RELAÇÕES MULTILATERAIS DE COMÉRCIO:
Tratamento e sistemas preferenciais
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Tratamento e sistemas preferenciais1 Acordos Internacionais
Os Acordos Internacionais de comércio são acordos firmados entre dois países e/ou blocos econômicos (acordos bilaterais) ou entre mais países ou blocos econômicos (acordos multilaterais) que norteiam as relações comerciais dos países (ou blocos) signatários, de forma a priorizar o comércio entre eles, ao invés do comércio de produtos de outros países.
Ao negociarem um Acordo Comercial, os países buscam, essencialmente, ampliar o acesso aos mercados externos por meio de preferências para seus produtos com capacidade real ou potencial de exportação.
As preferências tarifárias representam percentuais de redução, incidente sobre as tarifas de determinados produtos, aplicados sobre o Imposto de Importação vigente no país outorgante.
Este benefício, aplicado sobre a tarifa do Imposto de Importação, proporciona melhores condições de acesso aos mercados das partes contratantes do Acordo, possibilitando preços mais competitivos, maiores margens de lucro, maior estímulo ao aumento da capacidade industrial, entre outras vantagens.
Portanto, ao iniciar contatos com potenciais importadores, o exportador deve procurar se informar sobre a existência de algum Acordo Comercial em vigência, firmado entre o seu país e o mercado-alvo, que beneficie o comércio de sua máquina e/ou equipamento.
O Brasil possui diferentes Acordos Comerciais estabelecidos, tais como:
ALADI - Associação Latino-Americana de Integração
SGP - Sistema Geral de Preferências
SGPC – Sistema Global de Preferências Comerciais entre Países em Desenvolvimento;
MERCOSUL – Mercado Comum do sul. 1.1Regras de Origem e Certificado de Origem
Para se beneficiar do tratamento preferencial decorrente de um acordo internacional de comércio, o produto deve cumprir com as regras de origem estabelecidas, para assim, ser considerado originário do país exportador.
Segundo LOPEZ e GAMA (2007), o principal objetivo das regras de origem é assegurar que o tratamento preferencial concedido em determinado acordo beneficie, somente as partes contratantes do acordo.
Podem ser considerados produtos originários do país exportador:
Produtos do reino animal, vegetal ou mineral com 100% de origem no território ou águas territoriais do país exportador;
Bens produzidos no país exportador a partir de materiais, partes e peças com 100% de origem em seu território e;
Bens produzidos a partir de materiais importados, desde que tenha sofrido um processo de transformação substancial, no país exportador, que lhes confira nova individualidade, caracterizada por uma classificação tarifária diferente daquela dos materiais importados.
1.1.1 Certificado de Origem
Para comprovar o cumprimento das regras de origem emite-se o documento denominado de “Certificado de Origem”, emitido conforme os diversos acordos comerciais existentes.
O Certificado de Origem é o documento providenciado pelo exportador e utilizado pelo importador para comprovação da origem da mercadoria e habilitação à isenção ou redução do imposto de importação, em decorrência de disposições previstas em Acordos Comerciais, ou do cumprimento de exigências impostas pela legislação do país de destino.
1.2 Sistema Geral de Preferências - SGP
Os países desenvolvidos, membros da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por meio de acordo aprovado em outubro de 1970 pela Junta de Comércio e Desenvolvimento da UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development), estabeleceram o Sistema Geral de Preferências - SGP, mediante o qual concedem redução parcial ou total do imposto de importação incidente sobre determinados produtos, quando originários e procedentes de países em desenvolvimento.
O principal objetivo do SGP é facilitar o acesso de produtos originários de países em desenvolvimento aos mercados das nações desenvolvidas.
1.2.1 Obtenção do benefício
Para obter o benefício, é necessário cumprir com as seguintes exigências dos países outorgantes:
O produto deve estar coberto pelo esquema do SGP do outorgante (listas de mercadorias com direito ao SGP, divulgadas / atualizadas periodicamente);
O produto deve ser originário do país beneficiário exportador, conforma as Regras de Origem estabelecidas pelo outorgante;
O produto deve ser transportado diretamente do país beneficiário exportador para o país outorgante importador (ver definição de transporte direto no esquema do outorgante) e;
Apresentação da prova de origem adequada à alfândega de desembarque do produto, que, em geral, é o Certificado de Origem Formulário A ou Certificado “Form A” .
São considerados originários os produtos inteiramente produzidos no país. Não obstante, podem ser utilizados materiais ou partes importadas ou de origem indeterminada na composição do produto a ser exportado, desde que sejam atendidas as Regras de Origem estabelecidas pelos países outorgantes. A condição básica é a de que os materiais ou partes importadas ou de origem indeterminada tenham sido submetidos a uma transformação substancial, ou seja, uma transformação que altere substancialmente sua natureza e características. O conceito de transformação substancial é definido para os diversos produtos, pelos países outorgantes.
O Certificado de Origem Formulário A é o documento necessário para a solicitação do tratamento preferencial e simultânea comprovação de origem da mercadoria exportada junto às alfândegas estrangeiras. Este Certificado deve ser preenchido pelo exportador, em inglês ou francês, sem qualquer rasura ou emenda.
No Brasil, a única entidade autorizada a emitir o certificado Form A é o Banco do Brasil.
A administração do SGP, no Brasil, é exercida pela Secretaria de Comércio Exterior – SECEX, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, por meio do Departamento de Negociações Internacionais - DEINT, estando à seu cargo:
a) Elaboração das normas e dispositivos que irão reger o SGP no Brasil, de acordo com as determinações dos países outorgantes, mantendo a devida coerência com relação à legislação brasileira;
b) Divulgação e constante atualização das informações recebidas dos países outorgantes, de interesse do público exportador e que servem de material de apoio para o trabalho das agências emissoras e;
1.2.2 Países outorgantes do SGP
O SGP é outorgado por 11 países e pela União Européia (25 países) e respectivos territórios aduaneiros, a saber:
Austrália (que, todavia, não concede benefício ao Brasil) Bielorússia
Bulgária Canadá
Estados Unidos da América (inclusive Porto Rico) Federação russa Japão Noruega Nova Zelândia Suíça Turquia União Européia
(Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Irlanda, Suécia, República Federal da Alemanha, Eslovênia, Eslováquia, Hungria, Polônia, República Tcheca, Letônia, Estônia, Lituânia, Malta e a parte Greco-Cipriota do Chipre)
1.3 Sistema Global de Preferências Comerciais - SGPC
O Acordo sobre o Sistema Global de Preferências Comerciais entre Países em desenvolvimento (SGPC) foi concluído em Belgrado (Iugoslávia), em abril de 1988 e entrou em vigor em 19.04.89, tendo sido ratificado ou assinado em definitivo por 40 países, incluindo o Brasil.
A participação no Acordo está reservada exclusivamente aos países em desenvolvimento membros do Grupo dos 771.
O SGPC foi aprovado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio de Desenvolvimento (UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development) e foi criado com o objetivo de funcionar como uma instância para o intercâmbio de concessões comerciais entre os membros do Grupo dos 77, sendo um instrumento para a promoção do comércio entre os membros do Grupo.
1.3.1 Obtenção do benefício
Os benefícios do SGPC são obtidos por meio de margem de preferência, percentual aplicável sobre a tarifa de importação em vigor no país outorgante.
Para terem os benefícios do tratamento preferencial, os produtos têm de satisfazerem as Regras de Origem e devem estar acompanhados dos Certificados de Origem do SGPC, emitidos por entidades credenciadas.
As regras de origem que hoje são aplicáveis estão descritas no Decreto Nº 194, de 21.08.91.
Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (www.desenvolvimento.gov.br), as entidades brasileiras credenciadas a emitir e autenticar os certificados de origem das mercadorias exportadas no âmbito do SGPC são:
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP); Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN); Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEAL);
Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM); Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEBA); Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEPB); Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEPARANÁ); Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS); Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG); Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC); e Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPARÁ).
1.3.2 Países outorgantes
Participantes do SGPC Data da entrada em vigor
Argélia 13 de Setembro de 1990 Argentina 02 de Março de 1990 Bangladesh 19 de Abril de 1989 Benin 13 de Outubro de 1991 Bolívia 16 de Agosto de 1989 Brasil 25 de Maio de 1991 Camarões 16 de Maio de 1992 Chile 28 de Outubro de 1989 Colômbia 02 de Agosto de 1997 Cuba 19 de Abril de 1989
Rep. Democrática Popular da Coréia 19 de Abril de 1989
Equador 17 de Maio de 1990 Egito 16 de Julho de 1989 Gana 19 de Abril de 1989 Guiné 19 de Janeiro de 1990 Guiana 04 de Maio de 1989 Índia 19 de Abril de 1989 Indonésia 22 de Outubro de 1989
Irã (República Islâmica do) 17 de Maio de 1992
Iraque 19 de Abril de 1989
Jamhiriya Árabe Líbia Popular Socialista 02 de Julho de 1989
Malásia 31 de Agosto de 1989 México 13 de Maio de 1989 Marrocos 16 de Março de 1997 Moçambique 05 de Julho de 1990 Myanmar 21 de Junho de 1997 Nicarágua 3 de Maio de 1989 Nigéria 19 de Abril de 1989 Paquistão 08 de Julho de 1989 Peru 19 de Abril de 1989 Filipinas 25 de Março de 1992
República da Coréia 11 de Junho de 1989
Romênia 19 de Abril de 1989
Cingapura 19 de Abril de 1989
Sri Lanka 19 de Abril de 1989
Sudão 27 de Abril de 1991
Tailândia 07 de Março de 1990
Trindade e Tobago 08 de Dezembro de 1989
Tunísia 25 de Agosto de 1989
Tanzânia (República Unida da) 19 de Abril de 1989
Venezuela 20 de Janeiro de 1999
Vietnã 19 de Abril de 1989
Iugoslávia* 19 de Abril de 1989
Zimbábue 19 de Abril de 1989
(*) O SGPC não mais é válido para esse país
o Angola; o Catar; o Haiti; o Uruguai o Zaire (Congo) Nota Importante:
Este material de apoio não esgota os temas abordados, sendo necessário, por parte do aluno, o trabalho de pesquisa, leitura e estudo, principalmente sobre a bibliografia recomendada.