ESTUDO TRIDIMENSIONAL DA
OCLUSÃO NORMAL NA
POPULAÇÃO BRASILEIRA
Renato Parsekian Martins
Dissertação apresentada à Faculdade
de Odontologia de Araraquara como
parte dos requisitos para a obtenção
do título de Mestre em Odontologia –
Área de concentração: Ortodontia e
Ortopedia facial
.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Gonzaga Gandini Júnior
Co-Orientador: Prof. Dr. Haruaki Hayasaki
Araraquara
2004
Martins, Renato Parsekian
Estudo tridimensional da oclusão normal na população
brasileira / Renato Parsekian Martins. – Araraquara :
[s.n.], 2004.
285 f. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Odontologia.
Orientador : Prof. Dr. Luiz Gonzaga Gandini Júnior.
Co-orientador : Prof. Dr. Haruaki Hayasaki.
1. Oclusão dentária 2. Desenho de programas de computador
3. Análise computadorizada tridimensional I. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Ceres Maria Carvalho Galvão de Freitas CRB 8/4612
Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP
Dados Curriculares
Nascimento
18 de setembro de 1979 – São José do Rio Preto – São Paulo.
Filiação
Joel Cláudio da Rosa Martins
Lídia Parsekian Martins
Curso de Graduação
Odontologia (1997-2000)
Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP
Mestrado
Odontologia: Área de concentração – Ortodontia e Ortopedia
Facial (2002-2003)
ESTUDO TRIDIMENSIONAL DA
OCLUSÃO NORMAL NA
POPULAÇÃO BRASILEIRA
Autor: Renato Parsekian Martins
Orientador: Prof. Dr. Luiz Gonzaga Gandini Júnior
Co-Orientador: Prof. Dr. Haruaki Hayasaki
Dissertação apresentada à Faculdade
de Odontologia de Araraquara como
parte dos requisitos para a obtenção
do título de Mestre em Odontologia –
Área de concentração: Ortodontia e
Ortopedia facial.
Banca Examinadora:
______________________________
Prof. Dr. Luiz Gonzaga Gandini Júnior
______________________________
Prof. Dr. Ary dos Santos Pinto
______________________________
Prof. Dr. Adriano Marotta Araújo
Araraquara
2004
“Lembra-te do teu Criador nos dias de
tua mocidade, antes que venham os
maus dias e cheguem os anos dos quais
dirás:
Não tenho neles mais prazer;
...e o pó volte à Terra, como era, e
o espírito volte a Deus, que o deu.”
Dedicatória
À glória do
Grande Arquiteto do Universo.
À amada memória do meu
primeiro professor de Ortodontia.
Obrigado por tudo pai.
Aos grandes amores da
minha vida,
Lídia e Isabela
Agradecimentos especiais
À Professora Doutora
Lídia Parsekian Martins,
Mãe,
“Obrigado por muitas
vezes desviar meus olhos de
minha inata objetividade e me
lembrar de olhar e perceber a
beleza nas coisas. Tudo o que
sou e sei devo a você.
Obrigado por eu ter me
tornado o que sou.”
Ao Professor
Doutor Cássio Panitz
Selaimen,
“Obrigado por SEMPRE ser
meu irmão mais velho, estou
eternamente em dívida
contigo, pela colaboração à
minha educação e por
participar da formação da
minha crítica ortodôntica.”
Ao meu orientador,
Professor Doutor Luiz Gonzaga Gandini Júnior
“Obrigado por sempre ter sido paciente
comigo e por toda a atenção dedicada à minha
formação clínica e científica. Muito obrigado por
tudo. Você é muito do que eu almejo ser
profissionalmente.”
Ao meu co-orientador,
Professor Doutor HaruakiHayasaki,
“Obrigado pela enorme ajuda
nesta tese e pela atenção com
minhas incessantes dúvidas.”
Ao Professor Doutor Ary dos Santos Pinto
“Obrigado pelo carinho e pela atenção especial que
sempre me concedeu. As suas pegadas servem como
trilha para o ortodontista que deseja seguir a vida
acadêmica.”
Ao Professor Doutor Tatsuko Sakima
“Obrigado por sempre dar um exemplo de
simplicidade e de imensa dedicação ao desenvolvimento
da ortodontia brasileira.”
Ao Professor Doutor Dirceu Barnabé Ravelli
“Obrigado pela oportunidade no Canadá e pela
grande consideração. Sou grato pelos ensinamentos
clínicos e por toda a convivência desde meus primeiros
anos de vida.”
Ao Professor Doutor João Roberto Gonçalves
“Obrigado por sempre me ensinar em suas ações
que a vida é muito mais do que só o trabalho, lição muito
importante, vindo de um dos melhores cirurgiões do
mundo.”
Ao Professor Doutor Maurício Tatsue Sakima
“Obrigado por me ajudar no início do meu
aprendizado e me mostrar que se pode brilhar
imensamente mesmo tendo uma grande estrela ao seu
lado.”
“A vocês, meus estimados professores, obrigado pelo
início da minha formação clínica e científica, tenho certeza
que uma pessoa ausente agradeceria a vocês
imensamente.”
Agradecimentos
À Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP, na
pessoa do seu Diretor, Professor Doutor Eduardo Samih
Georges Abi Rached, pela minha formação como Cirurgião
Dentista e como Ortodontista.
À toda minha família, nas pessoas de meus avós, Cláudio e
Honorina Martins e, Jacob e Therezinha Parsekian.
Ao Prof. Dr. Haruaki Hayasaki e Dr. Issei Saitoh, pelo
desenvolvimento do programa utilizado neste estudo, pelo
auxílio no processamento dos dados e na análise estatística
desta tese.
Ao amigo, Dr. Rogério Mazon e Prof. Dr. Maurício Sakima, os
quais compilaram parte da amostra utilizada.
À disciplina de ortodontia da Faculdade de Odontologia de
Bauru, na pessoa do Professor Doutor Marcos Roberto de
Freitas, e em especial ao Professor Doutor Renato de Almeida,
o meu muito obrigado pelo auxílio na composição da amostra.
Aos meus amigos, Biju, Boye, Cana, Carlão, Cofrinho, Di, Dú,
Estevam, Faria, Fefê, Fredex, Ganso, Gaúcho, Gui, Leonel,
Luiz, Mau, Moe, Nilo, Pablo, Pêlo, Porcão, Preto, Sakima,
Sirvo, Dr. Sujo, Thomaz, Vagal, Vandi e Xilim pelas horas de
descontração necessárias no escritório e nos churrasquinhos.
Aos amigos da pós-graduação, Ronaldo, José Carlos,
Henrique, Matheus, Hermes, Fernando, Helder, pela amizade.
Ao amigo Paulo Sakima, pelas horas de conversas e pelo
companheirismo.
Ao amigo Adriano Araújo sua inestimável amizade e pelo apoio
sempre presente.
Aos Professores Doutores Ricardo Lombardi de Farias e Oscar
Muñoz-Chávez, por serem as primeiras pessoas que confiaram
nos meus conhecimentos científicos.
Ao meu grande amigo ausente Arnaldo, pelas horas de
atenção ao menino que mal sabia segurar no alicate.
Aos meus irmãos na Arte Real, pelos ensinamentos
compartilhados, que me permitiram o equilíbrio na conclusão
dessa parte de minha vida.
Aos meus amigos do mestrado, Cecília, Dani, Neto, Ricardo e
Valcácia, pela convivência pacífica e saudável.
A todos os amigos e colegas que já cursaram ou estão
cursando a pós-graduação, latu ou strictu senso, em
Ortodontia, todos de uma forma ou outra me influenciaram em
algum aspecto ou me ensinaram alguma lição desde os
primeiros anos de minha vida.
Aos funcionários Bel, Belinha, Célia, Cris, Dulce, Dona Maria,
Edinho, Dona Odete, Pedro, Regina, Sílvia, Sônia, Tânia e
Toninho pela ajuda, sempre necessária e pela convivência
pacífica.
Aos alunos de graduação, por colaborarem com meu
aprendizado.
A todas as pessoas que participaram como amostra deste
estudo.
Às pessoas que direta ou indiretamente tentaram me atrapalhar
ou impedir que eu completasse essa jornada, vocês me deram
a força necessária para que eu conseguisse vencer meus
objetivos e sempre estarão em minhas orações.
Índice
Lista de figuras...14
Lista de tabelas...16
Introdução ………...……... 19
Revisão de Literatura ... 23
Proposição ...35
Material e Método ... 37
Resultados...73
Discussão...81
Conclusão...117
Referências ...119
Resumo
Abstract
Anexos...129
I - Lista de Figuras
Figura 1 – Pontos demarcados nos modelos e posteriormente
digitalizados...39
Figura 2 – Pontos demarcados nos modelos e posteriormente
digitalizados (Superior)...40
Figura 3 – Pontos demarcados nos modelos e posteriormente
digitalizados (Superior)... 40
Figura 4 – Pontos demarcados nos modelos e posteriormente
digitalizados (Inferior). ...41
Figura 5 – Pontos demarcados nos modelos e posteriormente
digitalizados (inferior) ...41
Figura 6 - Pontos de base do modelo...52
Figura 7 – MicroScribe – 3DX (Immersion Inc.)……… ………...61
Figura 8 – Dispositivo para a fixação do modelo a ser digitalizado fixo e
com o modelo superior em posição...61
Figura 9 – Modelo superior ocluído no modelo inferior fixo ao
dispositivo...62
Figura 10 – Modelo inferior fixo para a digitalização...62
Figura 11 – Distâncias intercaninos, intermolares, inter 1
ospré-molares e
inter 2
ospré-molares...63
Figura 12 – Perímetro de arco...64
Figura 13 – Comprimento de arco...64
Figura 14 – Índice de irregularidade de Little...65
Figura 15 – Formato de arco ... 65
Figura 16 – Espessura das coroas no terço médio...66
Figura 17 – Curva de Spee...66
Figura 18- Distância de classe...67
Figura 19 – Overjt ...67
Figura 20 – Angulação entre os planos oclusais...68
Figura 21 – Altura de cúspide...68
Figura 22 – Torque vestibular e inclinações...69
Figura 23 – Torque oclusal e torque lingual de canino. ...69
Figura 24– Overbite ...70
Figura 25 – Desvio da linha média...70
Figura 26 – Diferenças das bordas incisais...71
Figura 27 – Template dos arcos superior e inferior...79
Figura 28 – Apinhamento ântero-inferior do sujeito no. 5. ...114
Figura 29 – Apinhamento ântero-inferior do sujeito no. 18. ...114
II - Lista de Tabelas
Tabela Ia. – Tabela dos resultados obtidos...73
Tabela Ib. – Tabela dos resultados obtidos...74
Tabela Ic. – Tabela dos resultados obtidos...75
Tabela Id. – Tabela dos resultados obtidos...76
Tabela Ie. – Tabela dos resultados obtidos...77
Tabela If. – Tabela dos resultados obtidos...76
Tabela IIa - Erro sistemático e casual entre as duas mensurações...86
Tabela IIb - Erro sistemático e casual entre as duas mensurações...87
Tabela IIc - Erro sistemático e casual entre as duas mensurações...88
Tabela III - Comparações do posicionamento de altura de bráquetes
sugerido pelos autores comparado com os resultados deste estudo
(em mm)...92
Tabela IV- Resultados das distâncias intra-arcos deste estudo (em
mm)...98
Tabela V - Comparação de achados de outros autores nas medidas
intra-arcos e os pontos utilizados para as mensurações (em mm)...99
Tabela VI - Médias dos perímetros de arcadas deste estudo (em
mm)...100
Tabela VII – Medidas do posicionamento espacial dos dentes obtidas
neste estudo (em graus)...104
Tabela VIII - Comparações das inclinações de incisivos obtidas neste
estudo, comparadas às prescrições de bráquetes mais
utilizadas...105
Tabela IX - Comparações dos torque de coroa vestibular dos dentes
enumerados obtidos neste estudo, comparados às prescrições de
bráquetes mais utilizadas...106
Tabela X - Comparação dos torques linguais de coroa dos caninos
obtidos neste estudo comparados aos às prescrições de bráquetes
linguais...107
Tabela XI - Medidas médias do terço médio vestíbulo-lingual de cada
dente (em mm)...108
Tabela XII – Altura dos cúspides dos dentes enumerados, em relação às
cristas marginais (em mm)...110
extrema importância. Para a sociedade, que criou mitos como o de
Narciso
40, o qual se apaixonou por sua própria imagem e morreu de
inanição, a beleza e a simetria se mostram como indicadores de boa
saúde
39, 45, 74. Os animais buscam a perfeição ou a menor imperfeição em
seus parceiros, ou ainda a resistência a entes diversos, de maneira que
seus descendentes mantenham através da genética essas qualidades e
possam também passar seus genes às novas gerações, fazendo disso
um círculo constante.
O conceito de beleza é presente em todos nós e envolve um
equilíbrio entre critérios objetivos e impressões subjetivas e a capacidade
de perceber ordem, simetria e harmonia
30. Parece que quanto maior é a
simetria da face e seus atributos, mais atraente se torna a face
39, 45, 74.
O ser humano, em sua grande maioria, sempre se mostrou
preocupado com a beleza do corpo e da face. Segundo Proffit
65,
apinhamentos, protrusões e irregularidades dento-alveolares têm sido um
problema para os indivíduos desde a antiguidade, tentativas de correção
dentárias podem ser datadas pelo menos há 1000 a.C. Sistemas
primitivos podem ser achados entre escavações Gregas e Etruscas
65.
Entretanto, a beleza se mostra subjetiva à sociedade e à época em
que nos encontramos. Durante a renascença, observamos nas pinturas
de Boticceli, figuras de mulheres mais cheias, o qual era o padrão de
beleza. Os gregos antigos acreditavam que uma face bela era definida
por termos de proporções faciais harmoniosas. Enquanto que o padrão de
beleza exaltado pelos poetas Anglo-Saxões da Idade Média era de uma
tez pálida, fazendo com que muitas mulheres perdessem sangue
propositalmente, regularmente, para que conseguissem situar-se nessa
norma
30. Hoje, o padrão de beleza diferente daqueles do passado,
encontra uma maior maneira de disseminação, conforme Peck & Peck
63escreveram: “a televisão, o cinema, jornais e revistas reforçam ainda mais
os estereótipos de beleza.”
Apesar destes padrões de beleza mudarem conforme a época,
uma pesquisa realizada por SAMUELS e ELWY
71em 1985, nos diz que a
concepção de beleza pode ser inata. Eles compuseram uma amostra com
36 bebês com idade de 6 meses e os colocaram separados, frente a duas
televisões. Foi mostrada uma seleção equilibrada de faces atraentes em
uma tela e de faces não atraentes em outra. O tempo que cada bebê
olhava para cada tela foi tomado. Todos os bebês deram mais atenção às
faces atraentes do que às não atraentes. Repetindo o experimento com
bebês mais novos o resultado foi semelhante.
No século XVIII, na ortodontia, o anatomista John Hunter citou pela
primeira vez o relacionamento dentário que hoje chamamos de “Oclusão
Ideal”. Os termos edge-to-edge (topo-a-topo) e overbite (trespasse
vertical), foram derivados do sistema de classificação proposto por
Carabelli, o qual provavelmente foi o pioneiro nas descrições sistemáticas
de relacionamentos anormais entre arcadas
87. Kingsley também deu
grande contribuição por volta da década de 1850 à ortodontia americana,
apesar disto ele e seus contemporâneos davam mais atenção ao
alinhamento dentário do que a oclusão em si
65. As extrações, para
realizarem-se alinhamentos dentários, eram freqüentes, numa época em
que era raro de se encontrar indivíduos com a dentição completa,
“detalhes” da oclusão não eram considerados importantes.
Para a correta reabilitação protética, era necessário o
desenvolvimento do conceito de oclusão, o que ocorreu no começo do
século XIX. Com os conceitos de oclusão nas próteses sendo
melhorados, a dentição natural começou a ter sua devida atenção por
parte dos profissionais
65.
Angle
foi um dos pioneiros na área que definiu a conceituação da
oclusão na dentição natural
65. Sendo professor de prótese, seu interesse
em oclusão o fez interessar-se pela oclusão natural, levando-o ao
desenvolvimento da ortodontia como especialidade.
Hoje em dia, sabe-se que os tratamentos ortodônticos não só
visam tratar a beleza. Já foi mostrado que indivíduos com oclusão normal
possuem uma área de contato maior entre os dentes
61, comparados a
indivíduos com má oclusão. Sendo assim, aqueles possuem uma melhor
habilidade para a mastigação, realizando uma melhor função mastigatória.
É de suma importância para todo cirurgião dentista, e em especial
para o ortodontista, possuir o conhecimento da oclusão natural humana,
principalmente a sua normalidade. Obviamente é necessário que se
identifique e classifique uma oclusão como normal ou anormal, pois a
partir daí pode-se definir a necessidade ou não de tratamento e, se
necessário, quais seriam os parâmetros para se determinar o final do
mesmo. O padrão de oclusão normal tem que estar fixo e definido na
mente do ortodontista, de maneira que este possa notar o mínimo desvio
de normalidade na oclusão do paciente.
Não há um padrão definitivo na literatura sobre os formatos dos
arcos predominantes, sobre as distâncias inter e intra-arcos, e sobre as
relações existentes entre as várias medidas utilizadas na ortodontia.
Falta, dentro da população brasileira um parâmetro, isto é, médias
definidas da localização espacial dos dentes nas arcadas e entre si.
Assim, obtendo-se um padrão normal para os brasileiros, podem-se
realizar pesquisas comparativas mais confiáveis e compatíveis com o
nosso padrão. Assim sendo, esse trabalho tem sua importância para a
ortodontia brasileira, tanto na área prática, quanto na acadêmica.
IV - Revisão de Literatura
Angle
(1889)
7definiu as relações básicas interarcos dentárias, que
são usadas até hoje na ortodontia moderna. As más oclusões foram
divididas em três classes. O autor chamou a relação normal
ântero-posterior dos arcos dentários de Classe I, definiu também que, na oclusão
normal, a cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior oclui no
sulco entre as cúspides mesial e mediana do primeiro molar inferior.
Bolton
(1958)
15desenvolveu um método de análise das arcadas a
partir da razão das dimensões mésio-distais das arcadas superior e
inferior. O autor concluiu que, se não houvesse uma razão apropriada
entre as arcadas, a finalização do caso estaria comprometida, uma vez
que essa proporção é imperativa para uma correta coordenação das
arcadas.
Currier (1969)
25analisou o formato de arcos de vinte e cinco
adultos da raça branca que possuíam oclusão normal. Os modelos foram
fotografados oclusalmente, pontos determinados e transferidos em papel
de traçado, convertidos numericamente e transferidos para um
computador através de cartões IBM. Três arcos foram determinados em
cada arcada, externo ,interno e médio. Um programa de computador
analisou os arcos tentando comparar os formatos com uma parábola ou
elipse. A analise estatística mostrou que o formato de elipse era o que
mais se encaixava ao formato do arco externo da maxila e o formato da
parábola era o que mais se encaixava ao formato do arco médio da
mandíbula. A elipse se mostrou melhor para demonstrar o formato dos
arcos externos de ambas arcadas e a parábola melhor para os arcos
médios das arcadas. Já que a maioria dos tratamentos se dão por
vestibular (arco externo), o autor concluiu que o formato de elíptico é um
melhor guia para o formato do arco.
Andrews (1972)
5, em um estudo no qual 120 modelos de oclusão
normal não tratados ortodonticamente foram analisados, concluiu que
esses modelos de oclusão normal possuíam seis características
constantes entre si. A relação de molares já relatadas por Angle
7, porém
com a vertente distal da cúspide disto-vestibular do primeiro molar
superior em contato com a vertente mesial da cúspide mésio-vestibular do
segundo molar inferior; ausência de angulações coronárias, ausência de
inclinações coronárias, ausência de giros, ausência de diastemas, salvo
exceções de discrepâncias dentárias e um plano oclusal reto ou com
ligeira curva de Spee.
Little (1975)
46criou um método para se avaliar quantitativamente o
apinhamento ântero-inferior, esse método consistia em se medir com um
paquímetro em quantos milímetros os pontos de contatos entre os seis
dentes inferiores estavam deslocados linearmente, paralelos ao plano
oclusal. A soma desses cinco espaços daria um número, esse número
comparado a uma escala de zero a dez, quantificaria o apinhamento. Zero
seria o valor para perfeito alinhamento, com valores de um a três o autor
considerou o apinhamento mínimo; de quatro a seis, moderado; de sete a
nove, severo e o valor de dez, muito severo.
Felton e colaboradores (1987)
32estudaram formatos de arcos. Foi
conseguida uma amostra de 30 pacientes normais não tratados, 30
pacientes classe I e 30 pacientes classe II , ambos tratados sem
extrações. Os modelos inferiores tiveram pontos de cúspides vestibulares
demarcados com um lápis e fotocopiados com uma escala milimetrada
para a correção. Estas fotocópias foram digitalizadas com um digitalizador
bidimensional e o formado das arcadas foi conseguido através de um
polinômio de quarto grau. Processo similar foi feito com 17 formato de
arco comerciais, para comparação. Um formato combinado dos formatos
“Par” e “Vari-Simplex” assemelhou-se a 50% da amostra, enquanto o
restante dos casos se mostraram das mais diversas formas. Casos que
tiveram mudança de forma de arco durante o tratamento freqüentemente
não foram estáveis; quase 70% mostraram mudanças pós-tratamento, em
longo prazo, significantes. Os autores concluem que a individualização
dos arcos parece ser necessária em muitos casos, para se obter
estabilidade.
Raberin e colaboradores (1993)
67estudaram 278 modelos
inferiores de franceses com oclusão normal. Seis medidas e cinco
proporções foram conseguidas na amostra e com estas, desenvolveu-se
um polinômio de sexto grau, a partir das cinco proporções, desenhou-se 5
tipos diferentes de arcos. Não houve diferença significativa entre as
distribuições dos arcos de acordo com gênero, porém os autores
concluíram que os arcos do gênero feminino eram menores.
Braun e colaboradores (1996)
20utilizaram um aparelho de
mensuração chamado Brown and Sharp Micro Val Coordinate
*, o qual é
amplamente utilizado na fabricação de instrumentos de precisão, para a
se medir a curva de spee de 27 modelos inferiores. As diferenças entre as
circunferências de arco foram obtidas comparando-se o comprimento de
arco a uma projeção formada pelo centro das bordas incisais dos centrais
anteriormente e as cúspides disto-vestibulares dos segundos molares
distalmente. Uma relação geral foi derivada para o diferencial da
circunferência do arco, resultando da eliminação da curva de Spee,
versus a severidade da curva. A redução da circunferência da curva foi
menor do que as encontradas por outros investigadores. O autor defende
que a protrusão de incisivos, normalmente associada com o nivelamento
da curva de spee, não é devido primariamente ao diferencial mencionado,
mas mais relacionado à mecânica utilizada para o nivelamento da curva
de Spee.
Harris
(1997)
41analisou as mudanças nos arcos dentários de 60
adultos entre os vinte e cinqüenta e cinco anos de idade, comparando os
modelos das arcadas confeccionados nessas épocas. As distâncias foram
medidas com um paquímetro digital e analisadas. O autor concluiu que o
comprimento de arcos diminuiu com o tempo, que a largura dos arcos
*
aumentou com o tempo mais na região posterior e o overjet e overbite se
mantiveram. O autor ainda especula que os componentes vestibulares e
anteriores da força oclusal provavelmente guiam essas mudanças.
Ferrario e colaboradores (1999)
33analisaram um grupo de 50
adultos e 20 adolescentes possuidores de oclusão normal através de
modelos de gesso que foram digitalizados em um digitalizador
tridimensional eletromagnético e concluiu que há modificações dos arcos
conforme o aumento da idade, há um aumento do raio da curva de
Monson, Spee e Wilson numa média de 20 mm, porém o tamanho do arco
não se modifica. O autor tenta explicar as mudanças devido a uma
rotação progressiva do longo eixo dos dentes, movimentando o plano
oclusal para uma posição mais vestibular.
Nie & Lin (1999)
55estudaram uma amostra de 60 indivíduos com
oclusão normal e a compararam com outros 300 indivíduos com más
oclusões variadas, para descobrir se havia discrepância dentária entre as
arcadas superior e inferior dependendo da má oclusão. Os modelos foram
medidos por uma máquina de mensuração em três dimensões, usada
extensivamente no campo da industria de precisão. Os valores
mésio-distais de todos os dentes, com exceção dos segundos e terceiros
molares, eram transmitidos para um computador e analisados conforme
Bolton (1958)
15descreveu. Os autores concluíram que não houve
diferença significante nas proporções dentárias considerado o gênero, e
que a proporção era maior nos casos de Classe III, seguido pelos casos
de Classe I, e de Classe II, sugerindo que a discrepância entre a massa
dentária superior e inferior pode ser um fator importante a ser considerado
na etiologia das más oclusões.
Sohmura e colaboradores (2000)
76utilizaram um digitalizador
tridimensional do tipo scanner a laser para digitalizar modelos
ortodônticos. O digitalizador, diferente dos utilizados até a data do artigo,
era composto por uma linha de laser e completava uma varredura a cada
0,6 segundos. Cada modelo era digitalizado em 4 direções diferentes para
compensar-se as área não captadas. Para a sobreposição do modelo
superior ao inferior, abriu-se mão de um sistema onde três pontos no
suporte do modelos superior eram superpostos aos mesmos três pontos
com o modelo em oclusão ao inferior. A exatidão do processo foi
considerada alta, porém preferiu-se aumentar ao intervalos de captação
dos dados, sacrificando dados relacionados a fóssulas e fissuras, de
maneira a acelerar o processo de digitalização.
Warren and Bishara (2001)
85realizaram um estudo em modelos
onde se utilizou um paquímetro digital para a metodologia das medições.
Os modelos eram medidos duas vezes e se as medidas individuais
diferissem por mais de 0,5 mm uma terceira medição era realizada. Foram
medidas as distâncias intercaninos, intermolares, comprimento de arco,
overjet e overbite, de uma amostra de crianças da década de 40 e uma
amostra coletada nos dias de hoje para se avaliar diferenças nessas
medidas.
Nojima et al. (2001)
56estudaram as diferenças morfológicas entre
os formatos de arco de caucasianos e japoneses com relação às más
oclusões. A amostra compunha-se de 60 casos Classe I, 50 Classe II e 50
Classe III em ambas etnias. Os modelos foram fotocopiados junto a uma
régua, para controle da distorção e os pontos mesiais e distais dos
dentes, junto a um ponto de estimativa de colagem de bráquete foram
digitalizados num digitalizador de mesa bidimensional. Forma computadas
as distâncias intercaninos, intermolares, profundidade dos caninos e dos
molares, proporção entre a distância intercaninos e sua profundidade e a
mesma proporção aos molares. Aos modelos, também foram atribuídas
determinados formatos de arco, quadrado, oval e achatado, de acordo
com um fabricante
*, separando a amostra em três subamostras. Os
autores não encontraram diferenças significantes entre as duas etnias
dentro cada subamostra com o mesmo formato de arco, sugerindo que
seria útil selecionar o formato de arco do paciente ao início do tratamento
a partir da arcada mandibular inicial.
Tomassetti e colaboradores (2001)
84compararam quatro métodos
de se realizar a análise de Bolton, total e anterior, usando 22 pares de
modelos de gesso. Para a primeira análise, utilizou-se o método original
de realizar-se a análise de Bolton, com um paquímetro Vernier, também
chamado de paquímetro de Boley; para a segunda, os modelos foram
filmados por uma câmera e as mensurações e cálculo realizados pelo
*
programa QuickCeph Image Pro
*; na terceira análise, usou-se um
paquímetro digital conectado a um computador e um programa, HATS
†,
calculava a discrepância; na quarta análise, os modelos foram
digitalizados tridimensionalmente através do sistema OrthoCAD
‡e
modelos tridimensionais foram confeccionados e a análise realizada.
Todos os quatro métodos foram cronometrados para comparação.
Diferenças significativas foram encontradas com relação ao tempo do
procedimento, sendo a seguinte seqüência do procedimento mais rápido
ao mais lento: QuickCeph, HATS, OrthoCAD e paquímetro Vernier. Não
houve diferenças estatísticas entre os métodos, apesar de existirem
diferenças clínicas (>1,5 mm) evidentes
Noroozi e colaboradores (2001)
57demonstraram com uma amostra
de 33 pares de modelos com má oclusão de Classe I sem apinhamentos,
que a função Y = AX
6+ BX
2, pode ser um substituto para a função beta
em formatos de arcos menos comuns. Para tal, os modelos foram
fotocopiados e pontos determinados para medir-se as distâncias
intersegundos molares, intercaninos, profundidade dos segundos molares
e profundidade dos caninos. A partir destas medidas médias, a função foi
calculada de maneira que a passasse pelos centrais, caninos e segundos
molares. Mostrou-se ainda que a função Y = AX
6+ BX
2foi a mais próxima
encontrada da função beta.
*
QuickCeph Systems, Calif.
†
GAC International, N.Y.
‡
Parkinson et al. (2001)
62avaliaram a relação do relacionamento
posterior e suas mudanças pós-tratamento em 49 indivíduos tratados, em
três situações: Pré-tratamento, pós-tratamento, e pós-contenção. As
medidas avaliadas foram overjet, overbite, irregularidade inferior, desvios
nos molares direito e esquerdos, desvio de linha média e comprimento de
arco mandibular. Também foram coletados registros oclusais dos
modelos. Os registro tomados em silicona foram digitalizados com um
scanner de mesa e tiveram suas espessuras tomadas por um micrômetro.
As medidas dos modelos foram tomadas com um paquímetro digital.
Quinze modelos foram medidos pela segunda vez para o cálculo do erro
padrão. Concluíram que (1) as áreas de contato próximas, abaixo ou à
300
:m diminuíram significantemente com o tratamento, indicando que
independentemente da excelência do tratamento, a proximidade da
superfície oclusal posterior diminuí; (2) não se deve esperar que a
proximidade do superfície oclusal posterior aumente com o tratamento; (3)
as áreas de contato e quase de contato podem ser fatores que possuem
envolvimento na estabilidade do overjet e overbite; e (4) as áreas de
contato e quase contato no pós-tratamento não estão relacionadas a
irregularidade dos incisivos.
Ashmore e colaboradores (2002)
8utilizaram um método de análise
tridimensional de modelos para avaliar a movimentação dos molares
durante o tratamento com tração extra-oral. Trinta e seis pacientes com
má oclusão de Classe II foram tratados com aparelho extrabucal, com
tração média durante 24 meses. Os pacientes retornavam a cada 4
semanas para controle e eram moldados a cada 2 meses. O grupo
controle era formado de 38 pacientes com má oclusão de Classe II que
foram observados durante um ano, com modelos confeccionados no início
e final deste período. Foram identificados oito pontos em cada modelo
(quatro em cada primeiro molar), os quais foram digitalizados com um
digitalizador tridimensional (Microscribe 3DX)
*, junto a alguns pontos da
rafe palatina e os dados transmitidos a um computador. As digitações
eram, através do programa utilizado, superpostas pelos pontos da rafe
palatina, podendo os dados serem analisados. Os autores concluíram que
o tratamento fez com que os molares sofressem uma movimentação para
distal, comparado ao grupo controle.
Santoro e colaboradores (2003)
72analisaram a diferença, em 100
pacientes, entre mensurações de tamanhos dentários, overjet e overbite,
conseguidos através de da técnica de digitalização tridimensional, com o
OrthoCAD e pela técnica convencional, com um paquímetro de Boley,
para os tamanhos dentários e um sonda milimetrada para o overjet e
overbite. Os achados apontaram para diferenças significantes para as
mensurações de tamanhos dentários e overbite, as quais não parecem
ser significantes clinicamente, apresentando uma variação de 0,16 – 0,38
mm para os dentes e 0,49 mm para o overbite. Não foi encontrada
*