Nessa seção serão considerados os resultados para a Valoração dos Ativos e Passivos Ambientais, mediante a Disposição a Pagar – DAP manifesta pelos entrevistados.
Para o cálculo da DAP, considera-se a DAP Média e, desta, a DAP Total. Para o cálculo da DAP Média, segundo Barbetta (2008, p.92) e Gil (1995, p.175) a Média é dada pelo somatório do conjunto de variáveis dividido pelo número total de amostras. Para Abreu (2008, p.60), simplificando-se este método, realiza-se a soma da frequência percentual relativa dos intervalos da amostra.
Aplicando o método simplificado diretamente nas tabelas de frequência em que se declaram com disposição a pagar – DAP para os ativos (Tabelas 13 a 17) e sobre a frequência em que a população pesquisada se declara com disposição a pagar – DAP em relação aos passivos (Tabela 18), temos:
Tabela 21 – Considerando a construção das Usinas e a DAP
Você concordou com a construção da Usina e, por isso, estaria disposto a pagar - DAP Valor (R$) Identidade de Gênero Frequência %
Homem Mulher DAP-M (R$)
0 = R$0,00 1 = R$ 6,22 2 = R$12,44 6 0 0 22 0 0 28 0 0 4,5 0 0 0,0 0 0 3 = R$18,66 1 0 1 0,2 0,03732 4 = R$24,88 0 2 2 0,3 0,07464 5 = R$31,10 173 104 277 44,3 13,7773 6 = R$37,32 26 18 44 7,0 2,6124 7 = R$43,54 50 2 52 8,3 3,61382 8 = R$49,76 28 83 111 17,8 8,85728 9 = R$55,98 0 5 5 0,8 0,44784 10 = R$62,20 28 77 105 16,8 10,4496 Total 312 313 625 100,0 38,87
A DAP Total – DAP-T é dada pelo número da população total (N) multiplicada pela DAP-M. Ou seja, expresso matematicamente da seguinte forma:
82
DAP-T = N . DAP-M
Substituindo tal expressão matemática em valores, temos:
DAP-T = 296.439 x R$38,87
A DAP-T, portanto, considerando a frequência de dados da Tabela 21 é igual a R$11.819.022,93.
Tabela 22 – Considerando os benefícios para o entorno e a DAP
Considerando os benefícios trazidos pelas Usinas ao entorno, quanto você estaria disposto a pagar?
Frequência % Homem Mulher DAP-M (R$)
0 = R$ 0,00 1 = R$ 6,22 26 0 4,2 0 5 0 21 0 0,00 0 2 = R$12,44 3 ,5 1 2 0,0622 3 = R$18,66 8 1,3 1 7 0,24258 4 = R$24,88 43 6,9 41 2 1,71672 5 = R$31,10 141 22,6 100 41 7,0286 6 = R$37,32 65 10,4 30 35 3,88128 7 = R$43,54 45 7,2 13 32 3,13488 8 = R$49,76 85 13,6 44 41 6,76736 9 = R$55,98 21 3,4 20 1 1,90332 10 = R$62,20 188 30,1 57 131 18,7222 Total 625 100,0 312 313 43,46
Substituindo os valores na expressão matemática, temos:
DAP-T = 296.439 x R$43,46
A DAP-T, portanto, considerando a frequência de dados da Tabela 22 é igual a R$12.883.238,94.
83 Tabela 23 – Considerando os Potenciais Econômicos e a DAP
Considerando os potenciais econômicos, qual sua disposição a pagar-DAP Valores Frequência % Identidade de Gênero DAP-M
Homem Mulher 0 = R$ 0,00 3 0,5 3 0 0,00 1 = R$ 6,22 4 0,6 0 4 0,03732 2 = R$12,44 6 1,0 1 5 0,1244 3 = R$18,66 4 0,6 0 4 0,11196 4 = R$24,88 64 10,2 61 3 2,53776 5 = R$31,10 157 25,1 83 74 7,8061 6 = R$37,32 27 4,3 26 1 1,60476 7 = R$43,54 33 5,3 16 17 2,30762 8 = R$49,76 67 10,7 16 51 5,32432 9 = R$55,98 28 4,5 5 23 2,5191 10 = R$62,20 232 37,1 101 131 23,0762 Total 625 100,0 312 313 45,45
Substituindo os valores na expressão matemática, temos:
DAP-T = 296.439 x R$45,45
A DAP-T, portanto, considerando a frequência de dados da Tabela 23 é igual a R$13.473.152,15.
Tabela 24 – Considerando o incremento das opções de Lazer e seu Uso e a DAP
Você estaria disposto a pagar - DAP quanto para usufruir das opções de lazer decorrentes da Usina?
Frequência % Identidade de Gênero DAP-M Homem Mulher 0 = R$ 0,00 2 0,3 2 0 0,00 1 = R$ 6,22 23 3,7 3 20 0,023014 2 = R$12,44 26 4,2 23 3 0,52248 3 = R$18,66 27 4,3 26 1 0,80238 4 = R$24,88 25 4,0 20 5 0,9952 5 = R$31,10 71 11,4 53 18 3,5454 6 = R$37,32 1 0,2 1 0 0,07464 7 = R$43,54 12 1,9 12 0 0,82726 8 = R$49,76 107 17,1 53 54 8,50896 9 = R$55,98 21 3,4 5 16 1,90332 10 = R$62,20 310 49,6 114 196 30,8512 Total 625 100,0 312 313 48,26
84 Substituindo os valores na expressão matemática, temos:
DAP-T = 296.439 x R$48,26
A DAP-T, portanto, considerando a frequência de dados da Tabela 24 é igual a R$14.306.146,14.
Tabela 25 – Considerando o incremento de novos negócios decorrentes das Usinas
Você estaria disposto a pagar - DAP quanto pelas opções de novos negócios decorrentes da Usina?
Frequência % Homem Mulher DAP-M
0 = R$0,00 3 0,5 3 0 0,00 1 = R$ 6,22 3 0,5 0 3 0,0311 2 = R$12,44 2 0,3 0 2 0,03732 3 = R$18,66 28 4,5 27 1 0,8397 4 = R$24,88 28 4,5 20 8 1,1196 5 = R$31,10 86 13,8 67 19 4,2918 6 = R$37,32 40 6,4 8 32 2,38848 7 = R$43,54 8 1,3 8 0 0,56602 8 = R$49,76 91 14,6 56 35 7,26496 9 = R$55,98 76 12,2 33 43 6,82956 10 = R$62,20 260 41,6 90 170 25,8752 Total 625 100,0 312 313 49,24
Substituindo os valores na expressão matemática, temos:
DAP-T = 296.439 x R$49,24
A DAP-T, portanto, considerando a frequência de dados da Tabela 25 é igual a R$14.596.656,36.
85 Tabela 26 – Disposição a pagar em relação aos Passivos e a DAP
Considerando os Impactos Negativos, qual sua Disposição a Pagar-DAP? Valor Frequência %
Homem Mulher DAP-M (R$)
0 = R $0,00 57 9,1 34 23 0,00 1 = R$ 6,22 25 4,0 5 20 0,2488 2 = R$12,44 21 3,4 20 1 0,42296 3 = R$18,66 28 4,5 10 18 0,8397 4 = R$24,88 32 5,1 26 6 1,26888 5 = R$31,10 97 15,5 55 42 4,8205 6 = R$37,32 5 0,8 5 0 0,29856 7 = R$43,54 21 3,4 5 16 1,48036 8 = R$49,76 50 8,0 15 35 3,9808 10 = R$62,20 289 46,2 137 152 28,7364 625 100,0 312 313 42,10
Substituindo os valores na expressão matemática, temos:
DAP-T = 296.439 x R$42,10
A DAP-T, portanto, considerando a frequência de dados da Tabela 26 é igual a R$12.480.081,90.
Entre as variáveis constantes sobre as quais inferimos a DAP que possam estar relacionados aos ativos ambientais, constatou-se uma DAP-M que varia entre R$38,87 e R$49,24, conforme expresso pelas Tabelas 21 a 25, daria uma média relacionada à frequência das 5 variáveis constantes, DAP-M (entre as variáveis dependentes) no valor de R$45,06. Daí, tendo uma DAP-T(média) no valor de R$13.357.541,34.
A DAP-T baseia-se na Disposição a pagar dada em valores anuais. Portanto, mensalmente, pode-se considerar um valor da DAP-T (média) igual R$1.113.128,44 como valor de referência da valoração dos ativos ambientais.
A fim de determinar correlação entre as variáveis independentes que mais influenciaram as variáveis dependentes no processo de valoração da DAP, parte-se para a construção de um modelo econométrico de regressão linear múltipla pelo
86 método stepwise. Por meio deste procedimento, busca-se aferir passo a passo (stepwise) dependências cumulativas de uma única variável dependente Y em relação a diversas variáveis independentes X. Segundo Babbie (2001, p.410) “na medida em que a equação de regressão descreve corretamente a associação geral entre as duas variáveis, pode ser usada para prever outros conjuntos de valores”. O procedimento passo a passo em si, cuida de determinar e excluir as variáveis que não influenciem a DAP ou a possa influenciar negativamente. Complementando, Barbetta (2008, p. 251) assevera que
duas variáveis X e Y são positivamente correlacionadas quando elas caminham num mesmo sentido, ou seja, elementos com valores pequenos de X tendem a ter valores pequenos de Y e elementos com valores grandes de X tendem a ter valores grandes de Y. São negativamente correlacionadas quando elas caminham em sentidos opostos.
As variáveis independentes “X” aqui analisadas, para a DAP-T relacionada aos ativos e DAP-T relacionada aos passivos, serão: Identidade de Gênero, Idade, Escolaridade, Ocupação e Renda. Quando se ajusta um modelo de regressão múltipla, pode acontecer que se justifique estatisticamente incluir na equação de regressão todas as variáveis independentes, ou que se incluam apenas algumas destas variáveis explanatórias. Esta decisão é tomada em função da significância do parâmetro de regressão de cada uma das variáveis, ou pelo acréscimo do coeficiente de determinação, R2, provocado pela inclusão dessas variáveis.
Posteriormente à análise, aplicam-se os resultados obtidos à fórmula:
Y' = α + β1X1 + β2X2 + ... + βiXi
Onde:
Y = Variável dependente
α = ponto de intersecção entre as variáveis
β = coeficientes das variáveis incluídas no modelo
87 A ferramenta estatística que foi utilizada para este ajustamento (SPSS) elimina por si, as variáveis que não influenciaram a DAP ou que a influenciaram negativamente (Tabelas 27, 28, 29 – Modelo I e Tabelas 30, 31, 32 – Modelo II)
Para a construção do Modelo I a DAP-T da valoração dos ativos que mais se aproxima da DAP-T (média) é a DAP-T, cuja variável dependente Y, refere-se aos potenciais econômicos advindos das UHE-Corumbá III e IV. Posteriormente, para a construção do Modelo II, será analisada a DAP-T da variável dependente Y que se refere aos passivos percebidos pela população.
88
5.2.1 – MODELO DE REGRESSÃO I - Y = POTENCIAIS ECONÔMICOS
Tabela 27 – Estatística de Regressão – Modelo I
Estatística de Regressão
Modelo R R2 R2 Ajustado Desvio Padrão
1 ,378a ,143 ,141 2,329
2 ,440b ,193 ,191 2,261
3 ,461c ,212 ,209 2,236
a. Predictors: (Constant), Ocupação
b. Predictors: (Constant), Ocupação, Escolaridade
c. Predictors: (Constant), Ocupação, Escolaridade, Identidade de Gênero
d. Variável dependente: Considerando todos os potenciais econômicos trazidos pela
Usina, quanto você estaria disposto a pagar - DAP por isso?
Tabela 28 – Análise de Variância Simples (Anova) – Modelo I
ANOVAd Modelo SQ df MQ F Valor de p 1 Regressão 562,031 1 562,031 103,589 0,000a Resíduos 3380,129 623 5,426 Total 3942,160 624 2 Regressão 761,588 2 380,794 74,469 0,000b Resíduos 3180,572 622 5,113 Total 3942,160 624 3 Regressão 837,434 3 279,145 55,834 0,000c Resíduos 3104,726 621 5,000 Total 3942,160 624
a. Predictors: (Constant), Ocupação
b. Predictors: (Constant), Ocupação, Escolaridade
c. Predictors: (Constant), Ocupação, Escolaridade, Identidade de Gênero
d. Variável dependente: Considerando todos os potenciais econômicos trazidos pela Usina, quanto você estaria disposto a pagar - DAP por isso?
89 Tabela 29 – Coeficientes – Modelo I
Coeficientesa
Modelo Coeficientes não Padronizados Coeficientes Padronizados t p 95,0% Intervalo de Confiança para B B Erro Padrão Beta Limite Inferior Limite Superior 1 (Constante) 4,970 0,248 20,017 0,000 4,482 5,457 Ocupação 0,466 0,046 0,378 10,178 0,000 0,376 0,555 2 (Constant) 6,656 0,362 18,393 0,000 5,945 7,367 Ocupação 0,493 0,045 0,400 11,051 0,000 0,406 0,581 Escolaridade -0,818 0,131 -0,226 -6,247 0,000 -1,075 -0,561 3 (Constant) 5,596 0,450 12,449 0,000 4,713 6,479 Ocupação 0,467 0,045 0,378 10,446 0,000 0,379 0,554 Escolaridade -0,759 0,130 -0,210 -5,826 0,000 -1,015 -0,503 Identidade de Gênero 0,709 0,182 0,141 3,895 0,000 0,351 1,066
a. Variável Dependente: Considerando todos os potenciais econômicos trazidos pela Usina, quanto você estaria
disposto a pagar - DAP por isso?
Diante dos dados analisados pela Regressão Passo a Passo (stepwise), aplica-se a fórmula Y' = α + β1X1 + β2X2 + ... + βiXi.
DAP = 5,596 + (0,467.Ocupação) – (0,759 . Escolaridade) + (0,709 . Gênero). DAP = 6,013
90
5.2.2 – MODELO DE REGRESSÃO II - Y = IMPACTOS NEGATIVOS
Tabela 30 – Estatística de Regressão – Modelo II
Estatística Regressãob
Modelo R R2 R2 Ajustado Desvio Padrão
1 0,163a 0,027 0,025 3,528
a. Predictors: (Constante), Idade
b. Variável Dependente: Considerando os impactos negativos trazidos pela Usina, quanto você estaria disposto a pagar - DAP pela recuperação e reversão dos danos impactados?
Tabela 31 – Análise de Variância Simples (Anova) – Modelo II
ANOVAb
Model SQ df MQ F p
1 Regressão 212,373 1 212,373 17,067 0,000a
Resíduo 7752,449 623 12,444 Total 7964,822 624
a. Predictors: (Constante), Idade
b. Variável Dependente: Considerando os impactos negativos trazidos pela Usina, quanto você
estaria disposto a pagar - DAP pela recuperação e reversão dos danos impactados?
Tabela 32 – Coeficientes – Modelo II
Coeficientea
Modelo Coeficiente não Padronizado Coeficiente Padronizado t p 95,0% Intervalo de Confiança B B Erro Padrão Beta Limite Inferior Limite Superior 1 (Constante) 5,541 0,329 16,826 0,000 4,894 6,187 Idade 0,513 0,124 0,163 4,131 0,000 0,269 0,757 a. Variável Dependente: Considerando os impactos negativos trazidos pela Usina, quanto você estaria disposto a
pagar - DAP pela recuperação e reversão dos danos impactados?
Diante dos dados analisados pela Regressão Passo a Passo (stepwise), aplica-se a fórmula Y' = α + β1X1 + β2X2 + ... + βiXi.
91 DAP = 5,541 + (0,513.Idade) => DAP = 6,054
92
6.1 – CONCLUSÕES
Os objetivos gerais que nortearam a concepção desta pesquisa para avaliar se os habitantes das cidades de Luziânia, Silvânia, Santo Antônio do Descoberto, Alexânia e Abadiânia – área diretamente impactada e definidos nos estudos de impactos ambientais - EIA da construção das Usinas Corumbá III e IV – percebem ou perceberam impactos e perspectivas para o incremento socioeconômico de sua cidade e de seu entorno, foi plenamente atingido. Demonstrado da seguinte forma: 87,8% alega que as Usinas afetaram positivamente o entorno, apesar de que 80,6% dizem não ter tido ganho algum. 60,4% apontaram as novas opções de trabalho, renda e Lazer como seus principais impactos positivos, mas, por outro lado, 74,1% apontaram a piora no microclima, violência, medo, drogas e prostituição como sua contradição mais sentida.
Também, confirmando a hipótese deste trabalho de que a população impactada possa vir a referendá-lo, pela aprovação, consentimento e Disposição a Pagar/Aceitar, em face de seus potenciais benefícios exteriores ao objeto em si – geração de energia, 69,9% manifesta disposição a pagar-DAP, porque acreditam nos benefícios trazidos pela Usina. Considerando este dado, a hipótese é confirmada.
Entretanto, esta constatação fica abalada e, sob o ponto de vista ético, comprometida. Pois, 64,5% alegam não terem sabido de nenhum problema ou embargos judiciais contra as usinas. Ou seja, o poder de veto aos veículos de comunicação por parte do poder econômico dos que exploram as Usinas, faz com que a amostra fique, no mínimo, maculada. O quê novas pesquisas dirigidas especificamente a este questionamento poderiam melhor analisar.
Por conta desse poder de veto, talvez, não se tenha sabido ao certo a respeito do que especula-se quanto à possibilidade de utilização do famigerado “agente laranja”. Este veneno é um poderoso inseticida que, lançado sobre a
93 vegetação e sobre as árvores (inclusive madeira de lei), faria com que morressem e secassem. Depois de encobertas pelo lago, se poderia evitar a eutrofização das águas que iriam abastecer a cidade de Brasília. Será? Será que o uso deste veneno no Vietnã, reconhecido entre outras coisas como crime de guerra e, principalmente, crime contra a humanidade, não teria bastado? Por outro lado, a população generosamente desinformada pela “liberdade” de expressão paga, convence-se dos potenciais econômicos propagados e, maciçamente, 69,9% da população declara-se disposta a pagar por sua manutenção.
E, por sua Disposição a Pagar-DAP, foram obtidos os seguintes valores: Constatou-se uma DAP-M que varia entre R$38,87 e R$49,24, o que daria uma média relacionada à frequência das 5 variáveis constantes de ativos observáveis, DAP-M (entre as variáveis dependentes) no valor de R$45,06. Daí, tendo uma DAP-T(média) no valor de R$13.357.541,34.
Por outro lado, constatou-se uma DAP-M relacionada aos impactos negativos observáveis no valor de R$42,10. A DAP-T, portanto, considerando a frequência de dados da Tabela 26 é igual a R$12.480.081,90.
Depreendendo-se daí, que na relação Ativos e Passivos Ambientais, a população inquerida demonstra uma Disposição a Pagar-DAP-T próximo da equivalência tanto para manter todos os potenciais econômicos quanto para reverter os impactos negativos.
Pelos modelos de regressão linear múltipla passo-a-passo (stepwise) construídos, pode-se inferir que dentre as variáveis independentes analisadas (Identidade de Gênero, Idade, Escolaridade, Ocupação e Renda), em relação à DAP formada pelos ativos, as variáveis Renda e Idade foram descartadas da amostra por comprometerem seu resultado que, dentro desse critério de regressão linear múltipla passo a passo, chegou-se a uma DAP = 6,013. Já, com relação aos passivos, foram eliminadas as variáveis Identidade de Gênero, Escolaridade, Ocupação e Renda, por comprometerem seu resultado, aproveitando-se somente a variável Idade que, dentro do mesmo critério de regressão linear múltipla passo a passo, chegou-se a uma DAP = 6,054.
94
6.2 – RECOMENDAÇÕES
O presente estudo pode servir como subsídio para o poder público, tanto do Estado de Goiás quanto do Distrito Federal pensar e repensar suas estratégias de intervenção e controle das questões que envolvam o meio ambiente e sua sustentabilidade. Por óbvio, cabe ao Estado promover, educar, controlar, cercear e atender às comunidades que reivindicam por ações concretas de mitigação dos passivos ecológicos e de promoção pública de seus ativos, a fim de não permitir a apropriação privada de bens públicos, como por exemplo, o fechamento de acessos e construções irregulares de mansões às margens do lago. Devendo, portanto, apenas fazer cumprir a Lei das APPs e promover e facilitar o acesso a futuras áreas de Lazer públicas de modo a permitir que a população exerça o verdadeiro direito de usufruir do propalado potencial de Lazer advindos do barramento.
Cabe, por outro lado, à sociedade civil organizada, aos movimentos sociais combativos e organizados, aos movimentos dos atingidos por barragens, descobrirem e empreenderem mecanismos eficazes de mobilização e de informação que possa quebrar a espinha dorsal dos que se comprazem em defender uma imprensa “livre” de verdades e que se presta a desinformar e a manipular desejos e convicções que se baseiam em miragens propagandistas.
Além disso, e para finalizar, clama-se pela observância da “Carta da Terra” em seus princípios 9 e 10, tendo como partida o lema do professor Milton Santos:
“não há uma separação do homem e da natureza”.
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados. b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar
uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.
95 10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
c. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais
atuem com transparência em benefício do bem comum e
responsabilizá-las pelas
96 ABAD, Maria C. E. Valoração econômica do meio ambiente: o método de
valoração contingente no Brasil. Brasília, 2002. 137 f. Dissertação (Mestrado em
Economia e Gestão Econômica do Meio Ambiente) – Centro de Estudos em Economia, Meio Ambiente e Agricultura, Universidade de Brasília, 2002.
ABREU, Lucijane Monteiro de (coord.) – Avaliação dos Ativos Ambientais: Método de Avaliação Contingente –(MAC) - Relatório Final, Brasília, 2008..
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