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O REGIME JURÍDICO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS E OS CENTROS URBANOS ANTIGOS

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2as Jornadas de Segurança aos Incêndios Urbanos Universidade de Coimbra- Portugal – 3 de Junho de 2011

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O REGIME JURÍDICO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS E OS

CENTROS URBANOS ANTIGOS

Irene Ruiz Mealha‡

Chefe da DSCI SRPCBA, Portugal. João Paulo C. Rodrigues Professor, Universidade de Coimbra, Portugal.

António Leça Coelho

Investigador LNEC, Portugal.

SUMÁRIO

Esta comunicação pretende salientar os constrangimentos que a publicação do Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios veio introduzir na implementação das medidas de segurança contra incêndio em edifícios localizados em Centros Urbanos Antigos (CUA). Deste modo, apresenta-se uma metodologia de trabalho que poderá servir de base para o desenvolvimento de plataformas no âmbito municipal. De forma a obter um valor de risco admissível, no geral, foram necessárias garantir a resistência ao fogo dos elementos de compartimentação, instalação de extintores portáteis e a formação das pessoas.

Palavras-chave: regulamentação, segurança, CUA, risco, incêndio.

1. INTRODUÇÃO

O Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (RJSCIE) e respectivo Regulamento Técnico (RTSCIE), publicados pelo Decreto-lei n.º 220/2008 [1], de 12 de Novembro, e pela Portaria n.º 1532/2008 [2], de 29 de Dezembro, introduziram alterações significativas nos procedimentos de verificação das medidas de segurança contra incêndio em edifícios (SCIE), por parte das entidades competentes, bem como na aplicação dos aspectos técnicos.

A aplicação das medidas de SCIE nas edificações está então dependente da classificação estabelecida nos termos legais no que respeita à utilização-tipo e respectiva categoria de risco.

Um dos principais objectivos do RJSCIE é a uniformização dos critérios de aplicação das medidas de SCIE aos edifícios, pelo que procedeu à revogação dos diplomas anteriores sobre a matéria.

As “Medidas Cautelares de Segurança contra Riscos de Incêndio em Centros Urbanos Antigos”, publicado pelo Decreto-lei n.º 426/89 [3], de 6 de Dezembro, foram, desta feita, revogadas.

O RJSCIE prevê que nos casos em que o “cumprimento das normas de segurança contra incêndios nos imóveis classificados se revele lesivo dos mesmos ou sejam de concretização manifestamente desproporcionadas são

Irene R. Mealha – Divisão de Segurara Contra Incêndios. Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores. Vale de Linhares, São Bento. 9700-241 Angra do Heroísmo.

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adoptadas as medidas de autoprotecção adequadas”. No entanto, a maioria das edificações dos Centros Urbanos Antigos (CUA) não são classificados, podendo no entanto, encontrar-se na zona de protecção destes e ter de obedecer aos requisitos impostos por tal condição.

Sendo assim, as edificações existentes que não sejam classificadas terão de obedecer aos requisitos legais do RTSCIE.

Por outro lado, o RJSCIE prevê que, para os edifícios em que as disposições regulamentares sejam desadequadas face às características de funcionamento e exploração, possam ser considerados de perigosidade atípica. Nestes casos, as soluções adoptadas terão de ser fundamentadas com base em análises de risco.

2. DESENVOLVIMENTO

Na grande maioria dos casos, os edifícios dos CUA são classificados nas utilizações-tipo (UT) I, VII e VIII (habitacionais, restauração e comerciais) das1ª e 2ª categorias de risco.

Nos casos em que as UT se classificam na 1ª categoria de risco de incêndio, o RJSCIE prevê que, para efeitos de licenciamento, seja remetida, juntamente com o Projecto de Arquitectura, uma Ficha de Segurança (FS). O objectivo da FS é a simplificação dos procedimentos administrativos. No entanto, nos termos do RJSCIE, caso o edifício sujeito à operação urbanística não obedeça a algum dos requisitos legais, o edifício não poderá sofrer uma reabilitação ou terá de ser sujeito a uma avaliação de risco de forma a ser enquadrado na perigosidade atípica.

Para além da simplificação dos procedimentos administrativos que a FS pretende introduzir, o RJSCIE estabelece que a fiscalização das medidas de SCIE das UT da 1ª categoria de risco é da competência das Câmaras Municipais.

Sendo assim, nos casos dos edifícios em CUA, esta simplificação fica comprometida, uma vez que terão de ser sujeitos a análises de risco e, consequentemente, sujeitos à apreciação das entidades competentes.

Por outro lado, tratando-se de edifícios de pequenas dimensões, a contratualização de técnicos que tenham conhecimento para a aplicação correcta das metodologias de avaliação de risco, implica uma acréscimo no custo da reabilitação que, que por vezes, não é comportável pelo requerente, inviabilizando a obra.

Uma das formas de obviar este constrangimento, mantendo, no entanto, quer as características únicas dos CUA quer o nível de segurança das edificações, será efectuar análises de risco para os CUA como um todo, uma vez que os edifícios dos CUA partilham, regra geral, de características construtivas muito semelhantes.

O estudo efectuado para Angra do Heroísmo exemplifica uma abordagem que permite tirar conclusões sobre as medidas de SCIE a implementar.

Deste modo, apresenta-se brevemente o estudo que foi realizado para Angra do Heroísmo, com base no Método de Gretener.

2.1 Amostragem

A zona classificada de Angra do Heroísmo tem uma área aproximada de 1 km2. Sendo assim, efectuou-se o levantamento de uma parte da cidade, que se considerou representativa, de 112 000 m2, que engloba cerca de 500 edifícios [4, 5 e 6].

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As plantas utilizadas foram as cartas aerofotogramétricas, cedidas pela Secretaria Regional da Habitação e Equipamentos, à escala 1:2000, ampliadas para 1:500, pelo que a margem de erro das medidas das dimensões dos edifícios deverá aproximar-se dos 20%.

Apesar de não haver uma planta pormenorizada dos edifícios da cidade, no âmbito do desenvolvimento do Plano de Pormenor da Zona Classificada de Angra do Heroísmo, a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo adjudicou a um gabinete a elaboração do mesmo. Esse plano inclui o levantamento arquitectónico da cidade, organizado numa base de dados cuja plataforma utilizada é o Access.

Os dois elementos mencionados foram a base de trabalho para o desenvolvimento da avaliação de riscos.

2.2 Método de Gretener

O método de Gretener foi seleccionado para efectuar a avaliação do risco de incêndio na cidade de Angra do Heroísmo.

Apesar de esta metodologia estar desactualizada face às características das edificações e de utilizar medidas de SCIE que por vezes não são reflectem a realidade do país, permite obter uma perspectiva generalista do grau de risco existente.

De forma a obter um valor de segurança contra incêndio (

J

), o valor do risco de incêndio efectivo (R) tem de ser comparado com o risco de incêndio admissível (Ru), pelo que o edifício em estudo terá condições de segurança contra incêndio satisfatórias caso o valor de

J

seja superior ou igual à unidade, de acordo com a metodologia descrita, Lemos e Cabrita Neves (1991) [5]. Ou seja:

1 t R Ru

J

(1)

A quantificação da possibilidade de ocorrência de um incêndio é estimada pelo perigo de activação A. Sendo assim, o risco de incêndio efectivo é obtido pela multiplicação do factor de exposição ao perigo B pelo perigo de activação A:

A

B

R

.

(2)

O valor obtido para o risco de incêndio efectivo será comparado com o risco de incêndio admissível (Ru). Este, por sua vez, é obtido fixando um valor máximo admissível, o “risco normal”, corrigido por um factor que introduz a perigosidade para os ocupantes do edifício.

Os parâmetros considerados para o cálculo do factor de exposição dividem-se em perigos potenciais e medidas de protecção, em que os primeiros intervêm num incêndio favorecendo-o e os segundos dificultando-o. Sendo assim, o factor de exposição é obtido pelo quociente entre o produto dos factores de perigos potenciais (P) e o produto das medidas de protecção.

Os factores de perigo potencial considerados são a carga de incêndio mobiliária (q), a combustibilidade (c), o perigo de fumo (r), o perigo de corrosão (k), a carga de incêndio imobiliária (i), o nível do andar (e) e a amplidão de superfície (g).

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Deste modo, o factor de exposição ao fogo (B) pode ser obtido por:

F

S

N

P

F

S

N

g

e

i

k

r

c

q

B

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

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A aplicação do método pressupõe que medidas de segurança gerais, tais como distâncias a edifícios vizinhos, vias de acesso para viaturas de socorro, caminhos de evacuação, iluminação e sinalização de segurança e prescrições relativas às instalações técnicas, estão devidamente implementadas.

O valor representativo do grau de probabilidade do incêndio obtém-se multiplicando o factor de exposição do perigo por um valor característico da avaliação do grau de probabilidade do incêndio.

Os factores que permitem calcular o valor da segurança contra incêndio por este método foram estimados de acordo com os dados obtidos no levantamento acima mencionado.

3. RESULTADOS

Para efeitos de desenvolvimento dos cálculos do factor de risco através da metodologia acima descrita, elaborou-se uma folha de cálculo, cujos resultados permitem emanar as seguintes conclusões:

x As construções tradicionais, ou seja, com paredes de pedra e separações dos pisos e cobertura em madeira, até dois pisos (rés de chão e 1º andar), com utilizações correntes, como habitação, comércio e restauração, apresentam um factor de segurança contra incêndio aceitável (superior a 1), mesmo sem a introdução de medidas de protecção.

x Os edifícios de construção em betão, com dois pisos, como no caso dos tradicionais, com as utilizações correntes e apenas com as medidas construtivas, obtêm um valor para o factor de segurança contra incêndios dentro dos limites.

x Os prédios com elementos estruturais em betão e cobertura em madeira, até 3 pisos, com os tipos de utilizações acima mencionadas continuam a deter um valor do factor de segurança contra incêndios superior a 1.

x Se introduzirmos extintores de incêndio portáteis e sistemas automáticos de detecção de incêndios, tanto os edifícios tradicionais com três pisos, assim como os de betão com quatro pisos, apresentam uma segurança contra incêndios admissível.

x Relativamente aos quarteirões, dificilmente serão atingidos valores de segurança contra incêndio aceitáveis apenas com medidas de protecção.

No que se refere aos quarteirões, importa salientar que os valores obtidos para o factor de segurança são muito inferiores ao valor admissível, uma vez que se considera a área total destes, excluindo os logradouros. Esta premissa para o desenvolvimento dos cálculos, implica que o factor de área assuma um valor elevado, semelhante a uma situação de um armazém de grandes dimensões.

Ora este facto, não é totalmente representativo da realidade, uma vez que as paredes dos edifícios, tanto os de construção tradicional como os de betão, detêm uma resistência ao fogo, no mínimo, REI 30. No entanto, a propagação de um incêndio entre edifícios de um quarteirão é marcadamente viável tanto pelas coberturas em madeira como pelas empenas de edifícios com alturas distintas e ainda entre edifícios em confronto, pelos vãos, através da radiação emitida.

Assim, e pelo acima exposto, conclui-se que o factor de segurança contra incêndios obtido para os quarteirões não reflecte a situação real.

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Importa salientar que o Método de Gretener considera que as instalações técnicas cumprem os requisitos legalmente estipulados no que respeita à sua instalação e manutenção. Por vezes, nos CUA não poderemos estabelecer este facto, uma vez que as instalações eléctricas e de gás têm umas instalações precárias e sem verificações de cumprimento das condições de segurança.

De acordo com os resultados obtidos para os edifícios estudados, elaborou-se uma carta de risco, apresentada na figura 1.

Figura 1 - Carta de risco de incêndio para a zona classificada.

As áreas a verde representam zonas nas quais, em média, os edifícios estudados apresentaram um valor de risco de incêndio superior a 1; as amarelas, valores superiores a 0,80 e as vermelhas inferiores a 0,80.

O critério baseia-se no facto de se considerar que para os edifícios cujos valores de segurança contra incêndio obtidos são superiores a 0,80, com medidas simples, tais como a instalação de extintores de incêndio portáteis e a instrução e sensibilização das pessoas, é possível promover um risco de incêndio admissível pelo método de Gretener.

Alguns edifícios, dadas as suas dimensões ou cargas de incêndio, ou ainda quando um conjunto de edifícios, mesmo que se enquadrassem numa área amarela ou verde, apresentam um valor de segurança contra incêndio significativamente inferior a 0,8, foram representados na carta de incêndio.

As áreas da zona classificada que não foram abrangidas pelo presente estudo foram qualificadas de acordo com o conhecimento de edifícios com características construtivas ou cargas de incêndio semelhantes aos obtidos para os edifícios da área em estudo.

Da análise da carta de risco, é possível verificar que, maioritariamente, os edifícios se encontram na escala amarela. Sendo assim, a um grande número dos edifícios da zona classificada, com medidas relativamente simples, como acima referidas, como a instalação de extintores e formação das pessoas, poderão atingir valores de segurança contra incêndios acima da unidade.

No entanto, para os edifícios que apresentam valores de segurança contra incêndio na zona vermelha, ou seja, abaixo de 0,80, as intervenções terão, necessariamente, de ser mais profundas.

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No que se refere ao risco de incêndio no conjunto das edificações, é preciso não esquecer que a propagação de incêndio pelas fachadas e/ou paredes de empena é o risco mais acentuado, pelo que a protecção das coberturas, paredes de empena e vãos confrontantes é primordial.

Na sequência das conclusões emanadas da aplicação do método de Gretener, um dos aspectos a concretizar será a compartimentação, tanto entre pisos como das coberturas.

No Plano Piloto de Luta Contra Incêndios e Segurança de Guimarães [6], desenvolvido por Figueiredo, são sugeridas duas soluções de melhoramento de comportamento dos pavimentos que podem ser também aplicadas no caso de Angra do Heroísmo:

1ª Solução:

1. Soalho com espessura mínima de 3 cm, de madeira não resinosa e massa volúmica não inferior a 6 kN/m3;

2. Isolamento térmico (lã de rocha com espessura não inferior a 5 cm);

3. Vigas de madeira, dimensionadas com espessura superior à que seria necessária.

2ª Solução:

1. Placa de base gesso com espessura não inferior a 1 cm;

2. Isolamento térmico (lã de rocha com espessura não inferior a 5 cm);

3. Vigas de madeira, dimensionadas com espessura superior à que seria necessária;

4. Soalho com espessura mínima de 3 cm, de madeira não resinosa e massa volúmica não inferior a 6 kN/m3.

Relativamente às estruturas metálicas, estas deverão ser protegidas de forma a cumprirem com as classes de resistência ao fogo requeridas na legislação, podendo passar por soluções semelhantes às acima apresentadas, nomeadamente, protecção através de placas de base gesso, argamassa projectada, pintura intumescente, entre outras.

Ao nível da cobertura, e no caso de edifícios com a mesma altura, a protecção desejável seria a elevação de guardas corta-fogo, 1m acima da cobertura, com as mesmas características das paredes de compartimentação do último piso. No entanto como acima referido, esta medida não pode ser executada por questões relacionadas com a classificação da cidade.

Assim sendo, a solução poderia, mais uma vez, passar pela protecção como sugerida para os tectos, ou mesmo, ainda mais aconselhado, delimitar uma faixa de 4 m desde o limite do edifício adjacente com características E30 ou E60, consoante o caso.

Outro aspecto que se prende com a propagação de um possível incêndio pela cobertura, devido à carga de incêndio existente nos sótãos, exige a limpeza destes. Este último ponto torna-se mais evidente nas casas sem ocupação.

No que concerne às acessibilidades das forças de intervenção, também se colocam grandes limitações. Assim, deverão ser realizados estudos de forma a identificar os arruamentos acessíveis às viaturas dos bombeiros e aqueles que não o são e definir itinerários de circulação e locais de estacionamento das auto-bombas em caso de sinistro.

No que respeita aos hidrantes exteriores, apesar de se verificar que se encontram, na sua maioria, em bom estado de conservação, a instalação de uma rede mais densa em locais estratégicos seria um aumento

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considerável da segurança contra incêndio, na perspectiva do seu combate, dado que os auto tanque pesados não acedem às vias mais estreitas da cidade.

A viatura que permite uma aproximação aos edifícios é um pronto-socorro ligeiro, que apenas tem uma reserva de 500 litros de água.

Deste modo, para além de um aumento do número de marcos de água nas zonas da cidade onde a malha urbana é mais densa, a reserva de água dos depósitos periféricos da cidade deveriam permitir dispor de uma quantidade exclusiva ao combate a incêndios e uma autonomia que faça face a um eventual sinistro de maiores dimensões.

Apesar da localização do quartel dos bombeiros ser central, o tempo de chegada a determinados locais da zona antiga poderá ser superior ao estimado pela distância a percorrer, dadas as características do trânsito do centro da cidade

Esta limitação poderá ser colmatada, ou pelo menos, significativamente melhorada, com uma actuação efectiva da Polícia de Segurança Pública.

Ou seja, concretamente e pelo acima exposto podemos concluir que, de forma a permitir uma intervenção efectiva dos bombeiros, a elaboração de um Plano Especial de Intervenção melhoraria significativamente a eficácia da intervenção dos Bombeiros.

4. CONCLUSÕES

Da análise dos resultados obtidos pelo método de Gretener, considera-se que a introdução no Regulamento Municipal das medidas de compartimentação propostas e instalação de extintores portáteis nas áreas habitacionais permitiria elevar significativamente o factor de segurança contra incêndio para valores próximos da unidade.

No entanto, a formação e sensibilização dos moradores da zona classificada será essencial de forma a adquirirem conhecimentos suficientes para que reconheçam que actuações simples promovem uma elevação da protecção da sua vida e dos seus, bem como do seu património. As acções de sensibilização e formação têm, necessariamente, de passar pelo Serviço Municipal de Protecção Civil.

Para além destas medidas a aplicar passíveis de serem obtidas pelo método aplicado, é necessário garantir que as instalações técnicas cumprem os requisitos de segurança, uma vez que esta metodologia não inclui a sua avaliação.

Salienta-se que, para os edifícios com um valor de risco de incêndio muito afastado dos valores admissíveis deverão ser realizados estudos aprofundados das medidas adequadas a implementar.

A intervenção dos bombeiros será infrutífera se o agente extintor primordial não estiver disponível, pelo que o aumento do número de marcos de incêndio nas áreas mais densas e a garantia de uma reserva de água para o combate a incêndios é primordial.

A elaboração de Planos de Intervenção Especiais será também fundamental para o estabelecimento de vias de acesso, controlo de tráfego e estabelecimento de procedimentos de intervenção. Estas ferramentas passam necessariamente pelo Serviço Municipal de Protecção Civil.

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Para além dos aspectos que se prendem com os resultados da avaliação de risco, importa igualmente ter em conta que algumas UT, caracterizadas com elevadas cargas de incêndio ou instalações técnicas com potências instaladas significativas, não se enquadram nas especificações utilizadas na metodologia aplicada, uma vez que podem implicar um agravamento do risco de incêndio no CUA. Assim, estas UT terão de cumprir com os requisitos legalmente impostos, uma vez que as medidas obtidas pela avaliação de risco poderão não ser suficientes para garantir a segurança contra incêndio das instalações.

Estes resultados permitem aferir as vulnerabilidades do CUA de Angra do Heroísmo, ajustando as medidas de SCIE necessárias de forma a obter um valor de risco de incêndio aceitável, no seu conjunto.

5. REFERÊNCIAS

[1] Decreto-lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro, “Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios”, Diário da República, 1ª Série, n.º 250, p. 9050-9127

[2] Portaria n.º 1532/2008, de 29 de Dezembro, “Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios”, Diário da República, 1ª Série, n.º 220, p. 7903-7922

[3] Decreto-lei n.º 426/89, de 6 de Dezembro de 1989, “Medidas Cautelares de Segurança contra Riscos de Incêndio em Centros Urbanos Antigos”, Diário da República I Série-A n.º 280, p. 5309-5313.

[4] Decreto Legislativo Regional n.º 15/2004/A, de 6 de Abril de 2004, “Regime de protecção e valorização do património cultural da zona classificada da cidade de Angra do Heroísmo”, Diário da República I Série-A n.º 82, p. 2169-2179.

[5] Oliveira, C. S., Lucas, A.R.A., Correia Guedes J. H., (1992), “10 Anos Após o Sismo dos Açores de 1 de Janeiro de 1980 – Aspectos Técnico-Científicos”, Volumes 1 e 2, Secretaria Regional da Habitação e Obras e Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa.

[6] Organization des Nations Unies pour l’Éducation, la Science et la Culture, (1983), “Proposition d’Inscrition sur la Liste du Patrimoine Mondial soumise par le Portugal”, Paris.

[7] Tradução de Tovar Lemos, Alfredo Manuel F.; Cabrita Neves, Ildefonso, (1991), “Avaliação do Risco de Incêndio – Método de Cálculo”, Gabinete de Apoio da Universidade Técnica de Lisboa.

[8] Figueiredo, Miguel C. L., “GUIMARÃES - Plano Piloto de Luta Contra Incêndios e Segurança”, Câmara Municipal de Guimarães.

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