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O DESIGN THINKING COMO FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA CADEIRA DE BANHO PARA IDOSOS

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Academic year: 2021

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O DESIGN THINKING COMO

FERRAMENTA PARA O

DESENVOLVIMENTO DE UMA CADEIRA

DE BANHO PARA IDOSOS

Thiago Shoji Obi Tamachiro (UFPR)

thiagotamachiro@gmail.com

Patrick Fonseca Alexandre (UFPR)

patrickf.alexandre@gmail.com

Izabel Cristina Zattar (UFPR)

izabel.zattar@gmail.com

Marcos Augusto Mendes Marques (UFPR)

marquesammarcos@gmail.com

O transporte e movimentação de pacientes através de cadeiras de banho, além de oferecer riscos de contaminação por vírus e bactérias, podem proporcionar riscos ergonômicos tanto para a equipe de enfermagem, bem como os próprios usuários. Sendo assim, este artigo utilizou a ferramenta de Design Thinking com o objetivo de identificar quais características devem ser consideradas em uma cadeira de banho que proporcione segurança e conforto para os pacientes, bem como para os enfermeiros de um hospital. Com a utilização desta ferramenta, foram identificadas as necessidades e um protótipo foi construído, sendo assim, o mesmo obteve pontos positivos e negativos a com sua utilização. Dessa forma, o protótipo da cadeira mostrou ser melhor que as cadeiras convencionais utilizadas em hospitais.

Palavras-chave: Design Thinking, Cadeira de Banho, Desenvolvimento de Produto.

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Segundo Comélio e Alexandre (2005) as equipes de enfermagem, além de passarem diariamente por riscos de contaminação de vírus e bactérias, também passam por riscos ergonômicos relacionados à movimentação e o transporte de pacientes, posturas prolongadas e inadequadas, e flexão freqüente da coluna associada ao uso de equipamentos e mobiliários inadequados para os usuários, como as cadeiras de banho.

Em relação às cadeiras de banho, os trabalhadores de enfermagem relatam diferentes problemas encontrados no produto, tais como, assento desconfortável, largura estreita, altura não regulável, rodas e rodízios de difícil movimentação, entre outros (COMÉLIO; ALEXANDRE, 2005). Por outro lado, os pacientes também não se sentem confortáveis e seguros nas cadeiras de banho presentes nos hospitais (COMÉLIO; ALEXANDRE, 2005). Pesquisas mostram que a utilização de equipamentos especiais e adequados para o transporte de pacientes poderiam reduzir o esforço físico dos enfermeiros, além de satisfazer as necessidades de conforto e segurança dos pacientes (SILVA; ALEXANDRE, 2002).

Sendo assim, este artigo utilizou a ferramenta Design Thinking (DT) objetivando identificar quais devem ser as características de uma cadeira de banho para atender as necessidades de conforto e segurança de enfermeiros e pacientes de um hospital.

Seguido deste capítulo de introdução, o capítulo 2 aborda a definição e etapas do Design

Thinking. No capítulo 3 são apresentadas as ferramentas do Design Thinking empregadas no

trabalho. Em seguida, no capítulo 4, apresentam-se os resultados e discussões do projeto. Por fim, o capítulo 5 conclui o presente trabalho.

2. Design Thinking

De acordo com Hehn et al (2019), o Design Thinking é uma abordagem estruturada de solução de problemas para desenvolver produtos, serviços e modelos de negócios inovadores. Esta abordagem se baseia na exploração de necessidades humanas, prototipagem não técnica, reformulação iterativa de problemas e trabalho em equipe interdisciplinar. Para o autor Lee (2017), o Design Thinking é um método sistemático que visa implementar idéias inovadoras através do entendimento das necessidades dos clientes, em última análise, na tentativa de atender a essas necessidades e obter vantagem competitiva com a introdução de novos produtos e serviços no mercado.

Segundo Brenner et al. (2016), esta estrutura pode ser representada da seguinte forma, conforme figura 1.

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2 Figura 1 - Estrutura do Design Thinking

Fonte: Adaptado de Breener et al. (2016)

A primeira etapa “Definir o problema” consiste na identificação do problema, ou seja, descreve o problema no qual deve ser resolvido. A arte de encontrar e descrever o problema de forma clara é um grande desafio, pois é a partir do problema que toda metodologia se inicia, sendo assim, compreender bem o problema é de grande importância. O segundo passo, “Pesquisa e síntese das necessidades”, visa revelar as necessidades dos clientes finais. Nesta etapa a equipe desenvolve experiência no tópico sob análise. Algumas técnicas podem ser aplicadas, como entrevistas, pesquisas na literatura, entre outras, a fim de alcançar o nível de conhecimento necessário. Na terceira etapa, “Ideação”, segundo Brenner et al. (2016), a equipe é incentivada a encontrar ideias de solução por meio de brainstorming. Nesta fase, os integrantes devem propor e discutir sobre as ideias que podem solucionar o problema que é descrito na primeira etapa, entretanto, deve-se considerar também as necessidades encontradas na etapa dois.

A quarta etapa, “Protótipo”, tem como objetivo criar protótipos que possam ser testados na próxima etapa com os clientes. Estes protótipos podem ser feitos de madeira, maquetes papel, dentre outras. A escolha do protótipo fica a critério da equipe. Na etapa, “Teste”, os protótipos são testados pelos clientes. E por fim, a última etapa consiste em verificar se a inovação atendeu às necessidades dos clientes e o problema foi resolvido. Se uma resposta positiva for dada, o projeto pode ser finalizado, caso a resposta seja negativa, o desafio precisa ser reformulado com base nas novas ideias.

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pensador de design não podem ser facilmente atribuídos a etapas únicas e que o pensador de design experiente usa do repositório (com mais de 100 métodos) os adequados à situação.

3. Ferramentas empregadas em cada etapa do Design Thinking

Neste trabalho serão utilizadas as seguintes ferramentas conforme é mostrado no Quadro 1.

Quadro 1: Ferramentas empregadas nas fases do Desing Thinking Fase do Design Thinking Ferramentas empregadas

Definir Entrevista

Revisão Bibliográfica Pesquisa e síntese das

necessidades

Quadro de valor ao cliente

Ideação Brainstorming

Prototipação Desenho tridimensional Impressão 3d

Testar Entrevista

Fonte: Os autores (2020)

Conforme mostrado no Quadro 1, na fase definir foi feito uma entrevista com uma profissional da área de saúde, com fins de questionar quais são os modelos de cadeira de banho mais encontrados em hospitais e quais os principais problemas que elas oferecem para os pacientes e enfermeiros. A entrevistada também citou artigos científicos para mostrar exemplos reais referentes ao problemas das cadeiras de banho.

Na fase de pesquisa e síntese de necessidades foi utilizado o quadro de valor ao cliente para identificar principalmente as dores e desejos do cliente. Identificados estes elementos, partiu-se para a fapartiu-se de ideação, na qual foram levantadas várias ideias, por meio do Brainstorming, para definir as melhores características para o produto.

Com todas as ideias geradas pelo brainstorming, foi feita a modelagem tridimensional da cadeira e em seguida o desenho foi impresso em 3d, como forma de visualizar melhor o produto e apresentar ao cliente. Por fim, na fase de teste, foi feito uma nova entrevista, desta vez com um idoso para avaliar os aspectos da cadeira.

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4. Resultados e Discussões

Neste capítulo são apresentados os resultados das aplicações das ferramentas mencionadas no capítulo 3 em cada fase do Design Thinking.

4.1 Fase Definir

Segundo a doutora em enfermagem, entrevistada neste trabalho, o modelo de cadeira de banho mais encontrado em hospitais e em residências é ilustrado na Figura 2.

Figura 2: Cadeira de banho

Fonte: Site oficial da Hospinet (2020)

Nas redes públicas de saúde é comum o pequeno número de cadeiras disponíveis, cerca de dois exemplares para 15 pacientes, além de estarem desgastadas. O principal problema do modelo de cadeira ilustrada na Figura 2 é o assento, pois com o passar do tempo, um dos lados do assento pode se deformar, ocasionando um desnivelamento em relação ao outro lado do assento (Figura 3), o que consequentemente poderá gerar lesões nas nádegas do usuário.

Figura 3: Problema do desnivelamento do assento

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portadores de doenças infectocontagiosas e de doenças neurológicas, os idosos, e indivíduos que sofreram acidentes de forma geral.

A entrevistada também comentou que as regiões do corpo que apresentam maior desconforto para os enfermeiros são as pernas, costas, região cervical e o pescoço.

4.2 Fase Pesquisa e síntese de necessidades

Com todas as informações obtidas na fase anterior, foi possível entender quais são as dores e necessidades dos enfermeiros e quais os problemas que as cadeiras de banho apresentam tanto para os trabalhadores e usuários. Desta forma, foi contruída o Quadro de Valor ao Cliente (Quadro 2), para ajudar no compreendimento do problema.

Quadro 2: Quadro de valor ao cliente

Segmento de cliente

Tarefas

(Que necessidades os clientes estão querendo suprir?)

- Oferecer trabalho digno para seus pacientes, com conforto, qualidade e segurança

Dores

(O que incomoda esse cliente?)

- Dores no corpo dos funcionários; - Riscos de lesão ao paciente por problemas

dos equipamentos;

- Restrição de espaço do local do banho

Ganhos

(Quais os objetivos/resultados que esse cliente deseja para a sua vida?)

- Melhores condições de trabalho; - Redução de esforço percebido pelos

funcionários;

- Sensação de bem-estar e segurança dos pacientes durante o banho

Proposta de valor

Geradores de ganho (Quais os benefícios que os clientes

terão ao consumir os seus serviços/produtos?)

- Usabilidade; - Segurança física;

- Conforto físico e adequação pessoal; - Flexibilidade e compatibilidade; - Facilidade de reparo e higienização Analgésicos

(Quais problemas o seu serviço/produto resolverá para aqueles

que o consumirem?)

- Usuário sentado com segurança; - Biomecânica favorável para o executor da

tarefa;

- Acessórios no alcance das mãos do profissional

Produtos/serviços

(o que será oferecerecido aos clientes?) - Cadeira de banho adaptável e ergônomica Fonte: Os autores (2020)

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4.3 Fase Ideação

Elencadas as dores e necessidades no quadro de valor ao cliente foi feito um Brainstorming para gerar ideias de quais seriam as características da cadeira de banho a ser projetada. O Quadro 3 apresenta as ideias (características) que foram escolhidas para o projeto da cadeira.

Quadro 3: Característica da cadeira de banho projetada Partes da cadeira Características

Encosto

- Apoiar toda região dorsal; - Local para manipulação do equipamento.

- Encosto para cabeça - Reclinável Assento - Acolchoado - Largo e resistente - Orifício adaptável Rodas - 4 rodas - Antiderrapante - Travas Dimensionamento/material - Altura ajustável. - A prova d’água - Aço inox Acessórios

- Descanso para braços acolchoado e removível - Lavador de pés removível

- Porta shampoo/sabonete Fonte: Os autores (2020)

4.4 Fase Prototipação

Com todas as características definidas no Brainstoming, seguiu-se para a parte do desenho tridimensional, cujo resultado se encontra na Figura 4.

Figura 4: Desenho tridimensional da cadeira de banho

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conforme as especificações da impressão apresentadas no Quadro 4.

Quadro 4: Especificações da impressão Especificações da impressão

Equipamento Anet A8

Filamento Poliácido Láctico (PLA)

Espessura de camada 0,3mm

Velocidade 80 m/s

Dimensão do objeto 20x20,26x13,15mm Tempo de impressão 4 minutos

Fonte: Os autores (2020)

A Figura 5 ilustra o resultado da impressão da cadeira de banho prototipada.

Figura 5: Protótipo da cadeira de banho

Fonte: Os autores (2020)

4.5 Fase Testar

Com o protótipo montado, foi realizada uma nova entrevista, desta vez com um idoso de 60 anos que utiliza uma cadeira de banho há cinco anos devido a uma amputação da perna esquerda em um acidente de trânsito. O entrevistado mencionou quais as principais dificuldades da utilização da cadeira convencional e em seguida avaliou o projeto proposto, quanto aos pontos positivos e negativos:

 Dificuldades da utilização da cadeira convencional: falta de mobilidade, falta de adaptação dos banheiros para a colocação da cadeira, dificuldade de pegar o sabonete e xampu.

 Pontos positivos do projeto proposto: regulagem facilitando o banho, Suporte para sabonete.

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 Pontos negativos do projeto proposto: suporte para os pés, precisam ser firmes, que dão suporte, mas que não sejam rígidos para facilitar a entrada e saída da cadeira e minimizando as chances de queda.

5. Considerações Finais

As equipes de enfermagem relatam constantemente dificuldades com relação à movimentação e segurança de pacientes de um hospital, entretanto, não somente destes usuários, mas os enfermeiros também enfrentam riscos ergonômicos e de contaminação. A ferramenta de

Design Thinking demonstrou ser uma ferramenta adequada para este tipo de problema, uma

vez que as necessidades dos usuários (pacientes e enfermeiros) devem ser consideradas e atendidas. O protótipo demonstrou pontos positivos e negativos, porém, pode ser melhorado a partir das ideias que foram encontradas pelos pesquisadores e iniciando um novo ciclo de melhoria, a fim de reduzir ou eliminar os pontos negativos e maximizar os pontos positivos. Como feedback, o protótipo demonstrou ser melhor que a cadeira convencional utilizada pelo hospital. A ferramenta de Desing Thinking não se deve limitar somente a este estudo de caso, sendo assim, a mesma pode ser utilizada em diversas áreas.

6. Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.

REFERÊNCIAS

BRENNER, Walter.; UEBERNICKEL, Falk (ed.). Design Thinking for Innovation: Research and Practice, Springer, 2016.

COMÉLIO, Maria E.; Alexandre, Neusa M. C. Avaliação de uma cadeira de banho utilizada em ambiente hospitalar: uma abordagem ergonômica. Revista Brasileira de Enfermagem, v.58, n. 3, p. 405-410, 2005.

CURIMBABA, Rodrigo Gomes. Design Ergonômico De Cadeiras De Banho: Diretrizes De Projeto

Fundamentadas Em Experiência De Usuários. Bauru: UNESP, 2016. 97 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Design, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2016.

HEHN, Jennifer; MENDEZ, Daniel; UEBERNICKEL, Falk; BRENNER, Walter; BROY, Manfred. On Integrating Design Thinking for Human-Centered Requirements Engineering. IEEE Software, v. 37, n. 2, p. 25–31, 2019.

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9 LEE, DonHee. A model for designing healthcare service based on the patient experience. International Journal of Healthcare Management, v. 12, n. 3, p. 180–188, 2017.

SILVA, Fabiana B.; ALEXANDRE, Neusa M.C. Presença e utilização de equipamentos para movimentação e transporte de pacientes em um hospital universitário. Revista Paulista de Enfermagem, v. 21, n. 3, p. 255-261, set/dez., 2002.

Referências

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