, “a participação hidrelétrica na capacidade instalada do país evoluiu de 88% (27 GWe) nos anos de 1970 e 1980 para 91% (44,9 GWe) no ano de 1990 e 92,7% (59,6 GWe) no ano de 1999, (Quadro 2). Esse quadro descreve, justamente, a paralisia, descaso e descompasso das ações do governo e do planejamento estratégico para com um dos elos estruturantes e fundamentais para o desenvolvimento de qualquer país: a energia. Retrato cabal: o apagão energético de 2001. Este quadro reflete o esvaziamento do Estado e a consequente miopia das políticas públicas colocadas pela submissão da era FHC aos organismos internacionais, imposto pelo Consenso de Washington e os ideais do Pensamento Único que quase levou o mundo ocidental à bancarrota em 2008.

8 MOTTA, R. Seroa da . Manual para Valoração Econômica de Recursos Ambientais.

IPEA/MMA/PNUD/CNPq, 1998, Brasília – DF.

(21)

7

Quadro 2 – Capacidade de Geração Elétrica Instalada por Fonte e Sistema – MWe

Fonte Sistema

Sul/Sudeste/Centro Oeste

Hidroelétrica 43.427

Térmica 3.809

Carvão 1.387

Óleo Combustível 1.765

Nuclear 657

Total 47.236*

Fonte Sistema

Norte/Nordeste

Hidroelétrica 14.417

Térmica 299

Eólica 15

Total 14.731*

Fonte Sistema

Norte/Nordeste

Hidroelétrica 1.744

Térmica 543

Total 2.287*

Fonte Sistema

Brasil

Hidroelétrica 59.588

Térmica 4.666

Total 64.254*

Fonte: Plano Decenal de Expansão 2000/2009 – ELETROBRÁS (2000) *Valores de dezembro de 1999.

(22)

8 energética brasileira em termos de custos relativos, inquestionáveis. Muito embora, a sustentabilidade desse modelo possa ser discutida.

Assim, em função de todo o potencial hidrológico brasileiro, associado às condições favoráveis de relevo e clima, além da construção de grandes usinas como a de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, o governo federal prevê, ainda, a construção de 494 novas usinas10 até 2015. E, nesse contexto, se insere uma grande perspectiva de replicação desse trabalho.

Portanto, no sentido de trazer uma maior racionalidade e eficiência na utilização e gerenciamento dos recursos naturais, parte-se do pressuposto de que a população impactada referenda, pela aprovação, consentimento e Disposição a Pagar/Aceitar, em face de seus potenciais benefícios exteriores ao objeto em si – geração de energia. No caso, é a hipótese considerada.

(23)

9

1.3 – OBJETIVO GERAL:

O objetivo geral dessa pesquisa, é avaliar se os habitantes das cidades de Luziânia, Silvânia, Santo Antônio do Descoberto, Alexânia e Abadiânia – área diretamente impactada e definidos nos estudos de impactos ambientais - EIA da construção das Usinas Corumbá III e IV – percebem ou perceberam impactos e perspectivas para o incremento socioeconômico de sua cidade e de seu entorno.

1.3.1 - OBJETIVOS ESPECÍFICO S

Assim, além disso, buscar-se-á:

Identificar quais impactos ambientais, além da geração de energia, a população aponta como mais relevantes;

Estimar uma possível precificação dos ativos e passivos;

(24)

10

1. 4 – ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Para iniciar o estudo considera-se a definição feita por Gil (1995, p.43), onde diz que “o processo que, utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social”. Chamando de realidade social às complexas relações que se estabelecem entre homens e instituições sociais, Gil (1995, p.44) enumera as finalidades da pesquisa e estabelece padrões para o modelo de pesquisa pura e para o modelo de pesquisa aplicada. Nessa fase, toma-se o modelo de pesquisa aplicada como balizamento das ações, sob a toma-seguinte definição:

“(...) tem como característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências práticas dos conhecimentos. Sua preocupação está menos voltada para o desenvolvimento de teorias de valor universal que para a aplicação imediata numa realidade circunstancial”. (GIL, 1995, p.44)

E, voltar os olhos a uma realidade circunstancial, exige do pesquisador um cuidado significativo com a amostragem e com a isenção ou, trocando em miúdos, com necessária imparcialidade diante dos fatos pesquisados e de seus resultados. Essa é uma preocupação de quase todos os teóricos e em particular, salientado da seguinte forma por Becker (2007, p.98): “Podemos escolher as pessoas que entrevistaremos usando uma tabela de números aleatórios, arranjados numa ordem que certamente não contém qualquer tendenciosidade”. Este, sem dúvida, é um dos fatores imprescindíveis a uma pesquisa de campo: ser imparcial e desprovido de pré-noções que possam induzir ou macular a amostra. Assim, para ver respondidas as questões colocadas para a pesquisa, deve-se ter o esmero necessário em preparar uma amostra verdadeiramente representativa das condições do que se esteja pesquisando.

(25)

11 Para, então, como diz o poeta Fernando Brant, “o que foi feito é preciso conhecer, para melhor prosseguir”. Por isso, no Capítulo 3 deste trabalho, está contextualizado o estudo em relação a uma vasta pesquisa bibliográfica, buscando elos, conexões e teorias atinentes ao processo de Valoração Ambiental, para melhor conduzir e aplicar os instrumentos necessários ao levantamento, tabulação e análise dos dados aferidos.

No Capítulo 4, discorre-se e apresenta a metodologia aplicada na pesquisa, construção dos instrumentos de coleta de dados, determinação do desenho amostral e comenta-se sobre o contexto de coleta de dados pelo método Survey11, sua aplicação e análise, utilizando o software de tabulação estatística de dados, SPSS®19.

No Capítulo 5, serão mostrados e analisados os dados tabulados. No Capitulo 6, apresenta-se a conclusão e as considerações finais.

11 Dentro da visão de Earl Babbie e de Robert Cameron Mitchell e outro, que especifica o uso do

(26)

12

1.5 - AS QUESTÕES DE INFRAESTRUTURA NO BRASIL

Partindo-se de uma afirmativa categórica, apresentando a importância das questões de infraestrutura no blog economidiando12, Frederico Matias Bacic, escreve:

A solução dos problemas de infra-estrutura em um país é condição necessária para a melhoria do bem estar da população, pois permite que todos tenham acesso a serviços básicos como eletricidade, comunicações e saneamento. Melhorar a infra-estrutura também significa redução de custos, aumento da produtividade e qualidade de bens e serviços da estrutura produtiva o que consolida a integração regional. Todos esses fatores são premissas para o crescimento econômico (Produto Interno Bruto – PIB), que se define pela soma de toda riqueza produzida no país.

Corroborando com esta definição ensaística e, por isso, despretensiosa, o Banco Mundial, por meio de seu Departamento de Finanças, Setor Privado e Infra-estrutura para a Região América Latina e do Caribe, no dia 5 de Novembro de 2007, publica o relatório nº. 36624-BR13, com o título “Como Revitalizar os Investimentos em Infraestrutura no Brasil: Políticas Públicas para uma Melhor Participação do Setor Privado”, destacando diversas questões que tem limitado o desenvolvimento do Brasil e a necessidade da coparticipação do setor privado neste processo. Aqui, a fim de clarear um pouco mais, a linha do que se pretende empreender quanto às questões da infraestrutura, destaca-se:

É possível afirmar que níveis mais altos de investimento em infra-estrutura levariam a um maior crescimento. Utilizando um modelo de gerações sobrepostas, Glomm e Rioja (2003) mostram que os investimentos em infra-estrutura no Brasil teriam que atingir cerca de 5% do PIB para maximizar o impacto sobre o crescimento econômico. Calderón e Servén (2004) observam que a compressão da infra-estrutura nos anos 90 reduziu em 3 pontos percentuais ao ano o crescimento a longo prazo do Brasil. Confirmando os resultados anteriores, Ferreira e Araújo (2004) concluíram que as elasticidades de longo prazo se situam próximo ou acima de 1 (um), na maioria dos casos, nos setores de infra-estrutura, com resultados mais significativos para energia e transporte. Os serviços ineficientes de transporte e energia também parecem exercer um amplo e negativo impacto sobre a produtividade de uma empresa e a sua probabilidade de poder exportar. Utilizando o banco de dados da Análise do Clima de Investimento (ACI) para diversos países da ALC, a avaliação do efeito da infra-estrutura

12 <http://economidiando.blogspot.com.br/2011/05/questao-da-infra-estrutura-no-brasil.html> acesso

em 26 de Agosto de 2011.

13 <http://siteresources.worldbank.org/INTLACBRAZILINPOR/Resources/Como_Revitalizar_

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13

sobre a competitividade, realizada por Escribano et al. (2005), mostra que os serviços de infraestrutura são determinantes fundamentais da PTF no Brasil e em outros países selecionados da ALC. (relatório nº. 36624-BR, item 18, p.23)

Por óbvio, o Banco Mundial conhece pouco do Brasil e de sua História. O Capitalismo brasileiro tem características peculiares que se arrastam desde seus antigos donatários de terra acostumados a se locupletar pela apropriação da coisa pública, desde que amigos do rei. Ou seja, no Brasil, ainda hoje, só existe iniciativa privada dependente das benesses e garantias do Estado. E, por outro lado, como diz Belluzzo (2012)14 em se referindo à crise europeia, não é uma prática apenas do capitalismo tupiniquim:

A crise europeia é uma aula sobre a privatização dos ganhos e socialização das perdas. Diante do colapso dos preços dos ativos, os bancos centrais foram compelidos a tomar medidas de provimento de liquidez e de capitalização dos bancos encalacrados em créditos irrecuperáveis. Para curar a ressaca da bebedeira imobiliária, os governos engoliram o estoque de dívida privada e expeliram uma montanha de títulos públicos.

E, para exemplificar esta condicionante, nada melhor do que a verbalização do próprio presidente da empresa Corumbá Concessões S/A15, senhor Marconi Melquíades de Araújo, ao dizer que “quanto ao Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que são nossos financiadores, é tranquilizador saber que o empreendimento, financiado com dinheiro público, está cumprindo aquilo que o poder concedente deseja”. Deve ser mesmo tranquilizador!

Portanto, a questão da Infraestrutura no Brasil é, antes, uma questão de modelo de Estado. Se é mais estatizante ou privatista; se o Estado brasileiro apresenta-se mais ou menos como indutor do desenvolvimento; se é mais ou menos presente na economia; se é mais ou menos subserviente aos organismos internacionais em detrimento de suas próprias necessidades e potencialidades. Enfim, esta questão é, antes, uma questão de modelo de Estado.

Agora, diante de um modelo de Estado pouco mais presente e desenvolvimentista, a questão da infraestrutura, relegada no passado, conquista relevância estratégica e fundamenta o mega Programa de Aceleração do

14 <http://www.cartacapital.com.br/economia/ganhos-privatizados-perdas-socializadas/> Acesso em

16 de Junho de 2012.

15<http://santafeideias.com.br/2012/05/30/licenca-de-operacao-da-uhe-corumba-iv-e-renovada/>

(28)

14 Crescimento – PAC e empenha muito dinheiro destinado a seus três eixos básicos: Infraestrutura Logística; Infraestrutura Energética e Infraestrutura Social e Urbana. Como Infraestrutura Logística, o PAC destinará recursos para construir, ampliar e reformar rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias. Como infraestrutura energética, o PAC destinará recursos para a geração e transmissão de energia elétrica, produção, exploração e transporte de petróleo, gás natural, e combustíveis renováveis. E, no que diz respeito à infraestrutura social e urbana, o PAC investirá recursos no saneamento básico, habitação, metrôs, trens urbanos, universalização do programa Luz para Todos e prover recursos hídricos. Segundo dados levantados pelo SOBRATEMA16, “Principais Investimentos nas Áreas de Infraestrutura e Industrial Previstos no Brasil até 2016”, que analisou 9.550 obras em todo o país, serão investidos R$ 1,3 trilhão.

Esse montante de dinheiro, ao mesmo tempo em que aponta uma perspectiva positiva de desenvolvimento e crescimento econômico, também aponta para os desafios ligados às exigências do licenciamento ambiental. Aqui, entendendo licenciamento ambiental não como instrumento de confronto com o desenvolvimento. Mas, visto como uma válvula ou um colchão de amortecimento, uma possibilidade de construção de consensos. Ou, em outras palavras, uma permissão tácita para se degradar o meio ambiente, desde que mitigando-se os impactos ambientais provocados. Portanto, não os impedindo.

Segundo Vasconcellos Filho apud Bird (1999, capítulo 4, parágrafo 64), “a incorporação dos efeitos da degradação ambiental no processo de decisões públicas é um passo essencial para se alcançar uma gestão economicamente eficiente dos recursos naturais e para se formular uma estratégia efetiva para o desenvolvimento sustentável17”. Aqui colocado dentro da lógica da Economia Ambiental de fins regulatórios, permissiva, complacente e afinada com este modelo de desenvolvimento infra(des)estruturado e (in)sustentável.

Já Peixoto (2009)18, chama atenção para o seguinte fato:

16 <www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task=viewNoticia&id=

3426> Acesso em 26/08/2011

17 Tradução de Vasconcellos Filho, Fernando M. Cabral de. 2006. p.116.

(29)

15

“Projetos de infra-estrutura de grande porte são capazes de gerar impacto

no desenvolvimento de determinada área ou região, criando condições econômicas para a atração de outros projetos e operações multissetoriais. Esses projetos desenvolvem-se segundo uma programação pré-determinada, na forma de programas, planos e políticas orientadoras. Tornam-se importantes pólos de concentração de investimentos, com reflexo sobre a reestruturação das políticas públicas regionais e locais para assuntos públicos, tais como: segurança, assistência social, transporte, educação e meio ambiente”.

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16 Em uma perspectiva antropológica, o objeto de estudo, obviamente, são as pessoas. Mais particularmente, as pessoas residentes na área de influência direta - AID das UHE Corumbá III e IV, que serão caracterizadas a partir dos respectivos estudos de impactos ambientais - EIA. Ou seja, as pessoas residentes nos municípios de Abadiânia, Alexânia, Luziânia, Santo Antônio do Descoberto e Silvânia. Tendo como objetivo, buscar saber e compreender como, ou mais precisamente quanto, as pessoas atribuem valor a percepções e abstrações de possíveis impactos de ativos e passivos ambientais advindos de dois grandes empreendimentos de infraestrutura instalados no Rio Corumbá: UHE Corumbá III e UHE Corumbá IV (Figuras 1 e 1A).

O Rio Corumbá pertence à Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba, por sua vez pertencente à grande Bacia Hidrográfica do Rio Paraná. Sua nascente encontra-se na parte plana e baixa do Parque Estadual da Serra dos Pirineus, a uma altitude de 1.200 metros em relação ao nível do mar, próximo à cidade de Pirenópolis, no estado de Goiás, e sua nascente se constitui no divisor de águas entre as bacias dos rios Paraná e Araguaia, formando a bacia do Alto Corumbá (THEMAG, 1999). De lá, dirige-se para o sudeste do estado, onde desagua no Rio Paranaíba. Perfazendo uma extensão de 567,5 Km.

Figura 1 - Instantâneo extraído do google mapas, a uma distância de 10 km. 19

19 Englobando a nascente do Rio Corumbá, as cidades que circundam o Lago formado

(31)

17

Figura 1A – Representação Cartográfica do Lago e sua AIA

(32)

18 Devido às condições do relevo, o Rio Corumbá possui um grande potencial hidrelétrico e vem sendo prospectado há mais de 30 anos. Já estão instaladas em seu curso as UHE Corumbá I, III e IV. Seus principais afluentes são, pela margem esquerda: Rio Areias, Rio Descoberto, Rio dos Alagados, Palmital, Rio São Bartolomeu e o Rio Piracanjuba, dentre outros pequenos cursos d’água. Pela margem direita: Rio das Antas e Rio Capivari.

Como já mencionado anteriormente, são dois grandes empreendimentos de infraestrutura, formando consórcios entre iniciativa privada e empresas do setor elétrico dos governos do estado, sob concessão pública específica para a geração de energia elétrica e com financiamento público.

No caso do consórcio Corumbá III, o Grupo Neoenergia detém 60% de participação e a Companhia Energética de Brasília – CEB e Companhia Energética de Goiás – CELG, os 40% restantes. As operações comerciais iniciaram em abril de 2009. Sua energia é comercializada através de contrato firmado com a CEB e deverão suprir 10% da demanda de Brasília, assegurando, contratualmente, o fornecimento estratégico de energia, para os três poderes federais no Distrito Federal20, em caso de crise de abastecimento.

Já o consórcio Corumbá IV, inicialmente formado pela Via Engenharia S/A e Construtora RV Ltda., hoje Consórcio Corumbá S/A., visa à exploração, sob concessão pública e financiamento público, da geração de energia elétrica e ao aproveitamento múltiplo de seu lago, visando o abastecimento de água para Luziânia e entorno do Distrito Federal, conforme consta em relatório do Estudo de Impacto Ambiental – EIA, produzido pela CTE – Centro Tecnológico de Engenharia Ltda.

Com a formação dos reservatórios da UHE Corumbá III e IV, os municípios diretamente impactados – MDI passaram a receber uma nova fonte de recursos financeiros, por meio da Resolução Homologatória da ANEEL nº 341 de 06 de junho de 2006, que definiu os percentuais oficiais para fins de cálculo do rateio de compensação financeira pela utilização dos recursos hídricos. Ou seja, cada um dos MDI e que tiveram sua área territorial suprimida pelas águas da barragem Corumbá

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19 IV, passaram a ter compensação financeira anual, conforme apresentado no Quadro 3.

Quadro 3 - PERCENTUAL DE ÁREA INUNDADA DO RESERVATÓRIO DA UHE CORUMBÁ IV

Município UF Área

(%)

Abadiânia GO 14,686164292194158

Alexânia GO 20,880846017084192

Luziânia GO 24,246266720139658

Santo Antônio do Descoberto GO 28,552915743578415

Silvânia GO 11,246163777480864

Total 100

Fonte: Resolução Homologatória da ANEEL nº34121

A Resolução nº 341 da ANEEL implica em uma receita adicional para os MDI que, de certa forma, retroalimenta o potencial desenvolvimentista apontado por Peixoto (2009), quando afirma que “projetos de infraestrutura de grande porte são capazes de gerar impacto no desenvolvimento de determinada área ou região, criando condições econômicas para a atração de outros projetos e operações multissetoriais”. Para ilustrar esta questão, no Quadro 4, é apresentado o que significou, na prática, em 2008, esta receita adicional para os MDI pela UHE Corumbá IV, aqui estudados (Quadro 4).

Quadro 4 – Área inundada pelo barramento de UHE Corumbá IV e valores financeiros recebidos em 2008.

Município Área Alagada

(%)

Compensação Financeira

Royalties

Abadiânia 14,68 R$ 187.645,10 R$ 14.872,90

Alexânia 20,88 R$ 266.794,53 R$ 21.146,34

Luziânia 24,24 R$ 309.794,51 R$ 24.554,55

Santo Antônio do Descoberto 28,55 R$ 364.820,55 R$ 28.915,96

Silvânia 11,24 R$ 143.692,21 R$ 11.389,16

Fonte: Peixoto (2009) apud Aneel, 2008

(34)

20 Segundo o artigo 20 da Constituição Federal (1988), parágrafo primeiro, é assegurado a participação dos Estados, Distrito Federal, Municípios e Órgãos da administração direta da União, no resultado da exploração de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica, ou a compensação financeira por esta exploração. Excetuando-se empreendimentos caracterizados como Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCH22. Por isso, o aproveitamento hidrelétrico Corumbá III, com 93,6 MW de potência instalada, também proverá receita adicional aos municípios diretamente impactados por seu reservatório23, particularmente ao município de Luziânia. Esta receita adicional deveria ter uma destinação específica e tipificada pela constituição que a gerou. Mas, não sendo, acaba entrando em uma rotina de receitas e despesas a pagar que dificilmente se percebe sua destinação específica e, principalmente, a população impactada não fica sabendo em que ou onde teria sido investida.

Assim considerando, será apresentada a caracterização específica de cada uma das UHE, foco de nosso estudo.

22 PCH são hidrelétricas com potência instalada inferior a 30 MWh.

(35)

21

2.1 - CARACTERIZAÇÃO DAS UHE CORUMBÁ III E IV

É preciso destacar que, cronologicamente, a UHE Corumbá III veio a ser discutida e teve seu Licenciamento Ambiental posterior à UHE Corumbá IV. No entanto, para efeito deste estudo, obedeceremos à ordem racional crescente de seus numerais romanos: Corumbá III e Corumbá IV. Além disso, para sua caracterização serão utilizados dados apresentados por seus respectivos estudos de impacto ambiental – EIA, e referenciados com a nomenclatura AHE – Aproveitamento Hidrelétrico, que se refere ao seu conceito ampliado de utilização das águas do barramento, para diversos outros fins como irrigação, lazer, esportes, dentre outros.

Como mencionado no início deste trabalho, existe prospecção do potencial hidrelétrico da bacia do Rio Corumbá e a Companhia Energética de Goiás – CELG destaca os seguintes Aproveitamentos Hidrelétricos: (Quadro 5)

Quadro 5 – Aproveitamentos Hidrelétricos Prospectados na Bacia do Rio Corumbá

Aproveitamento

Hidrelétrico – AHE Município D’ÁguaCurso Potência MWe Fase de Licenciamento

UHE Corumbá I Caldas Novas e

Corumbaíba Corumbá 375 Em Operação AHE Corumbá II Caldas Novas Corumbá 235 Identificada UHE Corumbá III Luziânia Corumbá 92 Licença de Instalação UHE Corumbá IV Luziânia Corumbá 127 Em operação PCH Santo Inácio Orizona Piracanjuba 19 Identificada

PCH Taboão Santa Cruz de Goiás Peixe 16 Identificada PCH Matoso Vianópolis e Pires do Rio Peixe 4 Identificada PCH Água Vermelha São Miguel do Passa Quatro

e Vianópolis Preto 21 Identificada PCH Buritizinho Orizona e Luziânia Piracanjuba 15 Identificada PCH Rio do Peixe Pires do Rio e

Cristianópolis Peixe 5 Identificada PCH Pires do Rio Urutaí e Pires do Rio Corumbá 21 Identificada

Fonte: Mapa eletrogeográfico Companhia Energética de Goiás - CELG

(36)

22 numérico, refere-se apenas e tão somente à ordem de distanciamento em relação a AHE Corumbá I, como ilustra o Mapa apresentado. (Figura 2)

Figura 2 – Mapa de prospecões da Bacia do Rio Corumbá

(37)

23

2.1.1 - APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO - AHE CORUMBÁ III

O Aproveitamento Hidrelétrico - AHE Corumbá III está localizado no Estado de Goiás, com seu reservatório, estendendo-se apenas por áreas do município de Luziânia. A barragem está implantada no rio Corumbá, a cerca de 336,20 km da foz, tendo como coordenadas geográficas, o paralelo de 16º47'10" de latitude sul e o meridiano de 47º56'31” de longitude oeste. Situa-se ainda, a cerca de 110 km a jusante24 do AHE Corumbá IV. Sua sede localiza-se no município de Luziânia - GO, a cerca de 130 km da cidade de Brasília – DF.

O acesso à área do aproveitamento hidrelétrico Corumbá III se faz, a partir de Brasília, através da rodovia pavimentada BR-040, via Luziânia, por cerca de 95,0km e mais 42km em estradas de terra, com boas condições de tráfego o ano todo.

O reservatório formado pelo barramento tem um espelho d’água correspondente a 7.240 ha, dos quais 678 ha eram ocupados pela calha original do rio, tendo sido necessário a desapropriação de 6.562ha de terras, ou seja, integralmente localizado no município de Luziânia, GO, e com um volume total de cerca de 972,1 x 106 m3 e volume útil de 263,4 x 106 m3. Sua forma predominante é alongada, sem excessivas ramificações, ou “braços mortos” e profundidade média com cerca de 14m, crista de 10m de largura e extensão total de 883,0m. Fundada em grande parte na margem esquerda, o maciço compactado apresenta uma altura máxima de 60m no leito do rio e possui capacidade total de produção de 93,6 MW de potência, conforme (Figura 3).

(38)

24

Figura 3 – Foto de UHE Corumbá III, enviada por Orlando Rodrigues

(39)

25

2.1.2 - APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO - AHE CORUMBÁ IV

O Aproveitamento Hidrelétrico Corumbá IV, denominado AHE Corumbá IV, é um aproveitamento múltiplo, visando o abastecimento de água da região do Estado de Goiás, compreendida por Luziânia e entorno do Distrito Federal bem como a geração de energia elétrica. Sua sede localiza-se no município de Luziânia - GO, a cerca de 120 km do centro da cidade de Brasília – DF. Seu reservatório estende-se por áreas dos municípios goianos de Luziânia, Santo Antônio do Descoberto, Alexânia, Abadiânia e Silvânia.

Resulta de um barramento construído no rio Corumbá (Figura 4), afluente pela margem esquerda do rio Paranaíba, bacia hidrográfica do rio Paraná, a cerca de 4 km a jusante da foz do rio Alagado, mais precisamente nas coordenadas geográficas 16º20’47” de latitude sul e o meridiano 48º10’44” de longitude oeste.

Figura 4 – Foto do local escolhido onde foi construído o barramento do AHE Corumbá IV.

Fonte: RIMA – AHE Corumbá IV

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26 pavimentada, em direção a Vianópolis e a partir deste ponto, por estrada vicinal de terra até o eixo de barramento (margem direita do rio), num percurso de aproximadamente 18 km, perfazendo, portanto, uma extensão total de 122 km.

O lago formado pelo barramento tem uma superfície de 17.300 há, e um espelho d’água equivalente a 173,3 km2 que se estendem pelos municípios de Luziânia, Abadiânia, Silvânia, Alexânia e Santo Antônio do Descoberto, todas do estado de Goiás. Um volume total de água de aproximadamente 3,7 x 109 m3 e volume útil de 0,8 x 109 m3. O tempo de enchimento, até a entrada em operação da primeira unidade foi de 11 meses. Sua área total corresponde a 5 vezes a área do Lago Paranoá, em Brasília – DF, conforme ilustra a Figura 1. Sua forma predominante é alongada, sem excessivas ramificações e profundidade média de 21m, crista de 10 m de largura, posicionada na cota 849 m e extensão de 1.290 m e altura máxima de 80 m no trecho do canal do rio, e possui capacidade total de produção de 127 MW de potência. Além da geração de energia, também será responsável pelo abastecimento de água de parte do entorno e da cidade de Brasília.

Figura 5 – Foto de UHE Corumbá IV.

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27

2.2 - CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS PESQUISADOS

Definiu-se e delimitou-se geograficamente a pesquisa em função do percentual de terras submersas pelo grande reservatório formado pelo AHE Corumbá IV, demonstrado pelo Quadro 3, reforçando-se o peso do Município de Luziânia em função do percentual impactado também pelo AHE Corumbá III e, também, por constituir-se como sede de ambas. Considerou-se, ainda, para efeito de sua delimitação, que somente os municípios que tiveram mais de 10% de seu território subtraídos e cobertos pelo lago dos reservatórios seriam analisados, pois, em tese, a população poderia ter tido uma maior percepção sobre seus impactos positivos ou negativos. Assim, foram selecionados, dentre todos os municípios impactados, Abadiânia, Alexânia, Luziânia, Santo Antônio do Descoberto e Silvânia.

Estes municípios, segundo o Censo 201025, possuem juntos uma população total de 296.439 habitantes. E foi baseado nesta população que se desenhou o grupo amostral, realizou-se a pesquisa de campo e análise dos dados aferidos. Para melhor caracterização do desenho amostral, caracteriza-se individualmente cada uma das cinco cidades em particular.

(42)

28

2.2.1 - ABADIÂNIA

Conforme consta no Sítio do IBGE como informações complementares ao Censo 2010, no item “histórico”, os responsáveis pelo povoamento da Região foram os habitantes de Corumbá de Goiás, atraídos pela fertilidade das terras para a exploração agrícola e pastoril, nas margens do Rio Capivari e Córrego Caruru. A fundação do povoado se processou em 1874, tornando-se referência para fiéis de Nossa Senhora D’Abadia. Sua conversão em distrito vinculado à Corumbá de Goiás ocorre em 1943, quando recebe a denominação de “Abadiânia”. Elevou-se à categoria de município, com a denominação de Abadiânia, pela lei estadual nº 832, de 20-10-1953, desmembrando-se de Corumbá de Goiás (IBGE, 2010).

O município é componente da Microrregião do Entorno de Brasília. Sua sede municipal situa-se na posição geográfica de 16º 10' 12" de Latitude sul e 48º 38' 24" de Longitude e limita-se com os municípios de Alexânia, Silvânia, Gameleira de Goiás, Anápolis, Pirenópolis e Corumbá de Goiás. Suas águas pertencem à bacia hidrográfica do Rio Paraná, onde destacam-se o Rio Corumbá, Ribeirão das Antas, Piancó e Capivari. Embora seu território apresente uma altitude média elevada, o mesmo não apresenta elevações de destaque, com vegetação típica de cerrado. Apresenta clima com características de tropical de altitude, com temperatura média de 20 graus.

População atual de 15.757 cidadãos, em uma área territorial de 1.045 Km2 e, portanto, densidade demográfica de 15,08 habitantes por km2 (Censo 2010), com população urbana de 10.778 habitantes, que representa 68,4% do total e população rural de 4.979 habitantes, 31,6% do total. Com discreta maioria de homens – 51,3% e 48,7% de mulheres, possui um índice geral de analfabetos decrescente, em torno de 10,8%, e, surpreendentes26 67,1% de saneamento considerado adequado27. Sua renda média mensal domiciliar Per Capita nominal é de R$467,00 e um total de 4.637 domicílios.

26 Surpreendente, se comparado com as condições sanitárias que se referem ao abastecimento de

água por rede geral, no esgotamento por rede geral e fossa séptica e na coleta de lixo dos domicílios, dos demais municípios relacionados para esta pesquisa.

27 Por adequado, o IBGE entende o fornecimento dos serviços sanitários, descritos na referência 25,

(43)

29

Figura 6 –Igreja Matriz de N. Sra. D’Abadia em Abadiânia

(44)

30

2.2.2 - ALEXÂNIA

Segundo dados extraídos do item “histórico” do sítio do IBGE/Censo (2010), a fundação de Alexânia está intimamente ligada à construção de Brasília-DF. Teve como seu fundador o Sr. Alex Abdallah, sócio proprietário do loteamento planejado para povoamento do entorno de Brasília, que iniciou em 1957, às margens da BR-101, entre Anápolis e a Nova Capital. Ali, desfrutava-se de ótimo clima e excelente topografia. Como incentivo, houve distribuição gratuita de lotes residenciais, com prazo estipulado para a construção. O nome, “Alexânia”, foi dado em homenagem ao seu idealizador e fundador (Figura 7).

No entanto, a fazenda que deu origem ao loteamento, pertencia ao município de Corumbá de Goiás e se tornou um distrito de Santo Antônio do Olho D’Água. Foi elevado à categoria de município com a denominação de Olho D’Água, pela lei estadual nº 2115, de 14 de Novembro de 1958 e instalada sua sede em 01 de Janeiro de 1959. E, pela lei estadual nº 4.919, de 14 de Novembro de 1963, passou a denominar-se Alexânia, assim permanecendo em divisão territorial datada de 1988.

O município está localizado na microrregião do Planalto Goiano e as coordenadas aproximadas da sua sede municipal podem ser calculadas como sendo 16º 04' 12" de latitude sul e 48º 31' 12" de Longitude Oeste. A sua altitude média aproximada é de 1100 metros. O seu clima local tem características de clima tropical de altitude. O município limita-se com os municípios de Santo Antônio do Descoberto, Luziânia, Silvânia, Abadiânia e Corumbá de Goiás. Os principais cursos d àgua que banham seu território são o Rio Corumbá, o Rio Areias e o Rio do Ouro.

(45)

31

Figura 7 – Igreja Matriz do Imaculado Coração de Maria - Alexânia

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32

2.2.3 - LUZIÂNIA

Segundo dados extraídos do item “histórico” do sítio do IBGE/Censo (2010), a fundação do município de Luziânia, antiga Santa Luzia, originou-se da mineração, ainda no século XVIII. O sertanista paulista Antônio Bueno de Azevedo, saindo de Piracatu (Paracatu-MG), indo para o noroeste, alcançou o Rio São Bartolomeu e construiu algumas roças e ranchos. Três meses mais tarde, seguiu viagem, rumo oeste, aportando à margens do Rio Vermelho, nome decorrente da cor que adquiriu durante as atividades de extração do ouro, abundante em seu leito. Satisfeito com os vales férteis e auríferos do planalto construíram as primeiras residências e erigiram a cruz, em nome de Santa Luzia, marco da povoação que nascia sob a proteção da Santa. Em fins do século XVIII, a mineração começou a declinar e muitas famílias transferiram-se para a zona rural, dedicando-se à lavoura e à criação de gado. O arraial, elevado a vila em 1833, e à categoria de Cidade, em 1867, passou a denominar-se Luziânia, em 1943. Desde sua fundação, no século XVIII, até 1960, data da inauguração de Brasília, Luziânia não teve grandes marcos. A transferência da Capital trouxe um surto de desenvolvimento, beneficiado pela BR-040 e BR-050. Para o rápido crescimento populacional, concorreu a legislação do uso do solo do Distrito Federal, definindo previamente as áreas para expansão urbana, além da especulação imobiliária, levando parte da população da nova Capital a procurar alternativas de localização.

O município está localizado na mesorregião do Leste Goiano e na microrregião do Entorno do Distrito Federal (IBGE, 2008) e as coordenadas aproximadas da sua sede municipal podem ser calculadas como sendo 16°15'10" de latitude sul e 47°57'00" de Longitude Oeste. A sua altitude média aproximada é de 930 metros em relação ao nível do mar. O município limita-se com os municípios de Alexânia, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de Goiás, Novo Gama e Cidade Ocidental ao Norte; Orizona ao Sul; Cristalina a Leste e Silvânia a Oeste (Figura 8).

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33 de homens – 49,9% e 50,1% de mulheres, possui um índice geral de analfabetos decrescente, em torno de 8,0%, e taxa de 18,8% de saneamento considerado adequado. Sua renda média mensal domiciliar Per Capita nominal é de R$501,00 e possui 49.847 domicílios no total.

Figura 8 – Igreja Matriz de Santa Luzia, no município de Luziânia

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2.2.4 - SANTO ANTÔNIO DO DESCOBERTO

Segundo dados extraídos do item “histórico” do sítio do IBGE/Censo (2010), a fundação do município inicia em 1.726 com o mesmo sertanista Bartolomeu Bueno em outra expedição para o Sertão dos Goiazes. Às margens do Rio Vermelho, funda o Arraial de Santana. Antes, porém, em 1725, 142 escravos de Antônio Pereira Lisboa voltavam de uma mineração mal sucedida quando decidiram sentar-se para descansar debaixo de uma árvore. A devoção a Santo Antônio surgiu quando um dos escravos viu uma imagem do santo de 50 centímetros em um tronco de árvore. Levou-a para seu patrão, que declarou dia de festa e que não haveria trabalho no garimpo. Foi construída uma igreja para o santo em 1728. O rio que corria por ali se chamava Despertado, mas, depois, Histórias de Sucesso da descoberta do ouro na região, passou a chamar-se Rio Descoberto. Em 1757, chegou ao local José Pereira Lisboa, precedente da Bahia, que descobriu mais minas de ouro no Rio Descoberto. O alferes proprietário das terras da região, Agostinho Lopes Conde, doou 1.500 hectares para que existisse uma capela para Santo Antônio. Ali se formou um povoado que passou a se chamar Santo Antônio de Montes Claros, então distrito de Luziânia. Sua emancipação aconteceu em 19 de maio de 1982, com a denominação de Santo Antônio do Descoberto, uma referência ao padroeiro e ao nome do rio que corta a cidade.

O município está localizado no Planalto Goiano, Mesorregião Leste e as coordenadas aproximadas de sua sede municipal podem ser calculadas como sendo 15° 56' 24" de latitude sul e 48°15'18" de Longitude Oeste. Sua altitude média aproximada é de 930 metros em relação ao nível do mar. O seu clima local tem características de clima tropical de altitude. Limita-se com os municípios Águas Lindas de Goiás ao Norte, Distrito Federal a Leste, Alexânia ao Sul e Corumbá de Goiás a Oeste. Está a 200 km da capital, Goiânia e a 45 km de Brasília (Figura 9).

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35 um índice geral de analfabetos decrescente, em torno de 9,1%. E, taxa de 35,7% de saneamento considerado adequado. Possui renda média mensal domiciliar Per Capita nominal de R$393,00 e 17.892 domicílios no total (Censo 2010).

Figura 9 – Avenida principal de entrada de Santo Antônio do Descoberto

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2.2.5 - SILVÂNIA

Segundo dados extraídos do item “histórico” do sítio do IBGE/Censo (2010), a fundação de Silvânia aponta para a descoberta das primeiras minas de ouro no Arraial do Bonfim, em 1774. A exploração do ouro e a agricultura de subsistência iniciavam-se juntos. Em 1782, foi edificada a primeira igreja, sobre o próprio veio do ouro, na qual foi colocada a imagem de Nosso Senhor do Bonfim, trazida da Bahia. No século XX, o município tornou-se polo de ensino com a construção do Ginásio Diocesano Anchieta e do Colégio Nossa Senhora Maria Auxiliadora. O arraial foi elevado à categoria de vila em 1833 e de distrito em 1836. O município foi instalado em 5 de outubro de 1857. Em 31 de dezembro de 1943, a designação de Bonfim foi substituída por Silvânia em homenagem a Vicente Miguel da Silva (Figura 10).

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Figura 10 – Capelinha da Paróquia de N. Sr. Bonfim.

Imagem

Figura 1 - Instantâneo extraído do google mapas, a uma distância de 10 km.  19
Figura 2  –  Mapa de prospecões da Bacia do Rio Corumbá
Figura 3  –  Foto de UHE Corumbá III, enviada por Orlando Rodrigues
Figura 4  –  Foto do local escolhido onde foi construído o barramento do AHE Corumbá IV.
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Referências

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