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Atletismo

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A T L E T I S M O

Clóvis do Nascimento Os fatores que influíram para um melhor rendimento técnico do Atle-tismo nos Jogos Olímpicos do México foram os seguintes:

I — Impecável organização, que soube prever e engrenar milhares de detalhes, que naturalmente acompanham um certame de tal envergadura. I I — A consistência da pista de tartan, material novo aprovado pelo Comitê Olímpico Internacional e que, sem dúvida, contribuiu para as marcas notáveis alcançadas nas competições.

I I I — A forma de preparar o homem com a preocupação da altitude. Os países se esmeraram no treinamento físico dos seus atletas.

I V •— A altitude da cidade do México, de sobejo j á conhecida, que para algumas provas atléticas foi benéfica.

O conjunto desses 4 fatores nos proporcionou resultados jamais vistos no mundo atlético.

DESCRIÇÃO DAS PROVAS (RESULTADOS NO TRABALHO ANTERIOR)

100 METROS RASOS HOMENS

Em final emocionante, multidão de mais de 70.000 aficionados, ansio-sos, presenciaram, de pé, a prova de 100 m rasos final, prova que mais atrai o público de pista e campo.

Junto aos tacos de partida, oito dos negros considerados como os mais velozes do mundo. O mais tranqüilo, Greene, com seus óculos; os demais, visivelmente nervosos. Silêncio total, quando o Juiz indica: "Aos seus lugares". Veio a partida, Greene saiu junto com o tiro, impondo um ritmo impressionante, porém, pouco a pouco, Hines vai reduzindo terreno, da mesma forma que Miller, o surpreendente jamaicano. Pender e Bambuck estavam um pouco na frente; na altura dos 50 metros, a vantagem era de 50 centímetros. Esperava-se luta do. lado direito, mas ela veio do lado

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querdo. A três ou quatro metros da chegada, a superioridade de Hines se fêz patente, quando aumentou a diferença para mais de meio metro, mar-cando, no final, o tempo de 9,89 segundos, arredondado para 9,9, coroando, assim, um trabalho de 4 anos.

Nesta corrida Hines bateu o Record Olímpico de Bob Hayes, de lOsO, e o mundial de Hary (Alemanha), também de lOsO. Quando se irradiou o tempo de 9s9, todo o Estádio prorrompeu em ovação aclamando o homem mais veloz do mundo. E a Hines o povo mexicano se uniu para dar a volta Olímpica.

Uma corrida tão duramente disputada, só pode produzir surpresas, porém Hines foi um dos atletas mais regulares durante todo o ano. A ver-dade é que j á h á uma especialização para os eventos de velociver-dade e a prova disto é que: o \encedor, em Roma, nos 100 m não correu os 200 rasos; Livio Berruti, o campeão dos 200, não correu os 100 rasos. Em Tóquio Bob Hayes ganhou os 100 rasos e não correu os 200; o vencedor dos 200 rasos, Henry Carr, não correu os 100 dessas modalidade. E agora, no México, o vencedor dos 100, J i m Hines, não correu os 200, e o vencedor dos 200, Thomy Smith, não competiu nos 100.

Tudo isso indica a especialização, que parece concorrer para a melhoria das marcas, nas provas de velocidade pura.

Observando o treinamento e a competição, pudemos registrar que quase todos os velocistas colocaram os pés mais para a saída. Mediam as distâncias com uma trena e com cuidado exagerado faziam as suas marcas.

Notamos que, na posição de "Pronto", o quadril se elevava bem alto, visivelmente acima da linha dos ombros, ficando bem mais acentuado nos corredores americanos de 400 m.

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Pareceu claro qüé, se òs quadris estivessem, na posição de "Pronto", muito baixos, produziriam um ângulo fechado com a perna de impulso, a qual não permitiria extensão rápida para a impulsão, perdendo o atleta,, assim, pequena parcela de tempo. Ninguém "picava" os passos na partida.

A saída, entretanto, era uma violenta corrida de progressão com cada passada um pouco maior do que a anterior.

Não notamos diferenças entre as saídas de 100, 200 e 400 m, resguardan-do as diferenças individuais.

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200 METROS RASOS — HOMENS

Numa corrida trepidante, que terminou com unia autêntica façanha do atleta norte-americano Tommie Smith, foram batidos os recordes olímpi-co e mundial dos 200 metros rasos, olímpi-com o tempo de 19s8.

O australiano Peter Norman, que conseguiu o segundo lugar, chegou à final levado pelos negros americanos T. Smith e John Carlos. Norman fêz u m tempo inferior em 0,2 décimos de segundo em relação ao tempo do vencedor.

Realmente a luta esteve entre os três primeiros. Carlos e Smith assu-miram a liderança; logo depois, Smith tomou a frente, e o autraliano, que vinha no pelotão de trás, apertou e se juntou aos americanos. Quase na fita de chegada, Tommie Smith, novamente, retomou a frente.

Muito se tem propalado sobre o recorde mundial que era de John Carlos, com o tempo de 19s7. Porém, êste recorde n ã o havia sido homolo-gado. O recorde mundial autêntico era de 20s0 e pertencia a Tommie. Smith, que o havia conseguido em junho de 1966, em Sacramento-Califórnia.

O treinamento dos 200 metros pareceu semelhante ao observado para a prova de 100 metros rasos. Naturalmente alguns atletas preferiam n ã o somente apurar a velocidade, mas t a m b é m a resistência, pois corriam a distância de 300 metros.

400 METROS RASOS — HOMENS

Os Estados Unidos, mais u m â vez, venceram a prova, conseguindo ain-da o primeiro 1 — 2 — 3 nos 400 metros ain-das Olimpíaain-das. Também os negros sobressaíram-se repetindo o feito dos 100 e 200 metros. O vencedor, Lee Evavs, bateu o recorde mundial de Tomy Smith (44s4) e o recorde olímpico de Otis Davis e Kark Kaufman (44s9); em segundo, entrou James (43s9), e em terceiro, Freeman (44s4).

A surprêsa da prova foi a quarta colocação do senegalês Amadou Gakou.

Quanto ao treinamento, foi notado que os americanos tinham especial preferência pelas repetições de 300 metros.

800 METROS RASOS — HOMENS

Wilson Chuma Kiprugut, de Quênia, utilizou-se da doutrina que se ensina em seu País e que todos os seus compatriotas seguem: assim que foi dado o tiro de saída, assumiu a liderança e aí se conservou até os 750 me-tros, quando o australiano Doubell dele se aproximou e o ' ultrapassou para vencer a prova.

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Doubell correu sempre junto com o pelotão. E avaliava, com certeza, a sua capacidade para o máximo esforço, não permitindo que Wjlson Kiprugut fôsse demasiadamente para a frente.".

Ao entrarem na reta final, Kiprugut parecia o vencedor, porém o aus-traliano, de corpo e alma, o seguia e, pouco a pouco, com o seu tipo delgado, foi tirando a diferença. A poucos metros da chegada, com ligeiríssimo sprint, passou Wilson, estabelecendo dêsse modo, novo recorde olímpico e empatando com o recorde mundial de Snell.

1.500 METROS

Contra todos os prognósticos, principalmente depois da excepcional apresentação de Jim Ryun nas semifinais, Kipehoke Keino venceu a final com o tempo de 3m34s9, para estabelecer novo recorde olímpico.

O recorde anterior era de Herbert Elliot, um dos grandes atletas que tornou o nome da Austrália conhecido em todo o mundo. Keino trocou de tática na prova final e juntamente com o seu companheiro Jipcho formaram equipe, sendo este último o encarregado de queimar as energias dos pon-teiros, comandando o pelotão. Na segunda volta, Keino intentou identifi-car-se, quando Ryun se encontrava em quinto lugar,' sem dar mostras de nervoso, e os alemães Tummler e Norpoth lutavam com Jipcho. De repente, surge Keino, que toma a dianteira. Em seguida, o americano Ryun procura alcançá-lo, mas j á era demasiado tarde, pois êste produzira uma distância difícil de se recuperar, mostrando nova faceta dos atletas de Quênia.

O sacrificado Jipcho colocou-se em décimo lugar, dando tudo que podia por sua Pátria.

Kipchopoque Keino, policial, com 28 anos de idade, vencedor da prova de 1500 metros rasos, treinou todo o tempo na cidade de Thompson Falls, cuja altitude é de 2400 metros. O tempo de preparação de tôda a equipe de Quênia durou três semanas. É curioso notar que anteriormente tinham um técnico inglês, John Velzian.

A técnica empregada é que se constituiu numa surpresa: até antes da prova de 1500 metros, todos os técnicos tinham certa impressão da equipe de Quênia, depois modificada, porque os atletas em causa mostraram que também têm cabeça. E o mais importante: sabem como e quando usá-la. 3 000 METROS

Havia enorme expectativa para ver o duelo entre o campeão olímpico "Gaston Roelants", da Bélgica, e p corredor negro Amos Biwott, que não somente passeou, mas causou sensação, graças à sua enorme velocidade inicial, mantendo larga distância entre o grupo que seguia, incluindo o belga, e ainda pela maneira com que transpunha os obstáculos.

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Todos estavam de acordo em que Gaston Roelants não iria permitir que Amos Kipwabok fugisse, porém estavam enganados, pois Biwott continuou correndo atrasado, deixando que os ponteiros corressem como lhes apete-cesse, e, ante a surpresa de todos, aquele que deveria correr atrás — o seu companheiro Kogo — colocou-se à frente, seguido de todo o grupo, entre os quais se encontrava o americano George Young, que vinha muito bem recomendado.

Nesta altura, todos perguntavam por Biwott. A estratégia funcionava, pois os primeiros m i l metros foram corridos em 3m04s2. Nos 2 000 metros o tempo foi exatamente o dobro dos primeiros m i l metros. Roelants, a essa altura, pensou que estava bem e resolveu avançar para desbancar Kogo, chegando nos 2 000 metros com 2m59s0. Era necessário aumentar o train de corrida e isto esgotou Gaston, que começou a perder terreno, permitindo a Kogo voltar a comandar a prova.'Mas, a essa altura, Amos Biwott come-çou a avançar e, ao sair da reta final, passou por seu companheiro Kogo, que estava esgotado pelo esforço empenhado para distrair os adversários. O tempo de Biwott foi de 8m51s0, que se aproximou da marca olímpica.

. Palavras de Amos Kipwabok Biwott, medalha de ouro dos jogos olímpi-cos do México, na prova de 3 000 m. Steeplechase: "Dentro de pouolímpi-cos anos as provas de pista serão dominadas pelos negros e as de campo pelos bran-cos. Dentro da competição pude dar-me conta de que era o mais forte dos concorrentes e que tinha energias maiores. Quando senti isto, lancei-me para vencer, superando o meu companheiro Kogo.

Surpreendente: Amos K . Biwott dedica-se à prova dos 3 000 metros Steeplechase desde junho do ano das Olimpíadas e esta foi a sua primeira experiência internacional. Anteriormente, praticava a prova de 5 000 me-tros, na qual ganhou algumas provas no pequeno povoado em que mora no Quênia. Com apenas 20 anos de idade, cursando estabelecimento de ensino secundário e fazendo, parte do Exército de seu país, assegura que se sente em condições de triunfar em competições futuras."

Disse que havia sido muito natural a corrida e que em nenhum mo-mento se sentiu extenuado. Para êle, que, no final, saiu de um sexto lugar nos últimos duzentos metros para triunfar com ampla margem, não houve mérito.

Biwott chamou t a m b é m a atenção, assim como o seu companheiro de equipe Kogo, por não tocarem uma só vez na água do fôsso, transpondo com facilidade os três metros.

De modo geral, os atletas de Quênia chegaram ao México j á em forma e se limitaram, somente, a conservar esta situação. Os homens que treina-ram mais intensamente fotreina-ram Keino e Biwott, que vimos fazer séries de 300 metros de 8 a 10 vezes. O que mais nos impressionou foi a vontade de vencer. O treinamento dos demais fundistas geralmente era o mesmo. .

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É digno de realce o preparo que os campeões de distâncias grandes fazem, alguns treinando duas vêzes por dia, sendo disputadas 3 séries de 3 000 metros Steeplechase, o que demonstrou a grande popularidade desta prova.

5 000 METROS

Uma corrida extraordinária e inteligente deu ao tunisino Mohamed Gammoudi a vitória sobre a dupla de Quênia, composta por Kipchoge Keino e Naftali Temu. Foi uma prova dramática e com muitas alternativas de liderança.

Primeiro Ron Clarke passou à frente do grupo, lutando para obter a sua medalha de ouro, uma vez que o recordista mundial de 5 000 e dos 10 000 não possui nenhum galardão olímpico.

O australiano comandou o grupo, porém, quando faltavam sete voltas das 12 a percorrer, Nikolay Sviridov quis saber o que sente um homem estar na frente numa competição olímpica. Quando faltava 4 voltas, o etíope Wolde passou à frente, mas o fêz com um esforço mal calculado, pois não teve forças para terminar a prova.

Clarke tratou de se defender é foi à frente, ficou na ponta e comandou a prova, até que o sprint começou a 800 metros da chegada; Gammoudi dirigiu o ataque e Clarke começou a perder terreno ante seus adversários. Na frente Gammoudi lutava pela medalha de ouro, suportando r ataque dos quenianos Temu e Keino.

Keino lutou e emparelhou-se com Gammoudi, porém êste, com mais reservas, apurou o passo e cruzou a chegada com dois décimos de vantagem.

É impressionante a distância que percorrem êsses homens durante o treinamento. Alguns treinam apoiados na quantidade e outros na qualidade

(repetições)

O Campeão Olímpico Gammoudi procurava trabalhar na base da velo-cidade, correndo entre distâncias de 400 e 200 metros.

Ron Clarke trabalhava com intrepidez, buscando principalmente a re-sistência pela distância, tônica da Escola australiana de treinamento.

Todo o treinamento do vencedor foi feito na França em uma região de altitude igual à do México.

Segundo Gammoudi, não será difícil que, no futuro, a África domine as prcvas de pista. Não é somente porque a África tem homens de condição natural, o importante é o plano de trabalho que venham a adotar.

Com respeito à altitude, falou que a adaptação era algo muito pessoal, frisando que h á gente, como êle, que não tem problemas, porém existem outros, como Clarke, em que é mais difícil.

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10 000 METROS

Dado o tiro de partida, Szerenyi, da Hungria, toma a ponta seguido por numeroso pelotão, percorrendo os primeiros m i l metros no tempo de 2m58s5; logo a seguir, o russo Sviridov passou a comandar a prova a t é a altura dos 4 000 metros, transpondo os 2 000 em 5m57s4, os 3 000 metros em 8m56sl e os 4 000 metros em Hm54s8, quando o atleta da Etiópia, Maresha, ganha a ponta atingindo os 5 000 metros em 14m55s5.

Logo a seguir, Martinez, do México, apoiado pelo público que assistia à prova, toma a frente com decisão para ultrapassar os 6 000 metros em 17m58s6 e os 7 000 em 20m57sl. Isso o faria penar mais tarde, pois, como não soube esperar, n ã o resistiu, e nos 8 000 metros, H i l l da Grã-Bretanha foi para a frente, passando esta distância em 23m57s7. Aí, então começou a aparecer Wolde, da Etiópia, que, lutando com Gammoudi e Clarke, passou os 9 000 metros em 26m51sl.

Na última volta, porém, surge Temu, que, com um sprint, tomou a dianteira para reforçar a nova lenda dos países africanos, em particular de Quênia.

Gammoudi não pôde superar Wolde, mas, mesmo assim, conseguiu a medalha de bronze. O recordista mundial Ron Clarke teve de se contentar com um sexto lugar, enquanto Keino desistia da prova por anormalidade de saúde.

M A R A T O N A

A corrida começou exatamente às 15 horas, com o toque dos sinos da Catedral, quando 80 corredores se lançaram na luta pela conquista das medalhas mais cobiçadas da Olimpíada.

Na altura dos 15 quilômetros—Bikila ia atrás e Wolde ainda n ã o come-çara a atacar — Roelants comandava a luta. No quilômetro 17, Bikila de-siste, sendo levado para o hospital, esgotado.

Aos 30 quilômetros, Wolde avança, deixando todos para trás, coloca-se na ponta, seguido, surpreendentemente, pelo atleta japonês Kimiara, mas não por muito tempo.

Namo Wolde entra no Estádio sozinho e termina com o tempo de 2 ho-ras, 20 minutos, 26 segundos e 4 décimos.

Abebe Bikila, vencedor das duas maratonas anteriores, n ã o conseguiu realizar a façanha que o mundo esperava dêle: ganhar a 3.a medalha de

ouro consecutiva na Maratona. Seu país, porém, por intermédio do valoroso corredor Namo Wolde, manteve a tradição. Êste atleta, depois de superar o 2.° lugar por mais de 3 minutos, logrou, sob os aplausos dê 80 000 pessoas que lotavam o Estádio e depois de romper a fita de chegada, ainda dar uma volta na pista, com um sombrero mexicano na cabeça.

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MARCHA DE 20 K M

Houve 41 concorrentes nesta prova, sendo vencedor o russo Golubni-chiy, com o tempo de Ih33m58s4. Seguiu-se o atleta mexicano Pedroza, que marcou l h 34 m 00 s 0. O nível dos concorrentes foi bastante equilibra-do, haja vista a diferença de tempo do vigésimo colocado: l h 41m 52s.

Sem dúvida, os atletas da marcha foram os que mais trabalharam nos treinamentos; em qualquer lugar e a qualquer hora eram vistos com sua passada característica.

HO METROS COM BARREIRAS

J á se esperava que a medalha de ouro desta prova seria do atleta ame-ricano W. Davemport, com 24 anos de ida !e e professor de uma escola secundária.

A corrida de Davemport correspondeu às expectativas. Ainda que so-frendo pressão de seus adversários, transpôs os obstáculos com técnica e agilidade, terminando a prova em primeiro lugar, seguido, consecutiva-mente, do outro americano Erwin Hall e do italiano Eddy Ottcz, que impe-diu os americanos de realizarem o tradicional 1.°, 2.° e 3.° lugares.

Todos os bons barreiristas praticavam muita ginástica visando princi-palmente à flexibilidade. Dentre os que pudemos observar, Willie Da-vemport foi o que mais intensamente trabalhou nesse sentido e nêle so-bressaía notável flexibilidade da articulação coxofemural.

A velocidade era uma das preocupações máximas dos barreiristas, por isso faziam o treino de saída junto com os spnnters de classe mundial. Este fato era tão notório, que o italiano Ottoz e o sueco Bo Erik Forssander treinavam com os velocistas americanos. Em síntese, são homens velozes e que podem competir com a maioria dos velocistas.

O ataque da barreira com os dois braços estendidos à frente tem as suas vantagens e desvantagens. A principal vantagem é a de facilitar o eixo cspadular ficar paralelo à barreira, como também a inclinação do tronco para a frente. A desvantagem mais importante é a de que produz desequi-líbrio na movimentação dos braços.

Entretanto, o que é digno de nota é que os melhores especialistas que estiveram no México, faziam a passagem das barreiras sem desviar a linha dos ombros para a esquerda ou direita.

A manutenção da linha dos ombros nessa posição é mais importante do que a colocação dos braços à frente, no 'momento de ser feito o ataque às barreiras. Esse movimento dos braços é o meio pelo qual o atleta con-segue uma passagem rasante e curta sobre a barreira, reduzindo, assim, ao mínimo o tempo que fica sem contato com o solo.

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400 METROS COM BARREIRAS

David Peter Hemery não somente se destacou com a sua atuação, para o numeroso público que esteve reunido no Estádio Olímpico, mas também causou grande emoção com o tempo de 48sl, nôvo recorde mundial e olímpi-co para os 400 metros olímpi-com barreiras (anterior: R. Crawley, em 1964).

Sucedeu o incrível nos 400 metros com barreiras: para se baixar 1 d é -cimo de segundo nos 100 m rasos, foram necessários anos, e Hemery, sem se esperar, derrubou o recorde por 1 segundo completo de diferença, i m -pondo-se aos norte-americanos Whitney e Wanderstock, com facilidade verdadeiramente impressionante.

O atleta inglês, de lm,74 de altura, 72 quilos e 24 anos de idade, desde a saída, apresentou velocidade fora do comum e transpôs o primeiro obstá-culo apresentando técnica diferente, não saltando, mas, sim, ultrapassando, na expressão exata da palavra, passando por sôbre as barreiras, como se em cada uma delas fôsse ser fotografado para observação do estilo.

Não importou a Hemery que junto dêle se encontrassem disputando a prova campeões como Frinoli, Whitney, Hennige etc. Foi uma prova em que pudemos apreciar à existência de nova escola: velocidade e destreza em sua expressão máxima.

Assim fêz o atleta inglês, saindo forte, transpondo os obstáculos com desembaraço, sempre em primeiro lugar, até os 300 metros, quando, ao sair da última curva, lhe surgem energias ainda não observadas, distanciando-se dos adversários com rara facilidade.

Esta foi uma prova cujo primeiro colocado bateu o recorde mundial e olímpico, e o segundo e terceiro colocados bateram o recorde olímpico.

Nunca, como nesta prova, ficou tão patente uma das causas do sucesso técnico dos Jogos Olímpicos: o apurado preparo físico.

Quase todos os finalistas executaram esta prova, com 13 passadas no i n -tervalo das barreiras; logo, foi uma corrida de ritmo intenso. Ao italiano F r i n o l l i careceu de condições para suportar esse ritmo, terminando em oitavo lugar, com o tempo de 52sl. Para o alemão Schubert faltou nervos, pois, nas eliminatórias, êle marcou 49sl, e Frinolli, na primeira semifinal assinalou 49s2.

É de se notar que o inglês Hemery, pelo sorteio, ficou na baliza 6 e o ritmo que impôs atrapalhou os demais. Evidenciou-se que, para os corre-dores desta prova, são necessários ritmo e preparo físico, a f i m de suportar a cadência de 13 passadas. Seu vencedor chega à primeira barreira com 21 passadas e_p espaço entre uma e outra é feito com 13 passadas, atacando os obstáculos sempre com a perna esquerda.

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Observamos com mais apuro o treinamento dos alemães Hennige e Schubert. A preocupação do técnico alemão era, principalmente, a de

acer-tar boa saída e procurar o ritmo das 13 passadas. O que nos impres^ionu foi o vigor físico desses homens e a intensidade do treinamento, pois pre-senciamos eles correrem 12 vêzes 6 barreiras em apenas uma tarde.

Os italianos, como novidade, corriam forte a reta oposta, completando os 400 metros.

Os demais atletas, principalmente os americanos e em particular Van-derstock, executavam inclinação bem acentuada da cabeça e por vêzes a

perna de balanço passava por fora. \ SALTO E M DISTANCIA

Certamente foi um dos desempenhos mais extraordinários da História do Atletismo. Uma incisiva proclamação sem necessidade de consultar tábuas especiais. É o que podemos dizer, somente para valorizar, em tôda a sua magnitude, a quase inqualificável marca de 8 m e 90 cm., logrados em um momento em que o máximo objetivo era chegar à barreira dos 8m e 50 cm (o recorde pertencia a Ralfh Boston, com a distância de 8 m e 35 cm e também ao russo Igor Ter Ovanesian, que empatou com Boston em 1967, durante a I I I Competição Olímpica Internacional).

Bob Beamon apresentou um estilo todo seu: iniciou o salto comò se fôsse fazer o estilo de peito, pernas e braços como se culminassem no ar; saltou, abriu todo o alcance de suas prolongadas e finas pernas, picou à maneira de um canguru, abrindo as pernas acima adiante e pondo os braços entre elas.

É possível que tenha sido um salto feliz, que haja sido iluminado por alguma inspiração suprema, que contou com vento favorável ao máximo permitido, que pôde saltar quando ainda não caía uma gôta de água, que seus dotes são especialmente adaptáveis ao Tartan... Como também é ver-dade que somente havia logrado nos Estados Unidos marcas de 8 m 33 e 8 m 40 (isto extra-oficialmente, pois o recorde não foi homologado) e que a tábua de impulso era de madeira... U m gênio fora de série. U m fenômeno que foi projetado com um só salto. O homem que saltou matou a prova, porque logo todos os atletas — como Boston, Ovanesian, o gaulês Davies e seu título olímpico, o enorme negro Ahey, de Ghana, com sua elastici-dade africana — pareciam medíocres diante de tal grandeza. Para cúmulo começou a chover. Talvez na água que caía tenha o próprio Beamon en-contrado justificação para o outro salto que deu na segunda chamada dos juizes (8, 40 m ) . Ainda nesse instante recordamos a opinião de Davies: "Bob Beamen jamais sabe com que pé salta; êle corre e salta... e como salta!"

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Quando os americanos chegaram ao México faltava somente uma se-mana para o início dos jogos. Não tivemos, por isso, oportunidade de ver os saltadores treinarem: j á vieram preparados. O pouco que se pôde observar é que seu trabalho de base está apoiado na velocidade. Quanto aos halteres, para surprêsa, apenas vimos o russo Lepuik usá-los.

Quanto aos estilos, registramos:

Ralph Boston — hitchkick (corrida no ar) — 8 m , 16 Ter-Ovanesian — hitchkick — 8 m , 12 Lepik — grupado — 8 m , 09 Grawley — hitchkick — 8 m , 02 J. Panni — peito Stalmach — hitchkick L . Davies — hitchkick Yamada — peito Borkovsk — hitchkick Boschert — grupado J. Panni — peito Stalmach — hitchkick L . Davies — hitchkick Yamada — peito Borkovsk — hitchkick Boschert — grupado

Como se vê, a maioria dos atletas saltou no estilo hitchkick com corrida no ar, o que nos dá uma idéia da evolução da técnica da prova.

SALTO E M A L T U R A

Para todos os participantes da final de salto em altura, foi deprimente ver que o vencedor foi o atleta que saltou da forma mais grotesca.

Imitadores em todo o mundo têm tentado saltar da maneira de Dick Fosbury, mas, logo depois das primeiras tentativas, voltam a saltar como antes. U m dos pontos mais importantes é que êle tem experiência maior, com que pôde chegar ao resultado de 2 m e 24 cm. Também se sente muito

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mal quando salta no estilo Stradler.e com o sarrafo na altura de 2 m começa a ter dificuldades.

O próprio Dick não faz segredo do seu estilo. Tivemos oportunidade de assistir às suas explicações ao saltador de altura Ahmed, que se sur-preendeu com os esclarecimentos que Dick deu de sua técnica.

Poucas semanas antes de i r para o México, a revista Time Magazine lhe dedicou uma página inteira, comentando que os americanos mandavam algo de raro para as X I X Olimpíadas. Salientava, ainda, que, se ele não conseguisse saltar, serviria para distrair ou criar problemas para os técnicos dos demais países.

O saltador americano deixou uma dúvida e não quis esconder sua satis-fação, pois seus adversários foram tão fortes quanto êle.

Não pretendeu desvalorizar os outros estilos: somente desejou mostrar algo que criou, nada mais.

Fosbury, antes de iniciar a corrida, move-se para trás e para a frente, com uma perna na frente da outra, em demorada concentração. A seguir, começa a correr como um velocista, faz uma curva, ou melhor, uma pará-bola, e toma impulso. Quando está paralelo ao sarrafo, inicia o giro do corpo e termina o movimento ainda subindo. A cabeça em frente, o rosto para cima, Fosbury passa o sarrafo em decúbito dorsal e as pernas em parábola. Se tivesse saltado dessa forma nas caixas convencionais de areia, quebraria o pescoço.

De todos os modos, Brummel foi quem saltou mais alto. Os técnicos predizem que Fosbury deixou uma pergunta para sempre sôbre os estilos de Brummel. Efetivamente, n ã o se conseguiu ver no México a quebra do recorde de Brummel. Quando Fosbury tentou passar os 2 m e 29 cm, der-rubou o sarrafo com o ombro.

O público torcia para que Dick Fosbury fõsse o vencedor, o que êle conseguiu normalmente. Com certeza, ao se examinar o êxito dò atleta norte-americano, haverá muitas pessoas que procurarão seguir a sua escola, porém será necessário que contém com excepcional impulsão- para poder imitá-lo.

Os outros concorrentes:

Gravilov, Caruthers, Skvortsov, Brawn, Gross, Sieghart e Spievogal usaram o balanço dos dois braços, e os outros, pelo que pudemos ver, tam-bém o fizeram, porém de forma mais natural.

Uma vez ou outra, a perna de balanço, no adiantamento, era estendida. Antes de tudo, mais ou menos pela metade do salto, os atletas traziam a sua perna de impulso dobrada ou esticada por cima do sarrafo.

Caruthers recebeu a sua medalha de prata, não por ser o mais técnico, mas sim pela sua grande força de salto.

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Todos os outros atletas ultrapassaram a barra diagonalmente (salvo Fosbury) passavam o sarrafo rapidamente com a cabeça, e somente Chaid passava o sarrafo de forma paralela. O saltador mais técnico foi o Gravilov. Os saltadores de altura ficavam 3 a 4 horas treinando, na marca, após u m bom aquecimento.

Os australianos, que vimos saltar em treino várias vêzes. acima de 2 m 20, foram infelizes e não se classificaram para a final.

Treinamento com halteres não vimos, mas pressupõe-se que êsses atle-tas j á vieram em condições.

ARREMESSO DE DISCO

No primeiro arremêsso da prova final, começou liderando a. prova o atleta alemão L . Milde, com um arremêsso de 62 m, 44. No segundo, Milde continuou na frente, melhorando o resultado para 63 m 08. J á no terceiro foi ultrapassado por Alfred Oerter, o homem dos grandes momentos, com o. resultado de 64 m , 78 — nôvo recorde olímpico, que lhe garantiu a 4.a

medalha de ouro.

O atleta Jay Süvester se deixou trair pelos nervos, queimando as três tentativas, enquanto Danek confirmou sua falta de sorte nos Jogos Olímpicos.

No referente à parte técnica, o que podemos realçar é que o atleta L u d w i g Danek é u m homem que tem quase dois metros e pesa cerca de 113 quilos. Seu giro, tècnicamente, n ã o impressionou. O que sobressaiu foi seu preparo físico e o porte atlético, assim como o de Lothar Milde, da Alemanha Oriental. Notamos que os arremessadores de disco, de modo geral, são homens de grande potência física.

O arremessador mais técnico, dentro do nosso ponto de vista, foi o polonês Piatkowski, atleta que, inclusive, j á foi recordista mundial.

Aparentemente, o vigor físico predominou nesta prova. O treinamento era sempre longo. Faziam-no em média de 4 horas por dia, dedicando a parte da tarde aos trabalhos com o halteres. Cabe registrar que a carga fre-q ü e n t e m e n t e atingia os 170 fre-quilos na sessões de obtenção de força.

Uma idéia mais real da importância do porte nesta prova nos é ofere-cida pelo quadro seguinte:

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Nome País Altura Peso Idade

L . Milde — Alemanha Oriental — 1 m, 95 — 105 k. — 34 anos

Schaumburg — Alemanha Oriental — 1 m, 94 — 108 k. — 25 anos

Oerter — Estados Unidos — 1 m, 93 — 123 k. — 32 anos

Danek — Tcheco-Eslováquia — 1 m, 93 — 112 k. — 31 anos

M . Losch — Alemanha Oriental — l m , 9 7 — 115 k. — 25 anos

Silvester — Estados Unidos — l m , 9 1 — 111 k. — 31 anos

Carlsen — Estados Unidos — 1 m, 93 — 109 k. — 23 anos

Piatkwski — Polônia — 1m,83 — 95 k. — 32 anos

Bruch — Suécia — 1 m, 99 — 122 k. — 22 anos

Hennig — Alemanha Ocidental — 1m,96 — 115 k. — 24 anos

Observando-se êsses dados, notamos também que o mais leve dos ho-mens é o mais perfeito tècnicamente.

ARREMÊSSO DE DARDO

O dardo cruzou pelo centro do Estádio Olímpico dando a impressão que ia cair no colchão de salto em altura, Janis Lusis, russo, de 29 anos de idade, estabelecia nova marca olímpica com 90 m, 10.

Falou Lusis: "Eu acreditava que perderia a prova. Era meu último . arremêsso e j á me sentia cansado, ademais, Kihnunen, da Finlândia, havia lançado, a 88 m, 58. Tive ventura e me superei; fiz o que acreditava, lancei o dardo com tôda a minha íôrça e, por sorte, ganhei a prova"

Tècnicamente não houve nenhuma mudança no arremesso do dardo masculino. Todos usaram a conhecida técnica com deslocamento nos últimos passos; não presenciamos senão o estilo já conhecido "Russo-Sueco"

Por exemplo, sobre os cinco passos, usaram-no os seguintes atletas: Lusis, Sidlo, Nevala Rasmussen (da Noruega) e Von Wartburg (da Suíça) se utilizaram dos seis passos, sendo que incluíram um ritmo que igualou à técnica dos cinco passos. J á Kulcsar, da Hungria, preferiu os sete passos. Particularidade interessante: observamos em Kinnunen um passo cruzado duplo, e que foi realizado relativamente alto, isto nos 4.° e 6.° pas-sos antes da decolagem do dardo. Êle executa a técnica normal dos cinco passos e mais uma repetição'do passo cruzado.

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Lusis, no seu arremêsso vencedor, utilizou os cinco passos ç tinha com isto um ritmo manifestado: 1, 2, 3, 4 e 5. Êle segura o dardo bem à altura da cabeça e arremessa-o com a ponta levemente erguida.

A verdade é que, nem .sempre, os campeões olímpicos servem como exemplo. Para mim, o melhor arremessador, do aspecto técnico, foi Sidlo. ARREMÊSSO DE PÊSO

O americano Randy Matson, de 23 anos de idade, com 118 quilos, rece-beu a medalha de ouro desta prova, com o resultado de 20 m, 54.

É muito provável que Matson, j á na próxima temporada, vá jogar futebol americano profissionalmente. A sua vitória foi o passo decisivo de um reinado que começou nas competições de South Lake Tahoe e que obteve a sua confirmação absoluta, pois não ganhou somente com um bom resultado como também arremessou seis vêzes acima de 20 metros. Seu primeiro arremêsso foi o melhor e superior ao de seu compatriota Woods, que ameaçava destroná-lo, mas acabou ficando em segundo lugar.

O russo Gushchin defendeu, com a medalha de prata, o prestígio europeu.

O que pudemos observar, quanto à técnica, foi principalmente a fase de aceleração para trás, pois, com o estilo "0'Brien", o pêso fica com um caminho mais longo para percorrer.

Todos os atletas desta prova.pesavam acima de 100 quilos. Eram ainda fisicamente fortíssimos e trabalhavam com halteres, na base de duas vêzes ao dia.

Os americanos iniciavam o treinamento dando duas voltas na pista, seguidas de arremessos, a t é se sentirem bem aquecidos. Aí, então, come-çavam os lançamentos fortes.

A - t é c n i c a predominante era a "0'Brien", com pequenas inovações, ou melhor, variações de estilo. O arremessador russo foi o que mais nos impressionou, pelo seu porte físico.

ARREMÊSSO DO MARTELO.

T a m b é m na prova de arremêsso do martelo, houve duelo renhido, e desta vez o húngaro Gyula Zsivotski conseguiu triunfo sôbre o russo Romuald K l i m , para ganhar a medalha de ouro e, ao mesmo tempo, esta-belecer nova marca olímpica — 73 m, 28.

O notável arremessador h ú n g a r o encontrou um adversário pertinaz no soviético, como ocorreu em Tóquio e como tem acontecido nos diversos

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campeonatos europeus. Entretanto, desta vez, Gyula esteve perfeito e mostrou realmente por que possui o recorde do mundo, nesta prova.

Em geral, a técnica usada no arremêsso do martelo foi a de três voltas. Note-se ainda que todos os técnicos com quem conversamos foram unâni-mes em confirmar que essa é a mais segura.

Entretanto, vários arremessador es tentaram dar mais de três voltas. Mas, na final, somente T. Sugawara, atleta japonês, lançou com 4 voltas, conseguindo um surpreendente quarto lugar, batendo o recorde olímpico com 69 m, 78.

Os homens mais fortes do atletismo treinavam em conjunto, isto é, um ajudando o outro, e o seu trabalho com halteres era expressivo, le-vantando mais de 140 quilos de carga.

Obedeciam mais ou menos à ordem de primeiro treinar o lançamento e depois passar a trabalhar com os halteres.

Observamos também que quase a totalidade fazia retas com os velocis-tas e alguns, dentre os quais os japoneses, principalmente T. Sugawara, faziam percursos de 200 metros.

SALTO COM V A R A

T r ê s homens conseguiram transpor o sarrafo na altura de 5 m. 40, esta-belecendo nova marca mundial e olímpica. A vitória final, com a corres-pondente medalha de ouro, coube ao norte-americano Bob Seagren, estu-dante da Universidade da Califórnia e que tem pretensões artísticas: ga-nhou a medalha por, ter cometido menos erros que seus rivais.

Dessa forma, seguem os Estados Unidos mantendo a supremacia na prova de salto com vara, depois da exaustiva e prolongada competição de 8 horas. Começou às 12 h, 45 e terminou às 21,00 horas.

Desde 1896 que os Estados Unidos não perdem esta prova, se bem que agora estão sempre ameaçados de perto pelos alemães.

Os atletas Bob Seagren, dos Estados Unidos, Claus Schiprowski, da Alemanha Ocidental, e Wolfgang Nordwig, da Alemanha Oriental, depois que ultrapassaram o sarrafo a 5 m, 40, falharam em todas as tentativas em 5 m, 45.

Houve, então, necessidade de se verificar as falhas dos saltadores até os 5 m, 40 e o resultado da verificação foi o seguinte: Bob Seagren com 5 tentativas; Claus Schiprowski 6 tentativas e Wolfgang Nordwig 6 ten-tativas.

O recorde olímpico era de 5 m, 10 e pertencia a Fred Hansen; e o mun-dial, de 5 m, 38 detinha-o Paul Wilson. Note-se que Seagren j á havia salta-do 5 m, 41, marca não homologada.

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A t é a altura de 5 m, 35 estavam na prova: o grego Papanikolaou, o americano Pennel, o soviético Bliznetsov e o francês D'Encausse, que l u -tavam contra os que ganhariam as medalhas.

O grego Papanikolaou e o russo Bliznetsov não conseguiram ultrapassar . o sarrafo na altura de 5 m , 35. Transpuseram" esta altura: Schiprowski,

Seagren, Nordwig e Pennel. .

Na altura de 5 m , 40, Seagren e Schiprowski passaram na segunda ten-tativa e Nordwig, na terceira. O sarrafo foi levantado para 5 m, 45, altura que Seagren e Nordwig estiveram a ponto de passar.

Foi, sem sombra de dúvidas, um duelo que deixou o público em sus-pense, durante oito horas. Nesta prova, 11 atletas superaram o recorde olímpico e três bateram o mundial.

Comparando-se as execuções técnicas nos* melhores atletas do salto com vara, encontram-se diferenças visíveis na aplicação das regras mecâ-nicas fundamentais.

Podemos reduzir a dois pontos:

1. ° — na habilidade de curvar a vara; .

2. ° — na habilidade do aproveitamento do efeito de catapulta da pró-pria vara.

A altura da empunhadura, de maneira geral, recai sôbre 4 m, 60 a 4 m , 80; o grego Papanikolaou apresentou a maior marca neste pormenor: 4 m, 90. O americano Pennel empunha com a mão direita a 4 m, 80.

REVEZAMENTO 4 x 100

Os norte americanos deixaram para a história os 38"2, depois da dra-mática e sensacional prova corrida sob constante evoção de oitenta m i l pes-soas, presentes no Estádio Olímpico.

Os negros americanos tiveram necessidade de realizar passagens per-feitas, para n ã o se verem superados pelos cubanos, que, por sua vez, com 38"3, bateram por muito o próprio recorde.

O recorde mundial pertencia à Jamaica e durou somente 24 horas, pois Cuba o igualou. Os jamaicanos não foram tão felizes nas passagens e perderam para a França. Ambas as equipes, porém, marcaram 38"4.

• Das equipes que se apresentaram para o revezamento de 4 x 100 metros, a da Jamaica apresentou a melhor execução técnica (a técnica inglêsa, de Dynson)

Executavam da seguinte maneira: o homem que recebe somente co-loca o braço atrás quando o atleta que está com o bastão lhe avisa; o braço

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direito é levado para trás, com a palma da mão direita voltada para cima; o atleta que entrega, coloca o bastão de cima para baixo; o bastão perma-nece sempre na mão direita, não h á troca de mãos: o primeiro homem j á sai com êle na mão direita.

O que nos surpreendeu e muito, foi a distância de 28 pés empregada na passagem.

A equipe da França executa a passagem com o bastão sempre no meio. O primeiro homem sai com o bastão na m ã o direita e o entrega na m ã o esquerda do segundo homem, o qual, por sua vez, o entrega na mão direita do terceiro, de quem o último o recebe com a mão esquerda, evitando a troca do bastão de mãos em benefício de maior segurança. A distância para receber o bastão é de 30 pés. O bastão é entregue de cima para baixo.

Na equipe da Itália a passagem é executada da direita para a esquerda, tal como na da equipe da França, com o bastão sendo entregue de baixo para cima.

A equipe russa executa a passagem da mesma forma: o bastão da m ã o direita para a esquerda, desta para a direita e novamente para a esquerda. A única mudança apresentada é que os homens que recebem o bastão saem abaixados (esta fôrma de passagem será examinada mais adiante); o bastão é entregue de baixo para cima e à distância de 28 pés.

Os Estados Unidos também correm dentro desta forma, com-o bastão ;

no meio, sendo que os seus homens não se abaixam.

Na equipe de Cuba, os homens correm dentro da técnica russa, com a distância de 28 pés.

Como uma constante, notamos que as melhores equipes de reveza-mento do mundo evitam a troca do bastão de mãos, pois o risco é desneces-sário. E ainda porque durante a fração de tempo que dura essa operação não se pode continuar acelerando e às vêzes nem se pode manter na velo-cidade adquirida. . ' •

A surpresa foi a equipe russa, que deixou cair o bastão, ainda na prova eliminatória, sendo desclassificada. A queda deu-se na passagem do pri-meiro para o segundo homem. . ..

O treinamento das equipes era encarado com o maior carinho, che-gando ao ponto de a equipe da Jamaica, que usa a técnica de Dynson, fazer o aquecimento com passagens de bastão. Colocavam-se em fila indiana e faziam a passagem do bastão em seqüência do primeiro ao quarto homem. Este, ao recebê-lo, lançava-o ao primeiro homem, reiniciando, assim, o tra-balho.

A equipe russa treinava duas a três horas, procedendo do mesmo modo • as equipes dos Estados Unidos e da França (em que treinava Nélson

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Pru-dêncio). J á Cuba fazia seus treinamentos escondidos. Víamos apenas seus atletas, mas nunca treinando, por mais que tivéssemos tentado observar seu preparo.

A equipe da Alemanha Ocidental e a da Oriental treinavam mais que a dos outros países, pois o revezamento para êles é considerado uma p~ova de importância capital.

A melhoria dos resultados na prova de 4 ?p 100 metros, sem sombra de dúvidas, deve-se ao aproveitamento dos 10 metros, e, à medida que os homens se forem adaptando, os recordes serão melhorados.

REVEZAMENTO DE 4 X 400

A equipe dos Estados Unidos, constituída pelos atletas Vincent Matheus, Ronald Freeman, L a r r y James e Lee Evans, melhorou os recordes olímpico e mundial com o tempo de 2 m 56 s 1. No dia anterior, correndo sem preo-cupações, j á haviam igualado o recorde olímpico de 3 m 00 s 7. A equipe de Quênia ofereceu forte oposição, porém terminou era segundo lugar, com 2 m 59 s 6, t a m b é m nôvo recorde olímpico e igual ao recorde mundial. DECATLON

William Toomeu ganhou a medalha de ouro, para os Estados Unidos, superando o recorde olímpico. Em 2.° e 3.° lugares ficaram Joachim Walde e Bendlin K u r t , ambos da Alemanha Ocidental. Com 8.193 pontos, Toomey superou o antigo recorde olímpico em 192 pontos. A marca anterior perten-cia a Rafer Johnson e perdurava desde as Olimpíadas de Roma.

Bendlin K u r t era considerado como o mais provável vencedor, por possuir o recorde mundial, com 8.319 pontos, desde 14 de maio de 1967, estabelecido em Heildeberg, e por ter os melhores resultados de 1968.

Toomey destronou Joachim Walde, da Alemanha Ocidental, do p r i -meiro, lugar da competição, na prova de 400 metros rasos, que foi a quinta e última do primeiro dia de provas. Desde então, não perdeu mais a ponta da competição.

Toomey, neste decatlon, em relação à sua melhor marca do anb, caiu 29 pontos, o que quer dizer que êle foi relativamente bem. Hans Joachim Walde teve um bom desempenho, melhorando a sua marca, que era de 7.831 pontos, para 8.111 pontos.

K u r t Bendlin, favorito indiscutível, pelo menos o era quando chegou ao México, teve uma temporada feliz no ano de 1968 e sua melhor marca era de 8.086 pontos. Nos Jogos Olímpicos conquistou a medalha de bronze, totalizando, para tanto, 8.064 pontos. Mesmo levando em consideração a sua operação no joelho e uma distensão, ainda foi muito bem. Observamos

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Toomey em treinamento e sua preocupação era a de apurar a velocidade. Como prova estão os seus resultados: 10 s, 4 nos 100 meiros e 45 s, 6 nos 400 metros; êle é o homem que, dando as coisas certas, passará dos 8.500 pontos. MARCHA DE 50 QUILÔMETROS

Christopher Hohne, da Alemanha Ocidental, conquistou, de forma por demais folgada, o primeiro lugar na extenuante prova de 50 km de marcha. Hohne entrou no Estádio Olímpico com o mesmo ritmo com que saíra, apenas 4 h 20 m 13 s 8 antes, ante a ovação dos milhares de aficionados que esperaram no Estádio desde as 20 horas, para tributar honras ao nôvo campeão olímpico, medalha de prata em Tóquio e também campeão mun-dial da especialidade.

Desde o princípio, os alemães Hohne, Leuchke e Selzer, junto com os russos Agapov e Grigorjev, fizeram urn bloco difícil de se penetrar.

Entretanto, depois de passar pela Vila Olímpica, o grosso do pelotão começou a separar-se, pouco a pouco, e Hohne tomou a dianteira, junta-mente com o britânico N i h i l l . Ambos permaneceram na frente niais de 35 k m em luta constante.

Na retaguarda, longe do primeiro contingente, vinha o restante, e o alemão Selzer com o australiano Gardiner lutavam com o húngaro Kiss, mas êste último finalmente ocupou o segundo pôsto.

Entre os ponteiros, se colocara o norte-americano Larr Young, o qual brilhou na primeira metade da competição; mais tarde deu mostras de estar cansado, porém se superou e, nos últimos 10 quilômetros, colocou-se em terceiro lugar, para terminar a competição neste honroso lugar.

Infelizmente, no Brasil, ainda não respiramos um ar sadio para reali-zarmos competições dessa especialidade.

O que deveríamos fazer é começar com pequenas distâncias entre os colegiais: distâncias de 1 000 metros, para mostrarmos o que é a marcha. Além disso, a Federação Paulista de Atletismo e as demais Federações deveriam incluir em seus calendários essas provas, para que os nossos jo-vens e os clubes trabalhassem na renovação de valores.

O importante é iniciarmos, pelo menos tentarmos, prestigiando essa modalidade.

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PARTICIPAÇÃO DOS A T L E T A S BRASILEIROS NELSON PRUDENCIO

Competiu no salto triplo, sendo a maior surpresa dos jogos nesta prova, batendo o recorde mundial por 3 vêzes, classificando-se em 2.° lugar, me-dalha de prata; única meme-dalha sul-americana, superando o recorde do nosso sempre lembrado Ademar Ferreira da Silva. Perdeu a prova, no último salto, para o russo Saneev. Esta foi uma das provas mais fortes dos jogos olímpicos, pois os 7 primeiros bateram o recorde Olímpico e cfs 5 primeiros bateram Recorde Mundial e Olímpico.

M A R I A CONCEIÇÃO CIPRIANO

Conseguiu classificar-se para a final do salto em altura para moças, saltando o índice, para i r à final com 1 m 74. Na final, tendo como compe-tidoras as melhores do mundo, saltou X m 69. Com a marca estabelecida nas preliminares, conseguiu igualar o recorde sul-americano e brasileiro que pertence à atleta Aída dos Santos.

AÍDA DOS SANTOS

Mesmo sentindo da perna, fêz o Pentlaton, ficando em 20.° lugar, com 4 578 pontos, nova marca sul-americana para esta prova.

IRENICE M. RODRIGUES

Foi desligada da Delegação por motivos disciplinares. PARA A REPRESENTAÇÃO BRASILEIRA

Visando possível convocação olímpica, iniciamos o nosso trabalho em 17/7/66. Consistiu, primeiramente, em observar os atletas que tivessem possibilidades de integrar a nossa equipe, levando em consideração três grandes competições, a saber:

1) Jogos Luso-Brasileiros — 17/7/66 — Lisboa.

2) As 3 competições para os Jogos Pan-Americanos:- 29/4/67 — São Paulo, 28/5/67 — São Paulo e 3/6/67 — São Paulo.

3) Jogos Pan-Americanos — Canadá.

4) Campeonato Sul-Americano — Argentina. 253

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Mediante os resultados conseguidos e, com índices estabelecidos pelo C. O. B., do Jundiaí Clube foram convocados para o treinamento olímpico os seguintes atletas: NELSON PRUDÊNCIO, JOSÉ CARLOS JACQUES e ATÍLIO DENARDI ALEGRE.

Nesses 3 elementos o aproveitamento foi ótimo. Atílio Denardi Alegre conseguiu 1 m 52 s 2, nos 800 m rasos, ficando a dois décimos do recorde brasileiro da prova. Nos 1 500 metros conseguiu 3 m 53 s 1, superior ao re-corde brasileiro, porém marca importante tendo-se em vista que é de atleta juvenil.

Por sua vez, aperfeiçoamos em José Carlos Jacques a velocidade e o lançamos no Decatlon. Em sua estréia, ganhou o campeonato brasileiro e sagrou-se vice-campeão. Na fase final de preparação olímpica, arremes-sou o pêso a 17 m 0 6, novo recorde brasileiro, e o disco a 55 m 02, novo re-corde sul-americano. Êstes dois atletas ficaram de fora da equipe olímpica.

Sem dúvida alguma, NELSON PRUDÊNCIO foi o elemento que revelou maiores condições dos atletas brasileiros. Partimos dos seus resultados con- 1

seguidos nos campeonatos: 1) Jogos Lusos — 16 m 18.

2) Jogos Pan-Americanos — 16 m 45. 3) Campeonato Sul-Americano — 16 m 30.

Para mais bem acompanharmos a sua progressão, estabelecemos um gráfico em escala de 1 por 1 000 e, com êste ponto de partida, dividimos todo o seu treinamento em 2 partes:

1) Preparação Física e Resistência; , 2) Velocidade e Educativos (cangurus).

Na primeira parte, fizêmo-lo correr distância, para melhor preparo físico, contando, para isso, com o apoio do DR. MÁRIO C. PINI que ficou encarregado da parte médica.

Na parte dentária, o DR. OSMAR FERREIRA DUQUE se prontificou a realizar todo o trabalho necessário.

No referente à segunda parte, trabalhamos em ritmo forte, pois tería-mos de explorar, como ponto básico, esta qualidade. Completando êste setor, trabalhamos em educativos (cangurus), pois queríamos encontrar uma fórmula melhor para aproveitar a elasticidade oferecida pela pista de tartan. Fomos felizes, estabelecendo, então, a fórmula:

VELOCIDADE + EQUILÍBRIO + ELASTICIDADE = MELHOR RENDIMENTO TÉCNICO.

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Como preparo psicológico, jogamos com base nos jogos abertos no inte-rior, pois nesta competição iríamos empenhar todo nosso trabalho com Prudêncio e ainda apoiado no objetivo de conseguir 15 m 96. Com êste re-sultado ficamos tranqüilos, porquanto vislumbrava-nos a certeza de conse-guirmos no México seu índice técnico.

Chegando ao México, a primeira atitude nossa foi deixar Prudêncio por 4 dias sem treinar, para i r se aclimatando com a altitude. Enquanto isto, localizávamos o Campo de Treinamento mais tranqüilo para começar-mos a trabalhar. Acabacomeçar-mos fixando-nos no "Campo de Acalientamento", porque nos pareceu o melhor, principalmente pelo fato de ser distante.

Após passado os dias de aclimatação para Prudêncio, começamos a tra-balhar em sua marca. Aliás esta foi a única etapa que deixamos para rea-lizar fora do Brasil. A nossa preocupação foi a de aumentar a marca de 32 m para 40 m, pois a idéia básica era sempre de aproveitar a velocidade e a elasticidade da pista, executando educativos (cangurus), a f i m de conseguirmos melhor equilíbrio entre os saltos.

Inicialmente, a velocidade de Prudêncio surpreendeu os técnicos, dando inclusive margem a comentários elogiosos dos especialistas russos, alemães e franceses. Completada esta fase de trabalho, ficamos à espera das elimi-natórias, nas quais o Comitê Olímpico Internacional elevou o índice para 16 m 10.

COMPETIÇÃO DO SALTO TRIPLO

Algo de notável assistimos po Estádio Olímpico. Foi a prova do salto triplo, que não é nada mais do que um conjunto de VELOCIDADE, CO-ORDENAÇÃO, PRECISÃO, ELASTICIDADE E FÔRÇA.

A prova, como as demais de pista e de campo, conseguiu fazer com que todo o estádio criasse uma expectativa e um interesse inusitado em todo o público, que depois tomou proporções de dramatismo. Algo estranho se notava no ambiente e na atmosfera da cidade universitária, pois parecia que os triplistas voavam em cada salto, principalmente pelas distâncias que alcançavam.

Gentile, estudante de psicologia (1 m 86, 85 quilos), que tinha conse-guido bater o recorde Mundial e Olímpico no dia anterior, começou a prova final e no seu primeiro salto conseguiu 17 m 22, estabelecendo nova marca mundial e olímpica e ratificando a sua condição de recordista do Mundo. A t é aquêle momento ninguém duvidava de que a medalha de ouro j á tinha vencedor certo.

O russo Saneev não se acovardou com o extraordinário feito de Gen-tile e, na sua terceira oportunidade, bate a marca, saltando um centímetro a mais que Gentile. P o r é m este recorde também durou minutos.

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Veio então o ataque do brasileiro NELSON PRUDÊNCIO, que, com toda a sua categoria e os seus 65 quilos, fizeram recordar, para nós brasi-leiros, os feitos de Ademar Ferreira da Silva em Helsinki, Londres e México.

Muitos dos assistentes, que viram a façanha de Ademar no México, nos Jogos Pan-Americanos, tributaram ao "Canguru" brasileiro prolongada salva de palmas, entre as quais muitas havia para Ademar. E Nélson Pru-dêncio se colocava assim no primeiro posto da competição, para a surpresa de todos.

Mas a competição não tinha ainda terminado e o russo Saneev, de 23 anos, estudante de agricultura, realizou o impossível e, se o salto de Pru-dênció foi sensacional, mais ainda foi o salto deste atleta russo, mostran-do-se o Campeão que é com a realização do espetacular salto de 17 m 39, nova marca mundial e olímpica. '

Memorável reunião de triplistas, ficando uma delas — 17 m 39 — para iniciar nova história do salto triplo, que teve grande impulso com Ademar, quando saltou 16 m 00, e depois com Joseph Schmidt, quando se cobriu de glória em Roma, ao saltar, pela primeira vez, 17 m 02. E assim, mais uma \ estréia foi ofuscada, ou seja, Schmidt, ^ior Victor Saneev.

Festa russa no México, festa brasileira pelos brasileiros e tristeza para o italiano, que ficou apenas com a medalha de bronze.

Nos Jogos Olímpicos, sempre surge uma figura que ofusca a luz b r i -lhante dos outros astros. Nélson Prudêncio foi um desses astros, que su-plantou, no cenário internacional, as fabulosas performances conseguidas pelo nosso campeoníssimo Ademar Ferreira da Silva. Da mesma forma como Bob Beamon ensombrou os feitos de Ralph Boston, e Viscopoleneana os de Mary Rand Bignal.

Mas tão pouco se esperava que Nélson Prudêncio superasse por 3 vê-zes o recorde Mundial e Olímpico, um recorde que datava de 8 anos. Pre-cisamente por estas coisas é que existem os Jogos Olímpicos.

Na prova1 do salto triplo nos Jogos Olímpicos do México, tivemos a

oportunidade de confrontar os melhores saltadores da atualidade em con-dições exteriores iguais para todos.

Nas nossas observações não foram notadas transformações inesperadas nesta prova, mas, sim, diferentes maneiras de saltar, fruto das investiga-ções russas, italianas e, para nossa vaidade, brasileiras.

Os saltadores russos e poloneses saíram vencedores nas últimas Olim-píadas. Suas técnicas podem ser cônsideradas como representativas, nos úl-timos descobrimentos, no domínio da técnica do salto triplo.

Entretanto, outros campeões se sobressaem por seu estímulo individual, mas com alguma afinidade com uma dessas escolas.

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1. " salto — predomina a velocidade.

2. " salto — predomina o equilíbrio entre a velocidade e o mesmo equi-líbrio.

Prudêncio, no Brasil, tinha a marca de 36 metros. A única mudança que fizemos com êle foi realizada na cidade do México, aumentando a cor-rida, que despertou o interesse dos demais técpicos. Saltadores como Newman e Shenk, da Alemanha, polacos e franceses não acreditavam que Prudêncio pudesse saltar com a velocidade que estava correndo. Esta característica foi a mais notada mudança na prova do salto triplo e mesmo comentada como possível nova alteração no salto triplo. Fazer as mudan-ças que fizemos na marca de Prudêncio, possuidor de impulsão, logo com maior velocidade e como tem muito ritmo (graças ao canguru), acredito eu.

Em Prudêncio observa-se:

1. ° salto — também não é alto, como saltava Ademar, e os saltadores da Escola russa. O que impressionou foi o equilíbrio dos saltos, baseado principalmente na velocidade, sendo que o apoio dos pés, quando termina o 1.° salto, é total.

2. ° salto — o joelho da perna que está livre, não o da perna de impulso, é o que dá a direção do salto, mas;ainda não se coloca tão pronunciado,

como o que foi notado no atleta russo Saneev. O importante é aproveitar a característica do atleta, restringindo a sua liberdade; o importante é a naturalidade.

3. ° salto — a melhora do 3.° salto foi notável, e obdeceu, de forma geral, ao mesmo estilo do russo Saneev, para a frente e não para o alto. A técnica para o salto final é com fôrça individual e tôda pessoal.

SUGESTÕES FINAIS

I — A possibilidade de proporcionar aos atletas competições com países mais adiantados, no Brasil e no Exterior.

I I — A inclusão de 1 ou 2 cinegrafistas e observadores nas' futuras Se-leções Brasileiras, para trabalharem em conjunto com os técnicos, princi-palmente nos Jogos Pan-Americanos e Jogos Olímpicos.

I I I — Se possível, enviar técnicos e observadores que falem mais de uma língua, pois poderão atualizar-se e trocar idéias com técnicos de outros países mais adiantados.

I V — Divulgar, através de meios de comunicação diversos, a técnica assimilada nas observações.

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