SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
Ministério da Educação
Universidade Federal do Rio Grande
Universidade Aberta do Brasil
Administração – Bacharelado
Matemática para Ciências Sociais Aplicadas I
Rodrigo Barbosa Soares
4. Geometria Analítica:
4.1. Introdução:
A Geometria Analítica é uma parte da Matemática que, através de processos particulares, estabelece as relações existentes entre a Álgebra e a Geometria (esta última já era do conhecimento dos gregos, há mais de dois mil anos). Desse modo, uma reta, uma circunferência ou uma figura geométrica qualquer podem ter suas propriedades estudadas através de métodos algébricos. Os estudos iniciais da Geometria Analítica se deram no século XVII.
Dois franceses, Pierre de Fermat (1601-1665) e René Descartes (1596-1650), curiosamente, ambos graduados em Direito, nenhum deles matemático profissional, são os responsáveis por esse grande avanço científico. A contribuição de Fermat à geometria analítica encontra-se num pequeno texto intitulado Introdução aos
Lugares Planos e Sólidos (Ad locos planos et sólidos isagoge) e data do ano 1636,
mas que só foi publicado em 1679, postumamente, junto com sua obra completa. Para muitos historiadores, tal manuscrito representa o marco zero da Geometria Analítica.
A Geometria Analítica de Descartes apareceu em 1637, no apêndice intitulado La Géometrie do seu Discurso do Método. Este livro e os seus princípios filosóficos criaram as fundações para o Cálculo, que foi mais tarde introduzido independentemente por Isaac Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz. Todo o seu trabalho consistia em partir de um problema geométrico, traduzi-lo para uma linguagem de equação algébrica, simplificando ao máximo, e resolvê-lo geometricamente. Sua obra La Géometrie se caracteriza, então, por uma completa aplicação da Álgebra à Geometria e da Geometria à Álgebra. Nessa obra, Descartes defende o método matemático como modelo para a aquisição de conhecimentos em todos os campos.
4.2. Distância entre dois pontos na reta orientada:
Entre os pontos de uma reta e os números reais, existe uma correspondência biunívoca, isto é, a cada ponto da reta corresponde um único número real e vice-versa. Considerando uma reta horizontal x, orientada da esquerda para a direita (chamada de reta orientada ou eixo), o ponto fica determinado através de um número real chamado de coordenada (nesse caso abscissa) desse ponto.
Observando a reta a seguir, podemos dizer que a distância entre os pontos A e B, de coordenada a e b, respectivamente , é dada por
d ( A,B)=∣b−a∣
onde o númzero real
d ( A,B)
é também chamado de comprimento do segmentoAB
. Dois pontos distintos do eixo situados à mesma distância da origem (0) são denominados simétricos em relação à origem.Exemplo 1:
Dados os pontos A, B e C das coordenadas -4, 2 e 6, respectivamente, calcular:
a) a distância entre A e B;
d ( A,B)=∣2−(−4 )∣=∣2+4∣=6
b) o comprimento do segmentoBC
.d ( B,C)=∣6−2∣=∣4∣=4
.4.3. Sistema cartesiano ortogonal:
O plano cartesiano ortogonal é constituído por dois eixos x e y perpendiculares entre si que se cruzam na origem. O eixo horizontal é o eixo das abscissas (eixo OX) e o eixo vertical é o eixo das ordenadas (eixo OY). O ponto 0, intersecção dos eixos, é chamado de origem. Associando a cada um dos eixos o conjunto de todos os números reais, obtém-se o plano cartesiano ortogonal. Os dois eixos dividem o plano em quatro regiões, chamadas de quadrantes. A identificação dos quadrantes é feita no sentido anti-horário.
Estabelecido o sistema, podemos identificar qualquer ponto do plano cartesiano por meio de um par ordenado de números reais. Seja P um ponto do plano cartesiano: suas coordenadas são “a” e “b”, onde “a” é a abscissa e “b” a ordenada, conforme mostra a figura abaixo.
3
0
a
b
A
B
x
-2
-1
1
2
Todo par ordenado (a,b) de números reais fica associado a um único ponto P do plano. A linha reta que divide ao meio os quadrantes ímpares é chamada de bissetriz dos quadrantes ímpares e a que divide os quadrantes pares é a bissetriz dos quadrantes pares.
Observações:
Os pontos pertencentes ao eixo das abscissas possuem ordenadas nulas, isto é, suas coordenadas são (a,0).
Os pontos pertencentes ao eixo das ordenadas possuem abscissas nulas, isto é, suas coordenadas são (0,b).
Os pontos pertencentes à bissetriz do 10 e 30 quadrantes têm coordenadas iguais. Por exemplo (2,2) e (-2.-2).
Os pontos pertencentes à bissetriz do 20 e 40 quadrantes têm coordenadas simétricas, por exemplo (-2,2) e (2.-2).
4.4. Distância entre dois pontos no plano cartesiano:
4
y eixo das ordenadas x eixo das abscissas 10 quadrant e 40 quadrant e 20 quadrant e 30 quadrant eb
P(a,b)
a
0
Dados os pontos
A ( x
A,y
A)
eB ( x
B,y
B)
, e sendod
AB=d ( A,B )
a distância entre eles, conforme mostra a figura. Aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo ABC, obtemos:(
d
AB)
2=(
AC )
2+(
CB)
2(
d
AB)
2=(
x
B−
x
A)
2+(
y
B−
y
A)
2Logo, a distância entre os pontos A e B é dada por:
d
AB=d ( A,B )=
√
(
x
B−
x
A)
2+(
y
B−
y
A)
2 .No gráfico acima,
Δx=x
B−
x
A é a variação horizontal sofrida pela reta que une os pontos A e B eΔy=y
B−
y
A é a variação vertical.Δx
eΔy
são os incrementos das coordenadas de A para B.Exemplo 2:
Sabe-se que o ponto P(a,2) é equidistante dos pontos A(3,1) e B(2,4). Calcular a abscissa “a” do ponto P.
Se P é equidistante (mesma distância) de A e B, devemos ter
d ( P,A )=d (P,B )
,1
)
a
3
(
)
2
1
(
)
a
3
(
)
A
,
P
(
d
=
−
2+
−
2=
−
2+
d ( P,B)=
√
(
2−a )
2+(
4−2)
2=
√
(
2−a )
2+
4
. Assim:√
(
3−a)
2+
1=
√
(2−a )
2+4
(
3−a )
2+
1=(2−a )
2+
4
9−6a +a
2+
1=4−4a +a
2+
4
−6a +4a=4 +4−9−1
−2a=−2
2a=2
a=1
5
∆
x
∆
y
x
y
AB
d
C
A
B
0
y
Ay
Bx
Ax
BExemplo 3:
O triângulo ABC tem vértices A(1,1), B(5,1) e C(1,5). Calcular o seu perímetro e verificar que o triângulo é retângulo e isósceles.
Solução: A figura ao lado mostra a identificação dos pontos no plano cartesiano.
Cálculo das medidas dos lados do triângulo:
d
AB=
√
(5−1 )
2+(1−1)
2=
√
16=4
d
AC=
√
(
1−1 )
2+(
5−1)
2=
√
16=4
d
BC=
√
(
1−5 )
2+(
5−1 )
2=
√
16+16=4
√
2
Cálculo do perímetro do triângulo:
p=d
AB+d
AC+d
BC=
8+4
√
2
Como
d
AC=d
AB=
4
o triângulo é isósceles. Aplicando o teorema de Pitágoras, vem:(
d
AB)
2+
(
d
AC)
2=
(
d
BC)
2⇒
4
2+
4
2=
(
4
√
2
)
2⇒
32=(16) (2)⇒ 32=32
, logo, o triângulo é retângulo. (Verifica o teorema de Pitágoras)Exercícios:
Calcule a distância entre os pontos
A
eB
nos seguintes casos: a)A
(
0
,
3
)
eB
(
5
,
0
)
R
:
34
b)A (2,5 )
eB (−1,1 )
R :5
c)A (3,4 )
eB (−2,−3 )
R :
√
74
d)A
(
2
3
,1
)
eB
(
−2,
3
2
)
R :
√
265
6
4.5. Ponto médio de um segmento:
6
B
C
A
1 1 5 5 x yO ponto médio M localizado entre A e B (aquele que divide o segmento AB
ao meio) tem coordenadas
M
(
x
A+x
B2
,
y
A+y
B2
)
.Exemplo 4:
Os vértices de um triângulo são os pontos A(0,4), B(2,-6) e C(-4,2). Calcular os comprimentos das medianas do triângulo.
Cálculo dos pontos médios:
M1⇒ ponto médio de
BC
M
1(
2−4
2
,
−6+2
2
)
⇒
M
1(−1,−2 )
M2⇒ ponto médio deAC
M
2(
0−4
2
,
4+2
2
)
⇒
M
1(−2,3 )
M3⇒ ponto médio deAB
M
3(
0+2
2
,
4−6
2
)
⇒
M
1(1,−1 )
, Cálculo dos comprimentos das medianas:Comprimento da mediana
AM
1 sendo A(0,4) e M1 (-1,-2)d ( A,M
1)=
√
(−1−0)
2+(−2+(−4 ))
2=
√
1+36=
√
37
Comprimento da mediana
BM
2 sendo B(2,-6) e M2 (-2,3)d ( B,M
2)=
√
(−2+(−2 ))
2+(
3+6 )
2=
√
16+81=
√
97
Comprimento da mediana
CM
3 sendo C(-4,2) e M1 (1,-1)7
M
1M
2M
3B
A
C
d (C,M
3)=
√
(
1+4 )
2+(−1−2)
2=
√
25+9=
√
34
4.6. Condição de alinhamento de três pontos:
Três pontos A(xA,yA), B(xB,yB) e C(xC,yC) estão alinhados se, e somente se, o determinante
∣
x
Ay
A1
x
By
B1
x
Cy
C1
∣=0
Dessa forma, pela figura acima, verificamos que os triângulos ABD e BCE são semelhantes. Então:
AD
BE
=
DB
EC
⇒
x
B−
x
Ax
C−
x
B=
y
B−
y
Ay
C−
y
B ou(
x
B−
x
A)(
y
C−
y
B)−(
x
C−
x
B)(
y
B−
y
A)=0
, que após efetuarmos os produtosx
Ay
B+x
Cy
A+x
By
C−
x
Ay
C−
x
Cy
B−
x
By
A=0
verificamos o determinante acima.Esse mesmo determinante serve para calcular a área de um triângulo de vértices A, B e C (pontos não alinhados).
Área do Δ=
1
2
∣
x
Ay
A1
x
By
B1
x
Cy
C1
∣
. Exemplo 5:Verificar se os pontos
A (1,2)
,B (2,3)
eC( 4,5)
estão alinhados.Solução: Os pontos
A
,B
eC
estão alinhados se, e somente se:0
1
5
4
1
3
2
1
2
1
=
, resolvendo o determinante encontramos3+8+10−12−5−4=0
então,A
,B
eC
estão alinhados.8
D C B Ax
Ax
Bx
Cy
Cy
By
A EExemplo 6:
Determinar m ∈ ℜ para que os pontos
A (3,1)
,B (m,m)
eC(1, m+1)
sejam vértices de um triângulo.Solução: Se
A
,B
eC
são vértices de um triângulo, então não devem ser alinhados, ou seja:∣
3
1
1
m
m
1
1 (m+1 ) 1
∣≠0
, resolvendo o determinante obtemos:3m+1+m (m+1)−m−3(m+1)−m≠0 ⇒ m
2−
m−2≠0 ⇒
{
m≠2
e
m≠−1
}
4.7. Retas no plano cartesiano:
4.7.1. Equação geral da reta que passa por dois pontos:
A equação geral de uma reta pode ser determinada, a partir da condição de alinhamento de 3 pontos. Dada uma reta r, sendo
A ( x
A,y
A)
eB ( x
B,y
B)
pontos conhecidos eP( x,y )
um ponto genérico. SeA
,B
eP
estão alinhados, podemos escrever:0
)
y
x
y
x
(
y
)
x
x
(
x
)
y
y
(
0
y
x
y
x
y
x
1
y
x
1
y
x
1
y
x
0
1
y
x
1
y
x
1
y
x
A B B A A B B A B B A A B B A A B B A A=
−
+
−
+
−
=
⇒
=
fazendo
(
y
A−
y
B)
=a
,
(
x
A−
x
B)
=b
e(
x
Ay
B−
x
By
A)
=c
,
com a e b não simultaneamente nulos, temos:ax+by+c=0
a equação geral da reta.Exemplo 7:
Determinar a equação geral da reta r que passa por
A (1,3 )
eB (2,4 )
.Solução: considerando o ponto
P( x,y )
da reta, temos:∣
x
y
1
1 3
1
2 4
1
∣=0 ⇒∣
x
1 3
y
1
1
2 4
1
∣
x
y
1 3
2 4
=0
3x+2y +4−6=0⇒ x− y+2=0
Para a determinação de uma reta, é fundamental sabermos o que é inclinação, coeficiente angular da reta e o coeficiente linear da reta.
4.7.2. Inclinação e coeficiente angular de uma reta:
Dados dois pontos
P( x
1,y
1)
eQ( x
2,y
2)
comx
1≠
x
2 , o coeficiente angular m dareta que passa por esses pontos é o número real
m=
y
2−
y
1x
2−
x
1 . O coeficiente angular oudeclividade expressa o valor da tangente do ângulo α que a reta faz com o eixo das abscissas. Se o ângulo está no primeiro quadrante, o sinal do coeficiente angular é positivo (mesmo sinal da tangente) e se o ângulo está no segundo quadrante, o sinal do coeficiente angular é negativo.
Então, podemos dizer que
m=
y
2−
y
1x
2−
x
1=tan( α )
.A inclinação da reta r é a medida do ângulo α. Podemos, também, dizer que um coeficiente angular se calcula como a variação na vertical por unidade de variação horizontal. Assim,
Δy=y
1−
y
2 é a variação vertical de P a Q,Δx=x
1−
x
2 é a variação horizontal de P a Q e o coeficiente angular definimos como sendom=Δy / Δx
.0
o<α<90
o90
o<α<180
oα= 90
oUma reta que é ascendente, quando x aumenta, tem coeficiente angular m positivo
(
0
o<α<90
o)
. Se a reta é descendente, à medida que x aumenta, então, seu coeficiente angular é negativo(
90
o<α<180
o)
. Uma reta horizontal tem coeficiente angular zero, pois todos os seus pontos têm a mesma ordenada, tornandoΔy= 0
. Uma reta horizontal é umareta paralela ao eixo das abscissas. Se
α= 90
o a reta r é uma reta vertical, ou seja, é paralela ao eixo das ordenadas. Assim,Δx= 0
e a razãom=Δy / Δx
é indefinida. Retasverticais não têm coeficiente angular.
Então:
m=tgα=
y
2−
y
1x
2−
x
1=
Δy
Δx
é o coeficiente angular ou a declividade da reta r.4.7.3. Coeficiente linear de uma reta:
É a ordenada (altura) n do ponto (0,n), onde a reta corta o eixo das ordenadas.
1
x
y
Coeficien te linearn
Exemplo 8 :
Em que ponto a reta
3x+2y−6=0
intercepta o eixo y?Fazemos
x=0
na equação3(0 )+2y−6=0
e obtemos o valor dey=3
que é o coeficiente linear da reta, ou dividindo por 2 a equação3x+2y−6=0
,temos
y=−
3
2
x+ 3
, onde−
3
2
é o coeficiente angular da reta e3
ocoeficiente linear.
4.7.4. Reta vertical e reta horizontal:
Se a reta é vertical, ela não possui coeficiente linear nem angular e é indicada por
x=a
. Por outro lado, se a reta é horizontal, seu coeficiente angular é nulo e o coeficiente linear é a equação da própria reta,y=b
.4.8. Estudo da equação da reta:
4.8.1. Equação da reta que passa por um ponto P(x,y) e de
coeficiente angular (ou declividade) m:
Uma reta fica perfeitamente determinada se conhecemos um ponto, que pertença à mesma, e seu coeficiente angular. Seja a reta r que passa por
P( x
1,y
1)
e tem coeficiente angular m. Tomamos um ponto
Q
qualquer de r(
P≠Q)
, então podemos escrever:x
x
y
y
Reta Vertical x=
a
Reta Horizontal y=
b
1
m=
y− y
1x−x
1⇒
y − y
1=m( x−x
1)
Exemplo 9:
Determinar a equação geral da reta r que passa por P(3,-1) e tem coeficiente angular m=tg 45º.
Se m=tg 45°⇒ m=1 . Sendo P(3,-1) ⇒ x1 = 3 e y1=-1, logo a equação geral da reta é
y−(−1)=1( x−3 )⇒ y+1 =x−3 ⇒ x− y −4=0
Exemplo 10:Quando o preço por unidade de um produto (x) vale R$ 16,00, então, 42 unidades são vendidas por mês; quando o preço por unidade vale R$ 24,00, são vendidas 38 unidades por mês. Admita que o gráfico da quantidade (y) em função de x seja formado por pontos de uma reta.
a) Esboce o gráfico y = f(x); b) Obtenha a expressão de y em função de x; c) Se o preço por unidade for R$ 26,00, qual será a quantidade vendida?
Solução:
a) a reta passa pelos pontos A(16,42) e B(24,38), marcando os pontos no plano cartesiano temos: B A 40 30 20 10 10 20 30 X(reais) y(unidades)
1
b) para obtermos a expressão de y em função de x (equação da reta), podemos calcular a equação geral da reta que passa por dois pontos, ou calcularmos o coeficiente angular e determinar a equação da reta que passa por um ponto e tem coeficiente m.
Primeiro, vamos determinar a equação geral da reta que passa por A e B, por meio de determinante:
∣
x
y
1
16 42 1
24 38 1
∣
x
y
16 42
24 38
=
0⇒ 42 x+24 y+608−1008−38 x−16 y= 0⇒
4x +8y−400=0 ⇒(÷4 )⇒ x+2y−100=0
, que é a equação geral da reta que passa por A e B. Isolando y, obtemos a expressão de y em função da variável x,y=−
x
2
+50
.A outra maneira é calcularmos
m=
38−42
24−16
=−
1
2
, pegando o ponto A(16,42),a equação da reta é
y−42=−
1
2
(
x−16 )⇒ y=−
1
2
x+50
, o que verifica o esboço dográfico. No gráfico, verificamos que o coeficiente angular da reta é negativo, pois o ângulo formado pela reta com o eixo dos x é >90°.
c) Se o preço(x) for R$ 26,00, então,
y=−
1
2
(
26 )+50=37
unidades.Exemplo 11:
(ANPAD) A figura abaixo mostra um paralelogramo de vértices
A
,B
,C
eD
. Sabe-se que o ladoAB
é paralelo aCD
. Determine a equação da reta suporte do ladoCD
. Solução: A reta que une os pontosC
eD
tem a mesma inclinação da reta que une os pontosA
eB
, entãom=
4−1
2−1
=3
é ocoeficiente angular da reta
CD
, que passa porC(5,2 )
. A equação da reta suporte do ladoCD
éy−2=3( x−5 )⇒ y=3x−13
1
B(1,1)
D
C(5,2)
A (2, 4)
4.8.2. Equação reduzida da reta:
Partindo da equação
y− y
1=m ( x−x
1)
, ondem=
y− y
1x−x
1 , e considerando queP( x
1,y
1)
é igual aP(0, n)
, então,y−n=mx
, ou seja,y=mx+n
é a equação reduzida de reta.Ainda, partindo da equação geral da reta
ax+by+c=0
, isolando y, temos:by=−ax−c ⇒ y=−
a
b
x−
c
b
, fazendo−
a
b
=m
e−
c
b
=n
, obtemos a equação da reta na forma reduziday=−
a
b
x −
c
b
=mx+n
Exemplo 12:
Calcular os coeficientes angulares (m) e lineares (n) das retas:
r :2x+ 3y−5=0
s :3y−4x=0
Solução:m
r=−
a
b
⇒
m
r=−
2
3
n
r=−
c
b
=
5
3
m
s=−
a
b
⇒
m
s=
4
3
n
s=−
c
b
=
0
a equação reduzida é:r : y=−
2
3
x+
5
3
s : y=
4
3
x
1
Coeficiente angular da reta Coeficiente linear da reta x y nExemplo 13:
(FGV-SP) Quando uma família tem uma renda mensal de R$ 3.000,00, ela consome R$ 2.800,00 por mês; quando a renda é de R$ 5.000,00, ela consome R$ 4.200,00.
a) Chamando de X a renda mensal e de C o consumo, obtenha C em função de X, sabendo-se que o gráfico de C em função de X é uma reta.
P(3000,2800) e Q(5000,4200), a reta que passa pelos pontos P e Q é:
∣
x
y
1
3000 2800 1
5000 4200 1
∣
x
y
3000 2800
5000 4200
=
0⇒ 2800 x+ 5000 y+12600000−14000000−
4200 x−3000 y= 0⇒ 2000 y−1400 x−1400000=0 ⇒ y=
7
10
x+700
Assim, o custo é dado pela equação:
C( x )=
7
10
x+700
b) Chama-se poupança mensal da família (P) a renda mensal, menos o correspondente consumo. Obtenha P em função de X.
Poupança 1= Renda(X)- Consumo(y)=3000-2800=200 e Poupança 2 =5000-4200=800, então, temos os pontos A(3000,200) e B(5000,800), onde passa a reta:
∣
x
y
1
3000 200 1
5000 800 1
∣
x
y
3000 200
5000 800
=0 ⇒ 200 x+ 5000 y+2400000−1000000
−3000 x−800 y= 0 ⇒ 4200 y −2800 x−1400000=0 ⇒ y=
2
3
x+
1000
3
Logo:P( x )=
2
3
x+
1000
3
4.8.3. Equação segmentária da reta:
Consideremos a equação da reta que intercepta o eixo x no ponto
A ( p ,0)
e o eixo y no pontoB (0, q)
, comp≠0
eq≠0
.1
A(p,0) B(0,q) x yO coeficiente angular dessa reta é
m=
q−0
0− p
=−
q
p
E sua equação:
y−0=−
q
p
(
x− p)⇒ py+qx=pq
, dividindo ambos os membros porpq
obtemos:y
q
+
x
p
=1
, que é denominada equação segmentária da reta. Exemplo 14:Construa a curva de demanda dada por
Q= 3000−50 P
Solução: A demanda de um determinado bem é a quantidade desse bem que os consumidores pretendem adquirir num certo intervalo de tempo. No presente caso, a curva de demanda é uma reta. Normalmente, quanto menor o preço, maior a quantidade demandada, o que se traduz no fato de termos uma reta descendente, ou seja, uma reta com coeficiente angular negativo. Então, se dividirmos a equação acima por 3.000, teremos a equação segmentária da reta:
Q
3000
+
P
60
=1
, onde(
0,3000)
é a intersecção da reta com o eixo das ordenadas e(
60,0)
é a interseção da reta com o eixo das abscissas. Conhecendo esses, podemos construir a curva de demanda, unindo os dois pontos no plano cartesiano.Uma outra maneira de descobrir os pontos de intersecção da reta com os eixos coordenados:
Sendo a equação da reta
Q= 3000−50 P
, fazendoQ= 0
, encontramos o ponto onde a reta corta o eixo das abscissas,0=3000−50 P⇒ P=
3000
50
=
60
efazendo
P=0
, encontramos o ponto onde a reta corta o eixo das ordenadas,Q=3000−50(0 )⇒ Q=3000
.1
Q 60 3000P
50
3000
Q
=
−
PExemplo 15:
A função demanda D, de certo produto é definida por,
D= 160−2p
, sendop
o preço, em unidades monetárias, pelo qual o produto é vendido. Qual o valor da demanda máxima?Solução: Como a reta é descendente, coeficiente angular negativo, o valor da demanda máxima coincide com o ponto de intersecção da reta com o eixo das ordenadas, ou seja, o coeficiente linear da reta. Logo,
D
máx=160
4.9. Posições relativas de duas retas no plano
cartesiano:
Considerando as retas
r1 : y=m
1x+n
1 er2 : y=m
2x+n
2 de inclinaçõesα
1 eα
2 , respectivamente, podem ocorrer os seguintes casos:4.9.1.
(
α
1=α
2)
:Se
(
α
1=α
2) ⇒
tgα
1=tgα
2⇔
m
1=m
2 , ou seja, as duas retas têm o mesmo coeficiente angular. Nesse caso, as retas são paralelas (r1 // r2) ou coincidentes (r1 ≡ r2). Retas paralelas formam ângulos iguais com o eixo x.Se
(
α
1=90
o)
os coeficientes angulares das retas r1 e r2 não estão definidos.1
r
1r
2r
2r
2r
1r
1 2 1 2 1n
n
m
m
≠
=
2 1 2 1n
n
m
m
≠
=
4.9.2.
(
α
1≠
α
2)
:a) Se
(
α
1≠
α
2≠90
o)
as retas são ditas concorrentes. Estas retas se interceptam num ponto P (a,b), cujas coordenadas devem satisfazer, simultaneamente, as equações das duas retas. Assim, obtemos as coordenadas do ponto P resolvendo o sistema formado pelas equações das duas retasb) As retas são perpendiculares, quando o ângulo formado entre elas for igual a 90°.
Então, duas retas são perpendiculares se, e somente se, o produto de seus coeficientes angulares for -1. Sendo que α é o ângulo formado pela reta r1 e o eixo x e θ o ângulo formado pela reta r2 e o eixo x. Então, pelo teorema do ângulo externo
α=
π
2
+θ
, isso implica em:tgα=tg
(
π
2
+θ
)
⇔
tgα=
sen
(
π
2
+θ
)
cos
(
π
2
+θ
)
=
−cosθ
senθ
⇔
tgα=−cot gθ⇔ tgα=−
1
tgθ
tgα . tgθ=−1 ⇔m
r1m
r2=−1
m
r 1=−
1
m
r 2 condição de perpendicularismo. Resumindo:m
r 1=m
r2 en
r1≠
n
r2⇒
r
1e r
2 são paralelas.m
r1=m
r2 en
r1=n
r2⇒
r
1e r
2 são coincidentes.m
r1≠
m
r2⇒
r
1e r
2 são concorrentes.m
r1=−
1
m
r 2⇒
r
1e r
2 são perpendiculares.1
r 1 r 2Exemplo 16:
Obter a equação da reta r que passa por
P(−3,5)
e é paralela à retas : 3x +y−1=0
.Solução:
m
s=−
a
b
⇒
m
s=−
3
1
=−3
, ser // s ⇒m
s=m
r=−3
, comoP∈ r
, então,x
1=−3
ey
1=5
. Substituindo esses valores emy− y
1=m ( x−x
1)
, vem:y−5=−3( x+3 )⇒ r:3x +y+ 4=0
Exemplo 17:Determinar a equação da reta r, que passa por
A (−2,2)
e é perpendicular as : x+3y−5=0
.Solução:
Como
m
s=−
a
b
=−
1
3
e s⊥ r, então,m
r=3
(inverso de ms, com o sinal trocado). Então, a equação da reta r é:y−2=3( x+2 )⇒ r :3x− y+ 8=0
.Exemplo 18:
Coordenadas dos pontos de intersecção de retas:
Determinar os pontos de intersecção das retas
r :2x+y−4=0 e s : x− y+1=0
. O ponto de intersecção de duas retas, r e s, é solução do sistema formado pelas equações dessas retas, então temos:{
2x +y=4
x− y=−1
}
⇒
resolvendo pelo método da adição, vem:{
2x +y=4
x− y=−1
}
⇒
3x=3⇒ x=1
substituindo esse valor emx− y=−1
, temos:1− y=−1 ⇒ y= 2
. Logo:P(1,2)
4.10. Distância entre ponto e reta no plano
cartesiano:
Dados um ponto P(x1,y1) e uma reta
r :ax+by+c=0
, a distância entre elesd
Pr é dada por:d
Pr=
∣
ax
1+by
1+c∣
√
a
2+b
2 Exemplo 19:Calcular a distância do ponto
P(−1,2)
à retar : x−2y+1=0
.Temos:
{
P (−1,2 )=P( x
1,y
1)
a=1, b=−2 c= 1 (r )
}
Assim:d
Pr=
∣1(−1)+(−2 )(2)+1∣
√
1
2+(−2)
2=
4
√
5
=
4
√
5
5
4.11. Referências Bibliograficas:
BONJORNO, Giovanni. Matemática Fundamental
VENTURI, Jacir. Álgebra Vetorial e Geometria Analítica.
<http://www.somatematica.com.br/historia/analitica.php>