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3.2 O ACOLHIMENTO ATRAVÉS DE ESCUTA QUALIFICADA JUNTO AO

3.2.1 A importância do diálogo entre a Família/Usuário e o Assistente Social

No Plantão de Serviço Social além do atendimento realizado com o usuário internado no Hospital também atendemos seus familiares que assumem de certa forma um papel importante para este usuário.

Através de bibliografias pesquisadas sobre a comunicação e a sua relação com os familiares dos usuários que procuram o Serviço Social para solucionar alguns problemas quanto da internação desse usuário ou por algum outro motivo, iremos tratar sobre como acontece esse dialogo entre família/usuário junto ao Serviço Social.

O diálogo ocorre numa relação mutuamente significante, capaz de estar aberta para acolher as coisas e captar progressivamente pelas descrições da estrutura do vivido, seus significados essenciais.

De acordo com o dicionário da Língua Portuguesa o diálogo é a fala entre duas ou mais pessoas; conversação; troca ou discussão de idéias, de opiniões, de conceitos, com vista à solução de problemas, ao entendimento ou à harmonia; comunicação.

No diálogo, de um lado o sujeito se dirige ao outro, para apreendê-lo e conhecê-lo, o mesmo ocorrendo inversamente, o que faz com que ambos os locutores contribuam com sua parte.

Essa relação supõe um dar e receber, e a abertura ao outro se dá num encontro, que é sempre algo novo e que obriga o homem a se revelar e engajar-se no próprio ser, buscando sua essência.

O diálogo propicia uma forma de relação, em que o encontro entre o eu e o outro se dá por meio de situações concretas vividas no cotidiano e permite a compreensão do outro. A possibilidade de encontro, portanto, funda-se sobre a presença do homem.

Não há encontro sem relação afetiva, e é por intermédio dessas relações vividas no mundo cotidiano, com uma atitude dialogal, que chegamos à compreensão do outro, das coisas e do mundo, e do ser no mundo.

O diálogo leva a uma atitude reflexiva sobre a realidade concreta, permitindo assim a descoberta da própria consciência e sua estrutura de valor, da consciência crítica e do sentido da responsabilidade social.

Segundo Nicacio (2006) o diálogo entre usuário e o Assistente Social nunca é transparente e sem ruídos, como, aliás, nenhuma comunicação humana o é. Ele carrega consigo o seu desejo, o seu sintoma, as suas expectativas e os seus medos que, freqüentemente, desafiam o profissional. A situação se complica pelo fato de que o Assistente Social está nela incluído como sujeito, pois ele também não tem como deixar sua subjetividade de lado.

Inevitavelmente, ele se depara com situações em que sente pena, afeição, raiva, antipatia, aversão ou medo em relação ao usuário e, na maior parte dos casos, sem se dar conta disso. Tal reação afetiva, em geral, interfere negativamente na condução de uma entrevista ou acompanhamento de um caso. Por isso, torna-se necessário que ele e sua equipe tenham recursos teóricos e até mesmo dispositivos institucionais para lidar com isso. Neste campo, particularmente, vemos o quanto a desconsideração da temática da subjetividade tem conseqüências práticas muitas vezes indesejáveis.

Para Moran (2007) comunicar-se pessoalmente é aceitar as inúmeras dificuldades em sermos coerentes, em vivenciar o que racionalizamos, em assumir o lado, complicado da nossa existência. Comunicar-nos é continuar mantendo os caminhos da interação confiante, mesmo nas etapas mais perturbadoras, em que não enxergamos nada, em que parece que nada mais faz sentido e que a humanidade não tem mais jeito.

Segundo Moran (2007) na comunicação pessoal podemos integrar corpo e mente, as sensações, as emoções, a razão, a intuição. Podemos perceber, sentir, entender, compreender, agir dentro da nossa forma de estar no mundo, integrando a nossa história pessoal, nossas qualidades e defeitos, nossas características, dentro do ritmo que nos é possível.

Pela comunicação interpessoal vamos criando junto com outras pessoas novas realidades, modificando nossa forma de ver e a delas, vamos ajudando-nos a perceber melhor um mesmo assunto, a modificar algum aspecto do nosso mundo. Podemos criar um novo produto, um novo enfoque no campo intelectual, um novo mercado, uma nova relação afetiva, um novo filho. Modificamo-nos pessoalmente e modificamos os outros.

Pelo dicionário da Língua Portuguesa comunicação é o ato ou efeito de comunicar-se, emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais. A ação de utilizar os meios necessários para realizar tal comunicação. Capacidade de trocar ou discutir idéias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas.

A comunicação humana é um processo que envolve a troca de informações, e utiliza os sistemas simbólicos como suporte para este fim. Estão envolvidos neste processo uma infinidade de maneiras de se comunicar: duas pessoas tendo uma conversa face-a-face, ou através de gestos com as mãos, mensagens enviadas utilizando a rede global de telecomunicações, a fala, a escrita que permitem interagir com as outras pessoas e efetuar algum tipo de troca informacional.

É através do diálogo e da comunicação que o Assistente Social pode intervir junto ao usuário e/ou familiares sobre o contexto hospitalar dirimindo assim dúvidas que vão surgindo durante a estadia desse usuário no hospital.

A família no contexto hospitalar vem ocupando um espaço que norteiam uma nova forma de cuidado. Estão em pauta relações solidárias entre usuários, familiares e profissionais/trabalhadores comprometidos com a produção da saúde como também com a produção da vida, através do fortalecimento do compromisso com os direitos do cidadão que transita em vários cenários da assistência.

Os usuários internados em hospitais enfrentam muitas dificuldades, entre elas, o ambiente desconhecido, à distância do grupo familiar, o convívio com

pessoas estranhas, a agressão física e emocional ocasionadas pela medicação, os procedimentos invasivos e as limitações impostas pela enfermidade.

A doença normalmente causa rupturas na organização familiar. Nos casos graves, que requerem hospitalização, observa-se ser este um momento difícil tanto para o paciente quanto para seus familiares. A enfermidade altera a realidade, provocando impacto no cotidiano da família e obrigando-a, entre outras coisas, a adaptar-se às regras institucionais.

O trabalho com pessoas hospitalizadas e seus familiares torna visível a vulnerabilidade que acomete todos os que passam por essa situação, mostrando a importância da luta pela humanização do atendimento. Isso fica ainda mais evidenciado quando se considera que, além de estarem vivendo um momento de fragilidade e ansiedade devido à enfermidade, muitas pessoas têm seu sofrimento agravado por desconhecerem seus direitos de cidadania.

O sistema familiar insere-se em um meio social e cultural influenciando e sendo influenciados por ele, através de crenças, valores, símbolos, práticas e saberes que são construídos, compartilhados e têm um significado próprio para cada família.

Conforme Mioto (1997) pensar os processos de atenção às famílias na qual os problemas trazidos diariamente pelas pessoas às nossas instituições estão intrinsecamente relacionados à vida familiar no contexto social brasileiro, implica mudanças significativas nas formas de olhar, compreender e intervir nesses problemas. Pressupõe o deslocamento do eixo de atenção/intervenção ao indivíduo para a família e seu contexto social, que vai exigir transformações na condução dos processos de atenção a família.

Nos espaços institucionais é necessário dizer que, em sua maioria, estão organizados para trabalhar na perspectiva do usuário-problema. Sendo esse usuário criança, adolescente, mulher, idoso dentro de situações específicas, tais como a doença, delinqüência, abandono e maus-tratos, assim a preocupação do profissional é a resolução dos problemas de seu usuário.

A análise realizada sobre a intervenção na família e espaço institucional repousa na idéia de que a família é uma unidade e os problemas apresentados por ela devem ser analisados dentro de uma perspectiva de totalidade. Nesta perspectiva, o grupo familiar tem um papel decisivo na estruturação e desencadeamento das dificuldades de seus membros.

Para Mioto (1997) a família é uma instituição social historicamente condicionada e dialeticamente articulada com a sociedade na qual está inserida pressupondo compreender as diferentes formas de famílias em diferentes espaços de tempo, lugares, além de percebê-las como diferentes dentro de um mesmo espaço social e num mesmo espaço de tempo.

A presença da família junto aos usuários hospitalizados, além de minimizar o sofrimento psíquico e fortalecer a capacidade de reação ao tratamento, constitui ponto fundamental para a participação da comunidade na instituição hospitalar, facilitando a recuperação da saúde e promovendo uma forma de controle social da qualidade do atendimento.

É na ação da família que se pode perceber a contribuição para o tratamento do usuário hospitalizado, quando lhe é concedida a oportunidade acaba despertando reações emocionais positivas no ―doente‖.

A permanência dos familiares junto ao usuário pode estar baseada na crença de que o adulto ou o idoso, quando enfermo, tende a desenvolver maior dependência e apego à família, necessitando, portanto, ter junto a si alguém em que confie e com quem se sinta à vontade para exprimir suas necessidades nos planos social e afetivo.

Isso porque a família, mesmo com suas divergências e peculiaridades, é a única capaz de promover o bem estar do usuário, já que, culturalmente, a expectativa em relação aos membros da família é que eles promovam suporte instrumental e social ao seu familiar ―doente‖ ou fragilizado.

A presença de um membro da família que acompanha o usuário em unidades de internação está cada vez mais freqüente, tanto no âmbito da assistência à criança e adolescente, quanto em maternidades, sendo que, mais recentemente, com a aprovação do estatuto do idoso, isto está sendo uma realidade também nesta faixa etária.

Tal exigência, fortemente marcada pelos movimentos sociais e requisitada pelos ativistas dos direitos de saúde dos cidadãos brasileiros, dentre esses, muitos profissionais da área, tem posto em relevo as demandas necessárias ao pleno funcionamento da dinâmica das internações hospitalares, especialmente no que diz respeito às relações culturais que se estabelecem entre os cuidadores profissionais e as famílias, que também cuidam e se envolvem de diversas formas com a pessoa internada.

Algumas dessas demandas dizem respeito, diretamente, aos conhecimentos e aos valores que a equipe de saúde e particularmente a equipe de enfermagem possuem sobre as famílias que cuidam e que ajudam a cuidar, dentro das instituições hospitalares.

Para Campos (1995) os hospitais são geralmente planejados para fornecer tratamento somático eficaz, não para levar em consideração as necessidades psicossociais e a qualidade de vida dos usuários. O mesmo se aplica às rotinas de enfermaria e aos horários diários. Muitas vezes a relação médico- paciente é substituída por exames de laboratório, radiografias, medicamentos,... Esquecendo-se que, por trás de um diagnóstico há uma pessoa com um nome, uma história e que tem a necessidade de entender esse momento de angústia despertada.

A assistência aos familiares é de extrema importância na medida em que a relação família/doença/usuário evidencia a existência de um núcleo familiar e não somente de um ―doente‖, agravado pelo fato de que, não raro, existe a possibilidade de que somente a família continue existindo.

Nosso último capítulo falará sobre o histórico da Instituição Hospitalar e mais especificamente o Serviço Social setor na qual fizemos estágio e por último nossa prática de estágio.

4 SISTEMATIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ESTÁGIO

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