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Brucelose em bovinos: histórico e implicações na região de Curitibanos - SC

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Caroline Claudino dos Santos

BRUCELOSE EM BOVINOS: HISTÓRICO E IMPLICAÇÕES NA REGIÃO DE CURITIBANOS - SC

Curitibanos 2019

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Caroline Claudino dos Santos

BRUCELOSE EM BOVINOS: HISTÓRICO E IMPLICAÇÕES NA REGIÃO DE CURITIBANOS - SC

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária.

Orientadora: Profª. Dra. Sandra Arenhart

Curitibanos 2019

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Caroline Claudino dos Santos

BRUCELOSE EM BOVINOS: HISTÓRICO E IMPLICAÇÕES NA REGIÃO DE CURITIBANOS - SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Bacharel e aprovado em sua forma final pelo Curso de Medicina Veterinária

Curitibanos, 02 de dezembro de 2019.

________________________ Prof. Alexandre de Oliveira Tavela, Dr.

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________ Profª. Sandra Arenhart, Dra.

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Álvaro Menin, Dr.

Avaliador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ M.V. André Lucio Fontana Goetten

Avaliador

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Dedico este trabalho aos meus queridos familiares e

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela vida e por abençoar o meu caminho, me iluminando em todos os momentos.

Agradeço imensamente a minha família, minha mãe Cleusa, meu padrasto Claudemir, minha irmã Taline e meus avós Dilson, Sueli, Elvira e Carlito, por serem minha base e por sempre apoiarem meu sonho e me proporcionarem o estudo. Obrigada por todo carinho e incentivo nos momentos difíceis, por serem minha luz e meu alicerce, por me darem forças para permanecer os anos longe de casa e não medirem esforços para isso, vocês são tudo para mim, esta conquista dedico a vocês!

Aos professores da Universidade Federal de Santa Catarina por todo conhecimento e inspiração que nos foi dado, em especial a minha orientadora Sandra Arenhart pela competência e por ser um exemplo de profissional.

Agradeço a minha grande amiga Anna Flávia, que desde o inicio da faculdade esteve ao meu lado, se mostrando uma verdadeira irmã de coração, compartilhando momentos únicos e estendendo a mão e o ombro para os momentos difíceis, ela que me acolheu, juntamente da sua família, em uma cidade totalmente nova e surpreendente. Agradeço também a minha amiga Beatriz, que mesmo distante jamais deixou de ser presente em minha vida, sempre me apoiando e mostrando como ser melhor.

Gratidão aos demais colegas e amigos que fiz durante o período da graduação, todos que passaram por minha vida desde o começo foram de alguma forma responsáveis para que eu chegasse até aqui, todos os momentos bons e a parceria serão lembradas para sempre, obrigada por tornarem meus dias mais divertidos, guardarei em meu coração cada um de vocês!

Para encerrar, um agradecimento aos colaboradores da CIDASC, Luiz Antônio, Scalco, Fernando, Felipe, Tábata e Dona Ilza, por toda a paciência, conselhos, ensinamentos e todo carinho que foram passados durante este período de convivência.

Ser médica veterinária é um sonho que se iniciou desde pequena e só tornou -se realidade pela presença destas pessoas que foram essenciais em minha caminhada.

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“Quando olho nos olhos de um animal, não vejo um animal. Vejo um ser vivo. Vejo um amigo. Sinto uma alma.”

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RESUMO

A brucelose bovina é uma doença infecciosa de grande impacto para a cadeia produtiva da pecuária bovina, tanto no Brasil como no mundo, sendo responsável por causar sérios prejuízos diretos e indiretos ao sistema produtivo, comprometendo especialmente o sistema reprodutivo dos bovinos, caracterizando-se, principalmente pela ocorrência de abortos no terço final da gestação, e sendo uma importante zoonose. Como forma de minimizar os prejuízos e os impactos negativos determinados pela brucelose, se faz necessário o conhecimento no contexto de questões de epidemiologia, controle e diagnóstico dessa enfermidade, com o propósito de contribuir para o seu controle e sua erradicação. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo descrever os aspectos epidemiológicos da Brucelose em Bovinos, dando ênfase ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal - PNCEBT, sua importância e execução, fazer uma breve revisão sobre a Brucelose, doença crônica causada por bactérias do gênero Brucella, descrevendo sua etiologia, epidemiologia, patogenia, sinais clínicos, o diagnóstico e controle, bem como descrever os focos de Brucelose bovina na região de âmbito de Curitibanos, Santa Catarina, notificados do período de 2016 a 2019, que culmina em prejuízos devido ao abate dos animais positivos e a vacinação de fêmeas do rebanho, assim como em cuidados devido seu potencial zoonótico.

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ABSTRACT

Bovine brucellosis is an infectious disease of great impact to the cattle production chain, both in Brazil and worldwide, being responsible for causing direct and indirect damage to the productive system, especially affecting the reproductive system of cattle, mainly due to the occurrence of abortions in the final third of pregnancy, and being an important zoonosis. In order to minimize the damage and negative impacts determined by brucellosis, knowledge in the context of epidemiology, control and diagnosis of this disease is necessary, in or der to contribute to its control and eradication. Thus, this paper aimed to describe the epidemiological aspects of Brucellosis in Cattle, emphasizing the National Program for Control and Eradication of Animal Brucellosis and Tuberculosis - PNCEBT, its importance and execution. Make a brief review about Brucellosis, a chronic disease caused by Brucella bacteria, describing its etiology, epidemiology, pathogenesis, clinical signs, diagnosis and control, as well as describing the bovine brucellosis outbreaks in Curitibanos, Santa Catarina, reported from 2016 to 2019, which results in losses due to the slaughter of positive animals and vaccination of females in the herd, as well as care due to their zoonotic potential.

Keywords: Animal Health. Brucellosis. Cattle.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de testes realizados em propriedades com focos de Brucelose e número de amostras positivas de setembro de 2016 a agosto de 2019 na região de Curitibanos – SC...26

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2-ME Teste 2-Mercaptoetanol

AAT Teste do Antígeno Acidificado Tamponado

CIDASC Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina FC Teste de Fixação do Complemento

FPA Teste de Polarização Fluorescente

FUNDESA Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal GTA Guia de Transporte Animal

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento PCR Reação em Cadeia Polimerase

PNCEBT Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose

SC Santa Catarina

TAL Teste do Anel do Leite UVL Unidade Veterinária Local

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...14 1.1 OBJETIVOS...14 1.1.1 Objetivo Geral...14 1.1.2 Objetivo Específico...15 2 REVISÃO DE LITERATURA...16 2.1 BRUCELOSE BOVINA...;...16 2.2 EPIDEMIOLOGIA...17

2.3 PATOGENIA E SINAIS CLÍNICOS...18

2.4 DIAGNÓSTICO...20

2.5 CONTROLE...22

3 A BRUCELOSE BOVINA NA REGIÃO DE CURITIBANOS: APRESENTAÇÃO DE CASOS E DISCUSSÃO...24

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...29

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1 INTRODUÇÃO

O controle e prevenção de afecções que podem acometer rebanhos são de grande importância para a produção animal. As enfermidades comuns a homens e animais, chamadas de zoonoses, detém relevância constante nas cadeias produtivas sendo necessária a conservação da sanidade dos rebanhos, essencial para a produção animal, dependente das condições de manejo que são praticados nas propriedades (CUNHA et al., 2012).

Em função do tamanho e distribuição do rebanho bovino, no Brasil, uma relevante zoonose é a brucelose. Causada por bactérias do gênero Brucella, acomete diversas espécies domésticas e silvestres e apresenta-se na forma endêmica em muitos países, resultando em prejuízos econômicos significativos aos sistemas de produção e sérias implicações em saúde animal e pública (BRASIL, 2006).

As perdas provenientes da infecção causada pela B. abortus estão relacionadas à baixa eficiência reprodutiva dos animais com diminuição da produção do rebanho. A ocorrência de abortos influencia diretamente para um aumento de intervalo entre partos, acarretando na redução da produção de leite. Relacionado aos abortos, ocorre também maior número de natimortos e terneiros nascidos fracos, os quais podem morrer ou ter seu crescimento prejudicado. Estimativas indicam queda na produção de carne e leite de cerca de 25% e de 15% na produção de bezerros (LAGE et al, 2008).

Como ocorre nas demais enfermidades, o controle e a capacidade de erradicação da brucelose requerem ações em todos os níveis de serviço, do público à iniciativa privada, sendo assim, assistências veterinárias frequentes, além de boas práticas no manejo, auxiliam na garantia de saúde do rebanho e na elevação de índices produtivos e econômicos na bovinocultura (AIRES et al., 2018).

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Descrever os aspectos epidemiológicos da Brucelose em Bovinos, dando ênfase ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal - PNCEBT, sua importância e execução.

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1.1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho são:

1- Descrever os focos de focos de Brucelose bovina na região de âmbito de Curitibanos-SC, notificados no período de 2016 a 2019.

2- Discutir as implicações dos focos de Brucelose bovina na região. 3- Fazer uma breve revisão bibliográfica sobre a Brucelose bovina.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 BRUCELOSE BOVINA

A brucelose é uma antropozoonose conhecida desde épocas remotas. São conhecidos registros de 460 A.C, em que Hipócrates menciona pacientes com sinais compatíveis com a doença. Em 1887 foi isolado o agente Micrococcus melitensis, responsável pela Febre de Malta em soldados britânicos mortos pela enfermidade na Ilha de Malta. Um médico veterinário patologista dinamarquês, em 1895, isolou uma bactéria de fetos abortados de bovinos, denominada Bacillus abortus, identificando como agente etiológico do aborto enzoótico dos bovinos. Posteriormente, tais microrganismos receberam o nome de Brucella melitensis e Brucella abortus (POESTER et al., 2009).

O primeiro relato de brucelose em humanos no Brasil deu-se em 1913 por Gonçalves Carneiro e, no ano seguinte, Danton Seixas realizou no país, pela primeira vez, o diagnóstico clínico da brucelose bovina, no estado do Rio Grande do Sul (PAULIN e FERREIRA NETO, 2003).

As bactérias do gênero Brucella são intracelulares facultativas, pertencendo à classe Proteobacteria, sendo Gram-negativas, imóveis e não esporuladas. São encontradas na forma de bastonetes curtos, medindo de 0,6 a 1,5 µm por 0,5 a 0,7 µm de dimensão. Possuem temperatura de multiplicação cerca de 20 a 40°C e pH ótimo de 6.6 a 7.4 (SOLA et al., 2014).

São descritas dez espécies independentes, que são classificadas conforme sua patogenicidade, características antigênicas, bioquímicas e de hospedeiros. As espécies de Brucella e seus biovares podem ser distinguidos através de testes como a sensibilidade a corantes, sorotipagem, requerimentos de CO2, tipificação de fagos, produção de H²S, além de suas propriedades metabólicas (SOLA et al., 2014).

B. melitensis, B. suis e B. abortus são espécies lisas, de elevada patogenicidade e causadoras de doenças graves em caprinos e ovinos, suínos e bovinos, respectivamente, assim como podem afetar os humanos. As espécies rugosas são B. canis, que afeta caninos, sendo considerada de menor patogenicidade ao homem, e B. ovis, que infecta naturalmente apenas ovinos. As espécies B. neotomae e B. microti, isoladas de roedores silvestres, não são consideradas zoonóticas, já B. ceti e B. pinnipedialis, já foram associadas à granulomas intracerebrais em pacientes com neurobrucelose, osteomielite da coluna vertebral e decorrentes de acidentes laboratoriais, sendo patogênicas para mamíferos marinhos

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(POESTER, 2009) A diferença entre colônias lisas e rugosas se dá na presença da cadeia O apenas nas colônias lisas, sendo que ambas possuem como constituinte do LPS, o lipídeo A e núcleo oligossacarídeo (PAULIN e FERREIRA NETO, 2003; LAGE et al., 2008).

As infecções brucélicas nos animais domésticos estão associadas principalmente a problemas reprodutivos, podendo ser citados abortamentos, nascimento de crias fracas e baixa fertilidade, refletindo em calamitosos efeitos na pecuária. Devido aos prejuízos causados à pecuária e por ser transmitida dos animais para o homem, muitos países dispõe de medidas severas para controle e erradicação da brucelose na população animal (POESTER et al., 2009).

2.2 EPIDEMIOLOGIA

A brucelose encontra-se distribuída mundialmente e é considerada uma das principais zoonoses existentes. Por mais que alguns países da região norte e central da Europa, Austrália, Japão e Nova Zelândia, esta já tenha sido erradicada, a doença continua reemergente, gerando grandes problemas sanitários e econômicos em países da América do Sul, África, Oriente Médio e Ásia (SOLA et al., 2014).

No Brasil, a brucelose é endêmica, porém apresenta dados bastante diferenciados face à dimensão territorial e às características próprias de cada região. Em 2001, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento instituiu o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), que consiste em um conjunto de medidas sanitárias estratégicas buscando redução da prevalência e incidência da brucelose (BRASIL, 2006).

As vacas no período de gestação são as mais susceptíveis a brucelose, constituindo, além disso, a principal fonte de infecção, tanto para o rebanho como para humanos (MATHIAS, 2008). A transmissão do agente etiológico ocorre através de contato direto de membranas fetais, fetos abortados e bezerros recém-nascidos, ou por contato indireto, através da ingestão de alimentos ou água. Pode ainda ocorrer por infecções transplacentárias, originando infecções latentes. Os touros, quando infectados, em geral não transmitem a doença por monta natural, mas ao utilizar sêmen destes por inseminação, a infecção pode ocorrer.

A introdução da doença em rebanhos bovinos ocorre pela entrada de animais portadores, geralmente não apresentando sinais clínicos, por isso o comércio de animais só

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deve ocorrer quando a condição sanitária seja conhecida, sendo o ideal a procedência de rebanhos livres ou então que sejam submetidos a testes de diagnóstico que garantam a sanidade do rebanho (SOLA et al., 2014).

Várias espécies domésticas ou silvestres são suscetíveis à infecção por Brucella spp, porém são considerados hospedeiros finais da infecção. Os bovinos são os hospedeiros preferenciais da B. abortus, porém bubalinos, equinos, suínos, ovinos, caprinos e cães podem ser infectados (LAGE et al., 2008).

Nos humanos, a brucelose se dá através do contato direto com animais positivos ou indiretamente no consumo de produtos de origem animal, como leite e derivados não pasteurizados, apresentando baixa mortalidade e elevada morbidade. No homem, a brucelose pode ser provocada por várias espécies de Brucella e atinge mais profissionais que trabalham diretamente com os animais, além dos produtores rurais (AIRES et al., 2018).

Segundo Sikusawa et al., 2009, a prevalência de focos de brucelose para o Estado de Santa Catarina em 2004 foi de 0,32% e a prevalência de animais soropositivos no Estado de 0,06%, tais resultados se assemelham com dois estudos anteriores realizados no Estado de Santa Catarina, o primeiro em 1975, e o segundo em 1996, que estimaram a prevalência em 0,2% e 0,6%, respectivamente (PAULIN e FERREIRA NETO, 2003).

Através disso, é possível afirmar que o Estado possui, historicamente, baixa prevalência de brucelose, devido uma boa estruturação dos serviços oficiais juntamente com as características produtivas do Estado, constituído por pequenas propriedades com poucos animais. Acredita-se também que a baixa prevalência ocorra como consequência da pequena movimentação de animais entre as propriedades e da realização de testes diagnósticos, com sacrifício dos positivos, quando ocorrência da doença (SIKUSAWA et al., 2009).

Santa Catarina dispõe de condições para a implementação de estratégias de erradicação da brucelose, desta forma, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento excluiu o Estado da obrigatoriedade de vacinar fêmeas entre três e oito meses com a amostra vacinal B19, sendo assim, a implementação de estratégias para erradicação envolve além da proibição da vacinação, a estruturação de sistema de vigilância para detecção e extinção dos focos residuais, conforme descrito por Paulin e Ferreira Neto (2003).

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A patogenicidade das bactérias do gênero Brucella está relacionada aos mecanismos que permitem sua invasão, multiplicação e sobrevivência no interior das células do hospedeiro, ficando protegidas da atuação do sistema imune do hospedeiro (SOLA et al., 2014).

As principais vias da infecção são por meio das mucosas oral, nasofaríngea, conjuntival ou por solução de continuidade da pele, sendo que a principal via de entrada da B. abortus em bovinos é a mucosa orofaringeana (SOLA et al., 2014). Após a penetração na mucosa, ocorre a fagocitose das bactérias por macrófagos, sendo carreadas até os linfonodos regionais, ali se multiplicam, podendo permanecer por semanas a meses e acarretar em uma hiperplasia e linfadenite (LAGE et al., 2008). Os microrganismos se disseminam pela corrente sanguínea ou via linfática, atingindo outros linfonodos, principalmente os supramamários, e órgãos como baço, fígado e outros tecidos.

A Brucella spp pode permanecer no interior de células de defesa devido a síntese de enzimas antioxidantes e produção de guanosina 5’ monofosfato-GMP e adenina, que inibem a fusão do lisossomo com o fagossomo e são capazes de impedir a degranulação dos macrófagos durante a fagocitose e, consequentemente, a destruição do agente (SOLA et al., 2014).

Durante a fase de multiplicação celular, estas bactérias podem provocar alterações inflamatórias e gerar granulomas difusos, podendo ocasionar hiperplasia linfóide, esplenomegalia e até hepatomegalia, porém, nem todos os órgãos e tecidos acometidos podem apresentar alterações evidentes (SOLA et al., 2014).

O processo inflamatório estabelecido acarreta em lesões necrótico-inflamatórias na placenta, além de lise das vilosidades, resultando no descolamento dos cotilédones, trazendo efeitos para circulação materno-fetal, provocando assim nascimento de bezerros fracos e subdesenvolvidos, até ao aborto (PAULIN e FERREIRA NETO, 2003; LAGE et al., 2008).

Com o desenvolvimento da imunidade celular, após o primeiro aborto, ocorre uma diminuição significativa do número e tamanho das lesões nos placentomas nas próximas gestações, sendo assim, os abortos são menos frequentes, levando assim, ao aparecimento da natimortalidade, retenção de placenta ou o nascimento de bezerros fracos, além de casos de endometrire ou metrite, ocasionando subfertilidade, infertilidade ou esterilidade dos animais acometidos (LAGE et al., 2008).

Os machos podem apresentar, o aumento do volume dos testículos, tanto uni como bilateral. O aumento de volume pode atingir também epidídimos, ampolas e vesículas

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seminais. Podendo ocorrer atrofia do órgão devido reações inflamatórias do tipo necrosante que leva a quadros de infertilidade destes animais (PAULIN e FERREIRA NETO, 2003; LAGE et al., 2008).

O aparelho locomotor também é afetado, sendo que os microrganismos do gênero Brucella, principalmente a B. abortus, pode localizar-se na bursa, tendões, músculos e articulações, causando artrites, espondilites e bursites, especialmente nas vértebras torácicas e lombares, podendo alcançar a medula óssea e bainha dos tendões, no qual se obtém o achado clínico de abscesso fistulado ou não na região da cernelha, acometendo a espécie equina (PAULIN e FERREIRA NETO, 2003). Também há a ocorrência de higromas, inchaços nas articulações dos joelhos e jarretes.

Os órgãos afetados pelo gênero Brucella são aqueles que oferecem elementos fundamentais para o seu metabolismo, como o eritritol, encontrado no útero gravídico, tecidos mamários, ósteoarticulares e órgãos do sistema reprodutor masculino. Ressalta -se que humanos, equinos, coelhos e roedores possuem ausência ou produção reduzidas de eritritol, justificando o menor impacto no aparelho reprodutivo nestas espécies pela bactéria ( SOLA et al., 2014).

Em humanos, a enfermidade não possui sinal clínico específico, podendo manifestar-se de forma aguda, apremanifestar-sentando febre contínua, intermitente ou irregular, dores musculares e generalizadas, fraqueza, calafrios, ou de forma crônica, causando sintomas neuro-psíquicos como irritabilidade e prostração, ou ainda, afetando a fertilidade (VERONESI, 1991).

2.4 DIAGNÓSTICO

A brucelose animal pode ser diagnosticada por diferentes métodos, tanto isoladamente como em conjunto. Entre eles, pode-se destacar diagnóstico clínico, que se da pela observação dos sinais clínicos de aborto, nascimento de bezerros fracos e esterilidade de fêmeas e machos, também é possível acompanhar os dados epidemiológicos dos rebanhos, realizar o isolamento e identificação do agente etiológico e através da presença de anticorpos nos fluídos orgânicos (LAGE et al., 2008).

O diagnóstico clinico, pela observação de sinais e epidemiologia, possibilita apenas a indicação de que esteja ocorrendo uma possível afecção no rebanho, o que deve ser confirmado pela identificação da bactéria, sendo o método mais eficaz de diagnóstico. O

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diagnóstico pode ser realizado por método direto, com a detecção da bactéria, ou indireto, pela pesquisa de resposta imune ao patógeno.

Os métodos diretos de diagnóstico para brucelose incluem o isolamento e a identificação do agente, a imunohistoquímica e os métodos de detecção de ácidos nucleicos, pela reação em cadeia da polimerase (PCR), sendo utilizados após apresentação de sinais clínicos, onde a bactéria estará disseminada na propriedade. A bacteriologia possui alta especificidade e capacidade de diferenciação entre espécies e biovariedades, porém o isolamento do gênero Brucella spp é um processo trabalhoso, além de envolver um patógeno com risco biológico considerável, requer laboratórios com instalações e equipamentos adequados (POESTER et al., 2009; LAGE et al., 2008).

Devido ao fato de ser uma doença de controle oficial, cada país deve adotar um protocolo de diagnóstico, considerando suas características. No Brasil a legislação define os seguintes testes como oficiais: Teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT), sendo este de triagem, o Teste do Anel do Leite (TAL), utilizado como monitoramento, o 2 Mercaptoetanol (2-ME), o teste de Fixação do Complemento (FC) e o Teste de Polarização Fluorescente (FPA), estes três últimos utilizados como confirmatório (BRASIL, 2016).

Mediante um estudo comparativo, o AAT demonstrou-se como teste de triagem de fácil execução, rápido, de alta sensibilidade e que possui custo baixo, sendo o único realizado na rotina pelos médicos veterinários habilitados no Programa Nacional do Ministério da Agricultura (AIRES et al., 2018). Animais com resultados reagentes no ATT, carecerão de teste confirmatório, sendo utilizado o 2-ME, este é executado por laboratórios credenciados ou laboratórios oficiais credenciados, possuindo grande sensibilidade e especificidade, sendo de eleição para confirmação de positivos (BRASIL, 2016).

O TAL, utilizado por veterinários habilitados ou pelo serviço veterinário oficial, tem-se uso apenas na monitoração das condições de sanidade das propriedades, já em Santa Catarina, o teste sorológico ELISA vem sendo utilizado junto com o ATT, como parte de um projeto visando a erradicação da doença no estado, sendo um importante teste de especificidade e sensibilidade para detectar animais doentes, sendo um avanço na vigilância ativa contra a brucelose (AIRES et al., 2018).

Para trânsito internacional, utiliza-se o FC, que é realizado em laboratórios oficiais credenciados, sendo empregado em diversos países, os quais erradicaram ou que estão em processo de erradicação da brucelose. Utilizado como teste confirmatório em animais reagentes ao teste de triagem, ou para diagnóstico de casos inconclusivos ao teste do 2 -ME

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(BRASIL, 2016). Outra técnica utilizada é o FPA, que vem demonstrando bom desempenho, porém sua utilização ainda é pequena nos países subdesenvolvidos, devido seu custo alto e da dependência de importação de equipamentos e reagentes (AIRES et al., 2018).

2.5 CONTROLE

Programas estaduais para combate à brucelose devem ser incentivados em respeito às diferenças regionais. No Brasil, as medidas são regulamentadas pelo Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), instituído em 2001 pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) com o intuito de diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde humana e animal, além de estimular a pecuária nacional. O programa foi proposto com o objetivo de diminuir a prevalência e a incidência de brucelose e tuberculose, visando sua erradicação (BRASIL, 2016).

A estratégia de controle da brucelose possui como base a redução constante do número de focos da doença, além do controle do trânsito de animais destinados a reprodução e a certificação de propriedades livres da enfermidade por meio do diagnóstico e sacrifício dos animais positivos (PAULIN e FERREIRA NETO, 2003).

A vacinação é empregada com o propósito de reduzir a prevalência da doença com baixos custos aos produtores. A vacina B19 vem sendo utilizada nos programas de controle da brucelose em diversos países, inclusive no Brasil (BRASIL, 2006), esta vacina é produzida com amostra viva atenuada da B. abortus bv. 1 estirpe B19. Ela permite uma única vacinação em fêmeas entre três e oito meses de idade, obtendo-se imunidade prolongada, prevenindo abortos, e é uma vacina estável, não se multiplicando na presença de eritritol. Causa reações mínimas nos animais vacinados após a sua aplicação, além de conferir proteção em 70-80% (PAULIN e FERREIRA NETO, 2003; BRASIL, 2006).

Deve-se obedecer a correta idade para vacinação dos animais, devido à persistência de anticorpos. A vacina B19 deve ser utilizada somente em fêmeas jovens com até oito meses de idade. Após os oito meses, há chances de ocorrer produção de anticorpos em abundância que podem persistir e interferir no diagnóstico da doença após os 24 meses de idade. Não se recomenda a vacinação de machos ou fêmeas em gestação, devido à virulência residual, que pode levar nos machos, a permanecerem com títulos vacinais por longos períodos, também estando relacionada com quadros de orquite e artrites, já em fêmeas prenhes, a vacina pode provocar o aborto (BRASIL, 2006, LAGE et al., 2008).

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Na década de 90, foi desenvolvida a vacina não indutora de anticorpos aglutinantes RB51, para que não ocorresse a indução de anticorpos vacinais. Praticamente isenta de cadeia O, a amostra foi obtida por passagens sucessivas da cepa 2308 de B. abortus em meios de cultura contendo rifampicina, reduzindo sua virulência. A amostra RB51 detém características de proteção semelhantes à da B19, mas por ser rugosa, previne a formação de anticorpos reagentes nos testes sorológicos de rotina e não interfere no diagnóstico sorológico (SOLA et al., 2014).

Os programas de controle e erradicação são estruturados para a interrupção da cadeia de transmissão do agente, eliminando indivíduos infectados e no aumento do número de indivíduos resistentes na população. A vacinação é uma estratégia fundamental de controle, principalmente quando empregada com a utilização da vacina B19 em fêmeas jovens e a vacinação estratégica com RB51 em fêmeas com idade superior a oito meses, aumentando a cobertura vacinal e diminuindo a porcentagem de indivíduos suscetíveis, a taxa de abortos e a taxa de infecção (LAGE et al., 2008).

Os países adotantes de programas para controlar a brucelose, registraram queda nas taxas de incidência da doença humana, ressaltando que esse é o caminho para evitar a infecção (MATHIAS, 2008). No Brasil, estudos realizados demonstraram redução da soroprevalência da brucelose bovina, expondo que as ações recomendadas pelo PNCEBT têm contribuído para o controle da doença no país (AIRES et al., 2018).

O Estado de Santa Catarina teve excluída a obrigatoriedade da vacinação contra brucelose bovina, segundo dados de 2018 da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola - CIDASC, a prevalência nos rebanhos é de 0,912%, sendo considerado o Estado com menor prevalência conhecida no país, considerando a Instrução Normativa DSA nº 10, de três de março de 2017, que exclui a vacinação obrigatória aos estados com prevalência inferior a 2 %, sendo apenas utilizadas em rebanhos com foco de brucelose e utilizando a amostra RB51. A vacinação com a amostra B19 é proibida no Estado.

Destaca-se também a necessidade de programas de educação sanitária para conscientizar os produtores a respeito dos impactos que a doença acarreta para a saúde animal e saúde humana. Além disso, é fundamental a fiscalização para que produtores testem os animais de reprodução antes de introduzi-los nas propriedades. A conscientização é de grande valia na implementação de um programa de controle de brucelose em um rebanho, pois somente com envolvimento dos que manejam animais e com o efetivo empenho no controle da doença, será alcançado o sucesso do programa.

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3 A BRUCELOSE BOVINA NA REGIÃO DE CURITIBANOS: APRESENTAÇÃO DE CASOS E DISCUSSÃO

A economia do município de Curitibanos, Santa Catarina, baseia-se na agricultura, comércio e indústria. Segundo dados cadastrais, o município conta com um rebanho bovino de aproximadamente 32.565 cabeças de bovinos, sendo de 1.429 o número de vacas ordenhadas (IBGE, 2017).

Após a implantação do programa nacional PNCEBT iniciou-se os trabalhos direcionados para o controle da enfermidade, através da habilitação de médicos veterinários para realização dos exames e acompanhamento para saneamento das propriedades identificadas com animais positivos para brucelose. Sendo assim, este trabalho traz uma análise dos dados armazenados pela defesa sanitária animal (CIDASC) e pelos Médicos Veterinários habilitados no programa nacional que realizaram um acompanhamento in loco para saneamento dos focos identificados na área de sua abrangência.

No município, recentemente existiram focos da doença em propriedades de bovinos com aptidão para leite ou aptidão mista (tanto para carne como para leite). Durante o período de setembro de 2016 e agosto de 2019, foram identificadas cinco proprieda des com focos de brucelose no município de Curitibanos e duas em Frei Rogério, totalizando cerca de 50 amostras positivas durante este período. O protocolo de testes foi composto pela triagem com o teste do antígeno acidificado tamponado, seguida do reteste dos positivos com o teste do 2-mercaptoetanol, de acordo com as recomendações do PNCEBT (Brasil, 2006).

Do que se tem datados, no ano de 2016, duas propriedades (Propriedade 1 e 2) distintas, porém da mesma localidade denominada Pocinho, em Curitibanos, obtiveram casos positivos ao serem realizados exames com finalidade de participação de evento agropecuário.

Propriedade 1: No primeiro exame, do mês de setembro, de 20 amostras de soro coletadas de fêmeas, 15 obtiveram resultado positivo e cinco inconclusivos no AAT. Posteriormente, no mês de março de 2017, realizou-se nova coleta de amostra do rebanho total, com 89 animais, destes, seis foram positivas no teste confirmatório. Por fim, em agosto de 2017, efetuou-se o exame novamente em todo o rebanho presente, não apresentando casos positivos, encerrando o foco após a vacinação de fêmeas seguindo o PNCEBT.

Propriedade 2: A segunda propriedade pertencente à localidade observou-se duas fêmeas positivas com mais de 60 meses no exame realizado em setembro de 2016. Em

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outubro, no reteste, de sete animais amostrados, houve três positivos, dois inconclusivos e dois negativos no teste diagnóstico.

No ano de 2017, duas propriedades (Propriedade 3 e 4) pertencentes a um mesmo proprietário, obtiveram casos positivos ao serem realizados exames também para participação de evento agropecuário.

Propriedades 3 e 4: O foco de brucelose deu-se na localidade Butiá, em fevereiro de 2017, na qual seis animais testados, duas fêmeas foram reagentes e quatro não reagentes. Em setembro do mesmo ano, duas fêmeas amostradas tiveram como resultados positivos. Na ultima amostragem realizada no rebanho, de um total de 51 animais, nenhum se mostrou positivo. O mesmo produtor destinou animais para sua outra propriedade na localidade de Guarda Mor, sendo assim em setembro de 2017, diagnosticou -se uma fêmea com mais de 60 meses positiva. Em outubro, realizou-se novo exame de dois animais, sendo um positivo e outro resultado inconclusivo, e em outro exame, de duas fêmeas, tendo como resultados uma amostra negativa e outra inconclusiva.

Já em 2018, apenas um foco foi detectado (Propriedade 5) através do exame de triagem em localidade de Curitibanos.

Propriedade 5: 21 amostras testadas, duas deram reagentes. Realizado exame confirmatório para monitoramento em agosto de 2019, onde dos 21 animais, não houve animais reagentes.

No município de Frei Rogério, que faz divisa com Curitibanos, ocorreram focos em duas propriedades (Propriedade 6 e 7) no ano de 2019.

Propriedade 6: Em abril de 2019, de duas amostras solicitadas, uma fêmea com mais de 60 meses apresentava-se positiva para brucelose, a qual foi destinada para abate sanitário.

Propriedade 7: Em março de 2019 três amostras de fêmeas com mais de 60 meses foram positivas, em outro exame, de 11 amostras, cinco foram positivas e outra de cinco fêmeas, quatro positivas. Em junho de 2019, realizou-se o teste em nove animais, totalidade do rebanho local, possuindo um reagente, destinado para abate conforme normativas do Programa Nacional.

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Tabela 1 - Número de testes realizados em propriedades com focos de Brucelose e número de amostras positivas de setembro de 2016 a agosto de 2019 na região de Curitibanos – SC.

Ano Nº Total de Amostras Coletadas Nº de Amostras Reagentes no AAT e 2-ME % de Amostras Positivas/Amostras Coletadas 2016 27 20 74,1 2017 150 10 6,7 2018 42 02 4,7 2019 28 14 50 TOTAL 247 46 18,6

Fonte: UVL CIDASC Curitibanos.

Em todos os focos apresentados, os testes para diagnóstico da brucelose foram realizados pelos Médicos Veterinários habilitados, com acompanhamento conforme as regras do PNCEBT. Após amostragem positiva nos testes, executou-se também o rastreamento da origem dos animais reagentes, através dos brincos de identificação.

Os animais reagentes positivos foram isolados do rebanho, afastados da produção leiteira e abatidos no prazo máximo de trinta dias após o diagnóstico, em estabelecimento com serviço de inspeção oficial. Estes animais, para chegar ao estabelecimento de abate, são acompanhados do Guia de Trânsito Animal (GTA), informando a condição de positivo.

Com a ocorrência de focos de brucelose, ás autoridades locais de saúde humana, no caso do município de Curitibanos a Secretaria de Saúde, foram oficialmente informados pelo serviço veterinário oficial, para realizar o acompanhamento das pessoas presentes na propriedade em questão. Devido às características da doença, muitos casos não são identificados em razão de diagnósticos imprecisos, diante disso, é de extrema importância realizar a investigação epidemiológica e sanitária, para avaliar uma possível vinculação e exposição no ambiente de trabalho, além do consumo de alimentos lácteos sem tratamento térmico adequado. Os testes laboratoriais são necessários para confirmar o diagnóstico da doença em humanos, sendo utilizados métodos de análise como a cultura da bactéria, sorologia e PCR. Neste caso, é fundamental a realização do exame de sangue.

Para completar o saneamento do estabelecimento de criação com foco de brucelose, realizou-se testes confirmatórios (2-ME) do rebanho para diagnóstico de brucelose, num intervalo de trinta a noventa dias, sendo que o primeiro deve ser realizado em até noventa dias

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do abate sanitário dos positivos. O saneamento da propriedade termina quando se obtém um teste de rebanho negativo, e o serviço veterinário oficial deve acompanhar todo o processo de saneamento. Também, considerando o disposto na Instrução Normativa nº 10 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA (2017), recomenda-se a vacinação de fêmeas bovinas com idade superior a três meses, utilizando vacina não indutora de anticorpos aglutinantes (RB51) no estabelecimento de criação com foco de brucelose, e todas as fêmeas com idade igual ou superior a oito meses devem ser submetidas previamente aos testes diagnósticos e obterem resultados negativo, já fêmeas com idade entre três e sete meses ficam dispensadas de apresentar resultado negativo para ser realizada a vacinação. Sendo proibida a vacinação de bovinos e bubalinos machos de qualquer idade.

Através do FUNDESA – Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal, administrado pela Secretaria de Agricultura, é realizado o envio de documentação dos produtores em questão, para que ocorra a indenização dos bovinos positivos, possibilitando um custo parcial dos prejuízos causados pela entrada da enfermidade nas propriedades e possibilitando a reposição de animais, para continuidade da produção. Os valores indenizados são calculados com base nos preços que os frigoríficos pagam pelo abate dos animais sadios.

A educação sanitária, também prevista no PNCEBT, é de extrema importância, assim como realizar pesquisas na área próxima da ocorrência do foco, em propriedades vizinhas e ou que possuem alguma relação. Nesse acompanhamento é feita a orientação com respeito à desinfecção e sua importância, assim como dos melhores desinfetantes e seus usos, conforme descritos na Figura 1.

Figura 1 – Desinfetantes utilizados em casos de brucelose bovina.

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Com o decorrer dos anos, a expectativa é que ocorra o aumento no número de testes realizados e de propriedades que estão aderindo os testes para aquisição de animais, devendo-se relacionar a maior exigência por parte da Defesa Sanitária Animal, através da cobrança dos testes na emissão de documentos para transporte de animais e na conscientização da população, evoluindo no controle e visando a erradicação da doença.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a avaliação de trabalhos e pesquisas, tratando-se da brucelose bovina, com a implantação do Programa Nacional - PNCEBT, direcionado aos rebanhos bovinos e bubalinos, o Brasil deu um importante passo para combater a brucelose animal, possuindo grandes expectativas para evolução do programa, até atingir o objetivo de erradicar esta enfermidade e os prejuízos causados para a lucratividade na produção e economia do país, bem como para a saúde animal e a saúde pública.

As interações realizadas entre os serviços de fiscalização, defesa sanitária animal, juntamente com o serviço dos Médicos Veterinários habilitados na execução dos testes diagnósticos, são essenciais para o início do controle. Além do mais, deve existir uma interação com os produtores, empresas de laticínios e indústrias de beneficiamento, também fortalecendo os fundos para indenizações, com intuito de auxiliar na reposição de animais submetidos ao abate sanitário nos plantéis.

A importância da brucelose bovina, por estar relacionada diretamente com a economia, através do seu controle e a erradicação, aumenta-se o ciclo produtivo na pecuária bovina, além da maior garantia de qualidade dos produtos obtidos e incrementando a lucratividade da pecuária brasileira.

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REFERÊNCIAS

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