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DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE: TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E INTERDISCIPLINARIDADE

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM REDE – MESTRADO PROFISSIONAL. DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE: TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E INTERDISCIPLINARIDADE. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Carlos Gustavo Lopes da Silva. Santa Maria, RS, Brasil 2015.

(2) DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE: TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E INTERDISCIPLINARIDADE. Carlos Gustavo Lopes da Silva. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Mestrado Profissional em Tecnologias Educacionais em Rede, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Tecnologias Educacionais em Rede.. Orientador: Profª. Drª. Leila Maria Araújo Santos. Santa Maria, RS, Brasil 2015.

(3) Ficha catalográfica elaborada através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Central da UFSM, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).. Gustavo Lopes da Silva, Carlos DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE: / Carlos Gustavo Lopes da Silva.-2015. 88 p.; 30cm Orientador: Leila Maria Araújo Santos Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Educação, Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Educacionais em Rede, RS, 2015 1. Educação em Saúde 2. Interdisciplinaridade 3. Tecnologias Educacionais I. Maria Araújo Santos, Leila II. Título..

(4) Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Educacionais em Rede – Mestrado Profissional. A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado. DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE: TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E INTERDISCIPLINARIDADE elaborada por Carlos Gustavo Lopes da Silva como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Tecnologias Educacionais em Rede COMISSÃO EXAMINADORA:. Leila Maria Araújo Santos, Dra. (Presidente/Orientador). Eliseo Reategui, Dr. (UFRGS) (Coorientador). Liziane Maahs Flores, Dra. (UFSM). Roseclea Duarte Medina, Dra. (UFSM). Gilse A. M. Falkembach (UFRGS). Santa Maria, 17 de julho de 2015..

(5) AGRADECIMENTOS Apenas agradecer não basta, pois o ser grato se liga ao obrigado, que por sua vez deixa-nos com obrigação para com as pessoas e momentos que vivemos em nossa jornada diária da vida. Agradeço a Deus e ao Universo por ter me permitido encontrar respostas e fortalecer convicções através dessa pesquisa de mestrado, sendo assim me sinto na obrigação de a cada dia ser uma pessoa melhor em prol de um ensino mais humanizado. Agradeço a meus pais pela riqueza de valores que me transmitiram, entre elas a honestidade e a coragem para lutar pelos meus sonhos, por isso tenho a obrigação de ser um bom ser humano, um bom pai, um bom marido e um bom professor. Agradeço a minha irmã por sempre ter me guiado no caminho das descobertas e da certeza de que novos ventos sopram no horizonte, dessa forma tenho a obrigação de sempre buscar o melhor, a excelência e coerência no que penso, falo e faço. Agradeço a minha esposa e a meus filhos, que sempre me incentivaram a seguir em frente, o que me obriga a ser amoroso e companheiro. Agradeço a minha orientadora que me ensinou e me inspira a ser um verdadeiro professor e pesquisador, tendo na humildade, afeto e sinceridade sua marca registrada, que me obriga a nunca desistir e a cada conquista alcançada não esquecer da humildade de coração. Agradeço a meu co-orientador por disponibilizar a Plataforma Planos de Aula para realização da pesquisa, bem como pelas orientações e palavras de incentivo, assim tenho a obrigação de me empenhar para ser um pesquisador que busca a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. Agradeço a meus colegas de trabalho por terem colaborado com minha pesquisa, enriquecendo-a com muitas experiências e trocas, o que me obriga a ser um professor engajado em formar futuros profissionais da saúde para uma visão interdisciplinar,. integral. e. humanista..

(6) Minha gratidão aos colegas de mestrado e a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho, e não estão nominalmente citados..

(7) EPÍGRAFE. " Eu me movo como professor porque apesar de saber quão difícil é mudar, eu sei que é possível mudar. Pode ser até que o agente da mudança mais radical não seja nem sequer minha geração, mas sem minha a minha geração a outra não vai mudar.". (PAULO FREIRE).

(8) RESUMO Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Educacionais em Rede – Mestrado Profissional Universidade Federal de Santa Maria. DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE: TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E INTERDISCIPLINARIDADE AUTOR: CARLOS GUSTAVO LOPES DA SILVA ORIENTADORA: LEILA MARIA ARAÚJO SANTOS Data e Local da Defesa: Santa Maria, 17 de julho de 2015. Esta pesquisa apresenta os resultados do uso de um software de planejamento de aulas, com sistema de recomendação via web, para construção de planos de aula, visando auxiliar o docente do ensino superior, da área de saúde, a desenvolver ações de ensino-aprendizagem de forma colaborativa e interdisciplinar. A pesquisa teve caráter qualitativo e utilizou como metodologia a pesquisa-ação, envolvendo os docentes do Departamento de Saúde da Comunidade do Centro de Ciências da Saúde da UFSM, que são formados em diferentes áreas, como Medicina, Farmácia e Nutrição, e ministram as mesmas disciplinas para os cursos de graduação em saúde. O andamento da pesquisa foi registrado em um portfólio e ao final da pesquisa-ação foi realizada uma entrevista com os docentes utilizando um questionário e posterior análise de conteúdo das respostas. A conclusão que se chegou foi que a Plataforma Planos de Aula é uma importante ferramenta de apoio para o planejamento de aulas de forma interdisciplinar e colaborativa, promovendo melhorias nas práticas didáticas e pedagógicas dos docentes e contribuindo para inovações nos processos de ensino e aprendizagem, auxiliando na formação de profissionais da saúde mais humanizados, integrais e éticos.. Palavras-chave: Educacionais.. Educação. em. Saúde.. Interdisciplinaridade.. Tecnologias.

(9) ABSTRACT Master Degree Dissertation Program of Post-Graduation on Net Educational Technologies Professional Master Degree Course Federal University of Santa Maria. UNIVERSITY TEACHING ON HEALTH: EDUCATIONAL TECHNOLOGIES AND INTERDISCIPLINARITY AUTHOR: CARLOS GUSTAVO LOPES DA SILVA SUPERVISOR: LEILA MARIA ARAÚJO SANTOS Date and local of defense: Santa Maria, July 17th 2015. This research presents the results of using a lesson planning software with web-based recommendation system to build lesson plans, aiming to help teachers in higher education, healthcare, developing teaching-learning actions in a collaborative and interdisciplinary way. The research was qualitative and used as a method action research involving teachers from the Department of Community Health of the Health Sciences Center at UFSM, who are trained in different fields like Medicine, Pharmacy and Nutrition, and teach the same disciplines for health in undergraduate courses. The progress of the research was that of a portfolio and action research end was held an interview with the teachers using a questionnaire and subsequent content analysis of the answers. The conclusion reached was that the Lesson Plan Platform is an important support tool for planning lessons of interdisciplinary and collaborative manner by promoting improvements in teaching and pedagogical practices of teachers and contributing to innovations in teaching and learning, helping the training of more human, whole and ethical health professionals.. Keywords: Education on Health. Interdiscplinarity. Educational technologies..

(10) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 – Plataforma Planos de Aula ........................................................ Figura 2 – Interface de Edição dos Planos da Aula .................................... Figura 3 - Modo de operação da ferramenta para edição de planos de aula ............................................................................................................ Figura 4 – Sistema de Recomendação de Conteúdo ................................ Figura 5 – Plano de Aula (Versão do Aluno) .............................................. Figura 6 – Plano de Aula ............................................................................ Figura 7 – Lista dos Planos de Aula em edição .......................................... 33 34 35 36 37 38 53.

(11) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS API APS AVEA BIREME CAPES CCS CNPQ EAD ESF GPS NASF SUS TIC UFSM UFRGS. Interface de Programação de Aplicativos Atenção Primária á Saúde Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem Biblioteca Virtual em Saúde Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Centro de Ciências da Saúde Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Educação à Distância Estratégia Saúde na Família Sistema de Posicionamento Global Núcleo de apoio a Saúde na Família Sistema Único de Saúde Tecnologias da Informação e Comunicação Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

(12) LISTA DE ANEXOS ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...... ANEXO B – TERMOS DE CONFIDENCIALIDADE ...................................... ANEXO C - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS – MATRIZ GUIA .... ANEXO D - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS – QUESTIONÁRIO ANEXO E – AUTORIZAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA ................................... 78 80 81 82 85.

(13) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 12. 1.1 Objetivos ................................................................................................ 1.1.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 1.1.2 Objetivos Específicos ............................................................................. 16 16 16. 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................... 17. 2.1 Interdisciplinaridade .............................................................................. 2.1.1 A Interdisciplinaridade na Docência em Saúde .................................... 2.2 O uso das TIC na educação ................................................................. 2.2.1 O uso das Tecnologias Educacionais no Ensino de Saúde .................. 2.3 Planejamento de aulas ........................................................................... 2.3.1 Trabalho Colaborativo na Docência ...................................................... 2.4 A Plataforma Planos de Aula ................................................................ 2.4.1 Plataforma Planos de Aula aplicada ao ensino de saúde ...................... 17 22 24 25 28 30 32 37. 3 METODOLOGIA ......................................................................... 40. 3.1 Desenho do Estudo ................................................................................ 3.2 Amostra/População Alvo ....................................................................... 3.3 Critérios para inclusão e exclusão ....................................................... 3.4 Análise dos Dados ................................................................................. 3.4 Aspectos Éticos ....................................................................................... 40 41 41 41 42. 4 DISCUSSÃO DE RESULTADOS ............................................... 43. 4.1 Contexto de Aplicação da Pesquisa .................................................... 4.2 Síntese do Portfólio da Pesquisa-ação ................................................ 4.3 Análise das entrevistas/questionário ................................................... 4.3.1 Interdisciplinaridade na Educação em Saúde ....................................... 4.3.2 Planejamento de aulas .......................................................................... 4.3.3 O Uso das TIC na Docência em Saúde ................................................. 4.3.4 O Uso da Plataforma Planos de Aula pelos docentes ........................... 43 44 53 54 58 60 63. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 67. 5.1 Importância da interdisciplinaridade na educação em saúde ........... 5.2 Planejamento de aulas pelos docentes em saúde .............................. 5.3 Importância do uso das TIC no planejamento de aulas ..................... 5.4 Plataforma Planos de Aula como apoio na Docência em Saúde ....... 5.5 Respondendo a questão de pesquisa ................................................... 67 67 68 68 69. REFERÊNCIAS .............................................................................. 72. ANEXOS .......................................................................................... 77.

(14) 1 INTRODUÇÃO Na metade do século XX verificamos o surgimento de novos paradigmas nas mais diversas esferas da sociedade. Iniciava-se, assim, uma busca de conhecimento e valorização do ser humano, bem como a compreensão do mundo de uma forma mais ampla e integrada (MORIN, 2005). O processo de globalização e o advento da tecnologia tiveram grande contribuição nas mudanças que começavam a se efetivar em nossa sociedade (CASTELLS, 1999) e, diante desses fatos, a complexidade de nossa sociedade passa a exigir uma visão de associação de inúmeros conhecimentos para o entendimento dos fenômenos de uma forma integral, verdadeira, ética, justa e global. O complexo requer um pensamento que capte as relações, inter-relações e implicações mútuas, os fenômenos multidimensionais, as realidades que são simultaneamente solidárias e conflitivas (como a própria democracia que é o sistema que se nutre de antagonismos e que, simultaneamente, os regula), que respeite a diversidade, ao mesmo tempo que a unidade, um pensamento organizador que conceba a relação recíproca de todas as partes (MORIN, 1999, p.14).. A tecnologia avança influenciando no surgimento de novas formas de relacionamento social fazendo do movimento de interação e interatividade algo essencial na civilização do século XXI que se globaliza como uma grande rede interconectada em nível mundial (LEVY, 1998). Nas ciências biológicas nunca se fez tão necessária uma visão integrada dos fenômenos que, de forma complexa, interagem e determinam o ser humano, a fauna e a flora. Nunca se considerou com tanta importância as questões ecológicas e ambientais, buscando-se um retorno ao equilíbrio do sistema para construção de uma sociedade sustentável (CAPRA, 1997). O uso racional e responsável da tecnologia. vem. contribuir. nesse. processo. permitindo. uma. ampliação. de. conhecimentos a fim de se atingir melhores resultados (SANTOS, 2003). Dentro desse panorama, nas ciências da saúde, volta-se a atenção para o fato de que muitas profissões (Medicina, Fisioterapia, Farmácia, Enfermagem, Terapia Ocupacional e outras) interagem na busca por saúde, colaborando para a melhoria da qualidade de vida nas comunidades. Nesse contexto de necessidade interativa verificamos a dificuldade desses profissionais para atuarem em conjunto, em uma visão humanística, integral e holística do ser humano. Muitas vezes,.

(15) 13. discordâncias de pontos de vista sobre um mesmo objeto, uma mesma ferramenta de trabalho, normalmente ligadas ao ser humano, dificultam o exercício de uma saúde humanizada e integral (GOMES, 1997). Essas dificuldades decorrem desde a formação destes profissionais. A maioria. têm sua formação dentro de uma universidade, convivendo com outras. áreas da graduação em saúde e interagindo poucas vezes, dentro da academia, interdisciplinarmente. Na discussão dessa problemática, surge a esfera da educação, pois esses profissionais são formados pela interação com docentes de formações diversas, os quais poderiam contribuir de forma efetiva na construção de ambientes interdisciplinares, propiciando aos futuros profissionais da saúde uma visão da importância da troca constante de conhecimentos, para uma melhor qualidade de vida de seus pacientes e comunidades. A inter/transdisciplinaridade torna-se necessário nos currículos contemporâneos em todas as modalidades e níveis educacionais, pois significa uma nova epistemologia que supera as fronteiras cognitivas. e. metodológicas,. permitindo. produção. de. conhecimentos. mais. integradores que respeitam a complexidade do mundo (ALMEIDA FILHO, 2011). Na educação em saúde, a ciência deve criar mecanismos diretos de interação com a comunidade, promovendo nas universidades um ensino dinâmico, interdisciplinar e contextualizado, formando profissionais críticos frente a realidade, pois se deseja que o aluno traga o diálogo interdisciplinar para seu objeto de pesquisa e para sua vida profissional, através do encontro de olhares distintos sobre um mesmo processo de trabalho (SANTOS; KILLINGER, 2011). Uma formação acadêmica em saúde que possibilita a contextualização de realidades em sala de aula, bem como ações interdisciplinares é de suma importância para nossa sociedade. Evidenciamos nos dias atuais estratégias de melhorias dessa questão no Sistema Único de Saúde1 (SUS) no Brasil. Dentro das ações de Atenção Básica do Estratégia de Saúde da Família2 (ESF) está o incentivo. 1. O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Amparado por um conceito ampliado de saúde, o SUS foi criado, em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, para ser o sistema de saúde dos mais de 180 milhões de brasileiros. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/entenda-o-sus> 2 A Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à reorganização da atenção básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde, visa ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante relação custo-efetividade. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_esf.php>..

(16) 14. para interação de forma interdisciplinar dos profissionais de saúde envolvidos nas equipes, já que é uma das diretrizes da Atenção Primária a Saúde3 (APS). Diante desse panorama, o Ministério da Saúde, decidiu criar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família4 (NASF), que entre seus objetivos tem o de educar esses profissionais para a interação e troca de experiências de uma forma interdisciplinar e dinâmica, visando uma melhor capacitação para atuarem nas comunidades (BRASIL, 2009a). Após algum tempo do início dessa medida, se constatou um resultado positivo tanto para os profissionais como para as comunidades, demonstrando a necessidade e importância de ações interdisciplinares no trabalho em saúde, constituindo uma interação dinâmica entre os saberes, pois em um projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende e sim vive-se, exerce-se (BRASIL, 2009a). Contribuindo para a discussão presente, podemos citar outro programa do Ministério da Saúde chamado Clinica Ampliada no SUS5, que tem por objetivo tratar pacientes de uma forma interdisciplinar na busca por uma solução mais adequada a cada situação, envolvendo, para isso além do médico, outros profissionais de saúde, ampliando a compreensão da complexidade que envolve a busca do equilíbrio da saúde do indivíduo e da comunidade (BRASIL, 2009b). Em. relação a formação, atualmente, conta-se. com. as tecnologias. educacionais, as quais podem contribuir de forma efetiva como auxílio ao docente na sua missão de propor uma educação interdisciplinar em saúde. As ferramentas tecnológicas. disponíveis. permitem. ao. professor,. através. da. interação. e. interatividade, construir um momento educacional rico em significados, pois podem ampliar os conhecimentos à medida que estabelece uma rede de aprendizagem, conforme esclarece Demo (2011, p.113): 3. Internacionalmente tem-se apresentado 'Atenção Primária à Saúde' (APS) como uma estratégia de organização da atenção à saúde voltada para responder de forma regionalizada, contínua e sistematizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos e comunidades. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/ateprisau.html> 4 Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados pelo Ministério da Saúde em 2008 com o objetivo de apoiar a consolidação da Atenção Básica no Brasil, ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, assim como a resolutividade, a abrangência e o alvo das ações. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_nasf.php> 5 A Clínica Ampliada e compartilhada, vem com a proposta de entender o significado do adoecimento e tratar a doença no contexto de vida, no qual esta doença está inserida. Portanto, sua proposta, não é tratar a doença, mas o sujeito de maneira integral. Disponível em: <http://www.redehumanizasus.net/85422-clinica-ampliada-e-compartilhada>.

(17) 15. o próprio ambiente tecnológico, marcado por mudanças velozes e incontornáveis, pressiona a educação a mover-se, aceitar mudanças, e, principalmente a assumir o papel crucial de conduzir e humanizar as mudanças.. O planejamento de aulas pelo professor constitui um momento de suma importância para se definir objetivos e visualizar o aprendizado que se espera do aluno (CASTRO et al., 2008). No caso da educação em saúde, pode-se construir planos de aula de forma interdisciplinar com outros professores (ARRUDA, 2012), fazendo o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) como meio e suporte para o sucesso desse objetivo (DEMO, 2011). Como tecnologia educacional que pode auxiliar os professores da área de saúde a planejar aulas de forma interdisciplinar, existe a Plataforma Planos de Aula, que possui um Sistema de Recomendação6 de conteúdos via web7. Tal característica facilita a edição das aulas pelos docentes, enriquecendo didática e pedagogicamente os planos de aula (DIAS et al., 2012), além de ter a vantagem de ser um software livre8 que está disponível na web para acesso e edição a qualquer momento. Esta pesquisa se desenvolveu dentro de um contexto que buscou aliar o uso de um software de planejamento de aula, a Plataforma Planos de Aula, com o movimento de interdisciplinaridade na docência em saúde, visando construir uma rede de compartilhamento entre os professores de diferentes áreas da saúde que ministram as mesmas disciplinas em um departamento de uma universidade federal, e procurou responder a seguinte questão de pesquisa: Como a Plataforma Planos de Aula poderá auxiliar os docentes em saúde no planejamento de aulas de forma interdisciplinar e colaborativa?. 6. Um Sistema de Recomendação combina várias técnicas computacionais para selecionar itens personalizados com base nos interesses dos usuários e conforme o contexto no qual estão inseridos. Tais itens podem assumir formas bem variadas como, por exemplo, livros, filmes, notícias, música, vídeos, anúncios, links patrocinados, páginas de internet, produtos de uma loja virtual, etc. 7 Nome pelo qual a rede mundial de computadores internet se tornou conhecida a partir de 1991, quando se popularizou devido à criação de uma interface gráfica que facilitou o acesso e estendeu seu alcance ao público em geral. 8 Software livre é uma expressão utilizada para designar qualquer programa de computador que pode ser executado, copiado, modificado e redistribuído pelos usuários gratuitamente. Os usuários possuem livre acesso ao código-fonte do software e fazem alterações conforme as suas necessidades..

(18) 16. Como metodologia foi utilizado a pesquisa-ação, pois o pesquisador faz parte da equipe dos sujeitos de pesquisa, no caso os docentes do Departamento Saúde na Comunidade do CCS/UFSM. A presente pesquisa se justifica pela busca da melhoria dos processos de ensino e aprendizagem, no ensino superior em saúde, a fim de que os alunos possam receber um aprendizado mais contextualizado, interdisciplinar, dialógico e reflexivo contribuindo para formação de profissionais com visão integrada e espirito colaborativo para atuar nas comunidades, em busca de uma melhor qualidade de vida e saúde da população.. 1.1 Objetivos. 1.1.1 Objetivo Geral. Analisar como a Plataforma Planos de Aula poderá auxiliar os docentes em saúde no planejamento de aulas de forma interdisciplinar e colaborativa.. 1.1.2 Objetivos Específicos. -. Averiguar. como. os. docentes. consideram. a. importância. da. interdisciplinaridade na educação em saúde. -. Identificar como ocorre o planejamento de aulas pelos docentes em saúde.. - Reconhecer como o docente considera a importância do uso das TIC no planejamento de suas aulas. -. Analisar como a Plataforma Planos de Aula pode auxiliar nesse processo..

(19) 2 REVISÃO DE LITERATURA Nesse capítulo apresentam-se alguns dos autores e teorias que embasaram o desenvolvimento desta pesquisa em educação, descrevendo na primeira parte os conceitos de interdisciplinaridade e como a mesma contribui para a educação em saúde; na segunda parte se expõe como as tecnologias educacionais em rede podem auxiliar na docência em saúde; na terceira parte definem-se os conceitos relativos a planejamento de aula, mais especificamente o planejamento de aulas de forma colaborativa e interdisciplinar na área de saúde e na quarta parte se faz a descrição da Plataforma Planos de Aula quanto a seu histórico, conceito e possibilidades de uso pelos professores da área de saúde.. 2.1 Interdisciplinaridade. Na metade do século XX a ciência começa a passar por grandes transformações, resultado das mudanças políticas, sociais, culturais e econômicas que ocorreram em nível mundial. Vemos a partir da década de 70, mudanças culturais de liberdade, pensamento e atitude, resultado da mudança de sistemas de governo, como a queda do socialismo e do comunismo e o fortalecimento da democracia, ao mesmo tempo que nascia o movimento ecológico e a busca por compreender a complexidade do ser humano e sua relação com a natureza. Nos anos 80 ocorre o advento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), com o surgimento da Internet e computadores pessoais. Já nos anos 90 vemos o nascimento de uma sociedade globalizada e a formação de uma cibercultura (LEVY, 1998) que interliga todas as esferas sociais numa grande teia, numa grande rede, num grande complexo, onde novos paradigmas e valores estão em ascensão, provocando a reconfiguração de muitos conhecimentos e da própria ciência no século XXI. A interdisciplinaridade surge nessa conjectura de grandes transformações como resultado da busca do ser humano por compreender os fenômenos de forma integrada, de forma complexa (MORIN, 1999), já que até então tudo era interpretado num contexto fragmentado, efeito das teorias de Descartes e Galileu, no século XVII, que dividiram a ciência em muitos ramos, resultado do ideário positivista (THIESEN, 2007). A interdisciplinaridade tenta aproximar as fronteiras criadas entre os.

(20) 18. conhecimentos. enclausurados. na. disciplina. (MORIN,. 2005),. procurando. compreender as relações entre os conhecimentos na formação de um todo complexo, fazendo uma revisão de pensamento, buscando intensificar o diálogo, as trocas, a integração conceitual e metodológica nos diferentes campos do saber. [...] só há uma realidade, um universo único que se manifesta quando o saber se une ao ser. Todo objeto particular que não for compreendido em relação a este universo único, não poderá ser compreendido de modo científico. O conhecimento humano é sintético e global antes de ser analítico e especializado (JAPIASSU, 1976, p. 112-113).. Seguindo a linha de entendimento e compreensão sobre o movimento interdisciplinar, verifica-se atualmente que nossas universidades e escolas superiores. produzem. eminentes. especialistas. cujo. pensamento. é. muito. compartimentado, dificultando o entendimento das relações entre as áreas do conhecimento, resultando numa inteligência que sabe apenas separar, quebrando a complexidade do mundo em fragmentos isolados, diminuindo a chance da compreensão e reflexão (MORIN; VIVERET, 2013; JAPIASSU, 1976). Nessa grande conjectura que constitui um período de crise de paradigmas, onde o novo surge para reconfigurar o velho, todas as correntes de pensamento se ocuparam com a questão da interdisciplinaridade: a teologia fenomenológica encontrou nesse conceito uma chave para o diálogo entre igreja e mundo; o existencialismo buscou dar às ciências uma “cara humana”, a cara da unidade; a epistemologia, que buscava desvendar o processo de construção do conhecimento e fundamentar a unidade das ciências e o marxismo, que procurava uma alternativa para religação do todo com a parte (THIESEN, 2007). Podemos citar como exemplo dessa transformação paradigmática no olhar científico o nascimento de áreas na ciência que estão entre as disciplinas, como a ciência da computação, a astrofísica, as ciências cognitivas, a ecologia, a saúde ambiental e a saúde coletiva, onde para haver produção de conhecimento e pesquisa se torna necessário aproximar as fronteiras disciplinares de várias áreas, ocorrendo a necessidade da conversa entre as disciplinas, entre as ciências, isto é, o próprio movimento interdisciplinar (JAPIASSU, 1976). No campo educacional começamos a perceber que mudanças estão ocorrendo a partir do desenvolvimento e aprimoramento das TIC e dos movimentos interdisciplinares, trazendo novas possibilidades para os processos de ensino e.

(21) 19. aprendizagem, rompendo com velhos paradigmas e fazendo nascer um novo olhar sobre a educação. A interdisciplinaridade contribui nesse novo contexto educacional para a construção de uma nova forma de olhar, ver e compreender o conhecimento, procurando dar um sentido mais integrador aos processos, isto é, um compartilhamento de saberes e fazeres na prática pedagógica. No limiar do século XXI e no contexto da internacionalização caracterizada por uma intensa troca entre os homens, a interdisciplinaridade assume um papel de grande importância. Além do desenvolvimento de novos saberes, a interdisciplinaridade na educação favorece novas formas de aproximação da realidade social e novas leituras das dimensões socioculturais das comunidades humanas (FAZENDA, 2002, p. 14).. O nascimento desse novo paradigma educacional é percebido nas obras e pesquisas de grandes educadores e cientistas, como no construtivismo piagetiano, na pedagogia libertadora de Paulo Freire, na teoria sobre as inteligências múltiplas de Gardner, na abordagem histórico-cultural de Vigostski, na teoria da complexidade de Morin, nas formulações de Capra, Boaventura Souza Santos e vários outros (MORAES, 2002). Na busca por efetivar a interdisciplinaridade na educação, Frigotto (1995) orienta que os professores precisam desenvolver uma mudança acerca da concepção de mundo, transcendendo a fragmentação na produção do conhecimento comum no interior das academias, compreendendo que não há separação entre a prática pedagógica e a prática social global. Dentro dessa perspectiva é necessário o. desenvolvimento. de. uma. educação. que. permita. a. inter-relação. do. indivíduo/espécie/sociedade de forma indissociável, pois, ao mesmo tempo, irá recobrar a identidade do sujeito como uma profunda relação com os outros e o planeta (MORIN, 2003b). A interdisciplinaridade se apresenta hoje como um protesto: contra o saber fragmentado; contra a separação crescente entre uma universidade cada vez mais compartimentada, setorizada e dividida frente a uma sociedade dinâmica e percebida como um todo complexo e indissociável; e contra o conformismo de situações adquiridas e das ideias impostas (JAPIASSU, 1976). O movimento interdisciplinar é dinâmico, pois busca a associação de inúmeros conhecimentos para produzir significados na compreensão do mundo dos fenômenos, nos trazendo a consciência de que um conhecimento não vive isolado e.

(22) 20. nem está alocado em determinada área, mas sim faz parte de um complexo em constante transformação e associação. De acordo com as visões sistêmicas do mundo, conceitos diferentes, mas mutuamente coerentes podem ser usados para descrever diferentes aspectos e níveis da realidade, sem que seja necessário reduzir os fenômenos de qualquer nível ao de um outro (CAPRA, 1997, p. 91).. A interdisciplinaridade é um movimento transversal de associação dos conhecimentos, porém ainda existem muitas dificuldades em compreender esse processo por parte dos professores, tanto pela falta de uma epistemologia dessa ação, quanto pela falta de uma metodologia científica de cunho interdisciplinar no momento em que o docente, diante da insegurança, opta pelos métodos tradicionais de ensino. Japiassu (1976, p.74) esclarece que “o espaço do interdisciplinar, quer dizer, seu verdadeiro horizonte epistemológico, não pode ser outro senão o campo unitário do conhecimento.” Fazenda (apud BATISTA, 2005) considera que essa condição “em construção” da interdisciplinaridade não significa uma lacuna ou falta, mas sim um “vir a ser” que constitui o espaço da transformação do provisório, não sendo o lugar do sujeito nem do objeto, mas o lugar da interação entre sujeito e objeto, onde se produz ciência e socializa conhecimentos. Como afirma Thiesen (2007, p.99): A interdisciplinaridade, como fenômeno gnosiológico e metodológico, está impulsionando transformações no pensar e no agir humanos em diferentes sentidos. Retoma, aos poucos, o caráter de interdependência e interatividade existente entre as coisas e as idéias, resgata a visão de contexto da realidade, demonstra que vivemos numa grande rede ou teia de interações complexas e recupera a tese de que todos os conceitos e teorias estão conectados entre si. Ajuda a compreender que os indivíduos não aprendem apenas usando a razão, o intelecto, mas também a intuição, as sensações, as emoções e os sentimentos. É um movimento que acredita na criatividade das pessoas, na complementaridade dos processos, na inteireza das relações, no diálogo, na problematização, na atitude crítica e reflexiva, enfim, numa visão articuladora que rompe com o pensamento disciplinar, parcelado, hierárquico, fragmentado, dicotomizado e dogmatizado que marcou por muito tempo a concepção cartesiana de mundo.. Seguindo essa concepção de interdisciplinaridade podemos indicar os cinco princípios que subsidiam a prática docente interdisciplinar: humildade, espera, coerência, respeito e desapego. Humildade em reconhecer que construímos um mundo e não o mundo com o outro; espera significa observar todos os fenômenos.

(23) 21. que pudermos capturar no tempo e no espaço e, após uma reflexão, agir no momento mais adequado; coerência entre o que pensamos e o que fazemos; respeito por si próprio e pelo outro, por ser diferente de mim, mas que não está necessariamente contra mim; desapego tanto de bens intelectuais quanto de bens materiais significa estar aberto a novas ideias (FAZENDA, 2002) Dessa forma, interdisciplinaridade é uma ação em movimento, de natureza ambígua, tendo como pressuposto a metamorfose, a incerteza. Sendo assim, o desafio que a formação interdisciplinar adquire é de incrementar a capacidade de identificar os diferentes tipos de saberes em jogo no ato de ensinar, tomando-os como incompletos e sempre insuficientes, sendo nesse ato de perene incompletude que a potencialidade do ‘vir a ser’ se constituirá (FAZENDA, 2014). A interdisciplinaridade é uma forma de elaborar o conhecimento, permitindo que aconteça o diálogo entre os conhecimentos, os transformando em algo novo gradativamente. (MORIN,. 1999).. Nessa. ação. interdisciplinar. é. necessário. conhecimento especializado e aprofundado, levando o especialista à autocrítica ao seu isolamento, propiciando um olhar para fora, valorizando a contribuição de outros pesquisadores. Dessa forma supõe um embate crítico rumo a compreensão ampla e profunda da realidade numa parceria produtiva fugindo da mera conversa agregada genérica (DEMO, 2014). Podemos dizer que nos reconhecemos diante de um empreendimento interdisciplinar todas vezes em que ele conseguir incorporar os resultados de várias especialidades, que tomar de empréstimo a outras disciplinas certos instrumentos e técnicas metodológicas, fazendo uso dos esquemas conceituais e das análises que se encontram nos diversos ramos do saber, a fim de fazê-los integrarem e convergirem, depois de terem sido comparados e julgados (JAPIASSU, 1976, p.75).. O professor interdisciplinar é em parte um mítico, em parte um religioso, mas profundamente filosófico e científico. Nessa concepção o professor não se preocupa tanto em transmitir o conteúdo específico de sua disciplina, mas sim ver como os alunos estão assimilando esses conhecimentos e seus significados. Esse professor valoriza a aprendizagem e cada descoberta é um novo passo para ambos, tornandoos pesquisadores (GODOY, 2014). Nesse sentido vemos que todo educador deve divulgar seu êxito e continuar a aprender e aprimorar-se, nunca sentando no trono de um conhecimento já obsoleto (TIBA, 2011), como afirma Fazenda (2013, p.21) quando nos orienta dizendo que.

(24) 22. “duvidar da própria prática para interrogá-la, analisá-la e transformá-la, faz parte do quadro de referências do docente interdisciplinar.” 2.1.1 A Interdisciplinaridade na Docência em Saúde Nas ciências da saúde, ocorre uma busca pela visão interdisciplinar tanto do professor como do aluno, para que se adotem ações mais integrais junto à comunidade. No campo da saúde coletiva, vemos a grande necessidade da ação e visão interdisciplinar, pois é preciso ter sempre o cuidado para não reduzir a complexidade do campo a algo monodisciplinar para evitar o risco do empobrecimento e morte consecutiva do campo da saúde coletiva (MADEL, 2009). O saber interdisciplinar permite ao profissional de saúde compreender o homem como um todo. Para isso, precisa-se de uma visão ampla que ultrapasse sua especificidade profissional a fim de verificar as implicações sociais decorrentes de sua prática (GOMES, 1997). Na docência em saúde a interdisciplinaridade pode contribuir na formação desse professor, no seu saber fazer bem, como no saber ser de sua pratica pedagógica, em que num momento precisa ser refletida criticamente e dialogada com o aluno e compartilhada com os colegas, procurando fazer a articulação entre teoria e prática, confrontando com as teorias existentes para que ocorra um processo de aprendizagem do professor, configurando dessa forma que a docência em saúde é um processo em construção (BATISTA, 2005). Um contexto de aprendizagem interdisciplinar torna mais efetivo a produção, assimilação e compreensão do conhecimento na área da saúde, tendo o docente universitário papel importante nessa dinâmica didático-pedagógica dialógica. Fazenda (1979, p.56) refere que ser interdisciplinar exige um engajamento pessoal de cada um, sendo aprendiz do processo e criador de novos métodos, transformando a realidade, pois como afirma Morin (2003a, p.89) é necessário substituir um pensamento fragmentado e redutor por um pensamento complexo, isto é, ter a percepção e visão do tecer em conjunto. A questão fundamental, neste caso, está em que, faltando aos homens uma compreensão crítica da totalidade em que estão, captando-a em pedaços nos quais não reconhecem a interação constituinte da mesma totalidade, não podem conhecê-la. E não o podem porque, para conhecê-la, seria necessário partir do ponto inverso. Isto é, lhes seria indispensável ter antes a visão totalizada do contexto para, em seguida, separarem ou isolarem os.

(25) 23. elementos ou as parcialidades do contexto, através de cuja cisão voltariam com mais claridade à totalidade analisada (FREIRE, 1987, p. 55).. Nesse processo de construção interdisciplinar, o papel do professor é fundamental, e para isso há a necessidade de sua interação com outros professores, associando suas experiências de ensino, fazendo do trabalho em conjunto uma forma mais integral e facilitadora de abordar o conhecimento em aula. O campo do conhecimento é interdisciplinar e, por isso, existe a necessidade de profissionais com essa visão, que conduzam o processo de aprendizagem de forma interdisciplinar. A interdisciplinaridade é nova modalidade de atuação científica e profissional que exige, em primeiro lugar, de todo profissional, uma abertura para superar um paradigma até agora profundamente enraizado em todos nós que é o modelo disciplinar de aprendizagem. Nosso trabalho árduo e diário, em nossa profissão, exige um exercício contínuo de compreender o mundo, a sociedade, os avanços tecnológicos, os novos problemas de uma forma para além da disciplinaridade (MASETTO, 2009, p.11).. A docência em saúde é um processo que se reconfigura a todo instante e por isso constitui um grande desafio aos professores. Desenvolver e avaliar propostas de desenvolvimento docente na área da saúde que privilegiem a prática docente e estruturem momentos de comparação, explicação, interpretação e teorização — assumindo o desenvolvimento docente como um processo continuado, institucional, contemplando a pesquisa em colaboração em uma perspectiva interdisciplinar — é um desafio a ser enfrentado num momento em que o ensino superior busca caminhos éticos, humanistas, competentes e socialmente comprometidos (BATISTA, 2005, p.292).. Nesse aspecto precisa-se considerar que os docentes podem mudar suas atitudes e métodos sem, no entanto, praticarem o interdisciplinar, pois esse movimento somente pode ser gerado com uma modificação profunda dos hábitos pedagógicos (JAPIASSU, 1976), pois não se fala em relações interdisciplinares, no sentido de disciplina, pois não são as disciplinas que interagem e sim os agentes de cada campo, sendo o transito não de discursos, mas dos sujeitos do discurso (SANTOS; KILLINGER, 2011). Masetto e Antoniazzi (2004) destacam a importância da valorização das experiências didático-pedagógicas dos professores de saúde, dialogando e.

(26) 24. analisando essas experiências pelos princípios teóricos da aprendizagem, da interação professor-aluno e da tecnologia educacional.. 2.2 O uso das TIC na educação. Na sociedade atual as TIC assumem papel de destaque, determinando novos modelos de relações sociais, onde a racionalização de processos, a inovação e a reconfiguração de aplicações formam a coluna dorsal de nossa cultura (CASTELLS, 1999), influenciando e criando novos processos no campo da educação e trazendo o virtual para o ambiente de ensino. A educação se transforma nessa nova cultura onde a aprendizagem passa a ser colaborativa mediada por uma inteligência coletiva que permite a criatividade, a inovação e a busca de novos conhecimentos (LEVY, 1998). A incorporação das TIC nos processos educacionais envolve um trabalho interdisciplinar, pois é uma integração da educação com as tecnologias educacionais e os conteúdos curriculares. Nessa prática estão envolvidos uma equipe multidisciplinar (educação, informática, psicologia, etc.), que pensa e desenvolve melhorias nos materiais educativos com o auxílio da tecnologia, aliados aos especialistas de conteúdo (professores e pesquisadores), promovendo experiências inovadoras na educação (STRUCHINER et al., 2005). Todo esse contexto resulta em melhorias nos processos educacionais, facilitando o movimento didático e pedagógico do aprender a aprender (DEMO, 2011). A utilização das ferramentas da Web 2.09 pode trazer contribuições significativas para o processo de aprendizagem, pois a inserção das tecnologias no ambiente educacional permite o engajamento dos alunos na realização das atividades, os torna mais participativos e favorece a aproximação entre alunos e professores (KENSKI, 2007). As tecnologias educacionais podem auxiliar no processo de construção de um ambiente de aprendizagem interdisciplinar, permitindo criar uma rede onde o conhecimento é apreendido, associado, sintetizado e dinamizado.. 9. Web 2.0 é um termo usado para designar uma segunda geração de comunidades e serviços, tendo como conceito a Web e através de aplicativos baseados em redes sociais e tecnologia da informação. Web 2.0 foi criada em 2004 pela empresa americana O'Reilly Media..

(27) 25. Por sua vez, na ação do professor na sala de aula e no uso que ele faz dos suportes tecnológicos que se encontram à sua disposição, são novamente definidas as relações entre o conhecimento a ser ensinado, o poder do professor e a forma de exploração das tecnologias disponíveis para garantir melhor aprendizagem pelos alunos (KENSKI, 2007, p.19).. Com esta afirmação entende-se que: cabe ao professor buscar o recurso tecnológico e a estratégia a ser usada em sala de aula, possibilitando ao aluno um ensino mais dinâmico e de forma mais contextualizada com a sua vivência, rico em significados para os alunos. As TIC são fundamentais na cultura digital, pois permitem uma reconfiguração do modo de pensar, produzindo novas linguagens. A utilização das TIC, em sala de aula, seja presencial ou virtualmente, permite ao professor desenvolver um novo olhar para o processo de refletir, organizar e sistematizar as aulas durante o planejamento das mesmas, permitindo a não linearidade, trabalhos colaborativos em grupo, flexibilidade no tempo em atividades a distância, uso de linguagens audiovisuais, entre outras situações de aprendizagem (ARRUDA, 2012; BEHRENS, 2000). A tecnologia precisa ser contemplada na prática pedagógica do professor, de modo a instrumentalizá-lo a agir e interagir no mundo com critério, com ética e com visão transformadora, fazendo do uso de computadores e da rede de informações, suportes relevantes em uma ação docente inovadora (BEHRENS, 2000) O. professor. precisa. compreender. que. as. TIC. irão. contribuir. no. desenvolvimento dos processos didáticos e pedagógicos, sendo um suporte, um apoio, mas não um fim em si, pois tecnologia em educação é meio, além do que o trânsito de informações que circulam através dessas tecnologias não constituem a própria aprendizagem, já que são apenas matéria-prima (DEMO, 2011).. 2.2.1 O uso das Tecnologias Educacionais no Ensino de Saúde Na complementação da busca por essa visão e ação interdisciplinar no ensino em saúde que constatamos que o uso das tecnologias educacionais pode auxiliar na percepção da dimensão subjetiva do ser humano no processo de formação do profissional de saúde, sendo que para isso deve haver um maior empenho dos professores em compreender e utilizar os recursos tecnológicos, acoplando.

(28) 26. processos pedagógicos e contextualizando realidades para efetivar a acomodação e assimilação por parte dos alunos no ensino em saúde (MAIA; STRUCHINER, 2010). Com o objetivo de fazer uma revisão bibliográfica sobre o uso das tecnologias educacionais no ensino de saúde, nos últimos 10 anos, realizou-se uma busca na literatura nas bases de dados do Portal de Periódicos CAPES10 e da BIREME11 utilizando os termos Tecnologia Educacional, Ensino, Saúde e seus correlatos na língua inglesa, tendo como resultado 50 artigos na CAPES e 209 artigos na BIREME. Dentre as pesquisas que vem sendo realizadas no campo do ensino de saúde utilizando como suporte às tecnologias educacionais, objetivando melhorias nos processos de ensino e aprendizagem, podemos destacar o uso de: produção de materiais didáticos digitais como Hipertextos, uso de Web Sites, Blogs e Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem (AVEA) em cursos de graduação e pósgraduação em saúde como, por exemplo, na enfermagem e medicina. Maia & Struchiner (2010) realizaram uma pesquisa com um grupo de professores da área médica sobre o uso pedagógico de ferramentas da Web 2.0, mais especificamente Blogs e Redes Sociais, demonstrando nos resultados do estudo, que essas tecnologias tem grande potencial pedagógico, pois favorecem o desenvolvimento de atividades que valorizem a subjetividade na prática médica e aumenta a aproximação dos alunos da realidade profissional, contribuindo nos processos de ensino e aprendizagem. Abensur & Tamosauskas (2011) relatam a experiência de formação de pósgraduandos para a docência, em uma faculdade de medicina, com a introdução de uma atividade de TIC, onde os estudantes desenvolviam hipertextos, com a ajuda de softwares, para criação de aulas virtuais, de forma colaborativa e multidisciplinar. O resultado desse estudo demonstrou a contribuição positiva do uso dessas tecnologias para os processos de ensino, bem como contribuiu para o desenvolvimento da percepção, pelos futuros professores, da importância de um trabalho interdisciplinar e multiprofissional na docência em saúde, mediada pela tecnologia.. 10. Biblioteca virtual da CAPES que reúne e disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica. Disponível em: http://www.periodicos.capes.gov.br/ 11 Biblioteca Virtual em Saúde é um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), orientado à cooperação técnica em informação científica em saúde. (Busca nas seguintes base de dados: LILACS, IBECS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane, SciELO). Disponível em: http://www.bireme.br/php/index.php.

(29) 27. Pode-se evidenciar a importância do uso dos AVEA nos processos de formação de professores nos estudos de Sonzogno & Moreno (2011), onde através o uso do AVEA Moodle, pelos professores em formação, de um curso de pósgraduação na área da saúde, se atingiu um alto grau de interação e rica troca de ideias e experiências, na busca por aperfeiçoamento da docência em saúde. Existem também algumas inovações utilizando Podcasts12 e Games, buscando melhorias na formação dos profissionais da saúde. Uma grande ênfase no uso de Vídeo Conferências e Vídeo-aulas promovendo interações entre docentes e com os alunos no modelo de EAD (Educação à distância), bem como o uso de Simulações Virtuais de situações e problemas de saúde, reunindo uma equipe multidisciplinar de profissionais na resolução de problemas. O uso de Games na educação vem aumentando na última década, como podemos constatar no estudo de Akl et al. (2008), onde através de uma equipe multidisciplinar, se desenvolveu um Game direcionado a formação de estudantes de medicina, na fase de residência, para melhorar a compreensão sobre os procedimentos de atenção clínica ao paciente. Ainda buscando fazer uso das tecnologias como apoio os processos de aprendizagem podemos citar a pesquisa de Schreiber et. al (2010) que realizou um ensaio clínico randomizado cruzado com estudantes de medicina avaliando as vantagens e desvantagens de assistir um palestra ao vivo ou através de um Podcast da palestra, chegando à conclusão que essa tecnologia pode ter um papel importante no reforço da aprendizagem. Percebe-se que na maioria das pesquisas realizadas buscou-se a estimulação de atividades colaborativas por meio das tecnologias educacionais, visando melhorias no ensino e na aprendizagem. Após essa revisão bibliográfica, constatou-se o ineditismo de desenvolver uma pesquisa que utilize uma plataforma de edição de planos de aula, com sistema de recomendação de conteúdo, como apoio e até mesmo incentivo, na promoção de ações interdisciplinares na docência em saúde.. Dessa forma justificando a. importância que possui para o campo da educação em saúde, a pesquisa-ação realizada com o uso da Plataforma Planos de Aula, como suporte no 12. Podcast é o nome dado ao arquivo de áudio digital, frequentemente em formato MP3 ou AAC (este último pode conter imagens estáticas e links), publicado através de podcasting na internet e atualizado via RSS (Really Simple Syndication, é uma tecnologia que permite aos usuários da internet optarem por receber informações atualizadas regularmente)..

(30) 28. desenvolvimento de ações colaborativas e interdisciplinares, pelos docentes da saúde, em uma universidade. No Brasil vivencia-se hoje, no Sistema Único de Saúde (SUS) inúmeras iniciativas na educação em saúde, colocando nas metas das instituições de ensino, uma reorganização curricular, novas. orientações na aprendizagem, novas. modalidades na oferta de cursos e melhorias nas práticas didáticas e pedagógicas (CAVALCANTE; VASCONCELOS, 2007). Essas mudanças desafiam os centros de formação em saúde e academias para terem uma posição crítica diante das novas metas, aumentando a produção de conhecimentos sobre o uso das TIC em saúde na pesquisa, no ensino e aprendizagem, bem como na gestão do SUS (STRUCHINER, et al, 2005). O ensino na área da Saúde precisa de profissionais tecnicamente competentes na área de atuação e didática, mas que, ao mesmo tempo, estejam conectados com novas linguagens e metodologias de aquisição de conhecimento e sejam capazes de enfrentar o desafio de um trabalho interdisciplinar e multiprofissional (ABENSUR; TAMOSAUSKAS, 2011, p. 106). As tecnologias educacionais em rede podem auxiliar os professores, em especial os da área de saúde, a desenvolverem ambientes de formação profissional interdisciplinares através da utilização de recursos e softwares, bem como fazer do uso de objetos e ambientes virtuais de aprendizagem importantes instrumentos de ensino onde o virtual se funde ao real, numa cibercultura que faz da interação e interatividade a base de novas relações sociais e educacionais (LEVY, 1998). Esses novos processos educacionais precisam estar refletidos no planejamento feito pelo professor, determinando o que será trabalhado em aula, construindo planos de aula interdisciplinares de forma colaborativa com outros docentes da saúde.. 2.3 Planejamento de aulas. Desde os primórdios da história da humanidade, o planejamento era feito sem que as pessoas tivessem consciência da sua importância, porém com a evolução da vida humana, mais especificamente na área industrial e comercial, surgiu a necessidade de planejar, de forma sistematizada, serviços e produtos nos mais diversos setores. Na educação, começou a ser muito utilizado o planejamento, num.

(31) 29. primeiro momento, como uma maneira de controlar a ação dos professores de modo a não interferir no regime político da época. Nos dias atuais, o planejamento já não possui mais essa função reguladora dentro das instituições de ensino, servindo como uma ferramenta de suma importância para organizar e subsidiar o trabalho do professor (CASTRO et al., 2008). No processo didático pedagógico de organização das aulas quanto aos conteúdos e atividades a serem trabalhadas com os alunos, surge a necessidade de analisarmos a definição de planejamento de aulas e de planos de aula (CASTRO, et al, 2008) que são diferentes em seu significado educacional. O planejamento de aulas é um processo dinâmico e contínuo de pensar e repensar a pratica pedagógica e o plano de aula é o produto, isto é, o documento gerado nesse processo (ARRUDA, 2012), sendo assim o planejamento, enquanto processo, é permanente e o plano, enquanto produto, é provisório (VASCONCELLOS, 2010 apud ARRUDA, 2012, p. 47). O ato de planejar em educação tem grande relevância didática e pedagógica, pois permite ao professor construir ambientes de formação mais adequados a realidade de seus alunos, sem falar na oportunidade de contextualizar suas experiências e saberes nos planos de aula, abrindo espaço para o aluno refletir e dialogar o conteúdo trabalhado em sala de aula. Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser planejada. O planejamento é uma espécie de garantia dos resultados. E sendo a educação, especialmente a educação escolar, uma atividade sistemática, uma organização da situação de aprendizagem, ela necessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se pode improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível (SCHMITZ, 2000, p. 101).. O professor tem a missão de ensinar os conteúdos, bem como formar o aluno para que ser torne um cidadão atuante na sociedade, sendo que, para isso, precisa organizar seu plano de aula de uma forma que o aluno perceba a importância do que está sendo ensinado, seja num contexto histórico, na sua rotina diária ou para seu futuro (CASTRO et al., 2008). No planejamento de aulas é importante o professor seguir algumas etapas a fim de organizar suas ações, definindo inicialmente os objetivos que se pretende atingir quanto ao desempenho do aluno, para em seguida determinar os melhores conteúdos que serão trabalhados a fim de se atingir aqueles objetivos, além de.

(32) 30. definir uma metodologia adequada para ação de ensino e aprendizagem e por fim avaliar todo o processo, tendo um feedback contínuo para o educando e todos participantes (CASTRO et al., 2008). Segundo Arruda (2012) nesse processo de planejamento de aulas, o professor pode elaborar de forma coletiva com os outros docentes os planos de aula, pensando na interdisciplinaridade como ação, tendo um resultado mais completo e dinâmico graças a soma de várias visões em prol de um único objetivo. Em nossa atual cultura digital surge uma diversidade de novas linguagens, ampliação de espaços e flexibilidade de tempos promovidas pelas TIC, onde haverá a necessidade de reconfigurar os conceitos e práticas de planejamento de aula que se adequem aos novos tempos, a cibercultura do século XXI (LEVY, 1999). A cada dia convivemos com o bilhete único para os transportes públicos, cartões magnéticos de banco, pagamentos pela internet, localização por GPS, comunicação por celular a qualquer momento, acesso a ambientes de aprendizagem por tablets, professores que usam lousas digitais durante as aulas e muitas outras tecnologias modernas. Os avanços das TIC são excelentes recursos para os docentes usarem, inovarem e ousarem nos processos de ensino e aprendizagem em conjunto com abordagens didáticas e pedagógicas, até mesmo no planejamento de aulas (ARRUDA, 2012). Dessa forma, vemos que o planejamento não é um fim em si mesmo, mas um meio de preparar e organizar a ação tendo em vista um objetivo (DIAS et al., 2013), como afirma Moretto (2010) quando diz que todo planejamento precisa levar em conta alguns fatores básicos como: onde se pretende chegar, os agentes envolvidos, as estratégias mais favoráveis para se alcançar os objetivos, os recursos necessários para a sua execução, bem como os mecanismos de avaliação e controle do processo da solução e do produto resultante. A partir desse estudo e compreensão sobre o ato de planejar em educação, percebemos o quanto é importante, nos dias atuais, o uso das tecnologias educacionais como um recurso de auxílio ao docente no planejamento de aulas de forma interdisciplinar e colaborativa.. 2.3.1 Trabalho Colaborativo na Docência. O trabalho colaborativo constitui a capacidade de realizar atividades com uma equipe de pessoas que possuem especialidades, ideias e interesses diferentes,.

(33) 31. utilizando as aptidões complementares de forma associada, em prol de um objetivo comum. As atividades colaborativas constituem importantes ações para melhoria dos processos educacionais, tendo os docentes e gestores da educação papel significativo em promover e construir ambientes de aprendizagem colaborativa, promovendo atividades desafiadoras na resolução de problemas, criandos espaços virtuais e presenciais, que permitam a inserção das universidades no universo mundial da informação (BEHRENS, 2000). No trancorrer da vida profissional o ser humano é confrontado com a necessidade de cooperar com diversos sujeitos, principalmente colegas de trabalho, não somente para trocar opiniões e ideias, mas também para aperfeiçoar e corrigir os diversos saberes profissionais, por isso necessitamos uns dos outros para evoluirmos profissionalmente (MILHEIRO, 2013). Conforme nos orienta Vygotsky (1989 apud DAMIANI, 2008, p. 215), as atividades realizadas em grupo, de forma conjunta, oferecem vantagens que não são encontradas em ambientes individuais de aprendizagem, pois a constituição dos sujeitos, assim como seu aprendizado e seus processos de pensamento (intrapsicológicos), ocorrem mediados pela relação com outras pessoas (processos interpsicológicos). Nesse contexto é fundamental a interação, o compartilhar, o respeito, a singularidade, a habilidade de lidar com o outro em sua totalidade, incluindo suas emoções, exigindo o desenvolvimento da habilidade de conversar: com, que significa junto, e versar, que quer dizer mudar. Assim, conversar com o outro pressupõe a abertura para mudar junto com o outro. É o salto da era da individualidade para a era da grupalidade, exigindo o desenvolvimento de fatores interpessoais, para um melhor desempenho dos processos relacionais (ANASTASIOU; ALVES, 2010, p. 67-68).. Para que exista realmente um trabalho colaborativo, os docentes tem que estabelecer um plano estratégico e criar estrategicamente a finalidade que orienta as suas tarefas, organizando todos os dispositivos dentro do grupo (ROLDÃO, 2007 apud MILHEIRO, 2013, p.37), assumindo o desenvolvimento docente como um processo continuado e institucional, priorizando a pesquisa em colaboração numa visão interdisciplinar (BATISTA, 2005). O trabalho colaborativo na docência, muitas vezes, encontra dificuldades de ser efetivado, pois é necessário uma abertura do profissional para trocas de saberes e experiências, tendo de deixar seu “status quo” para assumir uma atividade de.

(34) 32. cunho coletivo (JAPIASSU, 1976), além de não encontrar, muitas vezes, apoio institucional e de gestão para realizar ações de aprendizagem colaborativa. O advento da economia globalizada e a forte influência dos avanços das TIC aliados à mudança de paradigma da ciência não comportam um ensino nas universidades que se caracterize por uma prática pedagógica conservadora, repetitiva e acrítica (BEHRENS, 2000). Em nossa sociedade em rede (CASTELLS, 1999), torna-se importante o trabalho colaborativo, pois auxilia no surgimento de uma inteligência coletiva que permite o compartilhamento de conhecimentos, nascendo assim uma nova forma de ensinar e aprender cujo “projeto convoca um novo humanismo que inclui e amplia o “conhece-te a ti mesmo” para um “aprendamos a nos conhecer para pensar juntos” (LÉVY,1998).. 2.4 A Plataforma Planos de Aula. A Plataforma Planos de Aula (Figura 1) foi desenvolvida por uma equipe de professores e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tendo inicialmente, na fase de protótipo para testes, a denominação de Plataforma EDUCA, o que posteriormente sofreu modificações e passou a ser chamada de Plataforma Planos de Aula, continuando a ser aperfeiçoada através de uma parceria com professores e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para o uso e implementação, em uma pesquisa-ação com docentes da saúde..

(35) 33. Figura 1 – Plataforma Planos de Aula A Plataforma Planos de Aula13 é um software livre que pode ser acessado por qualquer professor, independente da área de atuação, através de um cadastro simples, que dará permissão para criação e edição de planos de aula. Outra característica dessa plataforma é possuir um sistema de recomendação de conteúdo, que busca na web informações referente às palavras-chaves identificadas pelo sistema por meio de uma ferramenta de mineração de texto (REATEGUI, et al., 2011). Os conteúdos recomendados são páginas web, vídeos, livros, imagens e outros. A busca a estes conteúdos em tempo real é feita por meio de uma API 14 do Google incluída na plataforma para otimizar a criação desses planos de aula. A Figura 2 mostra a interface de edição de planos de aula da Plataforma Planos de Aula.. 13. Essa plataforma pode ser acessada no seguinte endereço web: http://gtech.ufrgs.br/aulas/index.php 14 Acrônimo de Application Programming Interface ou, em português, Interface de Programação de Aplicativos. Esta interface é o conjunto de padrões de programação que permite a construção de aplicativos e a sua utilização de maneira não tão evidente para os usuários..

(36) 34. Figura 2 – Interface de Edição dos Planos da Aula. Desenvolvida para aperfeiçoar o processo de criação de planos de aulas, a Plataforma Planos de Aula armazena e disponibiliza para a comunidade materiais com sugestões de conteúdos e atividades didáticas. Além disso cria um espaço de troca e compartilhamento de experiências, visando contribuir com os professores, na seleção de recursos digitais a serem usados nas aulas. Durante a elaboração de um plano de aula, muitas vezes os professores até desconhecem a existência de materiais digitais relacionados ao conteúdo e atividades que estão propondo, tais como objetos de aprendizagem, vídeos, leituras complementares, dentre outros (DIAS et al., 2012). A ideia do processo de construção dos planos inicia pelo acesso à plataforma. Na elaboração de seu plano, conforme a figura 3, o professor introduz informações iniciais relativas ao tema da aula, objetivos, algum conteúdo introdutório. Um sistema de mineração de textos identifica termos e palavras-chave que possam ser utilizados para fazer uma busca a materiais educacionais digitais disponíveis tanto na internet quanto em repositórios de objetos de aprendizagem. Estes materiais são recomendados ao professor, que pode facilmente associá-los a sua aula, através dos recursos da plataforma (DIAS et al., 2013)..

(37) 35. Figura 3 - Modo de operação da ferramenta para edição de planos de aula. A Figura 4 mostra uma tela do sistema em que um professor, durante a elaboração do plano de aula, recebe a recomendação de artigos, páginas web, vídeos e outros documentos que podem enriquecer sua aula. A recomendação é feita a partir de uma análise automática do texto digitado pelo professor, pesquisando-se tanto na web quanto em repositórios de objetos de aprendizagem..

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