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01ª COMISSÃO DISCIPLINAR DO STJD

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Academic year: 2021

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Rua da Ajuda, 35 / 15o andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20040-000 Tel.: (21) 2532.8709 / Fax: (21) 2533-4798 - e-mail stjd@uol.com.br

01ª COMISSÃO DISCIPLINAR DO STJD PROCESSO Nº 031/2017

DENUNCIADO: Marcos Roberto Da Silva Barbosa, atleta do Figueirense Futebol Clube/SC

COMPETIÇÃO: Campeonato Brasileiro Série A - 2016. RELATOR: Auditor Douglas Blaichman

CAMPEONATO BRASILEIRO SÉRIE A. DOPING. ESTERÓIDE ANABOLIZANTE

19-NORANDROSTONE e ANDROSTENEDIONE,

PREGNANEDIOL APLICAÇÃO CÓDIGO

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RESULTADO: Por unanimidade de votos, suspender por 2 (dois) anos Marcos Roberto da Silva Barbosa, atleta do Figueirense FC, por infração ao Art. 9° do Código Brasileiro Antidopagem e violação do art. 2º , item 2.1 e com aplicação da pena prevista no art. 10, item 10.2, ambos do Código Mundial Antidopagem, pois presentes seus pressupostos a suspensão pelo período de 1 (um) ano, face a aplicação da atenuante do art. 10.5.2, reduzindo à metade a pena base de 2 anos (1ª infração), com início da vigência a partir do dia 06 de novembro de 2016, data da realização do exame, com a detração de 30 dias já cumpridos pelo atleta. Em respeito ao art. 133 do CBJD, foi solicitada a remessa dos autos ao Ilmo. Presidente do STJD para adoção das providências legais. Funcionou na defesa de Marcos Roberto Silva Barbosa, atleta do Figueirense FC, Dra. Luciana Lopes, que juntou prova documental. Dr. Fernando Solera, Presidente da Comissão de Controle de Doping, e Dr. Osni Jacó da Silva, médico Prof. destacado da Comissão de Controle de Doping da CBF, usaram a palavra. Prestou depoimento pessoal Marcos Roberto Silva Barbosa, atleta do Figueirense FC. A Douta Procuradoria requereu lavratura de acórdão.

RELATÓRIO.

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equipe do Chapecó/SC., o atleta denunciado foi sorteado e submetido ao exame de controle de dopagem, tendo sido colhidas amostras do seu fluído biológico (urina).

No dia 09/12/16, a Confederação Brasileira de Futebol encaminhou formalmente a esta Corte (procedimento 017/2017), resultado analítico adverso realizado pelo Laboratório Olympic Analytical Laboratory - UCLA, momento pelo qual foi constatado através da amostra A-4037835 a presença de substância proibida no organismo do atleta, de acordo com as normas de controle de dopagem da FIFA e da Agência Mundial Antidopagem.

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No relatório técnico emitido pelo IRNS, foram

encontradas 03 (tres) substâncias anabolizantes no

organismo do atleta denominadas “19-norandrostone” e

“Androstenedione”, “pregnanediol” pertencente à categoria S1 – Agentes Anabólicos, da Lista de Substâncias proibidas

da Agência Mundial Antidoping, conforme os regulamentos de controle de doping da FIFA, AMA, CBF, o que constitui um resultado analítico adverso(RAA).

Insta registrar que as fls.40, constou que a Presidência da CBF, colocou-se a disposição do clube e do atleta, para realização da contra-prova, de acordo com o capítulo VII, ART.13, itens 2, 3 E 4 do regulamento de controle de doping, e que o referido laboratório INRS, DE CONTROLE DE DOPAGEM, sediado no Canadá, estariam preparados para realizar a contra-prova no dia 16/02/17.

Ademais, de interesse do clube e do jogador denunciado, foi realizada contra prova na amostra B 4037835, sendo emitido relatório técnico pelo laboratório INRS, no Canadá em 21.02.17, onde novamente testou positivo, comunicando que foram encontradas 03 (tres)

substâncias anabolizantes no organismo do atleta

denominadas “19-norandrostone” e “Androstenedione”,

“pregnanediol” pertencente à categoria S1 – Agentes

Anabólicos, da Lista de Substâncias proibidas da Agência

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analítico adverso(RAA), com produção exógena confirmada pelo exame complementar

.

A comissão de doping da CBF oficiou o STJD em 22.02.2017 com o resultado dos exames do atleta denunciado para as devidas providencias, de acordo com o documento emitido pelo presidente da comissão, DR. Fernando Solera, onde por determinação desta especializada desportiva, e por meio de despacho presidencial do STJD, publicado em 22.02.2017, o atleta foi suspenso provisoriamente pelo prazo de 30 dias, conforme o disposto no artigo 102 do CBJD.

O atleta denunciado apresentou sua defesa prévia em 02.03.17, após o recebimento do ofício, pelo STJD.

O Parquet Desportivo em 01.05.2017 ofereceu a presente denuncia, pedindo a condenação do atleta por uso de substâncias proibidas encontradas nos exames das amostras A e B 4037835, por responsabilidade objetiva do atleta e por infração ao artigo 9º do CBA.

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atleta, requerendo o exame de DNA das amostras por um laboratório credenciado pela wada, para averiguar, se há contaminação das amostras com algum DNA estranho ao do atleta, sob pena de nulidade processual.

Recebi e despachei, no próprio documento as fls.17, deferindo o adiamento do feito com baixa em diligencia, porém com todos custos da cadeia de custódia, seriam arcados pelo atleta denunciado, sendo conduzidos pelo presidente da comissão do controle de doping da CBF, na pessoa do ilustre DR. Fernando Antonio Gaya Solera, com o devido acompanhamento dos procedimentos pela defesa do jogador.

Documentos juntados pelo jurídico da wada, Laboratórios e CBF, inclusive com parecer jurídico, onde sucitou-se dúvidas sobre a necessidade do exame de DNA sobre as Amostras A e B colhidas, pois não há orientação no código da AMA-WADA, para realização deste, tendo sido anexado parecer do Diretor jurídico, da lavra do Dr. Julien Sieveking as fls.30/37.

Ademais, concedi vista, novamente as partes, para manifestarem-se sobre os documentos juntados, e questionamentos sobre o referido exame de DNA.

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A defesa do atleta manifestou-se em 19.06.17 as fls.47/63, reiterando a necessidade da análise do DNA das amostras A e B, e que a comissão Antidoping da CBF seja obrigada a proceder com os procedimentos nos exames da análise de DNA, assim como determina o código da AMA/WADA. Em 31.08.2017, o presidente da comissão do controle de doping da CBF, DR. Fernando Antonio Gaya Solera, anexou os resultados do exame perfil de DNA da amostra de urina comparada com a amostra de sangue, realizada através do professor Hans Geyer, do institute of biochemistry – german sport university cologne, que no seu laudo conclusivo, asseverou que NÃO APRESENTOU A PRESENÇA

DE NENHUM OUTRO DNA HUMANO, TENDO ESTA AMOSTRA DE SANGUE 222694 SIDO COLETADA NO DIA 13.08.2017, NO DOMICÍLIO DO ATLETA E PERTENCENTE AO JOGADOR, ONDE APRESENTOU MATERIAL GENÉTICO DNA IDENTICO A AMOSTRA DE URINA 4037835.

Em 06 de novembro, despachei novamente, concedendo vista para alegações finais das partes, conforme a previsão legal do artigo 42 do CBJD.

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declaração do jogador na Rádio CBN, do dia 03/10/17, anexada ao processo.

A procuradoria manifestou-se as fls.170/171, alegando que nenhum novo elemento foi trazido aos autos, a ponto de alterar a realidade fática, que leva ao entendimento de que de fato houve o cometimento da infração as regras anti-doping, requerendo a condenação do atleta.

A defesa do atleta denunciado, apresentou suas razões finais, alegando ausência de comprovação da cadeia de custodia, onde relacionou e apresentou uma sucessão de equívocos e desconformidades com as normas internacionais de controle de doping, desde o preenchimento do formulário

de coleta das amostras do atleta, passando pelo

armazenamento e transportes das amostras até a divulgação dos resultados, anexando um laudo médico do Doutor Rodrigo Melchiades de Souza Mauro, CRM nº 52.7449-0, atestando que os exames médicos feitos pelo atleta antes e depois da referida partida, comprovam a impossibilidade fática do uso das substancias, e o exame de sangue do atleta não demonstra variações típicas do uso das substancias ora detectadas nos exames

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Oitiva do Dr. Fernando Solera, Presidente da Comissão de Controle de Doping da CBF.

Oitiva do Dr. Osni Jacó da Silva, médico Prof. destacado da Comissão de Controle de Doping da CBF.

É o relatório.

VOTO DO RELATOR.

Da Competência do STJD e das normas aplicáveis

Entendo que deve ser aplicado ao caso, o Regulamento Antidopagem da FIFA - ADR.

O art. 55-A da Lei 9.615/98, alterada pela Lei nº 13.322/16, criou a Justiça Desportiva Antidopagem – JAD, estabelecendo em seu §12º que o Código Brasileiro Antidopagem – CBA estabelece regras antidopagem e os procedimentos da JAD para o processamento das infrações:

“Art. 55-A. Fica criada a Justiça Desportiva Antidopagem - JAD, composta por um Tribunal e por uma Procuradoria,

dotados de autonomia e independência, e com competência

para: (Incluído pela Lei nº 13.322, de 2016)

§ 12. O Código Brasileiro Antidopagem - CBA e os

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No entanto, o art. 55-B da mesma norma estabelece que até a entrada de funcionamento da JAD, o processo e o julgamento de infrações relativas à dopagem no esporte permanecerão sob a responsabilidade da Justiça Desportiva de que tratam os arts. 49 a 55 da Lei, sendo que o seu parágrafo único dispõe:

“Parágrafo único. Os processos instaurados e em trâmite na

Justiça Desportiva à época da instalação da JAD

permanecerão sob responsabilidade daquela até o seu trânsito em julgado, competindo-lhe a execução dos respectivos julgados.”

Nesse sentido, completa o Decreto nº 8.692/16:

“Art. 6º A Justiça Desportiva Antidopagem - JAD, prevista no art. 55-A da Lei nº 9.615 de 1998, terá suas atribuições, sua estrutura e seu funcionamento regulados por este Decreto e no Código Brasileiro Antidopagem – CBA.” Logo, conclui-se que o CBA é aplicável no âmbito da JDA, a partir do momento que iniciar seus trabalhos, não sendo aplicável aos casos ainda submetidos a esse Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol.

Em razão disto, vale a regra estabelecida no art. 59 c/c art. 244-A do CBJD:

“Art. 59. A matéria de prova relativa à dopagem será regulada pela legislação específica.

Art. 244-A. As infrações por dopagem são reguladas pela lei, pelas normas internacionais pertinentes e, de forma complementar, pela legislação internacional referente à respectiva modalidade esportiva.”

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do futebol, até a efetiva instituição do JAD, é obrigatória a aplicação do Regulamento Antidoping da FIFA - ADR, versão setembro de 2015.

A intenção do legislador na adoção das normas

internacionais antidopagem tem o condão de unificar, harmonizar a legislação esportiva em todos os países sobre o assunto, foram elaboradas por especialistas de todo o mundo e que detém larga experiência, fruto de aprofundados debates e pesquisas, alcançando assim, um nível de excelência no combate a prática do doping no esporte. Tal como a aprovação da Convenção Internacional contra o Doping nos Esportes – UNESCO, Paris, realizada em 19 de outubro de 2005 e adoção de uma lista única para determinar as substâncias proibidas.

Assim, Considerando a circular nº 1.555 da FIFA, precedida pelas circulares nº 1.458, 1.473 e 1.475, entendo que no âmbito do futebol, até a efetiva instituição do JAD, é obrigatória a aplicação do Regulamento Antidoping da FIFA - ADR, versão setembro de 2015, devendo-se, portanto, proceder a sua estrita aplicação.

Segundo o referido Código, Doping é a infração às normas

antidoping, estas descritas no artigo 6º, itens 6.2.

No presente caso, a infração cometida pelo denunciado, está

constante dos item 6.2 do Código, quais sejam,

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organismo e a utilização ou tentativa de utilização de uma substância proibida ou método proibido.

A natureza da responsabilidade adotada pelo Código Mundial Antidopagem é uma espécie de Responsabilidade Objetiva sui

generis, eis que ela própria estipula as únicas e possíveis

formas de exclusão e redução da pena, não sendo necessário, ao menos a comprovação de culpa por parte dos infratores, eis que a simples presença da substância no organismo caracteriza uma violação as normas regentes.

As provas juntadas aos autos, em especial os exames realizados, dão conta de que foi verificada a presença de substâncias não especificadas de origem exógena, sendo suficientes para demonstrar a violação (art. 6.2. ADR).

A origem não restou demonstrada pelo Atleta, a quem incumbia o ônus da prova. Tampouco houve autorização prévia à Comissão de Controle de Dopagem da CBF para o uso terapêutico de medicamento que pudesse produzir o RAA.

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pode fazer qualquer analogia face ao direito penal neste particular.

No entanto, existem sim situações pelo qual pode-se afastar

o que o código denomina de responsabilidade na

ingestão/introdução e/ou redução da pena com a prova inequívoca de demonstração de ausência significativa de culpa pela forma pelo qual a substância adentrou no organismo do individuo, sendo situações excepcionalíssimas.

As substâncias estão classificadas como agentes anabólicos, do tipo Esteróide Anabólico Androgênico e constam dos itens S1.1. da lista de substâncias proibidas da WADA.

Na forma do art. 16.2 do ADR, para efeito da aplicação dos arts. 19 a 30 (Sanções individuais), todas as substâncias proibidas serão consideradas «substâncias específicas»,

exceto as pertencentes à categoria de substâncias anabolizantes e hormônios, assim como os estimulantes e

moduladores e antagonistas hormonais identificados como tais na lista de substâncias e métodos proibidos. Portanto, as substancias encontradas no RAA são consideradas substância proibidas não-específicas.

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No entanto, na forma do art. 6.1. ADR, o grau da prova deverá ser um “equilíbrio igual de probabilidades”. Nesse aspecto, a tradução disponibilizada pela CBF não parece ser a mais correta em relação ao termo original em inglês: “A balance of Probability.”.

Independente da tradução, esse instituto da Common Law disposto no texto da FIFA estabelece que o caso deve ser julgado pela hipótese mais provável. A Comissão deve pesar as provas e decidir qual versão é provavelmente a verdadeira, até porque, nunca se alcança a verdade real. Se ambos parecem igualmente equilibrados, decide-se em favor do Réu.

Para verificação da penalidade correspondente, inicialmente se faz necessário distinguir se a substância encontrada no organismo do atleta é classificada como “especificada” ou “não especificada”, bem como se tem sua proibição somente para competições ou fora de competições.

Segundo o Rol elaborado pela Agência Mundial Antidopagem1, a “19-norandrostone” e “Androstenedione”, “pregnanediol”

são intituladas como uma substâncias “esteroides

anabolizantes e não especificadas” (S1 “a”), ou seja, quer dizer que a referida substância, em tese, não é suscetível

de ser encontrada em medicamentos prescrito ou

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comercializados comumente no mercado farmacêutico e independe da quantidade encontrada.

A defesa alegou existir irregularidades no processo de coleta e manuseio das amostras, sugerindo a quebra da cadeia de custódia e a confiabilidade das amostras e consequentemente de seus resultados.

Como irregularidades, sustentou inicialmente que o atleta teria marcado no formulário de coleta o campo de não concordância com o exame (fls. 46). No entanto, o atleta forneceu o material e quando informado do resultado adverso na amostra A, solicitou o exame na amostra B. Os atos praticados pelo atleta são incompatíveis com a ideia de que não estaria de acordo com a realização dos exames. Logo, trata-se de mero erro material, o que não compromete o procedimento.

Ademais, constou dos documentos juntados aos autos do processo iniciado no Pleno deste Tribunal, os dois processos das amostras A e B, estando devidamente documentada a cadeia de custódia entre CBF, transportadoras aéreas e laboratórios internacionais.

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No entanto, em momento algum aponta objetivamente quando e como teria havido a quebra da cadeia de custódia.

No mesmo sentido o argumento de cerceamento de defesa por não terem sido enviados os documentos e resultados diretamente ao atleta e/ou seus representantes. Basta examinar os autos para verificar que todos os documentos solicitados foram protocolados nos autos, sendo que em todas as oportunidades foram concedidos prazos para defesa e partes envolvidas.

Ainda neste tópico, além do deferimento da extensão de prazo, foi autorizada a realização de teste de DNA nas amostras, exame extraordinária e que retardou em vários meses a conclusão deste processo.

Por fim, tendo o exame das amostras sido realizados por dois laboratórios credenciados pela Wada, dentro dos

padrões de procedimento adotados, não se mostra

justificável realização de uma terceira análise.

Resta apenas o parecer juntado às fls. 192/196, de lavra de um médico especialista contratado pela defesa, que responde a três quesitos, sem levar em consideração o exame

complementar isotópico realizado pelo laboratório

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Apenas esse fato compromete as respostas e seu resultado, eis que o exame complementar foi feito justamente para excluir a ocorrência de um falso-positivo, eis que se tratam de substâncias endógenas.

DA PENA A SER APLICADA

Estado suficientemente demonstrada a presença de

substâncias proibidas no organismo do Denunciado, resta definir se a infração às normas antidopagem deve ser imputada ao Denunciado e se existem excludentes, agravantes e atenuantes aplicáveis ao caso concreto.

Estabelece o art. 3.1. do ADR que tanto os jogadores quanto outras pessoas, organizações e entidades serão responsáveis por conhecer o que constitui uma infração das normas antidoping e das substâncias e métodos incluídos na lista de substâncias e métodos proibidos.

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Entre os fatores que devem ser levados em consideração ao avaliar o grau de culpabilidade de um jogador ou outra pessoa estão, por exemplo, sua experiência, o grau de risco que deveria ter percebido e o grau de atenção e investigação prestado pelo jogador em relação com o que deveria ter sido o nível de risco percebido.

Nesse sentido, importante destacar que se trata de um jogador profissional de 35 anos de idade, jogando em um clube da Série A do Campeonato Brasileiro, que não trouxe aos autos qualquer justificativa ou hipótese pela qual tais substâncias teriam ingressado em seu organismo.

Demonstrados os fatos, deve-se verificar se tais elementos são suficientes para configurar ausência de negligência ou determinar seu grau. Os arts. 1.42 e 1.43 do ADR trazem tais definições:

I. Definições e Interpretações

42. Ausência de culpa ou de negligência: demonstração por

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43. Ausência de culpa ou de negligência significativa:

demonstração por parte do jogador de que, em vista do conjunto de circunstâncias, e considerando os critérios de ausência de culpa ou de negligência, sua culpa ou negligência não era significativa com respeito à infração cometida.

Por fim, refuta que o Relatório Analítico serviria tão somente para descaracterizar a quantidade encontrada e não para sua existência, destacando que a “degradação microbiótica” detectada na conclusão dos exames, só pode trabalhar em desfavor do Denunciado, pois reduz os níveis das substâncias encontradas, nunca produzindo o efeito

contrário, Considerando que nenhuma informação foi

prestada, no sentido de justificar o RAA.

No caso de substâncias anabolizantes, é irrelevante a quantidade encontrada.

Resta, portanto, inconteste a caracterização da infração, está tipificada no art. 6.1 do ADR, eis que foi confirmada a presença de substâncias proibidas não especificadas no organismo do atleta.

II - ATENUANTES

Existe a possibilidade de aplicação de redução da pena

neste caso, o item 10.5.22, traz a denominada “Inexistência

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de Culpa ou Negligência Significativas”. Esta excludente se

destina tão somente as infrações do tipo do artigo 2º - item 2.1 e 2.2, momento pelo qual determina que necessariamente tenha existido uma circunstância em caráter excepcionalíssimo que justifique a entrada da substância proibida no corpo do atleta para sua aplicação.

A partir do exposto, temos no caso concreto que o atleta Denunciado em nenhum momento consegui fazer prova negativa da entrada da substância proibida em seu organismo, porém entendo pertinente algumas considerações.

O código Mundial Antidoping da WADA é reproduzido pelo respectivo Código da FIFA. O referendado codex, foi criado lastreado na forte corrida que existe na Europa, principalmente por atletas de esportes individuais, a procura de métodos de utilização de substâncias proibidas em altíssimo nível e com elevados gastos para elaboração de produtos cada vez mais eficientes, bem como para burlar as normas e escaparem de exames antidopings.

(...) Se o Praticante desportivo provar, num caso individual que envolva estas violações, que na violação não lhe pode ser imputável um grau de Culpa ou Negligência Significativas, o período de Suspensão aplicável poderá ser reduzido, mas o período da Suspensão Reduzida não poderá ser inferior a metade do período mínimo de Suspensão que, em condições normais, seria aplicável (...) Quando uma Substância Proibida ou seus Marcadores ou Metabolitos forem detectados nas Amostras de um Praticante Desportivo em violação ao artigo 2.1 (presença de uma Substância Proibida), o Praticante desportivo tem também de demonstrar a forma como a Substância Proibida entrou no seu organismo de forma a ver reduzido o período de Suspensão.

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Comparar a realidade atribuída a esses atletas e os gastos por eles realizados com jogadores de futebol no Brasil, destacando o caso em concreto, um atleta titular do Campeonato Brasileiro Série A, afastando qualquer espécie

de demérito a competição ou ao Clube, é,

inquestionavelmente, atribuir dois pesos a medidas

diferentes.

Penso ser justo atribuir como forma da atenuante aqui exposta, as condições pelo qual esse atleta possa ter se levado a utilizar, conscientemente ou não, de uma substância proibida. Cito algumas: nível cultural e

educacional baixo, total ausência de tradição na utilização desse tipo de substâncias, preparação e informação inadequadas, dentre outros.

Por óbvio, a aplicação de tamanha inflexibilidade imposta pelo Código a realidades tão distantes, como no presente caso, bem como levando em consideração o alcance do caráter pedagógico da pena com a recuperação do indivíduo e não o seu descarte definitivo a pratica da profissão, com base nessas justificativas que ora sintetizo, fico a vontade

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Neste sentido, fundamentado em todos os fatos e provas produzidos, bem como em respeito à legislação internacional vigente e a harmonização global que deve se estabelecer entre as entidades desportivas em todo o mundo sobre a matéria, acolho a presente denúncia da D. Procuradoria para

condenar o Denunciado, Sr. Marcos Roberto Da Silva Barbosa, a violação do artigo 2, item 2.1 e com a aplicação da pena prevista no artigo 10, item 10.2, ambos do Código Mundial Antidopagem (Art. FIFA), pois presentes seus pressupostos, a suspensão (inelegibilidade) pelo período de 01 (Hum) ano, face a aplicação da atenuante do artigo 10.5.2 –

inexistência de culpa ou negligência significativas,

reduzindo a metade a

pena base de 02 (dois) anos (primeira infração), com início de vigência a partir do dia 06 de novembro de 2016, data da realização do exame, com a detração de 30 dias já cumpridos pelo atleta, restando alcançado o caráter pedagógico da

pena com o seu afastamento no ano de 2017 e atendendo aos requisitos do artigo 28, itens 1 e 2 do Código da FIFA (Art.10.9.1 WADA), bem Coamo levando em consideração a morosidade do processo que não pode ser atribuída a pessoa física do atleta.

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É como voto.

Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2017.

Referências

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