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HISTORIP\ :

QU E S T OES - & DEBA TES

ANO 10 NÚMEROS 18 E 19 JUNHO E DEZEMBRO DE 1989 ISSN 0100-6932

(2)

D É C IO R O B E R T O S Z V A R Ç A M A R IA L Ú C I A C ID A D E

E s tu d a n te s d o M e s tr a d o e m H is t ó r ia d o B r a s il, U F P R .

RESUMO

Partindo do resultado, em Curitiba, da eleição presi­

dencial de 1955, que proporciona uma expressiva votação em Plínio Salgado, procura-se entender primeiramente, quais os elementos do discurso integralista recorrentes nas propostas do candidato a presidente. Constatando-se a per­

manência do caráter autoritário em ambas as formulações discursivas, o estudo dirige-se para a sociedade paranaense da década de 1950 e nela procura localizar situações privi­

legiadas para a aceitação de propostas autoritárias. Com­

plementando, analisa-se a formulação do discurso da im­

prensa em relação ao candidato, e a repercussão do de­

sempenho deste no embate eleitoral na capital paranaense.

3 de outubro de 1955. O eleitorado brasileiro escolhe, pelo voto direto, o novo Presidente do país.

É um dos momentos em que se considera a plena expres­

são da cidadania brasileira. Nele manifestam-se expectativas

* U m a p r im e ir a v e r s ã o d e s te t e x t o f o i a p r e s e n t a d a à d i s c ip lin a d e M é to d o s e T é c n ic a s d e P e s q u is a H is t ó r ic a IV , d o c u r s o d e H is t ó r ia d a U F P R , c o m o t r a b a lh o d e c o n c lu s ã o d o b a c h a r e la d o , s o b o r ie n t a ç ã o d a s p r o f e s s o r a s M a r ia I g n ê s M a n c in i d e B o n i, re s p o n s á v e l p e la d is c ip lin a e A n a M a r ia B u rm e s te r , c u j o e n tu s ia s m o e e n v o lv im e n to c o m o te m a m u ito n o s m o tiv a ra m .

E stá em a n d a m e n t o p e s q u is a s o b r e o m e sm o t e m a à n ív e l d e m e s tra d o , r e a liz a d a p o r M a r ia L ú cia C id a d e . F o i l o c a liz a d a n o v a e a b u n d a n te d o c u m e n t ç ã o s o b r e P l í n io S a lg a d o , à q u a l n ã o tiv e m o s a c e s s o d u r a n te a e la b o r a ç ã o d e s te t e x t o , o a u e p e r m it ir á o e n r iq u e c im e n to d a s r e fle x õ e s a q u i d e s e n v o lv id a s .

A g ra d e c e m o s p a r ticu la r m e n te a F r a n c i s c o M o r a e s P a z , c o o r d e n a d o r d o p r o j e t o d e H is t ó r ia P o l í t i c a d o IP A R D E S , p e la l e it u r a c r ít i c a d a p r im e ir a v e r s ã o e s u g e s tõ e s , c u j a i n c o r p o r a ç ã o ou n ã o a o p r e s e n te t r a b a lh o , d e s n e c e s s á r io d iz e r, é d e n o s s a in te ir a r e s p o n s a b ilid a d e .

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de grande parcela da população, podendo significar uma reação ao estado de coisas vigentes no país, a confirmação deste, apenas a manifestação de uma simpatia pessoal ou mesmo um deboche, negação ao próprio processo político instituído... As mais diferentes tendências estão presentes neste ato.

À tragédia misturam-se o drama, a farsa, a comédia. O suicídio de Vargas, os pronunciamentos de militares, a “dan­

ça” dos candidatos, a ameaça de golpe, o custo de vida...

A campanha eleitoral desenvolve-se em todo o país. Os candidatos não param, voam de norte a sul, de leste a oeste.

Juscelino Kubitschek pelo Partido Social Democrata

— PSD, Adhemar de Barros pelo Partido Social Pro­

gressista — PSP, Juarez Távora pelo Partido Democrata Cristão — PDC e Plínio Salgado pelo Partido de Repre­

sentação Popular — PRP.

No Brasil, a maioria dos votos elege Juscelino. No Paraná, Adhemar é quem obtém a maioria e em Curitiba, Plínio Salgado, ex-chefe nacional da Ação Integralista Bra­

sileira — AIB1, expressão acabada do pensamento auto­

ritário aqui produzido, é o candidato mais votado, inclusive em vários municípios do interior, recebendo ponderável vo­

tação no Estado.

O que tornou possível essa opção no Paraná e em espe­

cial em Curitiba, é uma indagação constante a quem quer que tome conhecimento do fato.

Afinal, que representa votar na pessoa de Plínio Salgado para o homem paranaense nesse momento? Forçosamente muitas coisas estão imbricadas neste voto; entretanto, para analisá-lo toma-se necessário antes investigar, mesmo que de forma suscinta, a trajetória do pensamento político formula­

do por Plínio na década de 30 e sua reformulação posterior.

1 S o b re a e s tr u tu r a , o r g a n iz a ç ã o e o r ig e m d a m ilit â n c ia d a A ç ã o I n t e g r a lis t a B r a s ile ir a ver, T R IN D A D E , H é lg io . Integralism o ; o f a s c is m o b r a s ile ir o n a d é c a d a de 30. S ã o P a u lo : D if e l/U P R Q S , 1974.

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Para esta análise utilizou-se o Manifesto Integralista de 32 e o Programa do Partido de Representação Popular de 46,2 onde procurou-se dar no seu tratamento a oportunidade para que este expressasse por si mesmo a renovação desse pensa­

mento autoritário. Também é discutida a participação da imprensa e a produção de um outro discürso.

1. RENOVA-SE O PENSAMENTO AUTORITÁRIO

A força das idéias autoritárias na década de 30 vincula-se diretamente ao contexto fascistizante porque passa o mundo no período. Neste momento rearticulam-se com vigor compo­

nentes autoritários presentes constantemente no imaginário social, aflorando com toda a sua força e dando margem à formação dos mais exacerbados totalitarismos na moderni­

dade. É neste contexto que veremos o desenvolvimento do nazismo na Alemanha, do fascismo na Itália, do stalinismo na União Soviética, entre outros tantos no mesmo período.

No Brasil, o Estado Novo, sendo gerado desde o início da década não foge à regra. Paralelamente a este uma outra vertente do totalitarismo está se formando, com caracte­

rísticas próprias, porém muito semelhantes em seus compo­

nentes básicos: o integrálismo.3

Esse movimento, que se propõe independente da estrutu­

ra partidária da época, cuja essência se consubstancia no Manifesto Integralista de outubro de 1932, tem Plínio Salgado como seu “chefe” maior e principal inspirador.

A declaração inicial desse documento resume eloqüente­

mente os princípios integralistas.

2 M a n ife s t o e P r o g r a m a . In : C H A V O N , V a m ir e h . H istó ria dos partidos brasileiros;

d is c u r s o s e p r á r is d e seus p r o g r a m a s . B r a s ília : U N B , 1985. p .3 3 3 -8 e p .4 6 7 -7 8 .

3 A a n á lis c e q u e segu e n ã o a c o m p a n h a p a r i p a ssu o m e s m o m é to d o , p o r é m , i n s p ir a -s e e m C H A U Í M a r ile n a . A p o n t a m e n t o s p a r a u m a c r ít i c a d a A ç ã o I n t e g r a ­ l is ta B r a s ile ir a . In : C H A U Í, M r ile n a & F R A N C O , M . R y lv ia d e C a r v a lh o . Ideologia e m o b iliz a ç ã o popular. R i o d e J a n e ir o : P a z e T e r r a , 1978. 1978. p .2 9 .

P a r a o u tr a s i n te r p r e ta ç õ e s a lé m d a o b r a j á c it a d a de H é lg io T r in d a d e , v e r, C H A S IN , J o ?é . O integrálism o de P lín io Salgado; f o r m a de re g r e s s iv id a d e n o c a p it a lis m o h í p e r - t a r d io . S ã o P a u lo : E d . C iê n c ia s H u m a n a s , 1978. 6 6 3 p .; V A S C O N C E L O S , G ilb e r t o . A ideologia cu ru p ira ; a n á lis e d o d is c u r s o in te g r a lis ta . S ã o P a u lo : B r a s ilie n s e , 1979;

T R IN D A D E , H é lg io . Integrálism o: t e o r ia e p r a x is p o l ít i c a n o s a n o s 30. In : F A U S T O , B o r is . H istó ria geral da civilização brasileira. T o m o I I I; O B r a s il R e p u b lic a n o , 3 .° v., S o c ie d a d e e P o l í t i c a (1 9 3 0 -1 9 6 4 ), S ã o P a u lo : D ife l, 1983. p g s . 335.

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Deus dirige os destinos dos povos. O homem vale pelo trabalho, pelo sacrifício em favor da família, da pátria e da sociedade. Vale pelo estudo, pela inteligência, pela ho­

nestidade, pelo progresso nas ciências, nas artes, na capa­

cidade técnica, tendo por fim o bem-estar da nação e o elevamento moral das pessoas. A riqueza é um bem pas­

sageiro, que não engrandece ninguém, desde que não sejam cumpridos pelos seus detentores os deveres que rigorosa­

mente se impõem para com a sociedade e a pátria. Todos podem e devem viver em harmonia, uns respeitando e esti­

mando os outros, cada qual se distinguindo nas suas apti­

dões, pois cada homem tem uma vocação própria e é o conjunto dessas vocações que realiza a grandeza da nacio­

nalidade e a felicidade social.

Os homens e as classes, pois, podem e devem viver em harmonia. É possível ao mais modesto operário galgar uma elevada posição financeira ou intelectual. Cumpre que cada um se eleve segundo sua vocação. Todos os homens são suscetíveis de harmonização social e toda superiori­

dade provém de uma só superioridade que existe acima dos homens: a sua comum e suprema finalidade. Este é um pensamento profundamente brasileiro, que vem das raízes da nossa história e estará no íntimo de todos os corações, (p. 333)

Com um discurso personalista, emotivo e envolvente, que estabelece uma identidade entre o emissor e o receptor, o Manifesto Integralista delineia o conceito de nação, entida­

de máxima e inquestionável acima das classes e, portanto, distante das tensões e conflitos sociais.

Esse discurso utiliza-se fortemente de imagens e símbo­

los porque, segundo Chauí,

as imagens são um espelhamento ampliado e iluminado da experiência imediata, dotadas da capacidade de unificar aquilo que nesta última aparece fragmentariamente. Unin­

do o disperso, a imagem, espelho dos dados imediatos, exclui a reflexão e, simultaneamente, cria a ilusão de co­

nhecimento, graças ao seu aspecto ordenador. (p. 46) (grifo nosso).

O recurso discursivo de estabelecer associações harmo­

niosas de elementos dispersos no social, fortalece a cons­

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trução ideológica de uma proposta política totalitária, corpo- rificada em uma experiência prática eficaz. Alcir Lenharo4 ressalta:

A nação, por exemplo, é associada a uma totalidade orgânica, à imagem do corpo uno, indivisível e harmonio­

so; o Estado também acompanha essa descrição; suas partes funcionam como órgãos de um corpo tecnicamente integrado; o território nacional, por sua vez, é apresen­

tado como um corpo que cresce, expande, amadurece; as classes sociais mais parecem órgãos necessários uns aos outros para que funcionem homogeniamente, sem confli­

tos; o governante, por sua vez, é descrito como uma ca­

beça dirigente e, como tal, não se cogita em conflituação entre a cabeça e o resto do corpo, imagem da sociedade, (p. 16-7)

O nacionalismo, colocando a nação como corpo uno e espiritual, acima das diferenças sociais, surge, assim, como elemento capaz de aglutinar as forças pelas quais se garan­

tirá ao Estado sua concretude e capacidade de realizar o bem comum.

A instrumentalização do conceito de família, reforçado a partir do pensamento católico, ao qual o integralismo siste­

maticamente recorre, tem como um dos seus objetivos a dis- ciplinarização dos corpos e mentes dos indivíduos. Restrin­

gindo o sexo à reprodução no interior da família monogâmi- ca, canaliza a energia sexual para a manutenção e reprodução, pelo trabalho, da ordem vigente. Nesse sentido, o incentivo à educação física visa o corpo sadio, higienizado e disciplina­

do do trabalhador, procurando desenvolver a aptidão e o esforço concentrado, tanto físicos como mentais, exigidos pelo processo de trabalho e o aumento de produtividade5.

Ao declarar no Manifesto “a Nação precisa organizar-se em classes profissionais” , o pensamento político de Plínio dá o tom corporativo de sua pregação. Descaracterizando a

4 L E N H A R O , A lc ir . S a c r a l i z a ç ã o d a p o í t ic a . C a m p in a s : P a p ir u s , 1986. 2 1 6 p.

5 O s a r g u m e n to s d e s e n v o lv id o s n e ste p a r á g r a f o s ã o a n a lis a d o s n a o b r a d e L E N H A R O , # . p.4 4 .

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organização política, substituindo-a por uma organização profissional, acaba por propor o “Partido Único que é a con­

cretização de todas as classes profissionais” (p. 334). Assim, com a cooperação de todos, a nação, corpo uno e indivisível, dirigido pelo cérebro de suas elites, deverá ser forte, podero­

sa, rica, próspera e feliz...

A construção da nacionalidade brasileira, nesse pensar autoritário passa também pelo enfoque eugênico, pois como negador da diversidade impõe-se ao totalitarismo a afir­

mação de uma só raça.

Temos de nos afirmar como um povo unido e forte que nada mais poderá dividir. O nacionalismo para nós não é apenas o culto da Bandeira e do Hino Nacional, é a profunda consciência das nossas necessidades, do cará­

ter, das tendências, das aspirações da Pátria e do valor da raça. (p. 335) (grifo nosso).

Assim, faz-se necessário resgatar o que há de “útil e belo no caráter e costumes brasileiros” (p. 333). Valendo-se para isto das características caboclas e sertanejas, reservas puras de brasilidade, identidade original e verdadeira, imprescin­

dível no esforço de construção de “uma cultura, uma civili­

zação e um modo de vida brasileiros” (p. 335).

À concretização da nação idealizada, opõe-se o cosmo­

politismo, donde para os integralistas “a influência estran­

geira é um mal de morte para o nosso nacionalismo” (p. 334).

Toma forma no interior do discurso integralista a noção de perigo, a imagem de crise eminente que só sua ação eficaz pode erradicar. Essa ameaça, que vem de fora, pode ser tanto a influência estrangeira nos costumes, descaracterizan­

do esse ideal, quanto o comunismo, fragmentando-o.

O comunismo, internacionalista por princípio, é visado no integralismo como sendo desagregador do Estado-Nação, ao qual se opõe por ser materialista e negador da estrutura familiar. “O comunismo destrói a família, para melhor escra­

vizar o operário ao Estado; destrói a personalidade humana,

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para melhor escravizar o homem à coletividade; destrói a re­

ligião, para melhor escravizar o ser humano aos instintos (...)”

(p. 336).

A manipulação da imagem de crise liga-se diretamente ao apelo que faz aos segmentos intermediários da sociedade, nos quais, segundo a análise de Marilena Chauí, as promessas de propriedade, trabalho e liberdade veiculadas pelo discurso integralista, encontram ressonância positiva. No Manifesto de 32 encontramos:

A questão social deve ser resolvida pela cooperação de todos, conforme a justiça e o desejo que cada um nutre de progredir e melhorar. O direito de propriedade é fun­

damental para nós, considerado no seu caráter natural e pessoal. ( . . . ) Pretendemos dar meios a todos para que possam galgar, pelas suas qualidades, pelo seu trabalho e pela sua constância, uma posição cada vez melhor, tanto na sua classe, como fora dela até no governo da Nação, (p. 336)

Essa ressonância é dada na medida em que prega a ascensão social pelo mérito, em uma sociedade harmonizada e livre de conflitos, unida pelo amor à pátria e onde a mora­

lidade religiosa e a capacidade intelectual são anunciadas como elementos vitais à construção da nação. A esses seg­

mentos é assegurada a condição de mentores da sociedade na medida em que lhes são conferidas as funções de governo e administração, de defesa e da justiça do país. Profissionais liberais, oficiais das forças armadas, burocratas do setor pú­

blico e privado e pequenos proprietários urbanos e rurais encontram no credo integralista o seu lugar ao sol.

2. O PARTIDO DE REPRESENTAÇÃO POPULAR E O AUTORITARISMO

Quando da reorganização político-institucional do país no

pós-guerra, o Partido de Representação Popular — PRP, é

fundado por Plínio Salgado e seus seguidores.

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Por fazer parte de um espaço onde o populismo6 é um componente político-ideológico importante, o PRP tem necessidade de apresentar as suas propostas de resolução imediata dos problemas colocados no momento econômico e social em que se encontra o país.

Assim, no seu Programa de 46, o PRP propõe o combate à inflação; a criação de órgãos públicos tais como Ministério da Saúde, Banco Central.. construção de escolas, intensi­

ficação do ensino técnico; campanhas de combate à molés­

tias endêmicas. E a “consagração e permanência do regime democrático representativo segundo as tendências políticas do momento (p. 478).

Por outro lado, os elementos marcantes encontrados no Manifesto Integralista com suas promessas de trabalho, liber­

dade e propriedade dirigidas às “classes médias e submédias”, não deixam de constar implícita e explicitamente, nas for­

mulações desse Programa, já em seu preâmbulo.

Além de empregar todos os meios políticos que estejam a seu alcance, a fim de que sejam postos em prática e se tornem efetivos os preceitos contidos em sua "Carta de Princípios”, referentes:

— à intangibilidade e liberdade da pessoa humana;

— à manutenção do direito de propriedade privada, com seu uso condicionado pelo bem comum;

— à dignidade do trabalho;

— ao respeito e amparo à família, ao grupo profissional e ao Município;

— à unidade e à independência, à soberania e ao prestígio internacional do Brasil;

— à subordinação de toda política ao conceito espiritua­

lista da vida;

e, conseqüentemente, rejeitando e combatendo, pelos pro­

cessos legais, todas as doutrinas de caráter totalitário ou extremista que, ferindo os direitos fundamentais do ho­

mem e da Nação, se oponham a tais preceitos... (p. 467).

6 N a a c e p ç ã o d c W e f fo r t , u m a a lia n ç a t á c it a e n tr e s e to r e s d e d ife r e n t e s cla sse s s o c ia is o n d e a h e g e m o n ia se m p re se e n c o n t r a a o l a d o d o s in te re s s e s q u e n ã o p o d e m r e a liz a r -s e sem a te n d e r a algum asi a s p ir a ç õ e s b á s ic a s d a s c la s s e s p o p u la r e s . W E F F O R T , F .

O populismo na política brasileira. R i o de J a n e ir o : P a z e T e r r a , 1978. 181p.

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A construção da nacionalidade brasileira, segundo o PRP, requer o resgate na história da “personalidade nacio­

nal”, mesmo que para tanto tenha-se que atravessar o Atlân­

tico e encontrá-la já em formação no Portugal do século XII (p. 477). O raciocínio racista “esquece-se” da história das outras etnias formadoras da população, apreciando a possi­

bilidade de que o tipo característico brasileiro, miscigenado, venha a ser depurado pela própria miscigenação, porém ten­

do como parâmetro o elemento branco. Assim o PRP pro­

pugna a “execução de um plano nacional de defesa da saúde pública, a fim de melhorar as condições físicas de nossa raça e combater, de modo definitivo, os padecimentos patogêni­

cos do nosso povo” (p. 468) (grifo nosso).

O enfoque eugênico do PRP abrange, além disso, medi­

das de erradicação das endemias freqüentes em nosso país, objetivando a constituição de uma “raça sadia e forte” . Tal esforço visa também “a educação sanitária e criação do Ins­

tituto Nacional de Nutrição, que terá por fim pesquisar a composição dos alimentos e ensinar ao povo as normas cien­

tíficas e práticas de alimentação racional” (p. 470).

Ainda, à nacionalidade liga-se a moral religiosa, a ser mantida e transmitida no seio da família:

Reconhecimento dos efeitos civis do casamento reli­

gioso e dos de indissolubilidade do matrimônio. Instituição em todo o território nacional, de “Escolas de Mães”, onde a mulher brasileira aprimore seus dotes morais e adquira todos os conhecimentos indispensáveis à criação e educa­

ção dos filhos e os referentes à economia doméstica (p.

468).

Estes, juntamente com a “instituição do voto familiar, pelo qual o chefe de família pode dispor, além de seu voto pessoal, nas eleições para os cargos públicos, de um número de votos igual ou proporcional ao número de pessoas de que tem a guarda” (p. 468), são exemplos de como o totalitaris­

mo se propõe a interferir nas mais finas relações da teia

social.

(11)

Ao estado perrepista cabe também a tutela da educação, pois embora propugne a “autonomia das universidades”, esta é restrita “através de cartas de direitos e deveres, em que se definam a responsabilidade e as prerrogativas dessas entidades a criar uma atmosfera intelectual e moral de liber­

dade, compreensão, respeito humano e cultura, a serviço dos ideais nacionais” (p. 468) (grifo nosso).

A “intensificação do ensino técnico” prende-se à valori­

zação do ideal de trabalho, propiciando o incremento da mão- de-obra qualificada. A ênfase no aumento da produtividade é sentida quando da proposta de uma

campanha nacional pela melhoria dos produtos agrícolas e industriais do País, tanto de exportação como de consumo interno, cada vez maior, do volume dessa produção, comó um dos meios de baratear o custo de vida, enriquecendo a Nação e favorecendo o povo, especialmente o proleta­

riado, hoje iludido por um aumento de salários que não corresponde ao preço das utilidades (p. 472-3).

Ao mesmo tempo em que desvincula a melhoria das condições econômicas e financeiras da remuneração do tra­

balhador, o PRP enfatiza a “manutenção da atual legislação trabalhista”, — Consolidação das Leis do Trabalho — CLT

— fruto do corporativismo implantado pelo Estado Novo nas relações capital-trabalho (p. 470).

Como os outros partidos, o de Representação Popular não se furta ao debate sobre reforma agrária, porém, res­

tringe-a às terras do Estado (p. 472).

A investida contra o “credo vermelho” transparece na proposta de “leis que proíbam toda influência de governos, instituições ou partidos estrangeiros na orientação de par­

tidos nacionais” . E, na “conciliação da política exterior bra­

sileira com a dos Estados Unidos da América, hoje empenha­

dos na consolidação da paz mundial e na defesa do nosso hemisfério, contra novas formas de imperialismo totalitário”

(p. 476-7).

(12)

Ao estabelecer a defesa da propriedade, o PRP explicita o destinatário de suas idéias,

no sentido de assegurar à família, não só dos operários, mas das classes médias e submédias, maior espaço de aco­

modações domiciliares, de sorte a atender aos reclamos de uma vida sadia e bem disposta, assim como às neces­

sidades decorrentes do aumento da prole (p. 467-8) (grifo nosso).

No corpo de representações que faz do real, o pensamen­

to autoritário de Plínio Salgado articula ao nível do discur­

so, elementos que permeiam o campo das relações sociais:

o nacionalismo, o anticomunismo e a eugenia. Estes elemen­

tos, conjugados de forma a montar uma imagem de crise, tão real quanto imaginária, tem como destinatário um agente social característico das relações historicamente dadas nesse momento: a classe média.

A leitura crítica dos documentos que guiaram esta aná­

lise, permite verificar que apesar da “democracia e liberdade que constituem fundamento de toda a política do Partido de Representação Popular” (p. 478), tanto este quanto a AIB, organizações inspiradas e chefiadas por Plínio Salgado em dois momentos distintos da vida política brasileira, não dei­

xam de produzir um discurso que, ao variar de forma e de tom segundo determinações conjunturais, mantêm-se em sua essência autoritário.

3. CONSTRUÇÃO DO CENÁRIO

O Brasil começou lá em cima. Há um século estava quase todo lá. E nós o estamos continuando agora no Sul.

Um Brasil que tem suas peculiaridades. É mais frio. O seu elemento humano que aos poucos começa a predominar é de origem européia mais recente. E nós, os mais antigos, os estamos incorporando à gente brasileira. Estamos ven­

cendo a batalha da aculturação. Estamos construindo um aspecto novo do Brasil que com o tempo, já se vai tor­

nando tão caracteristicamente brasileiro quanto seu as­

pecto tradicional.

(Bento Munhoz da Rocha Netto.

Paraná Econômico, 05/1953).

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No Paraná dos anos 50, o crescimento vertiginoso da população alimenta e é alimentado pelo impulso econômico desencadeado pelo café duas décadas antes.

O ritmo de crescimento natural da população implica no aumento da demanda de bens que, por sua vez, requer novos e ampliados contingentes de mão-de-obra. Assim, produção e população aparecem como duas variáveis arti­

culadas entre si — uma vez que esta cresce, aquela deve crescer e para a produção crescer o mesmo deverá ocorrer com a população?

Fruto da ação colonizadora espontânea, empresarial e oficial para a ocupação de todo o território do Estado, este crescimento que para a década, segundo os censos do IBGE, é de 101%, repercute intensamente na vida da sociedade pa­

ranaense.

A chegada de grandes levas de migrantes ao Paraná, no­

tadamente gaúchos e catarinenses de origem alemã e italiana, no sudoeste; e nordestinos, mineiros e paulistas no norte.

incorpora produtivamente estas regiões ao Estado.

A presença desta nova população, atraída pela promessa de terra fácil e fértil, implica na alteração da estrutura fun­

diária dessas regiões. Porém, na tentativa de realizarem suas expectativas, os colonos, ao "apossar(em)-se abruptamente das melhores terras devolutas do Estado, assentando benfei­

torias, desordenadamente a mais das vezes, em terras já tituladas ou comprometidas”,8 acabam por se contrapor à expectativa dominante, de encontrar neste migrante apenas um trabalhador laborioso e disciplinado, mão-de-obra para as propriedades já comprometidas do Estado. Concretamen- te, o clima de instabilidade reinante nas terras do sudoeste e a “guerra” de Porecatu no norte, manifestam a tensão so­

cial gerada no interior desse conflito.9

7 V e r , IN S T IT U T O P A R A N A E N S E D E D E S E N V O L V IM E N T O E C O N Ô M IC O E S O C IA L

— IP A R D E S . H is tó ria política do Paraná. V e r s ã o p r e lim in a r . C u ritib a , 1987. p.85.

8 V e r a M e n s a g e m d o g o v e r n a d o r M o y s é s L u p io n d e 1948, In : IP A R D E S . H is­

t ó r i a 1988. p .55. ))

9 C O L N A G H I, M . C r is tin a , C o lo n o s e P o d e r , a luta pela terra no Sudoeste do P araná. C u ritib a , 1984. D is s e r t a ç ã o , M e s tra d o , U F P R .

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expulsar, dali a influência comunista que intentava uma experiência de conquista de áreas rurais; (e, ao provocar) o fracasso dessa tentativa, conseguiu a polícia restabele­

cer, em toda a sua extensão, o princípio de autoridade, sem o uso da força, sem o emprego de violência desneces­

sária, readquirindo assim a confiança na solução justa que aos interessados, ofereceu o Governo.10

O gerenciamento e a disciplinarização da população, exigem uma interferência cada vez maior no cotidiano de seus governados, o que implica na intensificação e ampliação da ação de governo. Esta prende-se aos mais variados aspec­

tos da vida em sociedade, concretizando-se em práticas diri­

gidas às áreas de saúde pública, saneamento, educação, trans­

portes, segurança e trabalho.

Fazer das novas regiões colonizadas pólos geradores de divisas para o Paraná, é uma necessidade que a ação de governo vincula àquela de manter-se o controle da população.

Até então, o distanciamento viário do norte do Paraná para com o “Paraná Tradicional” dificultava o escoamento da pro­

dução via capital e porto de Paranaguá. Disto resultava a ligação do norte cafeeiro, tanto política quanto economica­

mente com São Paulo.

A construção do Centro Cívico no governo Bento Munhoz da Rocha Netto (1950-55) simboliza a materialização de Curitiba pensada como centro de poder no Estado. Repre­

senta, juntamente com a construção de outras obras públi­

cas (Biblioteca Pública do Paraná, Praça do Centenário, Teatro Guaíra, etc.) as transformações físicas e políticas que ocorrem na capital paranaense para o cumprimento des­

se papel.

Tanto quanto o Paraná nesse período, sua capital é inva­

dida por uma nova população de diferentes origens e com diferentes expectativas. Com um mercado de trabalho em expansão,11 torna-se também pólo atrativo de migrantes. No

10 V e r a m e n s a g e m d o g o v e r n a d o r B e n to M u n h o z d a R o c h a N e tt o d e 1952, In : IP A R D E S . H is t ó r ia 1988. p.89.

11 B A L H A N Á , À . e t a lii. H is tó r ia d o P a ra n á . C u ritib a : G r a fi p a r , 1969. p .248.

(15)

período, a população da capital tem um aumento percentual de 98,78%, passando de 180.575 almas em 1950 para 356.830 no ano de 1960.12

A Curitiba da década de 50 altera sua trajetória de pa­

cata capital de província. Centro do “Paraná Tradicional”, com tradições campeiras e extrativistas, defronta-se com um novo ritmo de vida, que interfere no seu mundo tido como conhecido e seguro.

Esse novo elemento, o migrante, passa a simbolizar os problemas decorrentes ou não dessas transformações. Nele são identificados os males da sociedade: ele é o aventureiro, o desordeiro, o subversivo, o doente, o preguiçoso... Para a população da tradicional Curitiba o trabalhador disciplinado e higienizado quase sempre esfuma-se diante da realidade.

Este novo que surge no cotidiano de Curitiba acaba por interagir com elementos já presentes nesta sociedade, o que nos permite localizar alguns exemplos dessas relações con­

traditórias.

Esse clima de tensão verifica-se em outros movimentos.

Em estudos monográficos sobre o período encontramos, de um lado, segmentos sociais femininos organizando-se princi­

palmente em tomo de instituições de caridade e obras assis- tenciais vinculadas, em geral, à Igreja, neste momento carac­

teristicamente conservadora e elitista.13 Por outro lado, ao movimento contra o preço da carne organizado por donas- de-casa em 1953, agregam-se outros setores da sociedade, representados por suas entidades: sindicatos, centros aca­

dêmicos, partidos políticos... Como o custo de vida, a cares­

tia e os baixos salários são constantes da vida econômica do país, o movimento estende-se a outras capitais, chegando ao clímax, em Curitiba, no terceiro dia de manifestações, com o fechamento de vários açougues e “quebra-quebra”

generalizado no centro da cidade, “obrigando” à intervenção do Exército.

12 IB G E . Censos demográficos. 1950-1960.

13 SC H IN E M A N N , F. & H O F F M A N N , S. A v e r m e lh a g re v e b r a n c a . T E D E S C H I, H . O ideal d « m undo da igreja católica.,, M A R T IN S , A .P . M u lh e re s, lu ta , e p o d e r ; a o r g a n iz a ç ã o d o m o v im e n to d e m u lh e re s em C u ritib a .

(16)

Ainda nesta década de 50, a ampliação da ação de governo torna necessária a contratação, por parte deste, de novos quadros para gerir o Estado. Moysés Lupion constata que

“ao final de seu primeiro mandato (1950) o funcionalismo público compunha-se de treze mil pessoas, aproximando-se de trinta e duas mil quando reassumiu” (1956).

Curitiba, “erigida em centro de poder”, concentra os (novos) órgãos da administração pública, e conseqüentemen­

te grande número desse funcionalismo público; na “Cidade Universitária” a classe média14 tem numérica e socialmente peso significativo na sustentação e reprodução de um dis­

curso autoritário, que ao utilizar-se de imagens de crise a tem como destinatário.

Também constituem este cenário de “crise”, as tentati­

vas de conferir uma identidade regional ao Paraná. No início do século a presença do imigrante implicava na necessidade de caracterizar “nossa gente” . Segundo Romário Martins,

“daí provêm a nossa gente. A gente do Brasil. Do índio puro, do caraíba puro e dos seus mestiços, Essa gente e os seus descendentes foram os que fizeram Curitiba, que fizeram o Paraná, que fizeram o Brasil.”15

Na década de 50 são os migrantes que obrigam a se pensar um novo perfil do homem paranaense:

O símbolo perfeito do homem paranaense é nesse parti­

cular, aquele alfaiate Antonio Pospissil, que a 8 de março de 1863, deixava sua cidade natal de Romêrstadt, burgo austríaco solidamente arraigado em terra firme, para a grande aventura transatlântica que o traria a Curitiba.16

Passando do índio e português ao imigrante europeu de outras etnias, tenta-se sempre conformar a identidade para­

naense de tal maneira a fortalecê-la diante do “outro”, do

14 S e g u n d o M a r ile n a C h a u í: « m e d i a d o r a e n tr e E s ta d o e as d e m a is cla s se s a tr a v é s d a f u n ç ã o d e g o v e r n o , d a a d m in is tr a ç ã o e d a ju s ti ç a q u e p r o t e g e a s p e s s o a s e a p r o ­ p r ie d a d e p r i v a d a ” p.5 8 .

15 M A R T IN S , R . T e r r a e gente do **araná. p .7 5 . 16 M A R T IN S , W . Um Brasil diferente, p .9.

(17)

“novo”, para que este se integre à ela, para que haja a “acul­

turação" desses novos elementos. Para Wilson Martins, autor de Um Brasil Diferente,

Em 1950 e pouco, quando me surgiu a idéia de escrever esse livro sobre o Paraná ( . . . ) , eu percebo agora, que tinha um sentimento instintivo de que aquele Paraná estava de­

saparecendo. ( . . . ) Na época, eu não tive consciência dessa idéia, tive agora justamente percebendo que nós, hoje, vi­

vemos já num Paraná diferente deste Paraná.

( . . . )

Aqueles extratos iniciais de imigração européia sobretudo, de colonização estrangeira, os fenômenos todos da acultu­

ração já se tornaram a matéria mesma do Paraná. E, em cima deste ( . . . ) "desta camada geológica” do primeiro Pa­

raná está, agora, sedimentando-se o segundo Paraná das migrações internas, que já é uma imigração, por um lado, brasileiramente convencional, do pessoal do norte e o do nordeste do Brasil que vem para o norte e o noroeste do Paraná e assim por diante.17 (grifo nosso).

Porém, estas tentativas são o esforço derradeiro de conservação e manutenção da ordem estabelecida em uma sociedade que está em acelerado processo de transformações.

Muito longe de se constituir um movimento restrito à elite intelectual curitibana, o esforço de conceber uma iden­

tidade ao Paraná e ao homem paranaense, se traduz cotidia- namente na imprensa e na própria ação do governo, elegendo signos e símbolos que circulam no imaginário popular como representativos de sua personalidade: o pinheiro, o céu azul, a pinha... ou, por outro lado as grandiosas comemorações do centenário da emancipação política do Estado promovidas pelo governo.

"Um Brasil Diferente”, "O Paraná Vivo”*; a utopia para­

naense se realiza neste "vivo” e neste "diferente”, confe­

rindo uma identidade "regional” ao Paraná.1«

17 M A R T IN S , W . Um Brasil diferente. P a le s t r a p u b lic a d a n a r e v is ta “ F u n d a ç ã o ’ ’ , e d ita d a p e la F u n d a ç ã o C u ltu r a l de C u ritib a , a b r ij, 1980. p . 66.

18 B U R M E S T E R et alii. Paranism o em questão # p .24.

* U m B r a s il D if e r e n t e e P a r a n á V iv o s ã o t ít iiio s d e o b r a s f e it a s p a r a a c o ­ m e m o r a ç ã o d o c e n t e n á r io d e e m a n c ip a ç ã o p o l ít i c a d o E s ta d o , em 1953.

(18)

4 A PEÇA DOS ELEITORES Um Simples Equívoco

O sr. Gustavo Corção, em artigo estampado domingo na imprensa do Rio e de São Paulo, comentando o último pleito nacional lamentou o que classifica de "epidemia de estupidez” verificada em nosso Estado, com a chocante votação aqui obtida pelo sr. Plínio Salgado.

Segundo o conhecido e acatado jornalista e escritor católico durante longos anos estaremos cobertos de ridí­

culo, por termos sido a unidade brasileira "onde o inte- gralismo obteve a melhor colocação”.

Não há dúvida de que, de fato, nós paranaenses nos estamos sentindo paradoxalmente bastante "esquerdos”, desde que os cômputos das urnas nos revelaram que o sr.

Plínio obtivera a maioria simples dos sufrágios em nossa Capital e em umas poucas outras cidades, tendo, inclusive, conseguido em todo o território estadual disputar o pleito em condições de igualdade com seus competidores, embora batido por dois deles. Nossos sentimentos democráticos efetivamente não se coadunam com os quase cem mil votos dados ao sr. Plínio em nossa terra, esse sr. Plínio que, seja qual for a nova pele em que tenha se metido, será sempre para nós o que é para o Brasil — o chefe do fas­

cismo indígena. Mas daí a afirmar que por longos anos ficaremos "cobertos de ridículo” por força desse eventual sucesso eleitoral entre nós do candidato repudiado pela esmagadora maioria do povo brasileiro, vai um passo muito grande. Afinal, não é justo que todo o Paraná seja condenado por culpa do pronunciamento equivocado de escassos 24% dos seus eleitores que foram às urnas em 3 de outubro. Mesmo, porque, nem mesmo os sufrágios des­

ses 24% podem confirmar sequer a afirmativa de que o integralismo foi muito votado no Paraná.

Com efeito, se é verdade que o sr. Plínio inesperada­

mente chegou em 1.° em Curitiba, Ponta Grossa e outras cidades nossas, não menos certo é que os candidatos mu­

nicipais de seu Partido foram unanimemente repelidos em todos os nossos municípios, mesmo na Capital, onde a agremiação registrada pelos antigos integralistas não con­

seguiu fazer sequer um Vereador. Quer isso dizer que, de certo modo, a votação dada ao sr. Plínio não foi de fato votação dada ao integralismo. Seria, antes, fruto de um equívoco de grupos pouco politizados, descontentes com a situação político-econômica do País, uma espécie de votos

(19)

“do contra”, que, somados aos poucos milhares de sufrá­

gios efetivamente político-partidários dos remanescentes do integralismo e de filhos de estrangeiros simpatizantes de outros fascismos, deram em consequência aquêle volu­

me de cédulas que tão desagradavelmente nos impressio­

nou, a nós e ao sr. Corção.

Um equívoco, sem dúvida, mas, afinal, um simples equí­

voco num País de ainda escassa experiência democrática e dentro de uma conjuntura econômico-política de fato des- norteante e propícia a tais enganos. Aliás, o sr. Corção não precisaria andar muito para descobrir equívocos de tal sor­

te: ainda no ano passado, e justamente num 3 de outubro o eleitorado carioca — o eleitorado da Metrópole do País

— não deu 150 mil votos batidos ao sr. Carlos Lacerda, o mais anti-democrático dos políticos nacionais? (grifo nosso).

(Editorial d’0 Estado do Paraná — 18/10/55).

Em Curitiba, o debate político levado a efeito pela im­

prensa durante a campanha eleitoral, gira em torno princi­

palmente das candidaturas ao governo do Estado, cuja elei­

ção deu-se concomitantemente à de Presidente da República.

Nessas eleições, os candidatos ao governo estadual foram:

Moysés Lupion pelo Partido Social Democrata — PSD, coli­

gado com o Partido Democrata Cristão — PDC e o Partido Trabalhista Nacional — PTN; Mário Baptista de Barros pela coligação Partido Trabalhista Brasileiro — PTB e Partido Republicano — PR; Othon Mader pela União Democrática Nacional — UDN; Luiz Carlos Tourinho pelo Partido Social Progressista — PSP e Carlos Amoreti Osório candidato do Partido Socialista Brasileiro — PSB.

Com o acirramento da luta pelo voto, a polarização das posições leva os jornais abrirem cada vez mais espaço às questões e pronunciamentos favoráveis ao candidato por eles apoiado, da mesma maneira em que procuram denegrir em todos os sentidos a candidatura contrária, tentando "não rebaixar o nível ético da campanha” .

Quanto à campanha presidencial, além da propaganda

paga, por vezes de página inteira, favorecendo os candidatos

dos partidos que têm concorrentes à governança estadual, os

(20)

jornais curitibanos trazem em suas matérias o reflexo da campanha desenrolada em outros pontos do país, reproduzin­

do em geral, notas e artigos da grande imprensa paulista e carioca. Estes dados acabam por produzir um destaque das candidaturas de Juscelino, Juarez e Adhemar.

A candidatura de Plínio Salgado porém, quando não igno­

rada, é tratada com flagrante menosprezo. O analista polí­

tico do jornal O Estado do Paraná comenta em sua coluna:

Para ganhar eleição, a presença no páreo do nome do Sr. Plínio Salgado é apenas simbólica e merece aquele res­

peito que os democratas sempre nutriram pelas opiniões alheias, mesmo quando elas parecem constituir séria amea­

ça à sua própria opinião, (grifo nosso).

(21/06/55, p.3)

Este posicionamento constante de desdém manifesto pela imprensa, acentua-se com a proximidade do pleito e também em função dos resultados de algumas prévias reali­

zadas, onde o ex-líder “camisa verde” recebe significativo número de votos, sem contudo ameaçar os primeiros colo­

cados.

A reação a este fato vem com a denúncia dos antece­

dentes integralistas do candidato perrepista, vinculando-o ao fascismo totalitário. Plínio é acusado de conservador e retró­

grado, com propostas e soluções idênticas às de 1932 (O Es­

tado do Paraná, 12/07/55, p. 3). Assim como divulga-se o sentimento de revolta contra a sua candidatura de vários segmentos da sociedade, inclusive de ex-pracinhas que con­

sideram-na “uma afronta aos mortos e mutilados da gloriosa

FEB” (O Estado do Paraná, 18/09/55, p. 4). Ainda neste

contexto é noticiada a reprodução pelo jornal O Estado de

São Paulo, de página do diário do italiano Conde Ciano, onde

afirma terem os integralistas sido financiados pelo fascismo

italiano nos anos de 37 e 38 (O Estado do Paraná, 23/09/55,

p. 4).

(21)

Procura-se também, vincular Plínio Salgado

à

parcelas das elites brasileiras:

Segundo a imprensa juarezista carioca, o Sr. Plínio Sal­

gado, de todos os candidatos é o que mais está gastando em sua propaganda. O ex-chefe nacional integralista esta­

ria gastando os tubos reunidos através de “vaquinha” de industriais paulistas e cariocas interessados em pô-lo no poder para reduzir a zero toda a legislação trabalhista (O Estado do Paraná, 17/09/55, p. 4).

O comentário reforça a notícia publicada neste mesmo diário a 8 de julho, na qual informa-se que dos três candi­

datos participantes da mesa redonda promovida pelas Asso­

ciações Comerciais do Brasil, no Rio de Janeiro, só Plínio teria idéias satisfatórias para estas, com relação às questões da participação dos empregados nos lucros das empresas e da exploração estatal de petróleo.

Esta atitude de pouco caso não se altera, apesar da constatação pela totalidade dos jornais diários, de que o co­

mício de Plínio Salgado, a 5 de setembro, foi o mais concorri­

do de todos os realizados na capital paranaense:

O Sr. Plínio Salgado, de todos os candidatos que, na atual temporada eleitoral, ocuparam o já clássico palanque da Avenida João Pessoa, incontestavelmente foi o que conse­

guiu reunir mais público para o seu comício oficial de pro­

paganda. Muita gente, de fato muita, esteve ontem no cen­

tro da cidade para ouvir o quarto candidato ao Catete, o homem que seus partidários afirmam marcará a surpresa de 3 de outubro. É de se acreditar que a maioria ali esteve por simples curiosidade, pois a convicção geral e pacífica continua a ser a de que o Sr. Salgado não escapará do quarto lugar no próximo pleito. Mas, com a honestidade com que vimos aferindo a concorrência aos comícios da Avenida João Pessoa, temos de registrar aqui que o do ex-chefe nacional integralista bateu, e com bastante folga, o de seus competidores Juscelino Kubitschek, Juarez Tá- vora e Adhemar de Barros. A mesma honestidade, todavia, leva-nos ao registro de que o volume dos aplausos obtidos pela oratória do Sr. Plínio — sobremodo cansativa, aliás

— esteve muito longe de corresponder ao volume da massa popular presente ao ato (O Estado do Paraná, 06/09/55, p.4 — grifos nossos).

(22)

No jornal O Dia justifica-se a presença de grande número de pessoas no comício de Plínio pela sua força de erudito e líder nacional, que embora decadente ainda é capaz de fazer um “show em regra”. “O renitente líder fascista brasileiro não deixou de ser um motivo de atração para comícios: se mais não fosse ao menos pela legendária verve oratória pelos transes em que cai ao propagar, messianicamente, a sua doutrina”.

A seguir comenta-se nesta mesma matéria a visita a Plínio, de Othon Mader e Ruy Itiberê da Cunha, respectiva­

mente candidato à sucessão estadual e presidente do diretó­

rio regional da UDN, para agradecer o apoio que Othon vinha recebendo de elementos filiados ao PRP. “Aqui os entendimentos entre fascistas e udenistas são abertos” (O Dia, 07/09/55, p. 4). Cabe esclarecer que este jornal presta-se como um dos principais instrumentos de propaganda de Moysés Lupion, que concorre pelo PSD ao governo do Estado.

Porém, não se deve descartar a tentativa de um acordo à nível nacional entre UDN e PRP, a julgar por notícias en­

contradas em diversos momentos da campanha, veiculadas por outros jornais. Contudo, Juarez Távora, candidato presi­

dencial da coligação PDC-UDN, desmentindo qualquer acordo com os integralistas, em maio “admite apenas ter conversado com Plínio em um retiro espiritual” (O Estado do Paraná, 27/05/55, p. 4 — grifo nosso).

Já Belmiro Valverde, líder integralista em 1938, apela aos integralistas através da imprensa para votarem em Jua­

rez, uma vez que considera Plínio indigno de confiança, pois este faltou à verdade ao negar ter-lhe autorizado promover o Movimento de 3819 (Gazeta do Povo, 11/09/55, p. 1).

Cumpre lembrar que as alianças e fidelidades partidárias nacionais não se reproduzem necessariamente nos arranjos políticos à nível estadual. Como exemplo é ilustrativo o caso do PDC no Paraná. Neste Estado, coligado ao PSD e PTN

19 S o b r e o m o v im e n to in te g r a lis ta de 38 ver, (SILV A, H . T e rro ris m o em Campo Verde. R io d e J a n e ir o : C iv iliz a q ç ã o B r a s ile ir a , 1971.

(23)

apóia para o governo a candidatura de Moysés Lupion, que tem como maior concorrente o candidato da UDN, Othon Mader. Nacionalmente, entretanto, o PDC coliga-se à UDN ra sustentação da candidatura presidencial de Juarez Távora.

O esforço da imprensa curitibana em desconsiderar as chances do candidato “verde”, ao mesmo tempo em que o vincula às expressões maiores do conservadorismo e autori­

tarismo existentes no país, parece ficar restrito a ela própria e ao eleitorado já comprometido com algum dos outros candidatos.

Cabe aqui indagar os limites da imprensa enquanto for­

madora de opinião. As pessoas vivem as suas vidas, suas rotinas e pequenos dramas diários, reproduzindo cotidiana- mente as representações que fazem do social, onde permane­

cem latentes componentes autoritários, de certa forma inde­

pendentes da posição manifestada pela imprensa. É nesse cotidiano de relações contraditórias que se deve buscar a ressonância de propostas autoritárias onde, segundo análise de Chauí, a eficácia prática suplanta a coerência teórica.

Nesse sentido o resultado da votação de 3 de outubro, dando maioria de votos a Plínio Salgado, em Curitiba, é surpreendente.

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1.“ Curitiba ... 6.827 4.238 3.349 2.177 227 120 16.938

2.a Curitiba .. 7.284 4.591 2.580 2.504 329 248 17.536 3.a Curitiba . 6.203 4.494 2.304 2.766 259 155 16.048 4.a Curitiba ... 8.617 5.535 3.644 3.916 397 120 22.229 TOTAL 28.931 18.858 11.877 11.363 1 .2 1 2 643 72.751 Fonte: Paraná Eleitoral, 30/11/55, p. 6.

(24)

Percebe-se por estes dados a significativa vitória de Plínio Salgado em Curitiba. O percentual de 39,76% de votos por ele recebido em relação ao total geral, mantém-se em cada uma das quatro zonas eleitorais, demonstrando um equilíbrio na receptividade a suas propostas, manifesta nas diferentes regiões da cidade.

É possível concluir deste dado que o eleitor de Plínio não se restringe a um só segmento social, apesar de seu discurso ter como destinatário privilegiado a classe média.

Pois, a crise de identidade do homem paranaense, tanto os mais antigos quanto os migrantes, crise social e econômica, sentida e imaginada nos vários setores da sociedade curiti- bana, amplia a repercussão das propostas plinianas.

No resultado da votação em Curitiba, Adhemar aparece em segundo lugar com 25,92%, Juarez na terceira colocação com 16,32% e Juscelino em quarto lugar com 15,61% do total de votos.

Os candidatos à Vice-Presidência, João Goulart (PSD

t

PTB), Miltom Campos (PDC-UDN) e Danton Coelho (PSP) obtiveram em Curitiba os seguintes resultados: o udenista

“histórico” Miltom Campos é o mais votado com 30.701 vo­

tos, obtendo pequena vantagem sobre João Goulart, segundo colocado com 29.048 votos e Danton Coelho teve 5.183 vo­

tos ficando em terceiro lugar.

(25)

Na eleição para o governo do Estado, em Curitiba obte­

ve-se o seguinte resultado:

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Na análise dos resultados eleitorais demonstrados nos quadros acima, surpreende a aproximação significativa do número de votos dados nas quatro zonas eleitorais para Plínio Salgado e Moysés Lupion.

Uma primeira hipótese para tal aproximação, apesar da impossibilidade de se confirmar concretamente qual eleitor de Plínio é o mesmo de Lupion, vem da própria campanha deste, que graças a divergências políticas com Juscelino Kubitschek não vincula a sua candidatura a do candidato presidencial do PSD, deixando aberto o espaço político para os outros candidatos à Presidência.

Outro aspecto a ser analisado é o possível acordo entre UDN e PRP no Paraná, o que também explicaria a vitória em Curitiba do candidato udenista Miltom Campos à Vice- Presidência e que o “Sr. Othon Mader parecia ter assegurado o posto (2.° lugar) graças ao que se afirma à substanciais votações de muitos dos que votavam em Plínio para presi­

dente” (O Estado do Paraná, 07/10/55, p. 4).

(26)

Ainda com relação à Vice-Presidência, a expressiva vo­

tação de João Goulart em Curitiba, pode estar relacionada ao fato de que o candidato à governança pelo PTB, Mário de Barros, segundo mais votado, tenha feito campanha para seu correligionário.

Outro dado que surpreende nesta análise das eleições de 1955 em Curitiba, é o PRP não ter eleito nenhum dos seus candidatos a vereador, bastando para tanto 10% dos votos recebidos pelo seu candidato à Presidência.

Com a divulgação do resultado do pleito a surpresa marca as páginas dos jornais: “Quem, por exemplo, salvo um integralista em pleno transe, poderia calcular que o Sr.

Plínio Salgado iria obter em nossa capital e em em nosso estado a votação que obteve?” CO Estado do Paraná, 09/10/55, p. 4).

As explicações encontradas para o fato, “um simples equívoco” , desconsideram a história da capital paranaense, que nos anos 30 foi importante reduto integralista, inclusive com militantes da AIB fazendo parte de sua Câmara de Ve­

readores20.

O esforço jornalístico é exatamente no sentido contrário.

Tentando descaracterizar Curitiba como integralista, a im­

prensa ressalta a inexpressividade do Partido de Represen­

tação Popular, demonstrada no desempenho de seus candi­

datos a vereador:

O mais interessante, porém nisso tudo, é que apesar de o Sr. Plínio Salgado ter obtido trinta mil votos em Curitiba, seu partido atual, o PRP, não conseguiu arrastar para seus candidatos a vereança municipal curitibana nem um quinto dessa votação, continuando municipalmente valer tanto quanto antes: quase nada (O Estado do Paraná, 07/10/55, p. 4).

20 V e r. P A R A N Á P o l í t i c o - E c o n ô m ic o ; h o m e n a g e m a os e le ito s p a r a os g o v e r n o s m u n ic ip a is , e le m e n to s de re a l p r o j e ç ã o d o s p a r tid o s p o lít ic o s d o E s ta d o ; 193 5-3 6. E d i­

ç ã o e s p e c ia l doi A n u á r io S u l B r a s il.

(27)

A “legendária verve oratória” e “força de erudito” do

“ renitente líder fascista” parece, então, ter tido peso signi­

ficativo na opção de voto do eleitorado curitibano.

A análise da votação de Plínio Salgado nos municípios do Estado em que obteve 1.° e 2° lugares nas eleições presi­

denciais de 1955 (*), demonstra que no litoral não houve repercussão eleitoral considerável às suas propostas. Na região de Curitiba e Campos Gerais, “Paraná Tradicional”, o voto verde aparece em número ponderável, porém não per­

mite estabelecer uma relação mecânica entre um e outro.

Além, no norte do Estado, o ex-chefe integralista recebe significativa quantidade de votos a partir de Jacarezinho até Londrina - Maringá. Note-se que é nesta região onde as con­

tradições analisadas anteriormente, desenrolam-se com a intensidade febril da corrida do “ouro verde”.

Quando dirige-se o olhar para o oeste-sudoeste, encon­

tra-se aí municípios nos quais Plínio também registrou expressiva votação.

O interior do Estado, na época com 152 municípios, dos quais Plínio obteve o primeiro lugar em 18 e o segundo em 25, parece corrigir assim, “a impressão de ‘esverdeamento’

do Paraná, que foi dada pelo resultado de Curitiba, desban cando Plínio do primeiro lugar e passando à frente Adhemar de Barros e Juscelino Kubitschek” (O Estado do Paraná, 13/10/55, p. 4).

* V e r M a p a a n e x o .

Referências

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