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A importância da escuta qualificada do assistente social no plantão de serviço social do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes contribuindo no processo de saúde do usuário

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ANA PAULA BONCKEWITZ

A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA QUALIFICADA DO ASSISTENTE SOCIAL NO PLANTÃO DE SERVIÇO SOCIAL DO HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ DR.

HOMERO DE MIRANDA GOMES CONTRIBUINDO NO PROCESSO DE SAÚDE DO USUÁRIO

Palhoça 2009

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ANA PAULA BONCKEWITZ

A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA QUALIFICADA DO ASSISTENTE SOCIAL NO PLANTÃO DE SERVIÇO SOCIAL DO HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ DR.

HOMERO DE MIRANDA GOMES CONTRIBUINDO NO PROCESSO DE SAÚDE DO USUÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina – Pedra Branca, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª Maria de Lourdes da Silva Leite Basto, Msc.

Palhoça 2009

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ANA PAULA BONCKEWITZ

A IMPORTÂNCIA DA ESCUTA QUALIFICADA DO ASSISTENTE SOCIAL NO PLANTÃO DE SERVIÇO SOCIAL DO HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ DR.

HOMERO DE MIRANDA GOMES CONTRIBUINDO NO PROCESSO DE SAÚDE DO USUÁRIO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social e aprovado em sua forma final pelo Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 22 de junho de 2009.

____________________________________________________ Profª e Orientadora Maria de Lourdes da Silva Leite Basto, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL

________________________________________________________ Profª Andréia de Oliveira, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL

__________________________________________________________ Assistente Social Fátima Maria dos Santos, Esp.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre iluminar os meus caminhos.

Aos meus pais, por investirem afetivamente e financeiramente na minha formação.

Ao meu irmão pelo auxilio prestado na preparação do TCC.

Aos professores do curso de Serviço Social da UNISUL, por terem me proporcionado um aprendizado de excepcional qualidade, orientado pela reflexão crítica e pela autonomia na troca de idéias.

Aos amigos, pelo companheirismo no aprendizado.

A Assistente Social Renata Helena Ribeiro Fernandes, pela extrema atenção para comigo e pela imprescindível oportunidade de fazer estágio com ela.

As assistentes sociais do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, que generosamente contribuíram com seus depoimentos, enriquecendo, desta forma, a reflexão sobre a prática profissional.

As professoras Andréia de Oliveira e Vera Nicia Fortkamp de Araujo, pelas valiosas críticas e sugestões que me deram quando da defesa do Projeto de Pesquisa;

A professora Maria de Lourdes da Silva Leite Basto que esteve junto comigo me auxiliando na preparação e conclusão do meu Trabalho de Conclusão de Curso.

A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a construção deste trabalho, aceitando nossos limites e valorizando as nossas possibilidades.

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RESUMO

O presente trabalho resgata a trajetória histórica do Serviço Social na área da saúde, bem como descreve e analisa o Processo de Trabalho do Assistente Social tanto na área da saúde em geral, como na área hospitalar. O objetivo desse trabalho é descrever e analisar a importância da escuta qualificada do Assistente Social no Plantão de Serviço Social do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes visando contribuir no processo de saúde do usuário e como objetivos específicos: Apresentar o histórico institucional do Hospital Regional e a implantação do Serviço Social; Resgatar a política de saúde no Brasil Pós-Constituição de 1988- SUS; Contextualizar a trajetória do Serviço Social na área da saúde; Analisar a intervenção profissional do Serviço Social no Plantão a partir da identificação das demandas dos usuários; Apontar a contribuição do Serviço Social a partir da instrumentalidade no Plantão de Serviço Social do HRSJ. Apresenta como problema ―Qual a importância da escuta qualificada do Assistente Social no Plantão de Serviço Social do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes contribuindo no processo de saúde do usuário?‖ Ainda trata do acolhimento como alternativa para o atendimento dos serviços básicos de saúde e através desse acolhimento mostrar a importância do diálogo entre família/usuário e o profissional de Serviço Social.

Palavra-Chave: Serviço Social. Plantão Social. Escuta qualificada. Acolhimento. Diálogo.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Quadro Funcional – 2007 ... 50

Tabela 2 - Distribuição de Leitos por Setor ... 52

Tabela 3 - Dados estatísticos de atendimentos mensais referentes ao ano de 2007 até o mês de agosto: ... 53

Tabela 4 - Estatística do Plantão Social 2008 ... 60

Tabela 5 - Serviços Prestados pelo Plantão de Serviço Social 2008... 61

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LISTA DE SIGLAS

ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social; ABESS – Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social;

ANAS – Associação Nacional dos Assistentes Sociais; CF – Constituição Federal;

CFAS – Conselho Federal de Assistentes Sociais;

CONASS – Conselho Nacional de Secretários da Saúde;

HRSJHMG – Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes; INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social; INPS – Instituto Nacional de Previdência Social;

INSS – Instituto Nacional de Seguro Social; SUS – Sistema Único de Saúde;

SIC OU SIU PESQUISAR

SMS – Secretária Municipal de Saúde; TFD – Tratamento fora de domicílio; UTI – Unidade de Terapia Intensiva;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE ... 10

2.1 A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA POLÍTICA DE SAÚDE – A CONQUISTA DO SUS ... 10

2.1.1 A trajetória do Serviço Social na área da saúde no contexto brasileiro ... 17

2.2 O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE ... 21

2.2.1 O processo de trabalho do Serviço Social no âmbito hospitalar ... 28

3 PLANTÃO SOCIAL ... 33

3.1 PLANTÃO DO SERVIÇO SOCIAL ... 33

3.2 O ACOLHIMENTO ATRAVÉS DE ESCUTA QUALIFICADA JUNTO AO SERVIÇO SOCIAL ... 38

3.2.1 A importância do diálogo entre a Família/Usuário e o Assistente Social . 43 4 SISTEMATIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ESTÁGIO ... 49

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO ... 49

4.2 O SERVIÇO SOCIAL NO HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ DR HOMERO DE MIRANDA GOMES ... 55

4.3 EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NO PLANTÃO DE SERVIÇO SOCIAL ... 58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 68

REFERÊNCIAS ... 70

ANEXOS ... 75

ANEXO A – Ficha de encaminhamento ... 76

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é fruto da experiência vivenciada no estágio curricular obrigatório realizado no Plantão de Serviço Social do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes que ocorreu no período de agosto de 2007 até dezembro de 2008.

Através de referências bibliográficas levantadas acerca do assunto proposto para este Trabalho de Conclusão de Curso pudemos observar que o mais importante nessa relação usuário/família e o Assistente Social é o diálogo que está presente em todo e qualquer procedimento realizado.

Outro papel importante que o Assistente Social desempenha em seu local de trabalho e que na maioria das vezes é a solução dos muitos problemas encontrados por esses usuários é desenvolver uma escuta qualificada, para que a maioria desses usuários possa falar de suas angústias, medos, anseios e dúvidas.

O Plantão é visto muitas vezes como um enfrentamento das necessidades desses usuários em conseguir de imediato o que tanto procuram e não conseguem resolver, mas temos que mudar essa imagem do Plantão ou mesmo do Serviço Social de ser somente uma prática assistencialista, fazendo com que os usuários que procurem o Serviço Social não se sintam excluídos da sociedade.

Para tanto, o referido Trabalho de Conclusão de Curso está estruturado da seguinte forma:

No primeiro capítulo foi realizado um breve resgate histórico sobre a Política de Saúde no Brasil Pós-Constituição de 1988 – SUS, bem como a trajetória do Serviço Social no contexto brasileiro e a importância do processo de trabalho do Assistente Social na área da saúde e no âmbito hospitalar.

No segundo capítulo aborda-se o Plantão Social que constitui-se no foco deste trabalho procurou-se enfatizar a importância do acolhimento através de uma escuta qualificada ressaltando a importância do diálogo com esses usuários.

No terceiro e último capítulo apresenta-se a história do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes e o Serviço Social nessa Instituição e por último a prática realizada neste setor.

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Esperamos com este trabalho contribuir de alguma forma para esclarecer como o Plantão de Serviço Social dentro de um Hospital atua para atender da melhor forma possível a demanda que surge para este setor.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE

2.1 A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA POLÍTICA DE SAÚDE – A CONQUISTA DO SUS

O presente capítulo tem como objetivo um breve resgate sobre o Sistema Único de Saúde. Para tanto se buscou fazer um levantamento bibliográfico sobre o SUS no Brasil.

Conforme a (CF/88 Art. 196 p. 131):

A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

É consensual que a proposta do Sistema Único de Saúde - SUS veio ancorada numa concepção ampliada de saúde e hoje se discute que as ações profissionais se viabilizem especialmente através do marco conceitual da promoção da saúde e de pautas programáticas expressas pelo Ministério da Saúde.

Antes do advento do SUS, a atuação do Ministério da Saúde se resumia às atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças, e à assistência médico-hospitalar; servia aos indigentes, ou seja, a quem não tinha acesso ao atendimento pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS.

O INAMPS foi criado pelo regime militar em 1974 pelo desmembramento do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS); era uma autarquia filiada ao Ministério da Previdência e Assistência Social (hoje Ministério da Previdência Social), com a finalidade de prestar atendimento médico aos que contribuíam para com a previdência social, ou seja, aos empregados de carteira assinada. O INAMPS dispunha de estabelecimentos próprios, mas a maior parte do atendimento era realizado pela iniciativa privada; os convênios estabeleciam a remuneração por procedimento, consolidando a lógica de cuidar da doença e não da saúde.

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Conforme Ministério da Saúde (2000) o Movimento da Reforma Sanitária1 nasceu no início da década de 70 como forma de oposição técnica e política ao regime militar, sendo abraçado por outros setores da sociedade e pelo partido de oposição da época — o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), atual Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em meados da década de 70, com o fim do milagre econômico, ocorreu uma crise do financiamento da previdência social, com repercussões no INAMPS. Ao longo da década de 80 o INAMPS passaria por sucessivas mudanças com universalização progressiva do atendimento, já numa transição com o SUS.

De acordo com Carvalho (1997), a participação da sociedade é a expressão institucional do ―núcleo duro‖ da Reforma Sanitária. Ao longo do tempo teve significados diversos, evidenciando constantemente a preocupação em associar o social e o político. Expressa ainda a face democrática ampla dessa Reforma, ao ter como horizonte não unicamente o acesso igualitário aos bens e serviços de saúde, mas o acesso ao poder. Mostra as arenas de definição da agenda governamental, traduzindo uma preocupação com os mecanismos redistributivos contidos nas políticas de saúde, com as formas organizacionais de como redistribuir ou favorecer uma atenção de qualidade para todos os brasileiros.

Considere-se que a partir dos anos 90, com a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), mudanças de ordens tecnológica, organizacional e política passaram a exigir novas formas de organização do trabalho na saúde, determinadas pela hierarquização por nível de complexidade, descentralização e democratização do sistema, imprimiram novas características ao modelo de gestão e atenção e, portanto aos processos de trabalho.

Na realidade, a atual organização do sistema de saúde, ao tempo em que atende algumas reivindicações históricas do movimento sanitário, de que são exemplos a universalização, a descentralização e a incorporação dos mecanismos

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Para o Ministério da Saúde (2000) o movimento da Reforma Sanitária nasceu no meio acadêmico no início da década de 70 como forma de oposição técnica e política ao regime militar, sendo abraçado por outros setores da sociedade e pelo partido de oposição da época — o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em meados da década de 70 ocorreu uma crise do financiamento da previdência social, com repercussões no INAMPS. Em 1979 ogeneral João Baptista Figueiredo assumiu a presidência com a promessa de abertura política, e de fato a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados promoveu, no período de 9 a 11 de outubro de 1979, o I Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, que contou com participação de muitos dos integrantes do movimento e chegou a conclusões altamente favoráveis ao mesmo; ao longo da década de 80 o INAMPS passaria por sucessivas mudanças com universalização progressiva do atendimento, já numa transição com o SUS.

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de controle social e participações sociais da comunidade ainda não superam algumas contradições existentes, dentre as quais constam a demanda reprimida / exclusão, a precariedade dos recursos, a questão da quantidade e qualidade da atenção, a burocratização e a ênfase na assistência médica curativa individual.

O SUS constitui um projeto social único cujos princípios de universalidade, integralidade e eqüidade estão firmadas na Constituição Federal de 1988. Com base nessa perspectiva, o entendimento das ações voltadas para a promoção, à prevenção e a assistência à saúde, cabe ao Ministério da Saúde organizar e elaborar planos e políticas públicas que atendam aos pressupostos constitucionais.

O SUS, ―É o conjunto de ações e serviços de saúde prestados por órgão e Instituições Públicas Federais, Estaduais e Municipais, da Administração Direta e Indireta e das Fundações mantidas pelo Poder Público e, complementarmente pela iniciativa privada.‖ Esta definição está no artigo 4º da Lei Federal 8.080/90.

O SUS é uma nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecida pela Constituição de 1988 e posteriormente às leis que a regulamentam. O SUS é, portanto, um novo sistema de Saúde que está em construção.

Para se ter saúde é preciso possuir um conjunto de fatores, como alimentação, moradia, emprego, lazer, educação. A saúde se expressa como um retrato da condição de cada usuário.

Conforme Mioto e Nogueira (2007 p. 218) o processo de implantação do Sistema Único de Saúde – SUS tem sido marcado por intensos debates que refletem a presença de interesses antagônicos em relação a sua consolidação, tanto como política pública calcada na universalidade, equidade, integralidade, participação da população e dever do Estado, quanto às dificuldades para construir modelos assistenciais ancorados na concepção ampliada de saúde, que foi a base do processo de proposição do próprio SUS.

A área da saúde foi a que mais obteve sucesso no que diz respeito ao fortalecimento dos direitos sociais, fato refletido na Constituição de 1988. Com perfil bastante programático em diversos aspectos, a nova carta constitucional propôs um novo ordenamento ao setor da saúde, propiciando um desenho particular em aspectos ético-político fundamentais.

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A concepção abrangente de saúde assumida na Constituição de 1988, através da determinação da implantação do SUS, foi um importante passo para uma mudança significativa no modelo assistencial e na tradução das necessidades de saúde da população brasileira.

Conforme Ministério da Saúde (2008) vale ressaltar que o SUS não se resume a consultas, exames e internações. O sistema hoje faz muito com poucos recursos. Em alguma medida, todos os brasileiros são usuários do SUS, já que todos se beneficiam das campanhas de vacinação, das ações de prevenção e de vigilância sanitária (registro de medicamentos, fiscalização de alimentos etc.); ou de eventuais atendimentos de alta complexidade, quando estes são negados pelos planos de saúde. Como se pode perceber, o SUS faz parte da vida de cada um de nós.

Segundo o Ministério da Saúde (2008) o SUS segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo: federal, estadual e municipal. Assim o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Baseado nos preceitos Constitucionais, a construção do SUS se norteia pelos seguintes princípios:

Universalização: porque deve atender a todos, sem distinções, de acordo com suas necessidades; e sem cobrar nada, sem levar em conta o poder aquisitivo ou se a pessoa contribui ou não com a Previdência Social.

Equidade: pois a saúde da pessoa não pode ser dividida e, sim, deve ser tratada como um todo. Isso quer dizer que as ações de saúde devem estar voltadas, ao mesmo tempo, para o indivíduo e para a comunidade, para a prevenção e para o tratamento, sempre respeitando a dignidade humana. Integralidade: a pessoa deve ser considerada como um todo. Para isso, é

importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doença, o tratamento e a reabilitação;

Descentralização: pois quem está próximo dos cidadãos tem mais chances de acertar na solução dos problemas de saúde. Assim, todas as ações e serviços que atendem a população de um município devem ser municipais; as que servem e alcançam vários municípios devem ser estaduais e aquelas que são dirigidas a todo o território nacional devem ser federais. O SUS tem um

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gestor único em cada esfera de governo. A Secretaria Municipal de Saúde, por exemplo, tem que ser responsável por todos os serviços localizados na cidade.

Hierarquização e regionalização: os serviços de saúde devem estar dispostos de maneira regionalizada, pois nem todos os municípios conseguem atender todas as demandas e todo tipo de problemas de saúde. Os serviços de saúde devem se organizar regionalmente e também obedecer a uma hierarquia entre eles. As questões menos complexas devem ser atendidas nas unidades básicas de saúde, passando pelas unidades especializadas, pelo hospital geral até chegar ao hospital especializado.

Participação do setor privado: as ações serão feitas pelos serviços públicos e de forma complementar pelo setor privado, preferencialmente pelo setor filantrópico e sem fins lucrativos, por meio de contrato administrativo ou convênio, o que não descaracteriza a natureza pública dos serviços.

Racionalidade: o SUS deve se organizar para oferecer ações e serviços de acordo com as necessidades da população e com os problemas de saúde mais freqüentes em cada região. Uma cidade não pode, por exemplo, manter um hospital e não dispor de unidades básicas de saúde.

Eficaz e eficiente: deve prestar serviços de qualidade e apresentar soluções quando as pessoas o procuram ou quando há um problema de saúde coletiva. Deve usar da racionalidade, utilizar as técnicas mais adequadas, de acordo com a realidade local e a disponibilidade de recursos, eliminando o desperdício e fazendo com que os recursos públicos sejam aplicados da melhor maneira possível.

Participação popular: o SUS é democrático porque tem mecanismos de assegurar o direito de participação de todos os segmentos envolvidos com o sistema - governos, prestadores de serviços, trabalhadores de saúde e, principalmente, os usuários dos serviços, as comunidades e a população. Os principais instrumentos para exercer esse controle social são os conselhos e as conferências de saúde, que devem respeitar o critério de composição paritária (participação igual entre usuários e os demais); além de ter caráter deliberativo, isto é, ter poder de decisão.

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A organização da prestação da assistência no SUS é baseada em dois blocos, sendo um relativo à atenção básica, e o outro, que contempla as ações de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar.

Conforme CONASS (2007) a atenção básica é entendida como o primeiro nível da atenção à saúde no SUS (contato preferencial dos usuários), que se orienta por todos os princípios do sistema, inclusive a integralidade, mas emprega tecnologia de baixa densidade.

Por tecnologia de baixa densidade, fica subentendido que a atenção básica inclui um rol de procedimentos mais simples e baratos, capazes de atender à maior parte dos problemas comuns de saúde da comunidade, embora sua organização, seu desenvolvimento e sua aplicação possam demandar estudos de alta complexidade teórica e profundo conhecimento empírico da realidade.

Embora a atenção básica em saúde seja entendida como a base orientadora do sistema, os procedimentos realizados diretamente em seus serviços, não esgotam as necessidades dos pacientes do SUS.

Segundo CONASS (2007) a média complexidade em saúde pode ser definida como: ações e serviços que visem atender aos principais problemas e agravos de saúde da população, cuja complexidade da assistência na prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos, para o apoio diagnóstico e tratamento.

Para CONASS (2007) na alta complexidade é o conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde (atenção básica e de média complexidade).

Conforme o Ministério da Saúde (2008) os usuários têm direitos e deveres e que devem ser respeitados assim como o profissional que atua em qualquer área não só da saúde como num todo. Assim foi criada a Carta dos direitos dos usuários que contemplam os seguintes princípios:

1º Princípio: Todo cidadão tem direito a ser atendido com ordem e organização.

 Quem estiver em estado grave e/ou maior sofrimento precisa ser atendido primeiro.

 É garantido a todos o fácil acesso aos postos de saúde, especialmente para portadores de deficiência, gestantes e idosos.

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2º Princípio: Todo cidadão tem direito a ter um atendimento com qualidade.

 Você tem o direito de receber informações claras sobre o seu estado de saúde. Seus parentes também têm o direito de receber informações sobre seu estado.

 Também tem o direito a anestesia e a remédios para aliviar a dor e o sofrimento quando for preciso.

 Toda receita médica deve ser escrita de modo claro e que permita sua leitura.

3º Princípio: Todo cidadão tem direito a um tratamento humanizado e sem

nenhuma discriminação.

 Você tem direito a um atendimento sem nenhum preconceito de raça, cor, idade, orientação sexual, estado de saúde ou nível social.

 Os médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde devem ter os nomes bem visíveis no crachá para que você possa saber identificá-los.  Quem está cuidando de você deve respeitar seu corpo, sua intimidade, sua

cultura e religião, seus segredos, suas emoções e sua segurança.

4º Princípio: Todo cidadão deve ter respeitados os seus direitos de paciente.

 Você tem direito a pedir para ver seu prontuário sempre que quiser.

 Tem também a liberdade de permitir ou recusar qualquer procedimento médico, assumindo a responsabilidade por isso. E não pode ser submetido a nenhum exame sem saber.

 O SUS possui espaços de escuta e participação para receber suas sugestões e críticas, como as Ouvidorias e os Conselhos Gestores e de Saúde.

5º Princípio: Todo cidadão também tem deveres na hora de buscar atendimento de

saúde.

 Você nunca deve mentir ou dar informações erradas sobre seu estado de saúde.

 Deve também tratar com respeito os profissionais de saúde.  E ter disponíveis documentos e exames sempre que for pedido.

6º Princípio: Todos devem cumprir o que diz a carta dos direitos dos usuários da

saúde.

 Os representantes do Governo Federal, Estadual e Municipal devem se empenhar para que os direitos do cidadão sejam respeitados.

Vivemos hoje um processo de consolidação do SUS. Embora alguns avanços tenham ocorrido nos últimos anos, existem ainda grandes desafios a serem

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enfrentados por todos os gestores do SUS para tornar os princípios e diretrizes definidas para o sistema e plena realidade para toda a população brasileira.

A seguir descreve-se a trajetória do Serviço Social na área da saúde no contexto brasileiro.

2.1.1 A trajetória do Serviço Social na área da saúde no contexto brasileiro

A partir da contribuição do Serviço Social na área da saúde trataremos sobre a trajetória do Serviço Social no contexto brasileiro.

Segundo BRAVO (2007 p. 90) a Saúde Pública, na década de 1920, adquire novo relevo no discurso do poder. Há tentativas de extensão dos seus serviços por todo o país. A Reforma Carlos Chagas, de 1923, tenta ampliar o atendimento à saúde por parte do poder central, constituindo uma das estratégias da União de ampliação do poder nacional no interior da crise política em curso, sinalizada pelos tenentes, a partir de 1922.

As alterações ocorridas na sociedade brasileira a partir da década de 30 têm como indicadores mais visíveis o processo de industrialização, a redefinição do papel do Estado, o surgimento das políticas sociais, além de outras respostas às reivindicações dos trabalhadores.

Para Bravo e Matos (2007 p. 198) a conjuntura de 30 a 45 caracteriza o surgimento da profissão no Brasil, com influência européia, e a área da saúde não foi a que concentrou maior quantitativo de profissionais, apesar de algumas escolas terem surgido motivadas por demandas do setor. A formação profissional também se pautou, desde seu início, em algumas disciplinas relacionadas à saúde.

O surgimento e o desenvolvimento do Serviço Social no período de 30 a 64, bem como a ação profissional na área da saúde, mostram algumas evidências significativas.

Conforme Bravo (2007 p. 91) a política de saúde formulada nesse período era de caráter nacional, organizada em dois subsetores: o de saúde pública e o de medicina previdenciária. O subsetor de saúde pública será predominante até meados de 60 e se centralizará na criação de condições sanitárias mínimas para as

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populações urbanas e, restritamente, para as do campo. O subsetor de medicina previdenciária só virá sobrepujar o de saúde pública a partir de 1966.

A expansão do Serviço Social no país, entretanto, ocorre a partir de 1945, relacionada com as exigências e necessidades de aprofundamento do capitalismo no Brasil e às mudanças que ocorreram no panorama internacional, em função do término da 2ª Guerra Mundial. Nesta década, a ação profissional na saúde também se amplia, transformando-se no setor que mais vem absorvendo os Assistentes Sociais.

A situação da Saúde no período de 1945 a 1964, não conseguiu eliminar o quadro de doenças infecciosas e parasitárias e as elevadas taxas de morbidade e mortalidade infantil, como também a mortalidade geral.

Conforme Bravo e Matos (2007 p.199) o Assistente Social consolidou uma tarefa educativa com intervenção normativa no modo de vida da ―clientela‖, com relação aos hábitos de higiene e saúde, e atuou nos programas prioritários estabelecidos pelas normatizações da política de saúde.

O Serviço Social na saúde vai receber as influências da modernização que se operou no âmbito das políticas sociais, sedimentando sua ação na prática curativa, principalmente na assistência médica previdenciária, maior empregador dos profissionais.

O Serviço Social sofreu profundas transformações, no pós-1964, que tiveram rebatimento no trabalho do Assistente Social na área da saúde.

No período de 1964 a 1974, o Estado utilizou para sua intervenção o binômio repressão-assistência, sendo a política assistencial ampliada, burocratizada e modernizada pela máquina estatal com a finalidade de aumentar o poder de regulação sobre a sociedade, suavizar as tensões sociais e conseguir legitimidade para o regime, como também servir de mecanismo de acumulação do capital.

Conforme Bravo e Matos (2007 p. 202) em 1974 - 1979, o Serviço Social na saúde não se alterou, apesar do processo organizativo da categoria, do aparecimento de outras direções para a profissão, do aprofundamento teórico dos docentes e do movimento mais geral da sociedade.

A política Social, no período de 1974 a 1979 teve por objetivo obter maior efetividade no enfrentamento da questão social, a fim de canalizar as reivindicações e pressões populares.

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Segundo Bravo e Matos (2007) a década de 80, no Brasil, foi um período de grande mobilização política, como também de aprofundamento da crise econômica que se evidenciou na ditadura militar. Nessa conjuntura, há um movimento significativo na saúde coletiva, que também ocorre no Serviço Social, de ampliação do debate teórico e a incorporação de algumas temáticas como o Estado e as políticas sociais fundamentadas no marxismo.

Segundo Teixeira (1989) a análise da política de saúde na década de 1980 tem como aspectos centrais, a politização da questão saúde, a alteração da norma constitucional e a mudança do arcabouço e das práticas institucionais.

O Serviço Social na área da Saúde dos anos 80 observa-se uma mudança de posições, a saber: a postura crítica dos trabalhos em saúde apresentados nos Congressos Brasileiros de Assistentes Sociais de 85 e 89; a apresentação de alguns trabalhos nos Congressos Brasileiros de Saúde Coletiva; a proposta de intervenção formulada pela Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social (ABESS), Associação Nacional dos Assistentes Sociais (ANAS) e Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS) para o Serviço Social do INAMPS; e a articulação do CFAS com outros conselhos federais da área da saúde.

Para BRAVO (2007) no final da década de 80, já havia algumas dúvidas e incertezas com relação à implementação do Projeto de Reforma Sanitária, cabendo destacar: a fragilidade das medidas reformadoras em curso, a ineficácia do setor público, as tensões com os profissionais de saúde, a redução do apoio popular face à ausência de resultados concretos na melhoria da atenção à saúde da população brasileira e a reorganização dos setores conservadores contrários à reforma, que passam a dar a direção no setor a partir de 1988.

O Serviço Social na entrada dos anos 90 coloca que foi na década anterior que se obteve a maioridade intelectual da profissão e que, na atual década, identifica um deslocar da predominância teórico-cultural que possibilitou a tal maioridade.

O processo de renovação do Serviço Social no Brasil está articulado às questões colocadas pela realidade da época, mas por ter sido um movimento de revisão interna, não foi realizado um estudo mais profundo com outros debates, também relevantes, que buscam a construção de práticas democráticas, como o movimento pela reforma sanitária.

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Ao analisar a trajetória do Serviço Social na área da saúde e, principalmente nos anos 90, identifica-se que alguns desafios ainda estão postos na atualidade.

Ao destacar-se o Serviço Social nos anos 90 faz-se necessário ter em mente ser este o período de implantação e êxito ideológico do projeto neoliberal no país, do qual o governo de Fernando Collor de Mello foi o primeiro a tentar implementá-lo.(BRAVO E MATOS, 2007).

Para Bravo (1996) ao mencionar-se o Serviço Social na Saúde na década de 90, faz-se necessário montar didaticamente um paralelo entre a profissão e a luta por esse direito. Observa-se historicamente que a atuação do Serviço Social na Saúde se deu no âmbito curativo e com abordagem individual (Serviço Social de Caso), sendo a preocupação com a saúde, como uma questão política, explicitada no seio da categoria somente na virada da década de 80 para 90.

Conforme Matos (2003 p. 89) o Serviço Social na década de 90 é caracterizado por avanços construídos por um conjunto de profissionais situados na tendência ―intenção de ruptura‖, tanto no aspecto político, como no institucional e no acadêmico. Não que com isso estejamos afirmando que essa tendência é a única no debate e nem que na totalidade da categoria ela seja hegemônica; também não desconsideramos a contribuição das outras tendências.

Para se avançar na profissão faz-se necessário recuperar as lacunas da década de 80. E a intervenção é uma prioridade, pois poucas alterações trouxeram os ventos da vertente intenção de ruptura para o cotidiano dos Assistentes Sociais na intervenção sócio profissional. E isso rebate na atuação do Serviço Social na área da saúde.

O Serviço Social na década de 90 continua desarticulado, enquanto categoria, do movimento sanitário. Este, por sua vez, não detém mais hegemonia no debate da saúde coletiva. Se essa desarticulação era considerada uma debilidade, hoje pode ser relativizada frente à direção que o debate da saúde coletiva vem assumindo.

Para Bravo e Matos (2007) o trabalho do Assistente Social na saúde deve ter como eixo central a busca criativa e incessante da incorporação dos conhecimentos e das novas requisições à profissão, articulados aos princípios dos projetos da reforma sanitária e ético-político do Serviço Social.

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Segundo CFESS (2009) em meados de 2002, havia a expectativa de construção de um Brasil novo, com redução das desigualdades sociais por meio de uma política econômica com redistribuição de renda e geração de empregos. Esperava-se que as políticas sociais adquirissem caráter universalista. Na saúde, a pretensão era de retorno do Projeto da Reforma Sanitária. Entretanto, esta expectativa não se concretizou e a política de saúde continuou prioritariamente focalizada.

A nova configuração da política de saúde vai impactar o trabalho do assistente social em diversas dimensões: nas condições de trabalho, na formação profissional, nas influências teóricas, na ampliação da demanda e na relação com os demais profissionais e movimentos sociais.

No próximo item será abordado o processo de trabalho do Assistente Social na área da saúde.

2.2 O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE

Neste capítulo iremos tecer breves considerações acerca da contribuição do Serviço Social na área da saúde.

Refletir sobre o processo de trabalho em saúde implica considerar que ao longo da segunda metade do século XIX e das primeiras décadas do século XX, a medicina social e a saúde pública tiveram franco desenvolvimento nos países europeus, sempre como tarefas, quando não executadas, financiadas ou supervisionadas pelo Estado.

O Serviço Social surge através do conjunto das desigualdades da sociedade capitalista sendo caracterizada como questão social objetivando assim o trabalho do Assistente Social. No inicio a prática profissional esteve ligada a Igreja Católica que trabalhava as questões sociais de forma assistencialista.

No século XX, particularmente, a partir da Segunda Guerra Mundial, tais políticas já se encontravam, plenamente, constituídas nos aparelhos de Estado, ao

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ponto de ser chamado como a "Era of Welfare State‖ 2

, todo o período do pós-guerra vivido pelos países desenvolvidos.

Na década de 60 os laços com a Igreja Católica começaram a ser rompido e passaram a repensar de forma mais técnica e cientifica fazendo com que os futuros profissionais estejam preparados para serem planejadores, executores e avaliadores das políticas sociais.

O Movimento de Reconceituação do Serviço Social, com toda a diversidade que lhe foi próprio, criticou duramente essa divisão, e proporcionou um aprofundamento teórico-metodológico (principalmente a partir do diálogo com a tradição marxista e, sobretudo, com a obra marxiana) que possibilitou à profissão romper com esse caráter meramente executivo e conquistar novas funções e atribuições no mercado de trabalho, sobretudo do ponto de vista do planejamento e administração das políticas sociais.

A Reconceituação está intimamente vinculada ao circuito sociopolítico latino-americano da década de 1960, a ruptura com o Serviço Social tradicional se inscreve na dinâmica de rompimento das amarras imperialistas, de luta pela libertação nacional e de transformações da estrutura capitalista excludente, concentradora, exploradora.

Para Netto (2005) a principal conquista da Reconceituação, porém, parece localizar-se num plano preciso: o da recusa do profissional de Serviço Social de situar-se como um agente técnico puramente executivo e quase sempre um executor terminal de políticas sociais.

A Reconceituação assentou as bases para a requalificação profissional, rechaçando a subalternidade expressa na até então vigente aceitação da divisão consagrada de trabalho entre cientistas socais e Assistentes Sociais.

Para Mioto e Nogueira (2007) a construção da integralidade e da participação social em saúde, pelo Serviço Social, está atrelada a três processos básicos: os processos político-organizativos, os processos de planejamento e gestão e aos processos sócio-assistenciais.

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O Welfare State surgiu nos países europeus devido à expansão do capitalismo após a Revolução Industrial e o Movimento de um Estado Nacional objetivando a democracia. Algumas teorias pregam que seu início efetivo dá-se exatamente com a superação dos absolutismos e a emergência das democracias de massa. O Welfare State é uma transformação do próprio Estado a partir das suas estruturas, funções e legitimidade. Ele é uma solução para a necessidade de serviços de segurança sócio-econômica.

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Os processos político-organizativos correspondem à articulação de um conjunto de ações, nas quais se destacam a mobilização e a assessoria, incrementando discussões e ações entre seu espaço sócio-ocupacional – sendo numa unidade básica de saúde, num hospital ou num ambulatório especializado –, a comunidade e as mais diferentes instituições visam à universalização, à ampliação e à efetivação dos direitos. Nessas ações, são privilegiados os espaços de controle social instituídos no campo da política de saúde, tais como os Conselhos de Direitos, as Conferências e outros órgãos, como o Ministério Público.

Os processos de planejamento e gestão correspondem ao conjunto de ações profissionais desenvolvidas no nível de gestão do SUS, no âmbito das instituições e serviços de saúde, no planejamento e gestão de serviços sociais em instituições, programas e empresas, e na sistematização das ações profissionais. Nesse âmbito estão contidas as ações particularmente destinadas à efetivação da intersetorialidade, na qual, a gestão das relações interinstitucionais e a criação de protocolos entre serviços, programas e instituições no conjunto das políticas sociais, sirvam de base tanto para o trabalho do assistente social como para a equipe da qual faz parte.

Os processos sócio-assistenciais correspondem ao conjunto de ações profissionais desenvolvidas no âmbito da ação direta com os usuários nos diferentes níveis de complexidade nos serviços de saúde, a partir de demandas singulares. Sua lógica reside em atender o usuário como sujeito, visando responder as demandas/necessidades particulares, numa perspectiva de construção de sua autonomia no âmbito das relações institucionais e sociais ao remetê-lo para a participação política em diferentes espaços, nos quais se incluem as próprias instituições e serviços de saúde e também os conselhos de direitos, os movimentos de base sócio-comunitária e os movimentos sociais na sua diversidade. Essencialmente, incluem ações de diferentes naturezas, porém está em constante interação, o que dificulta a distinção entre as mesmas. Porém, considerando seus objetivos primordiais, é possível distingui-las e com isso aprofundar os marcos referenciais que pautam a execução das mesmas e a própria interação entre elas.

Como citado anteriormente por Mioto e Nogueira cabe ressaltar que o planejamento começa a fazer parte do Serviço Social, com maior intensidade, na

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década de 1970, parametrado pelo discurso da racionalidade e da intervenção nos processos de mudança, necessários e em curso nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.

No Brasil em meados dos anos 80 o Serviço Social assistiu ao desenvolvimento de uma perspectiva crítica, tanto teórica como prática constituída a partir do espírito próprio da Reconceituação.

A existência deste Serviço Social crítico que hoje implementa o chamado projeto ético-político é a prova conclusiva da permanente atualidade da Reconceituação como ponto de partida da crítica ao tradicionalismo: é a prova de que, quarenta anos depois, a Reconceituação continua viva.

Para Martinelli (2005, p. 66):

O Serviço Social é uma profissão que nasce articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês, gestada sob o manto de uma grande contradição que impregnou suas entranhas, pois produzida pelo capitalismo industrial, nele imersa e com ele identificada como a criança no seio materno, buscou afirmar-se historicamente sua própria trajetória e o revela como uma prática humanitária, sancionada pelo Estado e protegida pela Igreja, como uma mistificada ilusão de servir.

A compreensão, ao se pensar a prática profissional, já está relacionada a pratica social, ou seja, existe a tendência de conectá-la diretamente a prática da sociedade; outros qualificam a prática do Serviço Social de ―práxis social‖, ao considerar o conjunto da sociedade em movimento e em contradições. O processo de trabalho gera um valor de uso a partir do modo de produção capitalista.

O exercício da profissão prevê competências ético-políticas, teórico-práticas, técnico-operativas para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções profissionais. É ir além das rotinas institucionais e buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências e possibilidades nela presentes, passíveis de serem executadas.

Segundo Souza (2008) na competência ético-política o Assistente Social não é um profissional ―neutro‖. Sua prática se realiza no marco das relações de poder e de forças sociais da sociedade capitalista – relações essas que são contraditórias. Assim, é fundamental que o profissional tenha um posicionamento político frente às questões que aparecem na realidade social, para que possa ter clareza de qual é a direção social da sua prática. Isso implica em assumir valores ético-morais que sustentam a sua prática – valores esses que estão expressos no Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais (Resolução CFAS nº 273/93), e

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que assumem claramente uma postura profissional de articular sua intervenção aos interesses dos setores majoritários da sociedade.

Já na Competência teórico-metodológica – o profissional deve ser qualificado para conhecer a realidade social, política, econômica e cultural com a qual trabalha. Para isso, faz-se necessário um intenso rigor teórico e metodológico, que lhe permita enxergar a dinâmica da sociedade para além dos fenômenos aparentes, buscando apreender sua essência, seu movimento e as possibilidades de construção de novas possibilidades profissionais.

E na Competência técnico-operativa – o profissional deve conhecer se apropriar, e, sobretudo, criar um conjunto de habilidades técnicas que permitam ao mesmo desenvolver as ações profissionais junto à população usuária e às instituições contratantes (Estado, Empresas, Organizações Não-governamentais, Fundações, Autarquias etc.), garantindo assim uma inserção qualificada no mercado de trabalho, que responda às demandas colocadas tanto pelos empregadores, quanto pelos objetivos estabelecidos pelos profissionais e pela dinâmica da realidade social.

Conforme Souza apud (CARVALHO e IAMAMOTO, 2005) essas três dimensões de competências nunca podem ser desenvolvidas separadamente – caso contrário cairemos nas armadilhas da fragmentação e da despolitização, tão presentes no passado histórico do Serviço Social.

O Serviço Social na década de 1990 rompe em sua base formal com o conservadorismo, claramente com uma visão de homem enquanto ser social que constrói sua história, tendo a liberdade como eixo central de orientação deste projeto, entendida não apenas como valor, mas como capacidade ontológica do ser social (BARROCO, 2003).

Para Barroco (2003 p. 180):

As condições sócio-econômicas e ideo-políticas dos anos 1990 atingem diretamente a classe trabalhadora, rebatendo duplamente no Serviço Social, seus agentes são atingidos como cidadãos e trabalhadores assalariados e como profissionais viabilizadores de direitos sociais. A vertente profissional que, nos anos de 1980, ganhou a legitimidade na direção das entidades de profissionais e estudantes, na organização sindical, no debate crítico, na produção inserida na tradição marxista, na revisão curricular de 1982 e na reelaboração do Código de Ética de 1986, defronta-se com o desafio de responder a essa conjuntura, sem perder suas conquistas.

O Projeto ético-político do Serviço Social se revela cada vez mais contrário ao projeto de sociedade hegemônico e manter sua direção e construção

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exige cada vez mais do Assistente Social uma formação continuada, crítica e direcionada pelo fim da exploração de classes. Isto não significa que o Serviço Social rompeu totalmente com as práticas conservadoras, pois o avanço e consolidação do projeto hegemônico burguês têm contribuído para a reformulação de práticas tradicionais revestidas de um discurso progressista.

Esquematicamente, este projeto tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor central – a liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolha entre alternativas concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais. Conseqüentemente, este projeto profissional se vincula a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem exploração/dominação de classe, etnia e gênero. A partir destas opções que o fundamentam, tal projeto afirma a defesa intransigente dos direitos humanos e o repúdio do arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente o pluralismo, tanto na sociedade como no exercício profissional.

Para Netto (1999) a dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona a favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização do acesso a bens e a serviços relativos às políticas e programas sociais; a ampliação e a consolidação da cidadania são explicitamente postas como garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras. Correspondentemente, o projeto se declara radicalmente democrático – considerada a democratização como socialização da participação política e socialização da riqueza socialmente produzida.

Em especial, o projeto prioriza uma nova relação com os usuários dos serviços oferecidos pelos Assistentes Sociais: é seu componente elementar o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população, aí incluída a publicidade dos recursos institucionais, instrumento indispensável para a sua democratização e universalização e, sobretudo, para abrir as decisões institucionais à participação dos usuários.

Enfim, o projeto assinala claramente que o desempenho ético-político dos Assistentes Sociais só se potencializará se o corpo profissional articular-se com os segmentos de outras categorias profissionais que compartilham de propostas similares e, notadamente, com os movimentos que se solidarizam com a luta geral dos trabalhadores.

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Pode-se afirmar que este projeto ético-político, fundamentado teórica e metodologicamente, conquistou a sua hegemonia no Serviço Social, no Brasil, no século XX.

Conforme ABEPSS (2003) um Assistente Social crítico e propositivo exige um determinado perfil: profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais, dotado de formação intelectual e cultural generalista e crítica, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho.

Ainda no que se refere ao processo de trabalho na área da saúde torna-se fundamental apreender as dimensões tecnológica, organizacional e política daquela prática social. Isto requer pensar a saúde como uma política social pública que se materializa como um serviço cujo conteúdo, finalidade e processos de trabalho, merecem conceituações de natureza teórica e histórica.

Segundo Costa (2007 p. 305):

Subjacente à idealização da ação do Serviço Social, parece haver uma desconsideração das condições objetivas sob as quais se desenvolve a prática profissional, no contexto de produção dos serviços públicos de saúde. Nesse caso, as condições objetivas dizem respeito ao caráter subsidiário da prática em relação às atividades-fins das organizações de saúde e às relações de subordinação inerentes à condição de trabalhadores assalariados.

O planejamento tem inicio no âmbito das relações societárias e institucionais, que são marcadas pelas divergências, oposições e conflitos entre os atores envolvidos, conflitos que devem ser enfrentados através de negociação democrática e participativa, evitando assim o uso de autoritarismos e comportamentos antiéticos. Sendo assim, quanto mais democrática for à construção do Plano, Programa ou Projeto, maiores serão as chances de se evitar conflitos futuros.

Portanto, é importante assinalar que o planejamento, como instrumento, está condicionado politicamente, o que determina que seu direcionamento ocorra no interesse da maioria, quando democraticamente utilizado, ou, ao contrário, de alguns grupos dominantes que têm acesso ao Estado ou participam do controle de organismos e agentes econômicos internacionais.

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Em seguida trataremos do processo de trabalho do Serviço Social no âmbito hospitalar.

2.2.1 O processo de trabalho do Serviço Social no âmbito hospitalar

O processo de trabalho implica uma matéria-prima ou objeto sobre o qual incide a ação, meios ou instrumentos de trabalho que potenciam a ação do sujeito sobre o objeto; e a própria atividade, ou seja, o trabalho direcionado a um fim, que resulta em um produto (IAMAMOTO, 2000).

Conforme Lewgoy e Silveira (2007) para situar o processo de trabalho como processo de transformação de um objeto determinado, seja em seu estado bruto ou já trabalhado, em um produto determinado, requer uma transformação efetuada por uma atividade humana determinada, utilizando instrumentos de trabalho determinados. Partindo do pressuposto de que os meios de trabalho são o conjunto de elementos intermediários entre o trabalhador e o objeto a ser transformado, a habilidade no uso das técnicas se insere na tecnologia que influencia a produção específica do Serviço Social.

Como já citado anteriormente por Mioto e Nogueira no capítulo 2 os três processos básicos: político-organizativos, planejamento e gestão e sócio-assistenciais são integrados permitindo estabelecer diferentes níveis de atenção em saúde, das necessidades individuais e coletivas, à medida que as ações profissionais estão, direta ou indiretamente, presentes em todos os níveis de atenção e gestão.

Cabe ressaltar que estes processos aqui mencionados estão relacionados ao âmbito hospitalar estabelecendo assim ações que possam vir a suprir as necessidades do usuário.

A seguir serão apresentados alguns dos principais instrumentos técnico-operativos utilizados pelo Serviço Social no âmbito hospitalar:

De acordo com Souza (2008), a entrevista é um dos instrumentos mais utilizados pelos Assistentes Sociais já que consiste num processo de comunicação direta entre o Assistente Social e o usuário (entrevista individual), ou mais de um (entrevista grupal). Uma entrevista bem conduzida permite captar o contexto no qual

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o usuário encontra-se inserido, além de permitir apreender as demandas do mesmo, sejam as de ordem social, psicológica, financeira, entre outras.

Já as reuniões apresentam-se como espaços coletivos. São encontros grupais, que têm como objetivo estabelecer alguma espécie de reflexão sobre determinado tema. Mas, sobretudo, uma reunião tem como objetivo a tomada de uma decisão sobre algum assunto. Cabe salientar que após o término de cada reunião torna-se importante a elaboração da ata, que é o registro de todo o processo de uma reunião, das discussões realizadas, das opiniões emitidas, e, sobretudo, da decisão tomada – e da forma como o grupo chegou a ela (por votação, por consenso, ou outra forma).

Ainda de acordo com o mesmo autor, outro instrumento também muito utilizado é o Livro de Registro, principalmente em locais onde circula um grande número de profissionais. Trata-se de um livro onde são anotadas as atividades realizadas, telefonemas recebidos, questões pendentes, atendimentos realizados, dentre outras questões, de modo que toda a equipe tenha acesso ao que está sendo desenvolvido.

Já o Relatório Social trata-se de uma descrição pormenorizada do trabalho realizado e das informações adquiridas durante a execução de determinada atividade.

No que se refere ao encaminhamento. Conforme Sarmento (2000 p. 104):

O encaminhamento, muitas vezes confundido com transferência de responsabilidade entre setores e organizações, torna-se um serviço sempre parcial e insuficiente, exigindo novos retornos através de uma recorrência burocrática e do disciplinamento em percursos infindáveis nos corredores institucionais, que acabam por reforçar a dependência e, muitas vezes, a perda de auto-estima. Quando muito, conseguem, através da garantia de alguns recursos, uma satisfação compensatória em meio às informações invertidas e às respostas insuficientes às demandas criadas. O encaminhamento ainda não é compreendido como a busca de uma solução para os problemas e situações vivenciadas pela população, com garantia de seus direitos.

O conhecimento do objeto de trabalho é essencial para sua concretização. O exercício profissional realiza-se por meio da gestão e execução de projetos sociais, que nascem do desejo de transformar esse objeto, embasando-se em um diagnóstico social que possibilite o reconhecimento e a compreensão das

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necessidades, competências e possibilidades-alternativas de ação presentes no contexto da realidade em análise.

Focar a cidadania no processo de trabalho do Assistente Social é expandir a sua atuação, visando ao exercício igualitário dos direitos civis, políticos e sociais e, ainda, contribuir para a construção de homens livres e autônomos.

As demandas tradicionais e emergentes, apresentadas ao Serviço Social, ora pelo mercado de trabalho, ora pela classe trabalhadora, desvelam-se à medida que a pesquisa e o conhecimento da realidade se desenvolvem como inerentes ao próprio processo de trabalho do Assistente Social.

Conforme Silva (2007) o processo de trabalho do Assistente Social também introduz ações para estabelecer parcerias, vínculos e redes de apoio, fortalecendo e ampliando os canais de acesso aos direitos. O resgate da participação do individuo e dos grupos na vida social ou na vida organizacional é característica presente em todas as etapas do processo, tornando-se, pois, extremamente importante para a capacitação, a autonomia e a realização dos objetivos. Trata-se de uma forma de trabalhar com o reconhecimento das forças internas e externas que envolvem e interferem nas relações dos sujeitos, permitindo a atenção aos seus aspectos coletivos, sem, contudo, perder de vista a sua dimensão individual.

Os processos de trabalho do Serviço Social nesse espaço têm como eixo principal as interfaces da questão social com a saúde, orientada nos cuidados básicos, com ênfase na atenção primária, a partir da percepção de que as condições sociais de vida dos sujeitos são fatores determinantes de sua saúde. Trabalha através de processos socioeducativos com vistas à integralidade e à viabilização da garantia de acesso a direitos sociais.

O Assistente Social dentro do Hospital deve ter um papel ativo junto à determinada população alvo que visa à promoção e proteção dos direitos do ―doente‖ no processo de reabilitação e cura.

No Hospital o Serviço Social assume como Campo de Intervenção, o ―doente‖ na dimensão ―psicossocial‖, isto é, o Assistente Social não acompanha só o ―doente‖ na sua condição saúde/doença, mas também nos seus papéis sociais e nas redes de sociabilidade.

Para Freitas (2007) no hospital, os sujeitos adoecidos, no ato da internação, tendem a vivenciar um doloroso processo de ruptura com o mundo

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doméstico e ingressam numa estrutura técnico-burocrática de padronização e despersonalização. Assim, a experiência de adoecimento na instituição hospitalar é marcada por envolver a destituição dos referenciais culturais e da história de vida do sujeito no momento em que este passa a integrar uma rígida rotina de alienação em relação ao próprio corpo, tornando-se objeto de controle e medicalização.

O trabalho do Serviço Social no hospital acaba desempenhando um papel funcional para a instituição, na medida em que suas atividades relacionam-se, principalmente, com a necessidade de agilizar iniciativas e providências: realização de exames, aquisição de medicamentos, alta, liberação de leitos,...

Conforme Mioto e Nogueira (2007) as ações profissionais e institucionais caminham juntas, tendo naturezas distintas, porém complementares. O caráter institucional coloca um relativo limite ao recorte do objeto da ação profissional, na apreensão das demandas e definição de objetivos, condicionando, ainda, os resultados do trabalho. Por sua vez, as ações profissionais moldam comportamentos institucionais em uma relação dialética, assimétrica e determinada pelo jogo de interesses e forças condensadas em espaços sócio-ocupacionais.

Enfim, referindo-se ao papel das políticas públicas na definição de interesses para a conformação de políticas sociais, independentemente dos objetivos de desenvolvimento pré-determinados na sociedade, o que se concretizará, será o equilíbrio entre o jogo de poder entre os agentes envolvidos, ou seja, entre o Estado e os atores sociais. Assim, será diante de interesses organizados e legitimados que o modo de condução governamental das políticas públicas evoluirá, a ponto de modificarem não só as estruturas políticas preexistentes das instituições.

O Assistente Social ocupa um lugar privilegiado no mercado de trabalho: na medida em que ele atua diretamente no cotidiano das classes e grupos sociais menos favorecidos, ele tem a real possibilidade de produzir um conhecimento sobre essa mesma realidade. E esse conhecimento é, sem dúvida, o seu principal instrumento de trabalho, pois lhe permite ter a real dimensão das diversas possibilidades de intervenção profissional.

Enfim, o fazer profissional do Assistente Social supõe uma ação reflexiva e dialógica envolvendo os diversos atores e cenários presentes no contexto social.

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Deste modo, o profissional não pode se prender a aspectos pontuais de uma intervenção deve realizá-lo de modo articulado, tendo consciência que sua ação interventiva está inclusa na totalidade social.

Nosso próximo capítulo irá falar sobre o Plantão Social dentro de uma Unidade Hospitalar e a importância do acolhimento feito com as famílias/usuário através do diálogo.

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3 PLANTÃO SOCIAL

3.1 PLANTÃO DO SERVIÇO SOCIAL

Neste capítulo iremos abordar o Plantão Social que é uma das atividades comum à maioria dos Assistentes Sociais, ainda que, em algumas unidades de saúde, esta atividade não seja reconhecida por este nome. O Plantão não se constitui assim, num serviço ou uma atividade pensada, planejada, organizada, reduzindo-se a ações isoladas desenvolvidas pelo Assistente Social para "resolver o(s) problema(s) do usuário".

O Plantão Social assume a responsabilidade de acolher, dialogar, compreender a história de vida de cada pessoa e dentro do possível, atender suas necessidades bem como, efetuar encaminhamentos para outras instituições, entidades, secretarias e recursos disponíveis. Com isso, o atendimento no Plantão Social irá desenvolver ações que envolvam diversos setores, com o objetivo de romper o ciclo de reprodução da pobreza entre as gerações.

Segundo Vasconcelos (2007 p. 167):

O Plantão faz parte de qualquer unidade de saúde, sendo, não só nos hospitais e maternidades, o ponto de referência para realização do trabalho com os internados na emergência ou enfermarias e seus familiares, mas para o atendimento nas unidades de atenção básica e secundária. O trabalho com os internos nas enfermarias é realizado ao lado do leito e, como estas não contam com instalações próprias para o Serviço Social, as famílias são atendidas, com freqüência, nos espaços do plantão ou junto ao leito do próprio usuário. As atividades desenvolvidas pelo Serviço Social nas enfermarias são as mesmas do Plantão.

Para o Dicionário da Língua Portuguesa Plantão quer dizer horário de serviço escalado para determinado profissional exercer suas atividades em delegacia, hospital,...

Conforme Vasconcelos (2007) no Plantão, independente da unidade, o usuário é recebido, ouvido e encaminhado para recursos externos e/ou internos tendo como parâmetro o "bom" andamento da rotina institucional, os recursos disponíveis e as demandas explícitas dos usuários por orientações e inserção na rotina.

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No Plantão, em resposta a estas demandas, os Assistentes Sociais realizam "encaminhamentos internos" (para Programas, Projetos e/ou serviços da unidade), "encaminhamentos externos‖ (INSS, Defensoria Pública, outras unidades de saúde, recursos assistenciais, etc.) e/ou ―orientações diversas‖ (previdenciária, documentação, realização de exames, etc.).

Os Assistentes Sociais atuam junto a sujeitos sociais que guardam, na sua história de vida, as dimensões universais e particulares da questão social3. Questão social cujas expressões históricas e contemporâneas personificam o acirramento das desigualdades sociais e da pobreza na sociedade capitalista brasileira.

Conforme Vasconcelos (2007 p. 249) o atendimento no Plantão do Serviço Social assume, entre outras, as seguintes características:

Atendimento individual, realizado através de uma única entrevista, sendo raros os retornos objetivando a continuidade ou acompanhamento da demanda apresentada;

Atendimento à demanda espontânea/livre, à demanda encaminhada pelos demais profissionais e/ou serviços da unidade de saúde e encaminhada por outras instituições;

O Assistente Social no Plantão realiza basicamente orientações (previdenciária, acidente de trabalho, programas assistenciais), encaminhamentos (para recursos internos da unidade - inscrição nos programas, agilização de exames e/ou consultas médicas, para recursos da

comunidade/ou institucionais - bolsas de alimento, passagem gratuita,

recursos assistenciais, exames de alta complexidade, asilamento, casas de apoio), e em alguns casos aconselhamento/apoio. Estas ações resultam numa atenção que não tem continuidade nem interna nem externa a unidade de saúde;

3

Segundo Iamamoto (2007) a questão social diz respeito ao conjunto multifacetado das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Expressa desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediadas por disparidades nas relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em causa amplos segmentos da sociedade civil no acesso aos bens da civilização.

Referências

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