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DESIGN DE MODA COMO MEIO DE INOVAÇÃO SOCIAL

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Academic year: 2021

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DESIGN DE MODA COMO MEIO DE INOVAÇÃO SOCIAL

Research with participants and proponents of the Project Strengthen

Ferreira da Costa Teixeira, Camila; Mestre; Pontifícia Universidade Católica do Paraná, camifcosta@hotmail.com1 Kozlowski, Mariane; Estudante, Pontifícia Universidade Católica do Paraná,

nane.kozlowski@gmail.com2

Resumo: O Design de Moda como uma ferramenta de inovação social no Projeto Fortalecer de corte e costura para mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade social. A presente pesquisa apresenta as entrevistas com os participantes e proponentes do Projeto, suas realizações, desenvolvimento, conclusão e seu papel como motivador de inovação social.

Palavras chave: Design de Moda; Inovação Social; Sustentabilidade Social.

Abstract: Fashion Design as a tool of social innovation in Strengthening the cut and sewing for women who are in situation of social vulnerability. The present research presents the interviews with the participants and proponents of the project, its achievements, development, conclusion and its role as motivator of social innovation. Keywords: Fashion Design; Social Innovation; Social Sustainability.

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Mini currículo do primeiro autor.

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Introdução

A Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR têm como um de seus projetos estratégicos o Projeto Vizinhança, tendo como intuito atuar como agente de impacto positivo em seu território, organizando ações integradas em sua vizinhança. Principalmente na Vila Torres, conhecida por ser um território que se encontra em vulnerabilidade social. A população da Vila Torres é de aproximadamente 8 mil pessoas. Em 2014 existiam 1.344 famílias cadastradas no CadUnico3, em 83,77% dessas famílias a mulher é a responsável financeira pela família. Apenas 22% da população, com idade de trabalhar, estão inseridas formalmente no mercado de trabalho.

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CadUnico é um instrumento de coleta de dados e informações que objetiva identificar todas as famílias de baixa renda existentes no país para fins de inclusão em programas de assistência social e redistribuição de renda.

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3 Por meio destes dados, a partir de uma parceria entre o curso de Design de Moda e a Trilhas Incubadora Social Marista – Rede Marista de solidariedade criou-se o Projeto Fortalecer.

O Projeto Fortalecer teve como objetivo dar uma nova perspectiva de futuro para as mulheres moradoras da Vila Torres que se encontram em situação de vulnerabilidade social e extrema pobreza. Utilizando o design de moda como ferramenta de inovação social, o Projeto Fortalecer propôs a viabilização de um empreendimento econômico solidário, organizado sob forma de uma cooperativa de costureiras formada pelas moradoras da Vila Torres.

A pesquisa realizada tem caráter de Iniciação Científica e seu propósito é analisar e comprovar se o Design de Moda pode ser utilizado como ferramenta de inovação social. Baseando-se em referenciais teóricos sobre inovação social, sustentabilidade e design de moda, em entrevistas e acompanhamento das participantes e proponentes do Projeto Fortalecer Costura.

Sustentabilidade e Inovação social

O modo de vida capitalista instaurado na sociedade, levou o homem e o espaço em que vive a degradações, como o uso excessivo de recursos naturais e o desenvolvimento da desigualdade social. Isto indica o reconhecimento da necessidade de se definir limites entre produção e consumo para a melhoria da qualidade de vida nas questões sociais, ambientais e econômicas.

A partir desta realidade busca-se por novas alternativas, de uma sociedade mais sustentável em que possa suprir suas respectivas necessidades sem prejudicar as gerações futuras, buscando atender os três vieses da sustentabilidade: o social, o econômico e o ambiental.

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4 Para solucionar e inovar com ações em busca de melhorias surge o termo inovação social, surgido na década de 60 e sendo compreendido como uma nova estratégia organizacional, que busca uma solução mais efetiva do que as já existentes cujo o resultado visa beneficiar um grupo ou comunidade.

A inovação social não se caracteriza única e exclusivamente à solução de problemáticas, mas também como propulsora de novas oportunidades para as comunidades. O conceito de inovação social está integrado a sustentabilidade conforme enfatiza Pereira (2017, p. 38):

O termo inovação social, nada mais é que os três pilares da sustentabilidade: econômico, social e cultural, empregados na melhoria de uma determinada comunidade.

A inovação social pode surgir de maneira independente por membros da própria comunidade ou por um agente externo, este responsável denomina-se agente inovador. O agente inovador atua como mediador, tomando contato com o conceito de inovação, a sua aplicabilidade ao contexto e ao local, mobilizando recursos à introdução e adaptação, e promovendo reconhecimento social com intuito de satisfazer as necessidades por parte dos beneficiários.

Tendo em vista que a inovação social consiste em uma estratégia organizacional, pode-se apontar as metodologias projetuais do design como um propulsor para a inovação social. O design tem por objetivo nato projetar soluções, aperfeiçoa-las e reproduzi-las em diferentes contextos e conforme Manzini (2008, p. 16) afirma:

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5 Os designers podem ser parte da solução, justamente por serem os atores sociais que, mais do que quaisquer outros, lidam com as interações cotidianas dos seres humanos com seus artefatos. São precisamente tais interações, junto com as expectativas de bem-estar a elas associadas, que devem necessariamente mudar durante a transição rumo à sustentabilidade.

Por esta ser uma preocupação intrínseca ao design, os designers podem ser considerados grandes agentes inovadores pois possuem a habilidade de gerar visões de um sistema sustentável, organiza-las em um sistema de produtos e serviços regenerativos, e comunicar estas ideias para que sejam reconhecidas e avaliadas por um público capaz de aplica-las.

O papel do inovador social é plural e não individual, o agente propulsor nunca faz a inovação sozinho, ele inicia um estímulo que desencadeia uma mobilização de agentes sociais, tais como: governo, associações, empresas e a própria sociedade. Estes agentes formam uma rede de inovação social e assim surgem as comunidades criativas. Em resumo as comunidades criativas se definem por grupos de pessoas (agentes sociais) que organizam a inovação social e geram benefícios mútuos, sendo assim um sistema autossustentável em que a ação dos agentes é capaz de resultar em ganhos e garantir a manutenção das suas atividades dentro da comunidade.

Projeto Fortalecer Costura

O Projeto Fortalecer Costura teve como objetivo dar uma nova perspectiva de futuro para as mulheres moradoras da Vila Torres que se encontram em situação de vulnerabilidade social e extrema pobreza. Utilizando o design de moda

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6 como ferramenta de inovação social, o Projeto Fortalecer propôs a viabilização de um empreendimento econômico solidário, organizado sob forma de uma cooperativa de costureiras formada pelas moradoras da Vila Torres. Para isso foi necessário a capacitação delas na habilidade de corte e costura por meio do curso de Design de Moda da Escola de Arquitetura e Design – PUCPR nos anos de 2016 e 2017.

Entrevista com as proponentes e as participantes do Projeto Fortalecer Costura

O questionário desenvolvido para as proponentes tem perguntas mais específicas sobre o planejamento, a execução e os fundamentos que compõem o Projeto Fortalecer Costura. Para as participantes foi realizado um questionário que visava questões sobre suas expectativas e realizações dentro do Projeto Fortalecer. As entrevistas foram documentadas em vídeo e realizadas no laboratório de costura da PUCPR onde ocorreram as aulas de corte e costura do Projeto Fortalecer. As proponentes entrevistadas foram a professora Lilian Veiga, a professora Camila Teixeira, estas docentes do curso de Design de Moda, e as proponentes Lourença Santiago Ribeiro e Grasiele Modesto de Camargo, ambas representantes da Trilhas Incubadora Social Marista – Grupo Marista. Até o momento três participantes do Projeto Fortalecer foram entrevistadas, do total de 12 participantes, que foram: Dona Maria, a Dona Auzira e a Luciane.

A seguir alguns trechos de comentários importantes sobre as entrevistas realizadas. Conforme a Professora do Curso de Design de Moda, Lilian Veiga

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7 (2017) afirma tiveram algumas dificuldades especificamente em relação as aulas de corte e costura:

A gente sentiu a dificuldade delas em trabalhar nessa máquina industrial que é mais rápida e na questão da modelagem porque a gente usa muita matemática... A gente sentiu dificuldade nessa parte da técnica com elas.

A respeito do compromisso que a Trilhas Incubadora Social Marista – Grupo Marista tem para com a comunidade, Lilian Veiga (2017) afirma que o Projeto Fortalecer cumpre a proposta do Grupo Marista em atuar como agente dentro da comunidade.

O Grupo Marista tem como missão ajudar a comunidade de diversas formas e eu acho que o Fortalecer é um ponto bem positivo, acho que a gente vem colaborando bastante. Tem outros projetos junto ao Projeto Fortalecer, mas eu acho que o nosso da modelagem e costura vem traçando bem a missão que o grupo marista quer, que é ajudar a comunidade. A gente deu no caso um instrumento, uma técnica, nós mostramos como fazer a modelagem e a costura, elas aprenderam a fazer, elas conseguiram o espaço para trabalhar, então hoje elas têm o espaço para trabalhar e a técnica para poderem usar e com isso hoje elas têm uma fonte de renda.

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8 Fonte: vídeo documentado.

Para Manzini (2011) o design “não se trata somente de aplicar novas possibilidades tecnológicas ou produtivas específicas, mas de promover novos critérios de qualidade que sejam ao mesmo tempo sustentáveis para o ambiente, socialmente e culturalmente atraentes ” E por isso pode ser utilizado como um meio de inovação social. Segundo essa citação, Camila Teixeira (2017), outra proponente do Projeto Fortalecer e também Professora do Curso de Design de Moda, afirma que a Moda pode ser utilizada como ferramenta de inovação social:

Com certeza. Eu acho que isso é uma coisa que a gente atingiu, no sentido de os conhecimentos de Design de Moda serem aplicados inovando socialmente no sentido de estar unindo essas pessoas para desenvolver uma cooperativa, e pensando durante dois anos em que elas estiveram aqui, conosco aqui na PUC, semanalmente, frequentando esse curso, com certeza por meio de técnicas do Design de Moda nós estamos inovando socialmente para o desenvolvimento da cooperativa

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9 Fonte: vídeo documentado.

As participantes do Projeto Fortalecer que foram entrevistadas são a Dona Maria, a Dona Auzira e a Luciane. Elas tiveram experiências muito positivas de acordo com a entrevista. Para Dona Maria (2017) o aprendizado de corte e costura trouxe uma visão de coletividade:

Antes eu tinha vontade de aprender corte e costura, para eu trabalhar mesmo em casa e agora é tanto para mim quanto para as pessoas que precisam, para ajudar.

Em relação a mudanças ou melhorias que poderiam ser feitas dentro do Projeto Fortalecer, Dona Maria (2017) diz que queria ter tido mais tempo para aprender mais sobre a técnica de corte e costura.

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10 Eu queria que fosse mais aprofundado... para mim não foi tão aprofundado do jeito que eu queria... A gente ainda tem dúvidas, gostaria de mais aulas.

Dona Maria, 2017.

Fonte: vídeo documentado.

Na entrevista com Dona Auzira (2017), ela relata como o Projeto Fortalecer lhe trouxe uma nova perspectiva de vida:

Antes a única coisa que tinha para fazer era cuidar dos netos, aí agora que eu vim fazer o curso eu estou na expectativa de trabalhar e de fazer um serviço muito legal no dia a dia.

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11 Fonte: vídeo documentado.

A terceira entrevistada é a participante mais nova e que já possuía a habilidade de corte e costura por meio de um projeto do CRAS4 dentro da comunidade, que mais tarde acabou sendo interrompido. Luciane (2017) conta como deslumbrou a oportunidade do Projeto Fortalecer para melhorar a técnica e a ideia de formar uma cooperativa foi instigante, pois teria a oportunidade de colocar em prática seu aprendizado e ter uma carreira:

O Projeto era montar uma cooperativa e eu me interessei porque eu já trabalhava sozinha, costurava sozinha, e eu queria trabalhar em equipe... a cooperativa vai trazer renda, trabalho para muita gente que está desempregada.

Luciane, 2017.

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CRAS é uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social sendo responsável pela organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos municípios e DF.

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12 Fonte: vídeos documentados.

Considerações Finais

Com a conclusão do curso no final de 2017, foi inaugurada a Cooperativa Nós, formada pelas participantes do Projeto Fortalecer com o apoio da PUCPR e da Trilhas Incubadora Social Marista. Em relação aos depoimentos das participantes e das proponentes, o Projeto Fortalecer Costura apesar de alguns desafios cumpriu seu objetivo e deu uma nova perspectiva de vida as mulheres residentes da Vila Torres.

De acordo com o referencial teórico apresentado e as entrevistas realizadas, o design de moda inovou socialmente pois qualificou tecnicamente e oportunizou para o mercado de trabalho as participantes do Projeto Fortalecer, exercendo as habilidades adquiridas dentro da Cooperativa Nós.

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13 ANA MERY SEHBE DE CARLI E BERNARDETE LENITA SUSIN. Moda, sustentabilidade e emergências. Educs 292 ISBN 9788570616623.

BERLIM, Lilyan. Moda e Sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo, Estação das Letras e Cores, 2012.

BORGES, A. Design + Artesanato: O Caminho Brasileiro. São Paulo: Terceiro Nome, 2011.

FLETCHER, Kate; GROSE, Lynda. Moda & sustentabilidade: design para mudança. São Paulo: SENAC São Paulo, 2011.

GWILT, Alison. Moda Sustentável. Um Guia Prático. São Paulo: Gustavo Gili Brasil, 2015.

JONES, Sue, J. Fashion Design: manual do estilista. São Paulo: editora COSAC NAIF, 2005.

LEE, Matilda. Eco chic: o guia de moda ética para a consumidora consciente. 1. ed. São Paulo: Larousse, 2009.

LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia de Bolso, 2009.

LOURES, Rodrigo C. Da Rocha. Sustentabilidade XXI: educar e inovar sob uma nova consciência. São Paulo, Gente, 2009.

MANZINI, Ezio. Design para Inovação Social e sustentabilidade: comunidades criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. [Coordenação de tradução Carla Cipolla; equipe Elisa Sapampinato, Aline Lys Silva]. Rio de Janeiro: E-papaers, 2008 (Cadernos do Grupo de Altos Estudos; v.1- Programa de Engenharia de Produção da Coope/UFRJ)

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14 MANZINI, Ezio; VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis. São Paulo, EDUSP, 2011.

PEREIRA, C. M. et al. Design, inovação social e sustentabilidade: o com conceito De Comunidades Criativas em Nova Lima – MG. Janus, Lorena. n. 21, Jan-Jun, 2015. Disponível em: < http://fatea.br/seer/index.php/janus/article/view/1549/1188>

SALCEDO, Elena. Moda ética para um futuro sustentável. São Paulo: G. Gili, 2014.

Referências

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