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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ PRÓ REITORIA ACADÊMICA - PROAC CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA GABRIELA UCHÔA PAES BARRETO

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ PRÓ REITORIA ACADÊMICA - PROAC

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

GABRIELA UCHÔA PAES BARRETO

ALIENAÇÃO PARENTAL: OS IMPACTOS CAUSADOS NA CRIANÇA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

João Pessoa

2020

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GABRIELA UCHÔA PAES BARRETO

ALIENAÇÃO PARENTAL: OS IMPACTOS CAUSADOS NA CRIANÇA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Monografia apresentada a Coordenação do Curso de Psicologia do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Psicologia sob orientação da Prof.ª Esp.

Mônica Domingos Bandeira.

João Pessoa

2020

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B273a Barreto, Gabriela Uchôa Paes.

Alienação parental: os impactos causados na criança no processo de ensino aprendizagem /Gabriela Uchôa Paes Barreto. - João Pessoa, 2020. 44f.

Orientador (a): Profa. Esp. Mônica Domingos Bandeira Monografia (Curso de Psicologia) – Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

1. Alienação. 2. Síndrome. 3. Criança. 4. Aprendizagem. 5.

Desenvolvimento. I. Título.

UNIPÊ/BC CDU – 347.6

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ALIENAÇÃO PARENTAL: OS IMPACTOS CAUSADOS NA CRIANÇA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

GABRIELA UCHÔA PAES BARRETO

Monografia apresentada ao Curso de Psicologia do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, como requisito parcial para a obtenção do título de Psicóloga,

obtendo Conceito _____

Data: ________________

( ) Aprovada ( ) Reprovada

BANCA AVALIADORA

________________________________________________________________

Profa. Esp. Mônica Domingos Bandeira (Orientadora - UNIPÊ)

________________________________________________________________

Profa. Ms. Bárbara Bezerra Arruda Camara (Membro – UNIPÊ)

________________________________________________________________

Profa. Esp. Erika Aranha Fernandes Barbosa

(Membro – UNIPÊ)

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Dedico este trabalho a Deus, ao meu filho,

pais e irmãos. Em especial meu irmão

Felipe (in memoria) que não está mais

entre nós, mas que sempre me apoiou e

torceu por mim. Saudade.

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Agradecimento

Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele não conseguiria chegar até aqui.

Tenho certeza que Ele me deu força para passar por todos os momentos de fraquezas e dificuldades que aconteceram durante toda a graduação. Sou imensamente grata a ti Senhor.

Aos meus pais, por sempre me apoiarem em todos os momentos da minha vida, que nunca medem esforços para me ajudar e apoiar. Obrigada mãe, obrigada pai por serem tão maravilhosos comigo. Vocês são minha fonte de amor e carinho.

Ao meu filho Cauê que do jeitinho dele me ajudou, posso citar inúmeras demonstrações de carinho, quando ele entrava no quarto para me dar um beijo e falar que amava, nas noites que ficou ao meu lado em silêncio me vendo estudar, quando me falava uma palavra de apoio. Filho, meu esforço e dedicação é por você.

Agradeço aos meus irmãos Felipe e Rodrigo, vocês que sempre torceram por mim e estavam sempre dispostos a me ajudar. A Ednalva, minha segunda mãe que sempre cuidou de mim com todo amor que uma mãe poderia cuidar e amar.

As minhas amigas da faculdade, que vou levar para minha vida, Jéssica, Samara e Sheila. Sempre estiveram ao meu lado, desde o início da graduação, nos momentos bons e ruins estávamos sempre juntas. E a todos os meus colegas de classe, que sempre foram prestativos e empáticos. Nossa turma é demais.

A minha orientadora Mônica, que sempre paciente, prestativa, acolhedora e empática. Muitas vezes puxava minha orelha, mas eu tenho a certeza que era uma forma de carinho, sou grata por todo aprendizado. No meu momento de dor e sofrimento ela estava me apoiando e acolhendo.

As professoras Bárbara e Erika que compõe minha banca, obrigada por aceitar de imediato meu convite e pelo tempo disponibilizado. A todos os meus professores da graduação, sou imensamente grata pela paciência e dedicação com seus alunos, pode ter certeza que sem vocês não chegaria até aqui e me ajudaram a construir a pessoa que sou. Todos vocês têm meu eterno respeito e admiração.

E aos meus amigos e familiares, que longe ou perto estavam torcendo por mim,

me apoiando e me ajudando sempre.

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“Quando olho uma criança, ela me inspira dois sentimentos, ternura pelo o que é, e respeito pelo o que possa ser.”

Jean Piaget

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RESUMO

A alienação parental ocorre principalmente após o rompimento conjugal e consiste na tentativa de distanciamento do filho de um dos seus genitores. O genitor alienante utiliza-se do filho para denegrir a imagem do outro, causando sofrimento para ambos e inúmeros prejuízos psíquicos, emocionais e comportamentais na criança ou adolescente. A revisão bibliográfica permeou por todo o trabalho, e tem como objetivo definir o conceito de alienação parental e síndrome da alienação parental, identificar os impactos ocasionados na criança dentro do processo de ensino aprendizagem e de qual forma a família e a escola podem auxiliar no desenvolvimento da criança.

Diante disto, esta temática é de grande importância nos dias de hoje porque a alienação parental é vivenciada dentro do seio familiar, e não restringe somente aos pais o ato de alienar. O abalo emocional da criança pode trazer consequências mediatas ou imediatas, pois é a partir do contato com a realidade e a interação da criança com o meio que está inserida que ocorre o processo de desenvolvimento e aprendizagem. Além disso, esta pesquisa também permeará na correlação da família e a escola, e de qual forma elas podem contribuir para que haja um desenvolvimento emocional saudável. E diante de estudos e análises percebe-se que o resultado dessa guerra familiar pode resultar em consequências maléficas, sendo essencial mais discussões acerca do tema, com intuito de evitar e solucionar os prejuízos causados nas crianças que sofrem a alienação parental.

Palavras-chave: Alienação. Síndrome. Criança. Aprendizagem. Desenvolvimento.

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ABSTRACT

Parental alienation occurs mainly after the marital breakup and consists of an attempt to distance the child from one of its parents. The alienating parent uses the child to denigrate the image of the other parent, bringing suffering for both and causing the child or adolescent various psychological, emotional and behavioral losses. The bibliographic review permeated throughout the work, and aims to define the concept of parental alienation and parental alienation syndrome, identify the impacts caused on school-age children and how the family and the school can assist the child's development. That said, this theme is of great importance nowadays for parental alienation is experienced in the family bosom, and does not restrict the act of alienation to the parents only. The emotional shock of the child can have immediate or long-term consequences, as it is from the contact with reality and the child's interaction with the environment that the development and learning process takes place. In addition, this research will also permeate the correlation between family and school, and how they can contribute to a healthy emotional development. In the face of studies andanalysis it is clear that the result of this family war can result in harmful consequences being necessary more discussions on the topic in order to avoid and solve the damage caused to children who suffer parental alienation.

Keywords: Alienation. Syndrome. Child. Learning. Development.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

2 ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL ... 12

2.1 Conceito de alienação parental e síndrome da alienação parental (SAP) ... 12

2.2Aspectos jurídicos da criança e da alienação parental ... 16

3 A CORRELAÇÃO DA FAMÍLIA E ESCOLA PARA O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA ... 21

3.1 Visão panorâmica da família na contemporaneidade ... 21

3.2A correlação da família e da escola para o desenvolvimento emocional da criança .... 23

4 A CRIANÇA ALIENADA E AS CONSEQUÊNCIAS DENTRO DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM ... 27

4.1 O processo de desenvolvimento infantil ... 27

4.1.1 Estágio sensório motor ... 27

4.1.2 Estágio pré-operatório... 28

4.1.3 Estágio operatório concreto ... 29

4.1.4 Estágio formal ... 30

4.2 A criança alienada e suas implicações no âmbito escolar ... 32

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 36

REFERÊNCIAS ... 38

(11)

1 INTRODUÇÃO

No cenário atual vem crescendo o número de separações entre casais com filhos menores de idade, constantemente, o processo de separação é árduo e pode gerar alguns entraves na relação com a guarda da criança, causando assim desgaste emocional para ambos os lados e grandes prejuízos para a criança que pode se tornar a principal vítima.

Quando o término do relacionamento ainda não é superado, alguns genitores utilizam o filho como instrumento de poder para se vingar do ex-companheiro(a) como forma de chantagem e punição, praticando assim a alienação parental, tornando um meio utilizado para tentar violar os laços afetivos do menor com o outro genitor.

Alienação parental é um ato praticado pelos genitores, assim como por outros membros da família, como avós, tios e irmãos (JESUS; COTTA, 2016).

A síndrome da alienação parental é a soma das consequências emocionais e comportamentos decorrentes a alienação, sendo estes desenvolvidos pela criança no decorrer do tempo. Para Tosta (2013, p.18), “a Síndrome de Alienação Parental, também chamada de falsas memórias ou abuso do poder parental, é reconhecida como forma de abuso emocional que pode causar à criança ou ao adolescente distúrbios emocionais”. Observando todo esse processo e seus danos Buosi relata:

A partir do momento que um dos pais, por um problema pessoal com o ex- cônjuge, utiliza-se de seu filho como uma forma para causar-lhe sofrimento e afastar da criança um dos genitores que também o ama, causa consequências gravíssimas no desenvolvimento desta e do ex-parceiro afastado (BUOSI, 2012, p.58).

Diante disso, as consequências são desastrosas, podendo causar prejuízos psicológicos nas crianças e jovens, bem como influenciar em seus desenvolvimentos.

Os sintomas podem aparecer em vários ambientes, dentre eles o escolar, ambiente este que ocupa uma posição de bastante importância para a criança, de modo que reduza ou potencialize alguns comportamentos que podem indicar a existência da alienação parental, sendo eles: a criança se tornar mais agressiva, brigar com outros colegas, tais hábitos que demonstram abalos emocionais.

A família assume um papel primordial para o desenvolvimento saudável da

criança. Segundo Santos e Maranhão (2017, p.18), “um dos papéis familiar, é oferecer

condições para que a criança construa sua identidade, além de auxiliar na

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socialização e no enfrentamento dos conflitos próprios do ser humano”. Sendo assim fundamental para criança um ambiente com amor, respeito, afeto e confiança, para que o desenvolvimento seja construído de forma sadia.

O desenvolvimento da criança está relacionado com o meio em que ela está inserida e as pessoas que estão envolvidas, caso esse ambiente não seja saudável, pode ocasionar uma desorganização irreversível no desenvolvimento emocional da criança. Causando consequentemente danos no processo de ensino aprendizagem, pois a aprendizagem é o resultado de fatores internos e externos.

Este trabalho objetivou conceituar alienação parental e síndrome da alienação parental, analisando como essa prática vem ocorrendo e pontuando os problemas e os membros envolvidos. Além disto quais os impactos causados e de que forma estes podem interferir negativamente no processo de ensino aprendizagem da criança. E em síntese compreender qual a importância da família e da escola para que a criança tenha um desenvolvimento emocional saudável.

Este estudo foi de natureza bibliográfica, para Gil (2008, p.48), “a vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”, onde foram utilizados livros, artigos, publicações, monografias, entre outros, relacionados ao tema geral e específicos para auxiliar na construção do trabalho e no entendimento acerca do assunto.

Considerando que a alienação parental acontece dentro do contexto familiar devido ao rompimento de relacionamentos, o genitor, muitas vezes ressentido e sem conseguir elaborar o luto da separação, se manifesta de maneira tóxica e utiliza-se do filho como instrumento de vingança para atingir ao outro, com a finalidade de isolar a vítima ou barganhar direitos. A alienação pode ocasionar dificuldades em estabelecer vínculos, comprometimento no desenvolvimento emocional e social, interferindo até a vida adulta, sendo a família responsável pela construção da identidade da criança.

Segundo Carli e Balsan (2011, p.8), “a separação dos pais pode afetar o desenvolvimento da criança e do adolescente em idade escolar, gerando baixo rendimento e desmotivação pelas atividades escolares, principalmente se forem vítimas da alienação parental”.

Compreende-se que a criança que sofre alienação parental apresenta grandes

prejuízos biopsicossociais, deste modo, quais seriam as consequências relacionadas

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no processo de ensino aprendizagem? De que maneira a família e a escola poderiam intervir para minimizar o sofrimento desta criança?

Portanto, o tema exposto possui grande relevância com relação a construção e desenvolvimento da criança, sendo fundamental a discussão acerca da alienação parental e síndrome da alienação parental e sua intercessão no âmbito familiar e escolar. Os pais, mesmo diante discussões e desentendimentos, precisam oferecer um convívio saudável para a criança após a término do relacionamento, tornando-se mais conscientes, para que dessa forma ambos possam participar da educação da criança ou adolescente, proporcionando um ambiente com afeto, amor, proteção e carinho. O estudo teve como intuito apresentar mais ferramentas para que sejam minimizados os prejuízos causados na criança que sofre a alienação parental, e quais as possibilidades de atribuições da escola e da família. Permitindo assim o bem-estar emocional e um desenvolvimento saudável do menor envolvido nesse contexto.

Assim, o objetivo desse trabalho é identificar os impactos ocasionados na

criança que experiencia a síndrome da alienação parental dentro do processo de

ensino aprendizagem.

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2 ALIENAÇÃO PARENTAL E SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

2.1 Conceito de alienação parental e síndrome da alienação parental (SAP)

O termo alienação e síndrome da alienação parental (SAP) surgiu na década de 80 nos Estados Unidos, pelo pesquisador e psiquiatra infantil Richard Alan Gardner. Atitudes de alguns dos seus pacientes, onde os pais estavam em processo de separação lhe chamaram a atenção, as crianças recusavam contato com o genitor e o rejeitavam sem motivos reais, o que não condizia com a relação de afeto que obtinha anteriormente com seu genitor (BROCKHAUSEN, 2011).

Este processo pode ser consequência de uma ruptura conjugal, com o propósito do filho desprezar e se afastar do seu genitor. A definição de alienação parental é descrita por Lisboa (2012, p.335) “é o ato de interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, a fim de que o menor seja induzido a repudiar o estabelecimento ou a manutenção da relação com o seu genitor.”

Desta maneira, alienação parental é quando um dos genitores, por intermédio de estratégias e manipulações, difama a imagem do outro, com o propósito de excluir o genitor da vida do filho, de tal forma que o menor sustenta essa conduta de desmoralização do outro genitor, destruindo dessa maneira o vínculo afetivo entre estes. Então, a essa tentativa de afastamento da criança do pai, mãe ou outro membro da família, dá-se o nome de alienação parental (GOMES; PEREIRA;

RIBEIRO, 2016). Confirmando o conceito de alienação parental, destaca-se:

Alienação Parental é a campanha de desmoralização feita por um genitor em relação ao outro, geralmente a mulher (uma vez que esta normalmente detém a guarda do filho) ou por alguém que possua a guarda da criança. É utilizada uma verdadeira técnica de tortura psicológica no filho, para que esse passe a odiar e desprezar o pai e, dessa maneira, afaste-se do mesmo (GUILHERMINO, 2012).

Alienação parental para Guilhermino (2012, p.11), “não restringe somente aos

pais os atos de alienação parental, indicando qualquer pessoa que detenha a guarda

da criança como um possível alienador, incluindo os avós”. Ressaltando que o ato da

alienação parental é capaz de ser identificada por familiares que possuam algum

contato com o menor ou dispõe o dever legal sobre ele.

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No entanto, Dias (2017) pontua que quando uma das partes não elabora assertivamente o luto conjugal, dá-se início ao processo de culpabilização, procurando assim o responsável pela separação. Então, os filhos podem tornar-se instrumento de vingança, sendo impedido de conviver e manter contato com o outro genitor que foi o culpado pelo término da relação. Dessa forma, a criança é afetada, sentem-se impotentes e culpados por todas as mudanças ocasionadas, sendo então obrigada a modificar toda uma rotina devido a separação dos pais. A mesma autora acrescenta que:

Com a dissolução da união, os filhos fragilizados, com sentimentos orfandade psicológica. Este é um terreno fértil para plantar a ideia de terem sido abandonados. Fica fácil o guardião convencer o filho de que o outro genitor não o ama faz com que acredite em fatos que não ocorreram como o só de levá-lo a afastar do pai (DIAS, 2017, p. 23).

Contudo, Bastos (2019) indica que o rompimento da relação ocasiona um novo ajuste em quaisquer membros do seio familiar, os pais precisam entender e elaborar esse término, e o menor deve ser preparado para entender que não vai existir a quebra da relação afetiva dos genitores. A criança deve ser afastada de problemáticas e conflitos resultante do término, os genitores em conjunto devem se esforçar para resguardar por completo a criança, que diante tantas mudanças enfrentará uma nova realidade. Corroborando com essa ideia Madaleno (2017, p. 438) diz:

Embora toda separação cause desequilíbrios e estresse, os pais, quando rompem seus relacionamentos afetivos, deveriam empreender o melhor de si para preservarem seus filhos e ajudá-los a compreender, e também eles, vencerem e superarem a triste fase da separação dos genitores. São crianças e adolescentes que dependem do diálogo franco e da transparência e honestidade dos pais.

.

Diante disto, o conjunto desses sentimentos contraditórios e manipulados, podem gerar a síndrome da alienação parental, e se relaciona com o resultado e danos emocionais negativos advindos do processo de alienação. Os sintomas psicológicos são diversos, devido ao longo período de exposição dessa criança pela situação vivenciada (SANTOS; MARANHÃO, 2017). Nessa perspectiva, o autor conceitua da seguinte maneira:

A implantação paulatina e constante na memória do filho, pelo genitor que possui a guarda, de falsas verdades acaba por causar criança ou adolescente a sensação de que foi abandonado e não é querido pelo outro, causando um

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transtorno psicológico que o leva a acreditar em tudo que foi dito em desfavor do guardião descontínuo e passa a rejeitá-lo, dificultando as visitas e tornando-o cada vez mais distante até aliená-lo ,tornando-se órfão de pai vivo, o que é extremamente prejudicial para ambos (CARVALHO, 2010, p.66).

É possível classificar a síndrome da alienação parental em graus, sendo estes, leve, moderado ou severo, definindo esses três níveis como:

Leve Moderado Grave

A visitação ocorre quase sem problemas, com alguma dificuldade apenas quando se dá a troca entre os genitores. O menor mostra-se afetivo com o progenitor alienado.

Motivo ou tema das agressões torna-se consistente e reúne os sentimentos e desejos do menor e do genitor alienante, criando uma ralação particular entre eles, que os torna cúmplices [...].

Os menores encontram-se extremamente perturbados, por isso as visitas são muito difíceis ou não ocorrem. Caso ainda haja visitações, ela é repleta de ódio, difamações, provocações ou, ao contrário, as crianças emudecem, ficam como entorpecidas ou até mesmo tentam fugir. O habitual é que o pânico, as crises de choro, explosões de violência e gritos do menor impeçam a continuidade do regime de visitas.

Fonte: Madaleno; Madaleno (2017).

Neste contexto, a síndrome da alienação parental se relaciona com os resultados dos prejuízos emocionais, comportamentais e cognitivos, advindos da alienação parental, esse conjunto de sintomas incluem:

Campanha denegritória contra o genitor alienado; racionalizações fracas, absurdas ou frívolas para a depreciação; falta de ambivalência; fenômeno do

“pensador independente”; apoio automático ao genitor alienador no conflito parental; ausência de culpa sobre a crueldade e/ou a exploração contra o genitor alienado; presença de encenações ‘encomendadas’ e propagação da animosidade aos amigos e/ou à família extensa do genitor alienado (GARDNER, 1985 apud RAFAELI, 2002, p.3).

A Síndrome da Alienação Parental (SAP) é um termo alvitrado na ocasião em que a mãe ou pai de uma criança faz com que ela rompa os seus laços afetivos com o genitor, isso faz com que seja criado fortes sentimentos de ansiedade e temor.

Assim:

Trata-se de um transtorno psicológico caracterizado por um conjunto sintomático pelo qual um genitor, denominado cônjuge alienador, modifica a consciência de seu filho, por meio de estratégias de atuação e malícia (mesmo que inconscientemente), com o objetivo de impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro (FREITAS, 2011, p.29).

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No entanto, a utilização do termo síndrome, que significa um conjunto de sinais que caracterizam uma doença, não deve ser levado em consideração, pois segundo Bastos (2019), a sigla SAP não consta na literatura médica. Não há qualquer pontuação no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mental (DSM-V), da mesma maneira não é referenciado na 10ª revisão da Classificação de Doenças Internacionais (CID-10), entende-se que:

A própria doutrina das ciências médicas não é unânime quanto à utilização do vocábulo “síndrome” em relação à alienação parental, pois o senso comum que impera é que a alienação parental não é uma disfunção causada por anormalidade da função fisiológica do indivíduo, mas sim pela implementação de um raciocínio externo que descaracteriza as qualidades e capacidades do genitor alienado, buscando transformar o afeto em repúdio (BASTOS, 2019, p. 116).

Interessante destacar que os fatores externos vivenciados pelo menor são surpreendentemente prejudiciais e estão entrelaçados a formação das doenças infanto-juvenis, principalmente as de caráter mental (BASTOS, 2019).

Essa situação é extremamente recorrente no cotidiano dos casais que se separam e vivenciam um conflito. Sendo assim, ao fim do casamento, o ex cônjuge procura afastá-lo do seu filho e acaba denigrindo a sua imagem. Dessa forma, essa temática é bastante complexa e polêmica, visto que:

A origem da síndrome está ligada à intensificação das estruturas de convivência familiar, o que fez surgir, em consequência, maior aproximação dos pais com os filhos, quando da separação dos genitores passou a haver entre eles uma disputa pela guarda dos filhos, algo impensável até́ algum tempo atrás (DIAS, 2017, p.3).

Em suma, a distinção feita entre a alienação parental e a Síndrome da alienação (SAP) é extremamente técnica, posto que para medicina a síndrome é utilizada quando causa um transtorno psicológico. É indispensável ressaltar que isso tudo é causado para a criança por causa dos conflitos e desentendimentos que existe entre os genitores. Entretanto cabe aqui diferenciar a alienação parental da SAP:

Cabe destacar a diferença entre Alienação Parental e a Síndrome da Alienação Parental, sendo a primeira a campanha demeritória feita pelo alienador com intuito de afastar os filhos do alienado, e a segunda consiste nos problemas comportamentais, emocionais e em toda desordem psicológica que surge na criança após o afastamento e a desmoralização do genitor alienado (GUILHERMANO, 2012, p.3).

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Logo, isso ocorre com a ideia de vingança após a separação. Visto que uma das partes não está satisfeita com essa ação. O desejo de um dos genitores é que o outro se torne infeliz e utiliza-se dos filhos para isso. Mas, eles não pensam que as repercussões desse ato para os filhos podem ser devastadoras.

Desta forma, a criança frágil e imatura não consegue perceber que está sendo manipulada e não se sente culpada, mas quando adulta pode sentir uma enorme sensação de injustiça e arrependimento com o genitor alienado, pois percebe que não é mais possível resgatar o tempo perdido, mas sim tentar reconstruir (HIRONAKA;

CAMPOS, 2010). É importante trazer que:

Quando a criança é levada a odiar e a rejeitar um genitor que a ama, a contradição de sentimentos produz uma destruição dos vínculos que, se perdurar por longo tempo, instaurará um processo de cronificação que não mais permitirá sua restauração, fazendo a morte simbólica da separação, uma morte real do sujeito [...] (TRINDADE, 2017, p.383).

Os filhos então são alvos de uma guerra, onde o herói de repente torna-se vilão.

A confusão experenciada resulta em inúmeros sintomas nocivos, entre eles:

agressividade, ansiedade, dificuldade de relacionamento e aprendizagem, depressão, podendo perdurar até a vida adulta.

A alienação parental é um ato que vem crescendo gradativamente nas famílias, gerando assim um excessivo número de vítimas desestruturadas em vários âmbitos, tornando-se importante analisar formas para que essa negligência seja menos tóxica para o desenvolvimento familiar, com a finalidade de uma formação saudável para as crianças (RODRIGUES; JAGER, 2016).

2.2Aspectos jurídicos da criança e da alienação parental

Devido a essas rupturas conjugais e os conflitos gerados após a separação, é

de grande relevância que a criança seja amparada, pois é a parte mais frágil da

relação, além de exercer um papel no meio social de grande importância. Para tanto,

criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que foi instituído pela Lei

8.069, no dia 13 de julho de 1990, garantindo os direitos do menor, e a total proteção

das crianças e adolescentes, impondo a defesa do menor desde o nascimento até sua

efetiva vida adulta (BASTOS, 2019).

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O ECA é composto por 267 artigos, tendo como principal intuito resguardar e zelar pelo bem estar e os direitos das crianças e adolescentes. De acordo com o Art.1º da Lei nº 8.069, “a Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.”

O Art. 2º da mesma lei, “considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 1990).

Desta maneira, o Estatuto da Criança e do Adolescente cumpre o seu papel prevendo sua responsabilidade, estabelecendo regras na proteção do menor e no que concerne às integridades física e psicológica, que repercute diretamente no adulto de amanhã. Levando em consideração o direito de ser criança e ser adolescente, estabelecendo limites aos pais acerca da criação dos seus herdeiros (BASTOS, 2019). De acordo com o Art. 3º:

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facilitar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1990).

As crianças e adolescentes possuem o direito à convivência em família, direito este, assegurado pela Constituição Federal de 1988, baseado na Declaração da Organização das Nações Unidas (ONU), o artigo 227 da Constituição Federal, prescreve:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).

Nesse seguimento, o artigo 227 designou responsabilidade de assegurar os direitos das crianças e adolescentes sendo dividida entre o Estado, família e sociedade, isto quer dizer, responsabilidade de todos com relação aos direitos das crianças, assegurando assim o cumprimento decisivo da Constituição Federal. Neste contexto, Venosa destaca que:

[...] visto sob o prisma do menor, o pátrio poder ou poder familiar encerra, sem dúvida, um conteúdo de honra e respeito, sem traduzir modernamente simples ou franca subordinação. Do ponto de vista dos pais, o poder familiar contém muito mais do que singela regra moral trazida ao Direito: o poder

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paternal, termo que também se adapta a ambos os pais, enfeixa um conjunto de deveres com relação aos filhos que muito se acentuam quanto a doutrina conceitua o instituto com um pátrio dever (VENOSA, 2007, p. 285 - 286).

Portanto, a paternidade biológica é um direito ao reconhecimento baseado em um conjunto de regras, assegurado pela Constituição Federal. A paternagem vai para além da relação jurídica, o homem quem não é o pai biológico pode manter um relacionamento afetuoso, existe a presença do envolvimento emocional e a participação ativa no desenvolvimento da criança (ABADE; ROMANELLI, 2018). Pois bem, a relação da garantia do convívio familiar em prol do interesse do menor.

A Constituição Federal assegura que é um direito da criança e do adolescente manter contato familiar com sua linha de antecedentes, buscando consolidar a garantia de que tanto pai quanto a mãe (em linhas gerais) são responsáveis pela igualdade na criação e convivência com o filho (BASTOS, 2009, p.82).

Perante a óptica da alienação parental foi sancionada a Lei 12.318 de 2010 que inclui a alienação parental no âmbito jurídico brasileiro, uma conquista recente no sistema Brasileiro. Devido a retirada do direito da criança ao convívio de um dos genitores, muitas vezes sendo utilizados falsos fundamentos, a lei foi criada para proteger a criança e os seus direitos fundamentais (GUILHERMANO,2012). A referida lei discorre em seu artigo 2º que:

Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a autoridade, guarda ou vigilância, para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento (BRASIL, 2010).

Por tanto a Lei 12.318/2010 tem como principal propósito segundo Madaleno e Madaleno (2017, p.139) “coibir a prática da alienação parental desde o seu princípio”.

O artigo 6º da lei trata das medidas que o juiz pode tomar com relação aos casos de alienação parental, medidas estas de prevenção e proteção ao menor.

Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescentes com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo de decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:

I – Declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;

II – Ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;

III – Estipular multa ao alienador;

IV - Determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;

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V – Determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;

VI – Determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;

VII – Declarar a suspensão da autoridade penal (BRASIL, 2010).

Contudo, o artigo 6º da lei, segundo Bastos (2019, p. 139) “institui três interpretações: a primeira no sentido de coibir o ato, a segunda como meio de cessar a alienação parental e a terceira no sentido de mitigar os efeitos constatados.” As medidas sugeridas pelos incisos I ao VII do artigo 6º, pontua considerações sobre os ilícitos penais e civis, sendo possível aplicar a indenização por dano moral ou material.

Neste contexto, o que não é pertinente é a pena restritiva de liberdade, mesmo que haja prejuízos factual a saúde mental da criança, visto que o objetivo da lei é inibir o infrator, punir quem descumpriu, para que não reincida (RAMOS, 2017).

Verifica-se no artigo 3º da lei 12.318/2010, que tem como intuito discutir sobre o princípio constitucional, a proteção integral à criança e ao adolescente, que a alienação parental acaba ferindo o direito fundamental destes que é preservar e assegurar uma vida saudável (GUILHERMANO, 2012).

Nesta mesma perspectiva, para Guilhermano (2012) o artigo 4º da lei relaciona que quando consta qualquer indício do ato de alienação parental, o juiz deve averiguar os fatos com acompanhamento especializado. Conforme preconiza o artigo:

Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou adolescente, inclusive assegurar sua convivência com o genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação ente ambos, se for o caso (BRASIL, 2010).

Já o artigo 5º discorre sobre a perícia psicológica. Assim, os casos de alienação parental devem ser analisados com bastante cautela, por profissionais da área, visto que não se pode correr o risco de ter um laudo mal formulado (GUILHERMANO, 2012). Logo (BRASIL, 2010):

Art. 5o - Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.

§ 1o. O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor.

(22)

20

§ 2o. A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.

§ 3o. O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada.

Assim, Bastos (2019) assegura que a intervenção de um profissional da área psíquica é de grande relevância para poder resolver esses problemas e conflitos, para resguardar o interesse do menor. Em razão disto se determina que exista uma perícia psicológica no processo, para assim auxiliar a resolução do processo litigioso de forma menos danosa para ambas as partes. Nesses casos, o trabalho do psicólogo perito é indispensável, pois fará entrevistas individuais e conjuntas para poder avaliar e também buscar identificar os danos causados pelos pais.

Neste cenário, Bastos (2019) adverte que o propósito da Lei 12.318/2010 é fazer com que a criança tenha um maior convívio com a sua família e que seja preservado a moral dessa criança que acabou sendo atingida pela separação dos pais. O tema é bastante complexo, pois a criança sofre prejuízos quando é afastada do convívio familiar, visto que a memória afetiva é desenvolvida e estabilizada com a relação dos laços entre a criança e o genitor.

Todas as formas de violência contra a criança produzem consequências nefastas ao desenvolvimento infantil [...]. a violência de que se trata não é apenas física e a sexual, pois abrange o constrangimento moral.; não são apenas os maus-tratos das ruas, pois inclui a violência intrafamiliar, a violência doméstica, aquela que se dá muitas vezes sem testemunhas e com a concordância tácita dos adultos (FONSECA, 2015, p.28).

Por isso, a complexidade dos efeitos decorrente da alienação parental é

impactante e é evidente o prejuízo causado à saúde mental da criança. O interesse

deve ser salvaguardar o desenvolvimento saudável do menor.

(23)

3 A CORRELAÇÃO DA FAMÍLIA E ESCOLA PARA O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA

3.1 Visão panorâmica da família na contemporaneidade

Família, palavra derivada do latim familya, ae, que tem como significado casa, servidores, é compreendida como um conjunto de pessoas com ancestralidades em comum. Inicialmente no Brasil, o modelo de família era o patriarcal, sendo constituído pelo homem como chefe da casa, que tinha total responsabilidade pela família, e a mulher como provedora e submissa. Hoje abandonou-se o modelo patriarcal e se originaram novos conceitos de família, o número de famílias reconstituídas é muito grande, e tanto o pai como a mãe acabam atribuindo a responsabilidade diante do filho. Mesmo defronte inúmeras mudanças, a família é a primeira instituição social que o ser humano participa ao nascer, e tem como uma das suas principais funções nortear esse indivíduo para se relacionar e viver em sociedade, oferecendo um suporte emocional, educacional e social (FREIRE; ROAZZI; SOUZA, 2012).

A família é uma das principais instituições de socialização do indivíduo, um meio onde as pessoas sem unem pelos laços sanguíneos ou afinidade, deste modo possui um papel de grande relevância no desenvolvimento humano, sendo um processo em constante transformação. Pode-se afirmar que:

Família se define em um conjunto de normas, práticas e valores que têm seu lugar, seu tempo e uma história. É uma construção social, que vivenciamos.

As normas e ações que se definem no âmbito do Estado, as relações de produção e as formas de remuneração e controle do trabalho, o âmbito da sexualidade e afetos, as representações dos papéis sociais de mulheres e homens, da infância e das relações entre adultos e crianças, assim como a delimitação do que é pessoal e privado por práticas cotidianas, discursos e normas jurídicas, incidem sobre as relações na vida doméstica e dão forma ao que reconhecemos como família (BIROLI, 2014, p.7).

O sistema familiar anda simultaneamente com as transformações da sociedade, as mudanças ocorrem e os membros também podem ser acometidos tanto por pressões internas como por externas, alterando o crescimento psicossocial dos integrantes da família como um todo (VALLE, 2009).

A título inicial, cumpre destacar que a Constituição Federal de 1988 concebeu

expressivas inovações ao direito de família, tais quais: princípio da dignidade da

pessoa humana, princípio da solidariedade familiar, princípio da convivência familiar,

princípio da igualdade jurídica dos filhos, princípio jurídico da afetividade, princípio do

(24)

22

melhor interesse da criança. Face a esta nova realidade que reveste de dignidade e humanização todos os integrantes do seio familiar, mascaram-se adversidades silentes, de difícil percepção, ao ponto de acorrentar os sujeitos da problemática, que por muitas vezes permanecem imperceptíveis as circunstâncias postas (NAVARRO, 2016).

Sabe-se que com o passar dos anos o conceito de família vem se modificado gradualmente devido ao aumento no número de divórcios e recasamentos, à maior participação das mulheres no que diz respeito a manutenção econômica no lar, à diminuição do número de integrantes da família, às diferentes formas de educar e da funcionalização dos papéis parentais, entre outros. Frente a todas essas mudanças, é importante destacar que a família deve prosseguir seguindo seu papel, resgatando o seu fortalecimento independente da forma com que ela se configure (WAGNER et al., 2011).

A criança e adolescente têm direito a ser criado por uma família, pois esta é o pilar de construção de quaisquer sociedades de que temos notícia na história humana.

É através da família que o sujeito nasce, cresce e se desenvolve, é a família que lhe presta assistência, que preserva a estrutura social que temos hoje.

O direito à família é, pois, um direito natural, inato à própria existência humana.

Na imagem abaixo, pode-se perceber os principais tipos de família que são reconhecidas pela legislação brasileira.

Figura 1 - Tipos de Família

(25)

Fonte: Santos (2016).

3.2A correlação da família e da escola para o desenvolvimento emocional da criança O relacionamento entre pais e filhos tem como significado a sobrevivência, proporcionando um suporte e segurança para criança. Segundo Bee e Boyd (2011, p.308) “o relacionamento é construído e mantido por um repertório entrelaçado de comportamentos instintivos que criam e mantêm a proximidade entre pai e filho”, esse relacionamento gera um laço de afetividade entre ambos. A afetividade carrega consigo autonomia nas possíveis resoluções de problemas na vida social do indivíduo, sendo fundamental para o desenvolvimento, construção do sujeito e aprendizagem.

Segundo Codo e Gazzotti (1999, p.48) o afeto é o “conjunto de fenômenos

psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões,

acompanhados sempre de impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação,

de agrado ou desagrado, de alegria ou de tristeza

.”

(26)

24

No entanto, o vínculo afetivo é bastante complexo e construído em um longo período, devendo ser cultivado desde a infância. Caso exista o rompimento deste elo, a criança sofre os danos e o genitor do mesmo modo. Pereira (2017, p.79) diz:

“qualquer pessoa, qualquer criança, para estruturar-se como sujeitos e ter um desenvolvimento saudável necessita de alimento para o corpo e a alma. O alimento imprescindível para a alma é o amor, o afeto, no sentido do cuidado, conduta. Dessa forma, acrescenta-se que:

Em um primeiro sentido, pode-se dizer que a afetividade intervém nas operações da inteligência; que ela estimula ou perturba; que ela é causa de acelerações ou de atraso no desenvolvimento intelectual; mas que ela não será capaz de modificar as estruturas da inteligência enquanto tal... Em um segundo sentido, pode-se dizer, ao contrário, que a afetividade intervém nas estruturas da inteligência; que ela é fonte de conhecimentos e de operações cognitivas originais (LAJONQUIÈRE, 2002, p.128 apud SAMPAIO, 2011, p.85).

As crianças quando estão com as relações abaladas, afetam o campo afetivo, psicológico e emocional, acarretando insegurança e baixa autoestima. Neste sentido, os aspectos afetivo-emocionais têm grande repercussão no processo de aprendizagem, pois estão interligados com um bom ou mal desempenho escolar. Em função disto, o vínculo afetivo que a criança tinha com um dos genitores foi enfraquecido ou quebrado, ocasionando assim desequilíbrio emocional na criança.

Em conformidade com Vygotsky (2003, p.121) “as reações emocionais exercem influência essencial e absoluta em todas as formas de nosso comportamento e em todos os momentos do processo educativo.”

Sendo assim, o desenvolvimento da criança tem como grande interferência o meio em que está inserida e a sociedade, através de suas experiências e dos adultos que a cercam. Madaleno; Madaleno (2017, p. 67) acrescentam que “a consequência mais evidente é a quebra da relação com um dos genitores. As crianças crescem com o sentimento de vazio, e ainda perdem as interações de aprendizagem, apoio e modelo”.

E grande parte do desenvolvimento da criança também é experenciada no

contexto escolar, então a escola possui uma parcela de responsabilidade ao lidar com

esse indivíduo e suas emoções. É pertinente afirmar que a família e a escola

colaboram para a formação da criança/adolescente enquanto ser social, levando em

consideração a particularidade de cada sujeito (BEZERRA, 2006).

(27)

Contudo, Sampaio (2011) verifica que a base da criança se dá principalmente na família, e por intermédio dela que a criança estabelece os vínculos afetivos, e inicia o desenvolvimento emocional e cognitivo. Na escola o desenvolvimento tem continuidade, não sendo exclusividade da escola ensinar e estudar.

Para Jonas (2017), as relações entre família e escola tem grande repercussão no processo de desenvolvimento integral do ser, pois a relação de harmonia deve ser mútua em ambos os ambientes. A criança em idade escolar consegue perceber toda a situação ao seu redor, e diante da separação dos pais e do lar desestruturado reage com tristeza e sentimento de perda. São vulneráveis, e podem ser bastante afetados com o divórcio e os atos de alienação, externalizando alguns desses sintomas na forma de agressividade, apego em demasia, medo, baixo rendimento escolar, rebeldia, ansiedade, entre outros, e que frequentemente podem ser percebidos pela escola, professores ou psicólogos escolar educacional. Ao ser identificado essas situações a escola deve intervir, com acolhimento individual, indicando a psicoterapia para a criança e os pais, e intervenção jurídica no caso de situações mais extremas.

É pertinente que os pais propiciem uma boa relação familiar, podemos citar:

uma boa relação afetiva com todos os integrantes da família, transmitir uma boa segurança para o menor e uma boa parceria com a escola. Winnicot (1997, p.43) afirma “Os pais que conseguem manter um lar unido estão, na verdade, prestando a seu filho um serviço de inestimável importância.” Evidentemente que um ambiente saudável ajudará a criança a desenvolver mais confiança e um aprendizado de forma mais eficaz (COSTA; ALVES,2016).

Entretanto, pode ser difícil, os pais precisam se preocupar e estar presentes não apenas na hora dos estudos, mas também terem a capacidade de percepção caso a criança esteja com baixo desempenho, e tentar buscar juntamente com a escola soluções e estratégias para ajudá-lo. É de grande relevância para a criança a motivação dos pais, o envolvimento com os estudos e o elo com a escola. Essa relação propicia vínculos saudáveis, colaborando com o aprendizado, com a finalidade de construírem juntos o desenvolvimento emocional da criança (JESUS; COTTA, 2016).

Desse modo, a função de educador inicia-se pelos pais porque a criança

aprende a se socializar antes mesmo de ser inserida no contexto escolar, os

ensinamentos vêm da família e dão continuidade na escola. Muitas vezes os pais se

esquivam da responsabilidade de educador, e a escola exerce ambas as funções, de

(28)

26

transmissão de conhecimentos e de valores. Por esta razão, além do afastamento dos pais no processo de aprendizagem do filho e a forma que abdica da função de educador pode interferir no baixo rendimento escolar, assim dizendo, o laço entre família e escola é indispensável no processo de ensino aprendizagem (COSTA;

ALVES, 2016).

(29)

4 A CRIANÇA ALIENADA E AS CONSEQUÊNCIAS DENTRO DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

4.1 O processo de desenvolvimento infantil

A separação dos pais pode interferir de forma devastadora no desenvolvimento da criança, que se dá através da sua interação como meio, ao longo da sua vida social.

Jean Piaget (1945, apud MENESES, 2012) interligou o desenvolvimento infantil com a aprendizagem, e com isso estabeleceu os quatro períodos do desenvolvimento cognitivo que estão diretamente ligados à afetividade e socialização funcional de uma criança. Conforme afirma Penna (1982, p.295), “a mesma situação de aprendizagem tem efeitos diferentes segundo o estado de desenvolvimento do sujeito.” Os sujeitos transcorrem por todos os estágios, no entanto o início e término depende de fatores educacionais, sociais e das características biológicas de cada um (EDDINE, 2013).

Sendo assim uma referência e não uma regra.

O desenvolvimento mental do ser humano no pensamento, linguagem e afetividade acontece em quatro estágios: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.

4.1.1 Estágio sensório motor

O estágio sensório-motor se inicia no nascimento até o surgimento da linguagem, por volta dos 18 meses a dois anos de idade. Conforme Sampaio (2011), a contar dos 8 meses, a criança expõe seu dualismo inicial, não conseguindo se separar do mundo, conceito esse que foi apresentado por Jean Piaget. Nesta fase, a criança se percebe no mundo e que faz parte dele, agindo assim sobre ele.

Segundo Oliveira (2005, p.107), “a inteligência sensório-motora é a ação prática do sujeito sobre a própria realidade, e não comporta distâncias muito longas entre a ação e a realidade.” A criança começa a sentir sensações e os movimentos do corpo, ela é capaz de organizar suas atividades por intermédio de atividades sensório motoras, explorando e construindo sua própria percepção, que são controladas por informações sensórias imediatas, aprendendo assim sobre si e o mundo.

Segundo Papalia e Feldman (2013), o período sensório-motor abarca seis

subestágios, avançando de um para o outro de acordo com a mudança dos esquemas,

(30)

28

comportamentos e os padrões de pensamentos. Nos primeiros cinco primeiros subestágios a criança organiza suas ações em relação ao ambiente e no último ele aprende por tentativa ou erro, com a finalidade de resolver simples problemas.

Como explica Papalia e Feldman (2013), os subestágios são:

1. Uso de reflexo, representa os reflexos inatos do bebê, que vai do nascimento ao primeiro mês de vida. Os reflexos são o de sucção, de preensão, de Babinsky e de nutrição.

2. Reações circulares primárias, as reações surgem entre 1 e 4 meses, e dizem respeito aos primeiros hábitos do bebê. Eles tendem a reproduzir os comportamentos agradáveis, esses comportamentos são voltados para o seu corpo.

3. Reações circulares secundárias, começa dos 4 meses e vai até os 8 meses.

As ações se repetem na medida que elaboram um resultado atrativo, acontece de forma intencional embora que limitada.

4. Coordenação de esquemas secundários, se inicia por volta dos 8 meses aos 12 meses. As ações ocorrem de forma mais inteligente, o bebê utiliza de comportamentos já aprendidos para atingir um objetivo.

5. Reações circulares terciárias, vai dos 12 meses aos 18 meses. Os bebês apresentam curiosidade e exploram as ações para ver os resultados, quando percebem que o esquema não funcionou utilizam de novos métodos para atingir sua meta.

6. Combinações mentais, inicia-se por volta dos 18 meses aos 24 meses. A criança não utiliza mais da tentativa ou erro para atingir seus objetivos, ela já consegue observar e pensar nas ações para alcançá-los. Além disso os bebês sabem fingir e utiliza símbolos como gestos, palavras, números e imagens mentais. Sendo esse subestágio uma transição para o estágio pré-operatório.

4.1.2 Estágio pré-operatório

O estágio pré-operatório vai dos dois anos até aproximadamente seis anos de

idade, a criança utiliza de esquemas simbólicos, como imagens ou palavras, que elas

usam para se comunicar. Acontece um aumento significativo com relação ao

vocabulário, por volta dos dois anos a criança possuía em média 270 palavras, e com

três anos possui aproximadamente 1000 palavras. Ocorrem modificações importantes

(31)

com relação aos aspectos cognitivos, afetivos e sociais, devido a maior inserção da linguagem, visto que a criança tem contatos interindividuais (EDDINIE, 2013).

Neste período surge o aparecimento da função simbólica, conforme Oliveira (2005), a criança utiliza as palavras de maneira simbólica, com o propósito de construir conceitos a partir de suas experiências visuais concretas. Apontando duas etapas diferentes, o pensamento representativo que é determinado pela função simbólica e representativa e o pensamento intuitivo sendo caracterizado pelas percepções imediatas.

A criança se encontra com um pensamento egocêntrico, focado nela mesmo, ela é incapaz de aceitar um ponto de vista de uma outra pessoa, quando se difere do seu, ou seja, é a incapacidade de se colocar na posição do outro (BEE; BOYD, 2011).

Corroborando a ideia do pensamento egocêntrico, Peterson e Collins (1998, p.38) afirmam:

Este egocentrismo intelectual pode ser notado quando a criança raciocina e adianta explicações baseadas na intuição ou nos pressentimentos e na maneira como as coisas parecem, em vez de se basear na lógica. Avalia a dimensão e outras características pela aparência, embora a razão tenha confirmado a verdade como sendo contraditória.

Conforme Sampaio (2011), o pensamento egocêntrico da criança também é indicado pelo animismo, quando ela concede vida aos seres e acreditam que eles sejam capazes de sentir, incluindo os inanimados. O artificialismo é quando a criança confunde o real da aparência externa, e o finalismo quando a criança tem a ideia que todos estão a sua disposição, prontos para lhe auxiliar. Para Sampaio (2011, p.44), “a criança pré-operatória é incapaz de descentrar o pensamento, ou seja, centra a atenção em apenas um traço. Não é capaz de acompanhar as transformações, sendo seu pensamento dito estático.”

4.1.3 Estágio operatório concreto

Posteriormente, dá-se início ao estágio operatório concreto, onde as crianças

dos seis aos doze anos possuem um maior desenvolvimento de forma lógica,

possibilitando a coordenação de pontos de vista diferenciados. Os pensamentos

deixam de ser influenciados pelas percepções e a criança adquire a capacidade de

resolver problemas, podendo distinguir o que é imaginário do que é real. Consegue

desenvolver o pensamento lógico, mas não abstrato (BEE; BOYD, 2011).

(32)

30

Conforme Papalia e Feldman (2013, p.324), “as crianças podem pensar logicamente por que conseguem levar em conta os vários aspectos de uma situação.

Entretanto, a maneira de pensar delas é ainda limitada a situações reais no aqui e no agora.”

No aspecto afetivo, a criança possui a capacidade de trabalhar em grupo, auxiliar outras pessoas e concomitantemente ter autonomia pessoal. A criança segundo Piaget (2003, p.41) “depois dos sete anos, torna-se capaz de cooperar, porque não confunde mais seu próprio ponto de vista com o dos outros, dissociando- o para coordená-lo.” Facilidades estas que acontecem devido a capacidade intelectual das operações, em razão tanto da ação física como da ação mental, com a finalidade de atingir um objetivo (EDDINE, 2013). Bock, Furtado e Teixeira (1999, p.105) dizem que “a criança adquire autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores morais.”

Outro ponto importante do estágio operatório concreto é que a criança consegue entender melhor os relacionamentos espaciais. Ela consegue ter noção da distância de um lugar para o outro e quanto tempo levaria em média para chegar naquele determinado lugar (PAPALIA; FELDMAN, 2013).

Duas ordens de operações surgem nesse período, as operações lógico- matemática e as operações infralógicas. Para Souza e Wechsler (2014, p.141) “As principais aquisições cognitivas matemáticas ocorridas no período operatório concreto são a classificação e a seriação, e em seguida ocorrem a multiplicação lógica e compensação simples.”

4.1.4 Estágio formal

E o último estágio é operatório formal/abstrato ou hipotético dedutivo que ocorre a partir dos doze anos em diante, fase de transição do pensamento concreto para o pensamento formal. A criança tem a capacidade de criar hipóteses e chegar a conclusões através destas, sem a precisão de objetos concretos ou reais (BEE;

BOYD, 2011). Dolle (1987, p.168) afirma que:

Enquanto o pensamento concreto permanece preso ao real, o pensamento formal, ao contrário, é hipotético-dedutivo, isto é, ele opera uma inversão entre o real e o possível, onde o real chega a se subordinar ao possível. A dedução lógica, agora, não se efetua mais sobre o real percebido, mas sobre hipóteses. Desde o início, ele efetua a síntese entre o possível e o necessário.

(33)

O estágio se caracteriza pelo aparecimento de novas estruturas intelectuais e transformação dos esquemas cognitivos, alcançando um nível super elevado do desenvolvimento, capacitado para aplicar o raciocínio lógico a todas as situações (BEE; BOYD, 2011).

Assim, todas essas transformações são de grande importância no desenvolvimento infantil da criança e perdura ao longo da vida adulta.

[...] a base para as aprendizagens humanas está na primeira infância. Entre o primeiro e o terceiro ano de idade a qualidade de vida de uma criança tem muita influência em seu desenvolvimento futuro e ainda pode ser determinante em relação às contribuições que, quando adulta, oferecerá à sociedade. Caso esta fase ainda inclua suporte para os demais desenvolvimentos, como habilidades motoras, adaptativas, crescimento cognitivo, aspectos sócio-emocionais e desenvolvimento da linguagem, as relações sociais e a vida escolar da criança serão bem sucedidas e fortalecidas (PICCININ, 2012, p.38).

O desenvolvimento infantil é definido como um processo que está em movimento evolutivo a todo momento, acontece de forma subjetiva para cada pessoa, sendo então um processo único para cada criança. Isto implica em dizer que ocorrem mudanças nos aspectos biológicos, psicológicos e comportamentais da criança, são capazes de serem influenciadas pelos fatores genéticos e pelo seu meio social (BEE;

BOYD, 2011).

O Desenvolvimento Infantil (DI) é parte fundamental do desenvolvimento humano, destacando-se que, nos primeiros anos, é moldada a arquitetura cerebral, a partir da interação entre herança genética e influências do meio em que a criança vive {...}. Para promoção da saúde da criança, é indispensável à compreensão de suas peculiaridades, assim como, condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento (SOUZA;

VERÍSSIMO, 2015, p.1098).

Enquanto isso, Vygotsky (2003) na intenção de compreender melhor como se dá esse processo de desenvolvimento juntamente com a aprendizagem, ele criou uma

“abordagem”, à qual deu o nome de: Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Com intuito de explicar esse conceito, ele a dividiu em duas definições, a de desenvolvimento real, que é o nível de desenvolvimento que a criança já alcançou. E o nível de desenvolvimento potencial, que é aquilo que a criança ainda não se apropriou, mas que está próximo de se tornar real. Como Vygotsky (2003, p.58) disse:

“A Zona proximal de hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã”, ou seja, o

(34)

32

que a criança consegue fazer no momento com a ajuda de alguém, logo depois certamente ela irá conseguir realizar sozinha.

Com relação ao aprendizado, Piaget deu algumas outras contribuições, quando conceituou os processos cognitivos da aprendizagem de assimilação, acomodação e equilibração. O processo de assimilação trata-se da capacidade da criança em agregar novas experiências e adaptar as estruturas cognitivas que já contém. Já o processo de acomodação é a modificação dos conhecimentos prévios para assimilar os novos. E a equilibração é o processo de equilibrar a assimilação e acomodação, e criar um esquema para que a criança se ajuste ao ambiente (EDDINIE, 2013).

Corroborando com o conceito dos processos cognitivos da criança Moreira (1999, p.100) afirma que:

A assimilação designa o fato que a iniciativa na interação do objeto é do organismo. O indivíduo constrói esquemas de assimilação mentais para abordar a realidade. Todo esquema de assimilação é construído e toda à abordagem da realidade supõe um esquema de assimilação. Quando o organismo (mente) assimila, ele incorpora a realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao meio. [...] muitas vezes os esquemas de ação da criança (ou mesmo do adulto) não conseguem assimilar determinada situação. Neste caso o organismo (mente) desiste ou se modifica. No caso da modificação, ocorre o que Piaget chama de ‘acomodação’. [...] Não há acomodação sem assimilação, pois a acomodação é reestruturação da assimilação.

No processo de desenvolvimento, a criança começa copiando os comportamentos apresentados por outras pessoas em relação a ela, ou seja, o adulto serve como uma forma indireta de consciência, até que a criança seja capaz de entender sua ação através de sua própria consciência e controle. Portanto, através da interação com indivíduos mais experientes, ela vai desenvolvendo uma capacidade simbólica e a integrando com sua atividade prática, tornando-se mais consciente de sua própria experiência (VYGOTSKY, 2003).

4.2 A criança alienada e suas implicações no âmbito escolar

Quando essa interrupção do relacionamento dos pais acontece na fase em que

a criança está se inserindo no âmbito escolar, e ocorre a rejeição por parte de um dos

genitores, capaz de acarretar para a criança uma baixa autoestima, tristeza,

dificuldade em separar a realidade da fantasia, podendo trazer desinteresse aos

estudos, causando assim dificuldades de aprendizagem (JONAS, 2017). A baixa

autoestima da criança é provocada pela quebra do vínculo com um dos genitores, o

que a leva se sentir insegura tanto na vida pessoal como escolar. Segundo Oliveira

(35)

(2015, p.122), “a boa evolução da afetividade é expressa através da postura, das atividades e do comportamento”.

Pode-se levar em consideração que o relacionamento entre o genitor e o filho é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança, a família molda a autoestima da criança com afeto, amor, atenção e carinho, se tornando assim mais confiante. Para Costa e Alves (2016, p.9), “é importante que a criança esteja com sua autoestima elevada para que ela possa desenvolver sua aprendizagem de forma que consiga alcançar seus objetivos”.

As mudanças nas famílias atingem a educação dos filhos, interferindo juntamente no processo de ensino aprendizagem, pois atinge o campo emocional, afetivo e psicológico da criança. Em concordância com Nunes e Vilarinho, 2001:

É notória a importância da família no processo ensino-aprendizagem desenvolvida pelas escolas. Crianças que percebem uma afinidade entre suas famílias e a escola tendem a se sentir mais seguras e, naturalmente, a apresentar melhor desempenho nas atividades (p.23).

Segundo Oliveira (1995, p.57), “aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas”. Desse modo, o conhecimento é construído dia a dia através das práticas vivenciadas pela criança no ambiente que está inserido e por ensinamentos.

A criança alienada vivencia nas suas relações familiares conflitos dolorosos, ficando assim fragilizada e trazendo desequilíbrio emocional, capaz de interferir diretamente no seu desenvolvimento de aprendizado.

A criança abalada emocionalmente terá dificuldade em absorver e processar as informações recebidas em sala de aula, já que esse conflito emocional vivido pela criança tem a habilidade de tornar a condição de raciocinar e de se concentrar menos competente, porque ele promove a totalização da emoção vivida (COSTA; ALVES, 2016, p.9).

Logo, a dificuldade de aprendizado, e consequentemente o baixo rendimento

escolar está correlacionado com o abalo emocional da criança. Corroborando com

essa afirmação, Vygotsky (2003, p.121), afirma “as reações emocionais exercem

influência essencial e absoluta em todas as formas de nosso comportamento e em

todos os momentos do processo educativo”.

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