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FAMÍLIAS, DIMENSÕES DE ANÁLISE E
MODELOS DE INTERVENÇÃO
„A família é um grupo de pessoas, vinculadas
por laços consanguíneos, de aliança ou de
afinidade, onde os vínculos circunscrevem
obrigações recíprocas e mútuas, organizadas
em torno de relações de geração e de gênero’.
... É um espaço privilegiado da história da
humanidade no qual aprendemos a ser e a
conviver; ou seja, [a família] é a matriz da
identidade individual e social, portanto,
geradora de formas comunitárias de vida e
espaços de proteção primária de seus membros.
As estruturas familiares têm sido marcadas pelas mudanças ocorridas nas sociedades humanas, no que diz respeito à tecnologia, à divisão social do trabalho, ao reordenamento dos papéis sociais (gênero, geração, etc.).
O conceito mais adequado é aquele que contempla toda a diversidade de relações presentes na sociedade.
E COMO CONTRAPONTO...
É preciso não idealizar/romantizar a família – ela é lócus de proteção, mas também de desigualdade e violência. Supervalorizar a família pode oprimir/invisibilizar seus membros.
As famílias de camadas populares, que são organizadas em rede (participação de outros parentes e de pessoas da comunidade no convívio e em prol da sobrevivência) e que têm como foco o sistema de obrigações, diferenciam-se das de camadas médias,
que se organizam em núcleos centrados no parentesco.
Diferenciar, refletir e articular a “dimensão
estrutural”, a “dimensão funcional” e a
“dimensão relacional” da família.
Pensar
as
famílias
enquanto
sujeitos
socioculturais com histórias e projetos
próprios.
A “dimensão estrutural”
Refere-se à situação socioeconômica do
grupo familiar e à inclusão de seus membros
na rede de atendimento.
A “dimensão funcional”
Define-se como a organização do cotidiano,
atribuição e exercício dos papéis e das
funções no domicílio e na família.
A “dimensão relacional”
Refere-se ao conjunto de vínculos da família,
entendido como rede de relações: relações de
geração e de gênero, autoridade e afeto;
valores, representações e práticas de cuidado e
socialização; convivência e participação na
comunidade.
EIXOS PARADIGMÁTICOS: (dizem respeito a um determinado
conjunto de proposições teórico-metodológicas e ético políticas que definem as ações direcionadas às famílias)
1. Eixo da normatividade e estabilidade – dois modelos clássicos
de intervenção: técnico-burocrático e psicossocial individualizante. 2. Eixo do conflito e da transformação – desafio da construção de um modelo de intervenção que integre: (a) a proposição, articulação e avaliação de políticas sociais; (b) a organização e articulação dos serviços; c) intervenção em situações familiares.
MODELO TECNICO-BUROCRÁTICO - ancorado numa ideia de que a família é um problema e o tipo de atendimento proposto é diretamente condicionado aos objetivos da instituição, muito mais que pelas necessidades apresentadas pelas famílias. Geralmente, são marcados por processos de seletividade, tanto para oferta de recursos como de serviços, onde prevalece o critério da inclusão pela exclusão.
Regina Célia Mioto
MODELO PSICOSOCIAL INDIVIDUALIZANTE – os aspectos disfuncionais da família são considerados à luz de uma teoria implícita de funcionamento normal ou ideal. Consequentemente, centra sua intervenção na dinâmica interna das famílias e privilegia pouco a inter-relação com o contexto social. O social fica fora
MODELO INTEGRADOR DAS POLÍTICAS SOCIAIS,
ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS E INTERVENÇÃO
DIRETA COM FAMÍLIAS – as famílias são vistas como sujeitos sociais; ações objetivam a construção da cidadania e a defesa de direitos. Dessa forma, as condutas, dificuldades e problemas expressos pelas famílias enquanto grupo ou pelos seus membros são interpretados como expressão de conflitos instaurados no contexto de uma dinâmica familiar. Porém, tal dinâmica é decorrente de uma
história e de uma estrutura familiar, profundamente marcada pelas contradições de uma sociedade em um determinado momento histórico.
Dalva Gueiros
Em relação a esse aspecto – Estado e família –, há de se considerar as implicações presentes, uma vez que existe uma efetiva intervenção do Estado na família, por meio de medidas jurídicas (legislações relativas ao casamento e à sua dissolução, à proteção da criança, do adolescente e do idoso, entre outras), econômicas (normatizações relativas ao trabalho e à previdência social, por exemplo) e institucionais (referentes à saúde e à escolarização etc.)
• Aumentou o número de pessoas idosas na família porque as pessoas estão vivendo mais
• Diminuiu o número de famílias compostas de pai, mãe e filhos (família nuclear conjugal)
• Aumentou o número de famílias compostas de mães morando sozinhas com seus filhos e também começam a aparecer famílias de pais morando sozinhos com seus filhos (famílias monoparentais)
• Aumentou o número de pessoas morando sozinhas e de
famílias reconstituídas (filhos de casamentos anteriores
morando juntos)
• Aumentou a preferência por uniões consensuais em detrimento dos matrimônios legais
• Persistem as famílias extensas ou ampliadas, isto é, famílias às quais se agregam parentes ou amigos
• Começam a surgir famílias de casais sem filhos por opção
• Começam a surgir famílias compostas de amigos, cujas
relações de parentesco são baseadas na afinidade (família por
associação)
• Aumentam as famílias de casais homossexuais (no Brasil, a união homoafetiva foi oficializada em 05.05.2011)
Três grandes períodos na evolução da família:
Fase 1. Família tradicional – para assegurar a transmissão de um patrimônio; casamentos arranjados; uniões em idade precoce; uma ordem de mundo imutável e submetida à autoridade patriarcal.
Fase 2. Família “moderna” – fundada no amor romântico; reciprocidade de sentimentos e desejos carnais sancionada pelo casamento; divisão do trabalho entre os esposos; educação dos filhos sob responsabilidade da nação; atribuição de autoridade entre o Estado e os pais de um lado, e entre os pais e as mães por outro.
Fase 3. Família “pós-moderna” ou contemporânea - união de duração relativa de indivíduos que buscam relações íntimas ou realização sexual; horizontal e “em redes”; transmissão de autoridade cada vez mais problemática na medida em que aumentam os divórcios, separações e recomposições conjugais.
RESILIÊNCIA
E
“Resiliência é a capacidade de recuperar e manter um comportamento adaptado após um dano”
Ruther e Garmezy /1978
É um termo da Física – grau de resistência dos corpos aos choques (elasticidade)
Resiliência como energia de deformação máxima que um material
No campo da Psicologia, o conceito de resiliência têm sido utilizado para explicar a capacidade de adaptação dos indivíduos mediante situações muito adversas.
Aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes. Friedrich Nietzsche
Quando aplicada à Psicologia:
• resiliência significa resistência a experiências negativas;
• não é uma capacidade inata; ela depende da interação com o ambiente (estimulação e vínculos);
• não pressupõe características excepcionais de saúde nem experiências de vida predominantemente boas;
• depende de uma exposição controlada ao estresse e às adversidades psicossociais.
O conceito de resiliência ajuda-nos a compreender
as diferenças de adaptação de famílias em situações
Trabalho com famílias/Algumas recomendações
• Refletir e problematizar sempre as nossas próprias experiências com nossas famílias (família atual e família de origem), identificando valores, crenças e mitos;
• Evitar julgamentos baseados em qualquer tipo de preconceito;
• Observar como os membros da família se comunicam, suas mensagens verbais e não verbais; procurar ajudá-los sintetizando e „traduzindo‟ verbalmente esses conteúdos;
Trabalho com famílias/Algumas recomendações
•Evitar reagir com base nos sentimentos que determinadas pessoas e famílias mobilizam em nós, sejam eles „positivos‟ ou „negativos‟. Nestas situações, melhor será adiar uma resposta ou conduta e buscar ajuda na equipe ou supervisão especializada;
• Acolher a culpa, o desamparo, a raiva e outros tantos sentimentos „fortes‟ ou „negativos‟ que a família expressa, possibilitando assim que sejam mais conscientizados e aceitos;
Trabalho com famílias/Algumas recomendações
• Reconhecer e valorizar os saberes e recursos da família; • Olhar a família desde uma perspectiva estrutural (questões de classe social, gênero, geração, e outras),
funcional (divisão de funções e papéis na família) e
relacional (como os membros se vinculam,
sentimentos predominantes, principais expectativas e temores, etc.);
Trabalho com famílias/Algumas recomendações
• Construir junto com a família alternativas de mudança. • Promover sempre o diálogo, a troca de informações e a reflexão crítica;
Segundo Solange Maria Teixeira (2010), o desafio
atual para o trabalho social com famílias é fazer a
ruptura com as concepções de família-padrão,
família irregular, etc., utilizando uma metodologia
de trabalho que, de fato, aborde de forma dialética e
articulada os assuntos internos e externos à família,
sem hipertrofiar qualquer um desses polos, isto é,
sem cair em modelos psicoassistenciais
individualizantes ou em seu oposto, os modelos
generalistas de transformação social que não
oferecem soluções práticas para o cotidiano do
trabalho profissional.
“A grande generosidade está em lutar para que,
cada vez mais, essas mãos, sejam de homens ou de
povos, se estendam menos em gestos de súplica.
Súplica de humildes a poderosos.
E se vão fazendo, cada vez mais, mãos humanas,
que trabalham e transformam o mundo”.
Referências
• Gueiros D. Família e trabalho social: intervenções no âmbito do
Serviço Social. Rev. Katál. Florianópolis v. 13 n. 1 p. 126-132
jan./jun. 2010.
• Hintz HC. Novos tempos, novas famílias? Da modernidade à
pós-modernidade. Revista Pensando Famílias, 3, 2001; (8-19).
• Maia de Andrade P. Diretrizes para o Acompanhamento Familiar
no âmbito do PAIF. Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome. Secretaria Nacional de Assistência Social. Departamento de Proteção Social Básica. Disponível em 25.03.2014 em
http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/condicionalidades/arquivos/Apr esentacao%20Seminario%20Acompanhamento%20Familiar_Priscilla.p df
Referências
• Mioto RCT. Trabalho com famílias: um desafio para os assistentes
sociais. Revista Virtual Textos & Contextos, nº 3, dez. 2004.
• Roudinesco E. A família em desordem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor; 2003.
• Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social da Prefeitura de Belo Horizonte. Metodologia de trabalho com
famílias e comunidades nos Núcleos de Apoio à Família – NAF. Metodologia de trabalho com famílias e grupos no Eixo Orientação SOSF/PBH. 2007.
• Teixeira SM. Trabalho social com famílias na Política de
Assistência Social: elementos para sua reconstrução em bases críticas.