Universidade NOVA de Lisboa
NOVA Medical School | Faculdade Ciências Médicas
RELATÓRIO FINAL
Carolina Vaz Calado | 2012163
6ºano Mestrado Integrado em Medicina
Junho de 2018
I
Índice
1. Introdução ... 1
2. Resumo das atividades dos estágios parcelares ... 1
2.1. Medicina Geral e Familiar ... 1
2.2. Pediatria ... 2 2.3. Ginecologia e Obstetrícia ... 2 2.4. Saúde Mental ... 3 2.5. Medicina ... 3 2.6. Cirurgia ... 4 3. Reflexão Crítica ... 5 4. Referências ... 9 5. Anexos ... 9
[NOME DO AUTOR] 1
1. Introdução
O relatório final do estágio profissionalizante pretende apresentar um resumo do trabalho desenvolvido em cada um dos seis estágios parcelares que o constituem, uma revisão dos objetivos definidos para cada estágio e uma reflexão sobre o atingimento ou não dos mesmos, bem como os fatores que justifiquem o não-cumprimento de todos os objetivos. Nesta perspetiva, o relatório divide-se em: Introdução, que apresenta o objetivo e organização do relatório; Corpo, no qual é feita uma descrição sucinta das atividades desenvolvidas em cada estágio parcelar; e Reflexão, em que são expostos os objetivos definidos para cada estágio, tanto pela Unidade Curricular como a nível pessoal, e distinguidos quais foram alcançados e quais não foram, procurando justificar aqueles que não foram atingidos.
2. Resumo das atividades dos estágios parcelares
2.1. Medicina Geral e Familiar
(11/09/17
– 6/10/17)
O meu estágio decorreu na Unidade de Saúde Familiar Alfa Beja, sob a tutela do Dr. José Carlos Dionísio. Durante o estágio, participei em consultas de Saúde Infantil, Saúde Materna e Planeamento Familiar, Seguimento de Doença Crónica, Rastreios e Intersubstituição (Agudos). A patologia crónica com que contactei mais frequentemente foi hipertensão arterial, diabetes, dislipidémia, patologia osteoarticular degenerativa, dor e obesidade. As patologias agudas mais frequentes na consulta de Intersubstituição foram infeções respiratórias e urinárias, e ainda otites médias agudas, no caso da idade pediátrica. Foi no contexto de seguimento de doentes crónicos que tive a oportunidade de realizar consultas autonomamente, mas em ambiente controlado, por se tratarem de doentes bem conhecidos pelo meu tutor e selecionados para exercitar as minhas capacidades de comunicação, gestão de tempo de consulta, registos clínicos e prescrição de fármacos e exames complementares. Adicionalmente, realizei exame objetivo da criança nas consultas de saúde
[NOME DO AUTOR] 2 infantil e citologias nas consultas de Rastreio do cancro do colo do útero. Pude ainda assistir a consultas de enfermagem e acompanhar consultas ao domicilio tanto médicas como de enfermagem. Como atividade complementar elaborei, juntamente com o meu colega de estágio, um folheto informativo sobre hipertensão arterial dirigido aos utentes da USF.
2.2. Pediatria
(9/10/17 – 3/11/17)
Sob a tutela do Dr. António Pedro Campos, o meu estágio decorreu no Hospital Dona Estefânia e incidiu sobretudo na Gastroenterologia Pediátrica, nomeadamente no internamento da Unidade de Cuidados Especiais Respiratórios e Nutricionais (UCERN), e na consulta de Hepatologia. Na UCERN pude realizar o exame objetivo de doentes e elaborar os diários clínicos dos mesmos. Também me foi permitido participar na dinâmica do Serviço de Urgência, assistir à Consulta de Imunoalergologia com a Dra. Sara Prates e visitar várias enfermarias de Pediatria Médica do Hospital, bem como a Unidade do Adolescente, no âmbito do acompanhamento de vários doentes internados com necessidade de apoio da UCERN. A aprendizagem durante o estágio foi complementada pelas reuniões diárias de Pediatria (em que são apresentados e discutidos os entrados em cada Serviço, bem como outros casos que necessitem de revisão multidisciplinar), pelas sessões clínicas semanais, pela aula teórico-prática de Imunoalergologia lecionada pela Doutora Ana Romeira, sobre o tema “Anafilaxia na criança”, e pela realização e apresentação do trabalho intitulado “Alergia às Proteínas do Leite de Vaca e Manifestações Gastrointestinais” no Seminário de Pediatria do 6ºano, que foi também um momento de aprendizagem por assistir às restantes apresentações.
2.3. Ginecologia e Obstetrícia
(6/11/17 – 30/11/17)
O meu estágio decorreu no Hospital Lusíadas Lisboa, sob a tutela da Dra. Daniela Sobral, cuja atividade clínica se foca nas áreas da Infertilidade e Procriação Medicamente Assistida e Consulta da Adolescente. No entanto, graças ao cuidado da minha tutora em elaborar uma
[NOME DO AUTOR] 3 rotação pelas várias valências da especialidade, pude participar na dinâmica de várias consultas – nomeadamente: Ginecologia, Obstetrícia, Endometriose, Patologia do Colo, Infertilidade, Senologia, Adolescentes –, da urgência, do bloco operatório e de técnicas como a histeroscopia e a ecografia obstétrica. A aprendizagem durante o estágio foi complementada pelas reuniões semanais a que pudemos assistir e pela realização e apresentação do trabalho intitulado “Rastreio Genético Alargado” no Seminário de Ginecologia e Obstetrícia do 6ºano, que foi também um momento de aprendizagem por assistir às restantes apresentações: “Anti coagulação na Gravidez”, “Endometriose”, “Diabetes Gestacional” e “Preservação da fertilidade”.
2.4. Saúde Mental
(2/12/17 – 11/01/18)
O meu estágio decorreu no Hospital Egas Moniz, sob a tutela da Dra. Fátima Urzal. Nas primeiras duas semanas, acompanhei a minha tutora na Psiquiatria de Ligação. Nas últimas duas semanas, cumpri um plano de rotação que me permitiu conhecer várias valências da especialidade, nomeadamente: internamento, consulta externa, urgência (Hospital de S. Francisco Xavier) e hospital de dia. Às segundas feiras acompanhei a minha tutora à Unidade de Saúde Mental Comunitária - Equipa de Carnaxide/Dafundo. As patologias com que contactei mais frequentemente foram perturbações depressivas, perturbações bipolares, perturbações da personalidade e psicoses. O meu estágio foi ainda complementado pela oportunidade de assistir a uma reunião sobre o tema “Perturbações do Espectro do Autismo no Adulto” e pela elaboração de uma história clínica.
2.5. Medicina
(22/01/18
– 16/03/18)
Durante o meu estágio, fui inserida na dinâmica do Serviço de Medicina III do Hospital de S. Francisco Xavier, como parte da equipa do Dr. Hugo Moreira, tendo a maior parte do mesmo sido dedicada ao internamento e a todas as atividades que envolvem esta valência, incluindo as visitas médicas e sessões clínicas. Foi no contexto de uma das sessões clínicas
[NOME DO AUTOR] 4 que apresentei, juntamento com três colegas, as Guidelines sobre Multimorbilidade da NICE, de 2016. Ao ser integrada na equipa, foram-me atribuídos doentes, juntamente com todas as tarefas inerentes à gestão dos mesmos, sendo a minha função recolher, organizar e registar toda a informação pertinente para discutir a sua situação clínica e abordagem terapêutica. Adicionalmente, tinha a função de realizar todas as tarefas necessárias para dar alta ao doente, nomeadamente redigir os documentos e pedir as consultas de seguimento necessárias, bem como assegurar transporte e apoios sociais. No contexto do estágio foi ainda necessário contactar com familiares dos doentes várias vezes. Uma vez por semana, tive a oportunidade de participar na dinâmica do serviço de urgência, tendo ficado tanto no Balcão de Medicina como no Serviço de Observação. Por fim, pude assistir à consulta de Doenças Auto-Imunes e visitar o Hospital de Dia. Os quadros clínicos com que contactei mais frequentemente foram: insuficiência cardíaca descompensada, infeções respiratórias, DPOC agudizada, distúrbios hidro-eletrolíticos e anemia.
2.6. Cirurgia
(19/03/18 – 18/05/18)
Este estágio consistiu numa componente teórica e numa componente prática. A componente teórica foi constituída por sessões formativas lecionadas no Hospital Beatriz Ângelo durante a primeira semana do estágio. Na componente prática, fui integrada no Hospital das Forças Armadas – Pólo de Lisboa, na equipa do Dr. Pedro Campos e da Dra. Catarina Pinho, tendo participado numa rotina semanal bem organizada. Sendo terça-feira o dia em que decorriam as cirurgias eletivas no bloco operatório, os doentes eram admitidos na enfermaria na segunda feira, operados na terça e acompanhados em internamento até terem alta. Paralelamente à dinâmica do internamento e bloco operatório, decorriam consultas todos os dias da semana exceto terça-feira, às quais assistimos de forma rotativa. Para além dos doentes internados eletivamente, acompanhámos ainda o percurso de doentes admitidos em contexto de urgência. As patologias com que contactámos mais frequentemente foram hérnias da parede abdominal, sinus pilonidalis, doenças da tiroide e
[NOME DO AUTOR] 5 doença hemorroidária. Os alunos do HFAR tiveram ainda a oportunidade de visitar o Centro de Medicina Aeronáutica e o Centro de Medicina Subaquática e Hiperbárica. No último dia de estágio, os alunos organizaram um Congresso de Cirurgia que se realizou no Hospital Beatriz Ângelo, tendo o meu grupo apresentado o trabalho “Cancro Colorretal – Risco de recorrência local pós-cirurgia R0”. Uma vez que o Serviço de Urgência deste hospital funciona com base numa escala de prevenção, a minha experiência em contexto urgência ao longo deste estágio foi muito reduzida, não tendo conseguido assistir a cirurgias neste contexto.
3. Reflexão Crítica
O estágio de Medicina Geral e Familiar, na minha perspetiva, contribuiu muito para o desenvolvimento de uma maior autonomia clínica e consolidação de conhecimentos, tendo sido fundamental a oportunidade de conduzir consultas, sempre com o apoio do meu tutor. Este método permitiu-me aprender a adotar uma abordagem centrada na pessoa, identificar e gerir os problemas de saúde mais frequentes na comunidade e tomar decisões terapêuticas que tenham em consideração as limitações dos dados clínicos e a relação custo-benefício. As minhas principais dificuldades foram gerir o tempo de consulta, consolidar conhecimentos relativos a patologia respiratória crónica e saúde mental (devido ao escasso contacto com estas áreas), e saber coordenar cuidados prestados por diferentes profissionais e identificar os recursos de saúde existentes na comunidade, devido ao fraco contacto com MGF ao longo do curso. O local de estágio em si também permitiu ainda comparar a realidade dos cuidados primários de saúde dos meios urbanos e rurais.
Durante o estágio parcelar de Pediatria, ao acompanhar o meu tutor na atividade do internamento, da consulta e da urgência, senti uma evolução da minha aprendizagem ao nível da comunicação com o doente e a família, realização da anamnese e do exame físico com a sua colaboração, e desenvolvimento de uma atitude profissional e outras competências transversais como comunicação, capacidades de pesquisa e síntese. No que
[NOME DO AUTOR] 6 diz respeito à consolidação de conhecimentos e abordagem das patologias pediátricas mais frequentes, este terá sido o objetivo mais incompleto no fim do estágio. Na minha perspetiva, isto deve-se ao facto de ter estagiado num hospital terciário, organizado em várias subespecialidades bem definidas e fisicamente separadas, dificultando o contacto com as doenças mais importantes de cada área. Este facto nem sempre é devidamente compensado pelo contacto com a urgência, apesar do meu interesse por este objetivo e do empenho do meu tutor em incluir-me na atividade clínica.
No estágio de Ginecologia e Obstetrícia, ao passar por várias valências e consultas diferenciadas, pude contactar com as situações clínicas mais frequentes de cada área desta especialidade e conhecer a sua abordagem. No entanto, sendo um estágio maioritariamente observacional, foi difícil consolidar aptidões mais práticas como: ganho de capacidades para tomada de decisões básicas, colheita de anamnese, realização de exame objetivo, pedido de exames de diagnóstico e elaboração de relatórios clínicos informativos. O local de estágio em si permitiu-me ainda contactar com a realidade de um hospital privado.
O estágio de Saúde Mental destacou-se, na minha perspetiva, pela oportunidade que tive em conhecer mais do que uma vertente da Psiquiatria, que contribuiu muito para a minha evolução ao nível de identificação de sintomas de perturbação psiquiátrica e elementos patológicos na personalidade e comportamento do doente, avaliação das capacidades funcionais dos mesmo e deteção de situações individuais e sociais de risco. No entanto, ao alternar entre serviços, não tive a oportunidade de acompanhar a evolução clínica de doentes internados. Este estágio permitiu também compreender a importância do contexto social, laboral e familiar, bem como as regras básicas de referenciação de indivíduos com problemas de saúde mental. A colheita e elaboração de uma história clínica permitiu-me ainda praticar a colheita de uma anamnese e a sua organização para obter um diagnóstico psiquiátrico global. Apesar de ser um estágio essencialmente observacional, penso que este aspeto não interferiu com o cumprimento dos objetivos propostos.
[NOME DO AUTOR] 7 O estágio de Medicina conferiu uma oportunidade única de ganho progressivo de autonomia, através da realização de todas as tarefas inerentes à gestão de doentes internados que me foram atribuídos. Esta participação ativa na rotina hospitalar, de forma tutelada, foi a maneira mais eficaz de consolidar capacidades de abordagem do doente internado, discussão diagnóstica e terapêutica, pedido racional de exames complementares e elaboração de relatórios clínicos informativos. O contacto com os familiares foi também uma parte importante desta experiência, e, apesar de difícil, foi muito enriquecedor. A passagem pela enfermaria, consulta e urgência permitiu aplicar estas capacidades aos diferentes contextos hospitalares e aumentou a variedade de quadros clínicos com que contactei, reforçando os meus conhecimentos teóricos e a minha capacidade de aplicar as aptidões práticas acima descritas.
O estágio de Cirurgia foi muito direcionado para o ganho de autonomia na gestão dos doentes e na abordagem dos mesmos nos vários contextos (consulta, enfermaria, urgência e bloco operatório). Esta perspetiva foi fundamental para conhecer as principais síndromes cirúrgicas, a sua etiopatogenia, semiologia e fundamentos do seu diagnóstico e tratamento; requisitar exames complementares de diagnóstico adequados; avaliar o estado nutricional e o risco cirúrgico de um doente; executar técnicas de pequena cirurgia mais comuns e conhecer as técnicas de anestesia e de assepsia. Apesar de ter estagiado num hospital pequeno com uma população mais particular e patologia cirúrgica menos variada, não considero que essa característica tire valor ao estágio em si, pois considero que foi o contacto prático constante com patologias e quadros clínicos mais frequentes que permitiu o ganho de autonomia na abordagem e gestão do doente cirúrgico ou com indicação cirúrgica. Como único aspeto negativo destaco a falta de contacto com a Urgência, que levou ao não-cumprimento dos objetivos relacionados com a identificação e abordagem de situações clínicas com indicação cirúrgica urgente.
[NOME DO AUTOR] 8 Segundo “O Licenciado Médico em Portugal”1, podemos afirmar que o aluno de Medicina
deve, de uma forma muito resumida, conhecer as “manifestações das doenças de maior prevalência a nível clínico, patológico, laboratorial e imagiológico, especificamente em Portugal”, a “prevenção e tratamento eficaz das doenças e síndromas comuns” e devem ser capazes de “criticamente avaliarem, interpretarem e integrarem a informação obtida a partir da história, do exame físico e da avaliação do estado mental, levando em consideração as características individuais e sociais do doente bem como o contexto epidemiológico.” Adicionalmente, “os licenciados devem ser capazes de estabelecer estratégias de gestão adequadas (tanto a nível diagnóstico como terapêutico) para doentes em situações comuns, tanto agudas como crónicas, incluindo as situações médicas, psiquiátricas e cirúrgicas, bem como condições graves que exijam tratamento em contexto de cuidados intensivos, e aquelas que exigem reabilitação a curto e longo prazo.” Como ferramenta imprescindível do trabalho médico, é também fundamental saber “comunicar eficazmente, tanto oralmente como por escrito, com os doentes e suas famílias, médicos, enfermeiros, outros profissionais de saúde e com o público em geral, tanto individualmente como em grupo.”
Tendo estes princípios como referência, considero que o grau de sucesso com que os atingi, em cada estágio parcelar, dependeu essencialmente do contacto que existiu com as situações clínicas mais frequentes, num contexto prático não observacional e de forma tutelada. Nesta perspetiva, os diferentes estágios tiveram contributos diferentes para o cumprimento desses objetivos, apesar do empenho e dedicação da parte de todos os envolvidos. No entanto, em todos os estágios, notei uma evolução das minhas capacidades ao longo dos mesmos, e considero que, de uma forma global, atingi os objetivos definidos para o estágio profissionalizante.
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4. Referências
“O Licenciado Médico em Portugal” Core Graduates Learning Outcomes Project, Julho 2005