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Uma visão de profissionais de contabilidade sobre [capital intelectual

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Uma visão de profissionais

de contabilidade sobre

capital intelectual

[

Este artigo propõe uma abordagem – em torno de percepções de

Profissionais de Contabilidade – sobre aspectos relacionados com o

Capital Intelectual. Analisam-se dois grupos de profissionais que atuam

diretamente nas empresas como funcionários e outros que atuam em

escritórios prestando serviços de contabilidade. Identificam-se, também,

graus de convergência/divergência, verificados entre os grupos, com

relação ao nível de entendimento sobre o assunto. O resultado da

pesquisa revelou que, apesar de o assunto ser amplamente divulgado

por meio de publicações e produções científicas, os contadores

ainda não possuem uma percepção consistente sobre o tema, o

que inviabiliza, de certa forma, a aplicabilidade desses conceitos e

informações em sua rotina de trabalho. Revelou também que os dois

grupos possuem uma percepção congruente sobre o assunto.

Silvana Cândido de Lucena*

* Graduada em Ciências Contábeis e pós-graduada em Controladoria Empresarial, ambas pela UFPE. Atual-mente trabalha no Abn Amro Real (banco privado).

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Introdução

É crescente a discussão sobre os rumos que as organizações estão tomando quando o assunto é reco-nhecer, investir e reter seu Capital In-telectual e, sobretudo, seu potencial humano ou people business, como normalmente são conhecidos no mundo dos negócios. A globalização e, principalmente, a concorrência daí advinda vêm fazendo com que as empresas reconheçam o conheci-mento como um ativo corporativo, que é fundamental no processo de geração da riqueza.

O tema Capital Intelectual já é bas-tante explorado por livros, periódicos e artigos que, em sua grande parte, abordam a questão de forma crítica, enfatizando a necessidade de divulgá-lo e mensurá-divulgá-lo tendo em vista tratar-se de informação de grande importância para uma gestão comprometida com a sustentabilidade da organização.

Considerando o tema em ques-tão e a relevância da Contabilidade enquanto ciência, assim como sua importância como instrumento de apoio para os administradores no processo de tomada de decisão, sur-giu o interesse de identificar o nível de compreensão que os profissionais graduados em Contabilidade têm so-bre os conceitos de Capital Intelectual e até que ponto tais conceitos fazem parte de sua realidade profissional.

Foram considerados dois pressupos-tos: em primeiro lugar, a idéia de que os profissionais de Contabilidade que atuam diretamente em empresas são mais cobrados no que diz respeito a uma atuação intensiva para aplicar, no seu cotidiano, os conceitos que são pertinentes ao tema Capital In-telectual. Tal observação se prende a algumas evidências relacionadas com o desafio da gestão do conhecimento em empresas de porte maior, no caso aquelas que mantêm contadores em seus quadros, porque necessitam atu-ar em um mercado mais competitivo e em mercados internacionais. Em segundo lugar, os profissionais de Contabilidade que prestam serviços em escritórios o fazem para empresas de pequeno e médio porte e atendem a necessidades de regularidade fiscal, na sua maior parte. No caso, as preo-cupações com os conceitos de Capital

Intelectual não fariam parte desse provável universo de atuação.

Tratou-se de pesquisa empírica com amostra intencional e do tipo não probabilística. Foram aplicados 54 questionários a contadores atuantes em escritórios de contabilidade e empresas, todos no município de Recife, estado de Pernambuco, no ano de 2004. Para viabilizar a coleta de dados, parte dos questionários foi pessoalmente aplicada a contadores/ alunos do curso de pós-graduação da UFPE e outra parte da entrevista foi feita por telefone e e-mail. Os dados recolhidos foram trabalhados estatisticamente mediante utilização do software SPSS – Statistical Packa-ge for the Social Science 11.0. Para a comparação entre os grupos, foi utilizado o teste não paramétrico U de Mann-Whitney, e para o teste estatístico foi considerado um nível de significância de 5%.

Desenvolvimento

Antes de divulgar, propriamente, os resultados da pesquisa, faz-se neces-sária uma breve análise do referencial teórico sobre Capital Intelectual.

Um breve histórico sobre o

Capital Intelectual

No século XVIII, estudiosos como Welllian Farr, Ernest Engel e Theodor Wiltstein foram os primeiros a definir o ser humano como um bem de capital. Porém, foi a partir de 1991, com a pu-blicação do artigo de Thomas Stewart, na revista Fortune, que o assunto foi tratado, pela primeira vez, de forma a evidenciar o valor de um funcionário e o reconhecimento do que fazia.

Do ponto de vista histórico, afirma Gomes (2003, p.60-61) que existem

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três origens que marcaram a evolução do pensamento a respeito da Gestão de Capital Intelectual iniciada nas últimas décadas do século XX. Primei-ramente, com o trabalho pioneiro de Hiroyntei Itami, que em 1980 publicou estudo sobre os efeitos dos ativos invisí-veis na administração de organizações japonesas. No segundo momento, destaca-se o “trabalho de um grupo de economistas (Penrose, Rumelt, Wernefelt e outros) que buscavam uma visão diferente sobre a teoria da firma, tendo sido compilada por Teece (1986), no artigo seminal Profiting from technological innovation”. E, no terceiro momento, destaca-se o traba-lho de Sveiby (1986) que evidenciou a forma de controle e gerenciamento necessário às organizações em que sua produção estava baseada no conheci-mento e criatividade.

Leif Edvinsson, diretor intelectual da Skandia (companhia global de serviços financeiros), percebeu em estudo que o conhecimento e a especialização careciam de coordenação, compreen-são e administração. Identificou que todo conhecimento que circulava na empresa não era captado nem empre-gado de forma a agregar valor.

Assim, pode-se dizer que o marco histórico do Capital Intelectual se deu com a percepção sobre a neces-sidade de identificar o potencial intelectual dos funcionários como sendo a base para potencializar os demais ativos intangíveis, oti-mizando, assim, toda a estrutura empresarial. Dá-se início, então, a uma nova visão sobre o potencial desses ativos ocultos fundamentais do ponto de vista es-tratégico e de sustenta-bilidade para os negó-cios das organizações.

Capital Intelectual –

Conceitos e estrutura

O conceito de Capital Intelectual envolve toda a organização, na medida em que evidencia aspectos estruturais, de relacionamento com clientes e fornecedores, tecnológi-cos e de capacidade intelectual dos funcionários, os quais em conjunto se caracterizam como o Capital Inte-lectual da empresa.

Foi inicialmente por meio de estudo empírico realizado na empresa em que atuava que Edvinsson (1998, p.40) elaborou a primeira definição de Capital Intelectual como sendo “a posse de conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relacionamento com cliente e ha-bilidades profissionais que propor-cionem à empresa uma vantagem competitiva no mercado”.

Brooking (1996, p.12-13, apud Antunes, 2002, p.78) “define Capital

Intelectual como uma combinação de ativos intangíveis fruto das mu-danças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as empresas e que capacitam seu funcionamento”.

Esses ativos intangíveis, ocultos e invisíveis podem assumir algumas formas. Para Edvinsson (1998), compõem-se de três formas básicas: Capital Humano, representado pela capacidade, conhecimento, habili-dade e experiência dos funcionários e gerentes, bem como a sua capa-cidade de criar e inovar dentro das organizações; Capital Estrutural, que inclui fatores como a qualidade e o alcance dos sistemas informatizados, a imagem da empresa, os bancos de dados, a documentação, os conceitos organizacionais, marcas e patentes; e Capital de Clientes, que evidencia a solidez e lealdade dos clientes à orga-nização agregando valor monetário.

Sveiby (1998) também classifica os ativos do conhecimento em três cate-gorias: Competência do Funcionário, que “envolve a capacidade de agir em diversas situações para criar tanto ativos tangíveis como intangíveis”; Estrutura Interna, que “inclui

paten-tes, conceitos, modelos e sistema de administração e de computa-dores”; e Estrutura Externa, que envolve “relações com clientes e fornecedores, bem como marcas, marcas registradas e a reputação ou a imagem da empresa”.

Do ponto de vista estrutural, o Capital Intelectual, como visto, en-volve não só o aspecto de capacidade intelectual do funcionário (conheci-mento, habilidade, criatividade), mas outros aspectos relevantes, tais como: relacionamento dentro da organiza-ção; relacionamento com clientes, fornecedores e sociedade; estrutura tecnológica que viabilize a captação e

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distribuição eficiente das informações: banco de dados; e tudo ou mais que agregue valor à organização.

Alguns aspectos do goodwill

e sua relação com o Capital

Intelectual

Segundo Manobe (1986, p.51 apud Antunes, 2000, p.83-84) “a primeira aparição do goodwill foi vinculada a terra [em 1571] e, gradativamente, foi sendo relacionado ao comércio, à atividade industrial, à fidelidade da clientela, à localização privilegiada, à personalidade dos proprietários, a processos industriais, a conexões financeiras e a staffs eficientes”.

Estudos mais aprofundados sur-giram desde então, contudo, afirma Schmidt e Santos (2003, p.39) que a evolução do goodwill acompanhou os avanços da humanidade na área econômica, que atualmente eviden-cia a tecnologia da informação e o conhecimento aplicado ao trabalho como base para agregar valor.

Manobe (1986, p.57 apud Gomes, 2003 p.56) evidencia que:

O goodwill, em sua natureza, é um valor decorrente da expectativa de lucros futuros e da contribuição atribuível aos ativos não identifica-dos e/ou não contabilizaidentifica-dos pela empresa, bem como a subavalia-ção dos ativos e até métodos de

mensuração. É um valor residual atribuível entre outros fatores à existência de administração eficien-te, processos industriais e patentes próprios, localização ótima, recursos humanos excelentes, efetividade da propaganda e condições financeiras privilegiadas e do grau de sinergia, fatores importantes para a empresa, mas não contemplados pela conta-bilidade, em função da dificuldade de sua mensuração. Acabam todos incorporados ao valor do goodwill quando a empresa é vendida.

O entendimento do goodwill em todos os seus aspectos é desafiador para a Teoria da Contabilidade. Sch-midt e Santos (2003, p.37) observam que, até hoje, estudiosos como Can-ning, Bedford e Martins buscam uma definição exata para o goodwill. Para o autor, esse fato ocorre porque o valor do goodwill está intimamente relacionado a outros intangíveis, existindo uma tênue linha que o separa dos intangíveis.

Martins (1972, p.59 apud Gomes, 2003, p.55) evidencia que, no concei-to do goodwill, “encontram-se inse-ridos os fatores que favorecem o seu surgimento, e que são determinantes para que uma entidade tenha lucros futuros além da soma dos valores de seus ativos líquidos”.

Observa-se, então, que vários desses fatores responsáveis pela

for-mação do goodwill, também são res-ponsáveis pela formação do capital intelectual, tendo em vista fazerem parte do mesmo fenômeno, ou seja, os fatores que identificam a existência de um valor a mais na organização e que integram o capital intelectual já estavam integrados no goodwill. Assim, o conceito de goodwill incor-pora o conceito de capital intelectual. Ambos surpreendem as expectativas de lucros futuros, porém não perce-bidos pela contabilidade.

Relevância da mensuração

do Capital Intelectual

A publicação de relatórios in-formando sobre a mensuração do Capital Intelectual torna-se bastante relevante à medida que possibilita um gerenciamento eficiente da empresa, bem como divulgação de seu valor para usuários externos, principalmen-te os acionistas e a sociedade.

Antunes (2000, p.122-124) faz algumas considerações importantes sobre os relatórios de Capital Inte-lectual, que, na sua opinião, devem ser abordados sob dois aspectos: o gerencial, focalizado do ponto de vista interno da organização; e o externo à organização, visto sob a ótica do usuário externo.

Do ponto de vista gerencial, afirma a autora que, inicialmente, o Capital

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Intelectual, por não ser evidenciado nos relatórios, pode comprometer o planejamento estratégico da orga-nização à medida que não informa sobre a existência, ou não, dos ativos do conhecimento. Já a gestão do Capital Estrutural possibilitaria um acompanhamento eficiente sobre o processo de desenvolvimento de novos produtos, possibilitando uma maior vantagem competitiva, bem como identificaria novos e neces-sários investimentos em tecnologia. Informações a respeito do Capital Humano são relevantes à proporção que identificam talentos potenciais, evitando, assim, que sejam desliga-dos da empresa, além de possibilitar uma melhor decisão quanto à neces-sidade de treinamento, levando em consideração o perfil do funcionário, procedendo à avaliação posterior a fim de mensurar os benefícios trazi-dos. E, por fim, os clientes, que, de certa forma, funcionam como um termômetro capaz de medir as con-dições atuais e futuras da empresa quando relacionadas a esse foco.

Do ponto de vista externo à orga-nização, a autora faz as seguintes observações:

- os relatórios, contendo os in-dicadores do Capital Intelectual, são subsídios valiosos para os analistas e financiadores, pela projeção da futura capacidade de a empresa gerar caixa;

- para os acionistas, por sua vez, esses relatórios são de fundamental importância, por-que, fazendo uso das palavras de Edvinsson, “eles mostram o valor oculto das organizações”, o qual não está aparente nas Demonstrações Contábeis. (Res-salta-se o aspecto complementar às Demonstrações Contábeis). Os acionistas podem ter, igual-mente, a posição do momento e a visão de futuro, ou seja, as tendências apresentadas pela empresa;

- sua divulgação pode explicar a di-ferença entre o valor contábil e o de mercado de uma entidade, mesmo não sendo de forma objetiva. Em suma, as informações dos re-latórios de Capital Intelectual são indicadores importantes, na medida em que evidenciam o potencial real da organização no curto e longo pra-zo. Além disso, possibilita à entidade acompanhar, estrategicamente, as mudanças econômico-sociais, possi-bilitando adaptar-se a elas.

Divulgação e análise do

resultado da pesquisa

Um questionário composto de 14 perguntas foi aplicado a cada entrevistado. Esse questionário foi

> A publicação de relatórios informando sobre a mensuração

do Capital Intelectual torna-se bastante relevante à medida

que possibilita um gerenciamento eficiente da empresa,

bem como divulgação de seu valor para usuários externos,

principalmente os acionistas e a sociedade.

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dividido em 3 etapas. A primeira delas foi composta de três perguntas que tiveram como objetivo identificar o perfil dos entrevistados quanto ao sexo, nível de escolaridade e tempo de função. Na segunda etapa, o objetivo foi identificar a percepção inicial que os participantes tinham sobre o tema. Na terceira etapa, foram elaboradas perguntas mais focadas na identificação do nível de conhecimento que os participantes tinham sobre o conceito de Capital Intelectual e sua relação com o coti-diano desses profissionais.

Para cada questão, foi elaborado um gráfico, contudo serão evidencia-dos, neste artigo, apenas os gráficos

mais relevantes da pesquisa. Foram entrevistados homens e mu-lheres atuantes em escritórios de con-tabilidade e empresas privadas, com escolaridade em nível de graduação (a maioria) e pós-graduação. A maior parcela dos contadores atuantes nas empresas tinham até 5 anos de atu-ação na área, enquanto os atuantes nos escritórios de contabilidade pos-suíam, em sua maioria, mais de 10 anos de atuação profissional.

O resultado da pesquisa evidencia que, dos 54 entrevistados, grande parte já ouviu falar ou mesmo já leu sobre Capital Intelectual e considera que a literatura existente aborda o assunto de forma clara. Contudo, o

entendimento sobre o real conceito de Capital Intelectual está sendo percebido de forma equivocada; é o que mostra o gráfico 1 composição do Capital Intelectual.

Como já observado no referencial teórico, o Capital Intelectual com-põe-se do Capital Humano, Capital Estrutural e Capital de Cliente.

Observa-se que os grupos con-vergem para uma mesma direção a respeito do entendimento da compo-sição do Capital Intelectual. Contudo, pode-se perceber que os contadores de escritório possuem uma percep-ção mais adequada sobre o assunto se comparados aos contadores de empresas, cuja maior parte afirmou

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que o Capital Intelectual é composto praticamente por Capital Humano.

Esse resultado pode ser justifica-do ao levar em consideração, após apreciação da teoria a respeito do assunto, que Capital Intelectual e Capital Humano, por vezes, se con-fundem, sendo entendido como Ca-pital Intelectual somente aquele que deriva do conhecimento humano. A importância que o ser humano, possuidor do recurso fundamental do conhecimento, representa para as organizações, atualmente, pode conduzir a esse equívoco.

Nenhum dos grupos considerou Capital de Clientes na composição do Capital Intelectual, o que não está correto, uma vez que os clientes e fornecedores representam elo impor-tante de relacionamento com as em-presas, os quais podem ser facilmente

identificados quando observados por meio de indicadores, tais como ações, lucratividade por cliente, índices de retenção, entre outros.

Um outro dado importante a ser registrado se referiu à necessidade de mensuração do Capital Intelectual, ou seja, foi perguntado aos entrevistados se no dia-a-dia profissional eles eram questionados sobre a necessidade de mensuração do Capital Intelectual. Conforme o gráfico 2 os grupos responderam nunca terem recebido tal questionamento por parte de seus clientes e/ou empresas que atuam. Este resultado demonstra que ainda há um certo despreparo da classe empresarial quanto à importância gerencial das informações sobre os ativos intangíveis e o reflexo da sua subotimização em relação à quanti-dade de recurso intelectual utilizada. Essa carência de percepção sobre o

Gráfico 1 – Composição do Capital Intelectual

Gráfico 2 –

Demandas para mensuração do Capital Intelectual

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assunto pode levar a uma sustenta-bilidade artificial das empresas e, até mesmo, a sua estagnação e queda.

No que se refere à percepção dos ativos intangíveis e sua relação com o Capital Intelectual, foi perguntado aos grupos se Capital Intelectual é um conceito que identifica e agru-pa elementos intangíveis. A grande parte respondeu que sim. Porém, quando questionados se Goodwill e Capital Intelectual faziam parte do mesmo fenômeno, a maioria res-pondeu que sim, mas uma parcela significativa não opinou, e a outra parcela acredita que não fazem parte do mesmo fenômeno, conforme po-demos observar no gráfico 3.

Como já foi observado, Goodwill e Capital Intelectual fazem parte do mesmo fenômeno, uma vez que am-bos estão relacionados à capacidade

da empresa em gerar lucros. Porém, trata-se de conceitos e definições que envolvem ativos intangíveis e, por serem de difícil mensuração, muitas vezes se apresentam de forma bastante complexa, o que, em parte, pode justificar a falta de entendimen-to dos entrevistados.

Os entrevistados também foram questionados se a mensuração do Capital Intelectual era um procedi-mento padronizado pela Contabi-lidade e se esta divulgava, em suas demonstrações, tais informações. Tanto os contadores de escritórios quanto os contadores de empresas compartilham, em sua maioria, da mesma opinião (gráficos 4 e 5), ou seja, para eles a padronização da mensuração e a divulgação dos re-sultados pela Contabilidade deixam muito a desejar na elaboração de

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relatórios contábeis e gerenciais. Contudo, não se deve esquecer que a Ciência Contábil tem como principal objetivo permitir ao usuário avaliar a situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer inferências sobre suas tendências futuras. Entretanto, nem sempre as demonstrações contábeis dão esse suporte necessário, e a falta de padronização dos relatórios sobre Capital Intelectual dificulta ainda mais essa análise.

Considerações finais

Em relação aos dois pressupostos levantados no início da pesquisa rela-tivos ao fato de que os contadores de empresas possuem um maior

conheci-mento sobre Capital Intelectual do que seus colegas que atuam prestando serviços em escritórios, verificou-se que tais pressupostos não se confir-maram. Ou seja, há uma percepção congruente entre os dois grupos e, em alguns momentos – como observado no gráfico 1 –, os contadores de escri-tórios possuem até um conhecimento mais consistente a respeito do assunto se comparados aos contadores de empresas. Fator este que demonstra uma preocupação dos contadores de escritórios em manter-se informados sobre o assunto, seja para suprir uma necessidade de conhecimento requeri-da pela profissão ou até – por que não dizer – em razão de expectativas de atender a necessidades dos seus clien-tes, como, por exemplo, empresas voltadas para tecnologia, informática e também prestação de serviços.

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Por outro lado, a pesquisa eviden-ciou que os entrevistados têm uma noção sobre o que vem a ser Capital Intelectual, porém não há ainda uma percepção consistente a respeito de seu conceito e distinção de outros ativos intangíveis. Verificou, também, que é um assunto que, apesar de ser bastante divulgado nos meios de comunicação científica, ainda não faz parte do cotidiano e da realidade desses profissionais. Assim, observa-se a relevância dos resultados deste estu-do, que, de certa forma, propicia ele-mentos motivadores para o exercício de uma reflexão mais profunda sobre o assunto, ao mesmo tempo em que enfatiza a necessidade de tornar mais objetivos os estudos envolvendo a intangibilidade patrimonial, buscando evidenciar dados e informações que, na Era do Conhecimento, são indis-pensáveis para uma gestão saudável, competitiva e sustentável.

Gráfico 5 – Nível de Evidenciação de Informações sobre

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Referências

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