• Nenhum resultado encontrado

A População Idosa Brasileira nos Anos 90 e Alguns Aspectos da Ampliação da Cobertura da Previdência Social

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A População Idosa Brasileira nos Anos 90 e Alguns Aspectos da Ampliação da Cobertura da Previdência Social"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

A População Idosa Brasileira nos Anos 90 e Alguns Aspectos da

Ampliação da Cobertura da Previdência Social

*

Stella M. B. S. Telles UNICAMP/NEPP

Palavras-chave: idoso, arranjo familiar, previdência social, renda.

Introdução

Grande parte das pesquisas recentes na área da demografia do envelhecimento tem se desenvolvido com o interesse de descrever e explicar as tendências de crescimento do tamanho da população idosa e da constituição dos arranjos familiares dos idosos.

Pode-se dizer que o envelhecimento da população é um evento complexo que se reflete pelas mudanças na estrutura etária da população.

A previdência social, por sua vez, é um assunto que vem sendo amplamente discutido nos últimos tempos em função de sua repercussão na sociedade na medida em que os benefícios da previdência são para muitas famílias o principal recurso de sustentação de renda.

As políticas previdenciárias tem inspirado um caloroso debate tanto no contexto internacional como no nacional, sobretudo quando se pensa na sua relação com os movimentos sociais e econômicos e também por representar uma conquista política de uma época em que o padrão de desenvolvimento dos países seguiam um modelo de crescimento diferente do atual.

Especificamente foi a partir do final da década de 70 que os sistemas previdenciários começam a passar por várias tentativas de mudanças justificadas pela crise do padrão de desenvolvimento dos países.

* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em

(2)

A transformação produtiva refletida nas alterações das relações de trabalho e produção, decorrente em parte da revolução tecnológica, acaba por afetar as estruturas da sociedade demandando adaptações nas suas políticas sociais.

Segundo Pinheiro 2000, um estudo recente desenvolvido no ano de 2000 pela OIT – Organização Internacional do Trabalho, mostrou que mais da metade da população ocupada mundial e seus dependentes não estão protegidos por qualquer tipo de sistema de seguridade social. De acordo com este autor, uma das consequências da pressão que este segmento exercerá será o inevitável aumento no Gasto Público e ou a redução da renda média das famílias.

Aliado às transformações políticas e sociais, o quadro atual de envelhecimento da população em melhores condições de vida que no passado, contribui para um contexto que inspira preocupações, pois justamente por alterarem as demandas por políticas públicas acabam impondo novos desafios para o Estado.

O debate sobre o envelhecimento populacional também passa pela relação com a família e a sociedade, porque são com estes elementos que a população envelhecida contará, principalmente aqueles desprotegidos das políticas sociais.

Muitas vezes os dados agregados, no nível nacional, acabam por esconder diferenças importantes entre a população rural e a urbana. Ainda mais quando se pensa, por exemplo no caso do Brasil onde na última década tivemos alterações importantes nas políticas previdenciárias que beneficiaram a população rural.

Nesse sentido, ainda que a população idosa no Brasil seja majoritariamente urbana, quase 80% das pessoas maiores de 65 anos residem na zona urbana (Berquó 2000), é de grande importância conhecer como vivem os idosos no meio rural tendo em vista tratar-se deste contingente o mais desprovido de infra-estrutura social.

As pessoas com 65 anos ou mais representavam mais de 7,1 milhões de pessoas no ano de 1990 no Brasil. Com uma taxa de crescimento anual de 3,7% ao ano, mais do que o dobro da taxa de crescimento da população total (1,4 % ao ano) no período entre 1990 e 1999, a população idosa atinge 9,9 milhões de pessoas em 1999.

(3)

3 O presente trabalho é parte de tese de doutoramento e sua intenção principal é contribuir no sentido de levantar as dimensões econômicas e sócio-demográficas que representem fatores de risco para que idosos em determinados arranjos familiares estejam em situações de maior vulnerabilidade ou desprotegidos.

Metodologia e Fonte de Dados

Os dados utilizados são provenientes das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio – Pnads nos anos de 1990, 1995 e 1999 desenvolvidas pelo IBGE. A Pnad é uma pesquisa que em geral tem periodicidade anual e investiga as informações básicas para estudos sobre o desenvolvimento sócio-econômico do país.

Considerando-se a informação “relação com o chefe da família” foram elaboradas 6 categorias de análise para caracterizar a estrutura familiar em que vive o idoso, a saber:

- Vive sozinho – arranjos unipessoais

- Chefe ou cônjuge de casal sem filhos, sem parentes ou agregados - Chefe ou cônjuge de casal com filhos e ou parentes, agregados, outros - Chefe de família monoparental e ou parentes, agregados, outros - Vivendo como parente

- Outros: idoso chefe e empregado / agregado ou chefe e idoso empregado / agregado.

Devido às limitações da PNAD quando o idoso é caracterizado como parente do chefe da família ou da pessoa de referência, não há como saber se ele é pai (mãe), sogro (a) ou outro tipo de parente (tio, etc).

A situação de domicílio urbana ou rural será considerada como dimensão analítica. Criou-se também, uma variável que designa a natureza da fonte de rendimento do idoso contemplando 4 categorias:

- Não tem rendimentos, ou tem rendimentos provenientes de outras fontes que não sejam o seu trabalho ou a sua aposentadoria e ou pensão.

(4)

- Tem rendimentos provenientes exclusivamente de seu trabalho.

- Tem rendimentos de seu trabalho somados aos rendimentos de aposentadoria e ou pensão.

- Tem rendimentos de aposentadoria e ou pensão, ou seja recursos exclusivamente de sistema de seguridade social.

Metodologicamente temos que definir claramente a população idosa que queremos investigar. Apesar da idade em que as pessoas se consideram idosas variar bastante de indivíduo para indivíduo, algum critério cronológico tem que ser tomado e não há como evitar algum grau de arbitrariedade.

As Nações Unidas e a OMS – Organização Mundial da Saúde - recomendam que para países em desenvolvimento deva-se considerar como idoso a pessoa com 60 anos ou mais de idade.

Neste estudo definimos como população idosa, as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, por acreditarmos que ao tomarmos a população de 65 anos ou mais, estamos focalizando o contingente que melhor caracteriza as necessidades dos idosos.

Distribuição das pessoas idosas por tipo de família segundo o gênero.

No Brasil a distribuição das pessoas idosas segundo sua inserção no arranjo familiar difere bastante de acordo com o gênero.

Dentre os homens idosos predominam os arranjos onde ele é chefe ou cônjuge de família do tipo casal com filhos e ou parentes e agregados perfazendo uma participação de 35% em 1999, e também naqueles arranjos do tipo casal sem filhos onde em 1999, 33,2% dos idosos homens concentravam-se nestes arranjos.

O terceiro tipo de arranjo mais comum entre os indivíduos do sexo masculino são os unipessoais que representaram cerca de 9% em 1999.

Os idosos que vivem em famílias na condição de parente e são chefes de famílias monoparentais correspondiam à 7,2% e 6,2% respectivamente no final da década de 90.

(5)

5 A tendência observada na década foi de crescimento da participação de homens de 65 anos ou mais nos arranjos mais independentes, ou seja, vivendo sozinhos ou como chefe de casal sem filhos. Em contrapartida, houve decréscimo dos idosos chefes ou cônjuges de famílias do tipo casal com filhos e ou parentes e agregados. A participação dos idosos em famílias na condição de parente ou chefes de famílias monoparentais praticamente se manteve a mesma entre o começo e o final dos anos 90.

No caso das mulheres, observa-se uma distribuição mais uniforme segundo os tipos de arranjos familiares.

Os arranjos familiares mais comuns onde se encontram as mulheres idosas são aqueles onde ela está na condição de parente, provavelmente sendo mãe ou sogra do chefe da família ou do cônjuge e nos arranjos onde ela é a chefe de uma família monoparental representados em 1999 por 21% e 20,3% de participação respectivamente.

O terceiro tipo mais comum de arranjo familiar feminino é constituído apenas pelo casal. Em geral as idosas são cônjuges neste tipo de família e representam 18,4% do total de arranjos familiares das idosas.

15,9% das mulheres idosas viviam sozinhas em 1999 e 12,0% eram chefes ou cônjuges de famílias formadas pelo casal com filhos e ou parentes e agregados.

A tendência geral da década de 90 para as mulheres idosas, assim como no caso dos homens, é de crescimento das formas mais independentes de arranjos, ou seja, daquelas morando sozinhas ou somente com o marido. Os dados também revelaram tendências crescentes da participação de idosas chefiando famílias monoparentais e declínio da participação daquelas vivendo em famílias como parentes (Gráficos 1 e 2).

Gráfico 1 Gráfico 2

Hom ens 65 anos e m ais - Tipo de Fam ília 0,0 9,0 18,0 27,0 36,0 45,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Mulheres 65 anos e m ais - Tipo de Fam ília 0,0 9,0 18,0 27,0 36,0 45,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

(6)

Distribuição das pessoas idosas por tipo de origem dos rendimentos segundo gênero e situação de domicílio urbano-rural.

No Brasil, na área urbana, quando se analisa a evolução do percentual de aposentados e pensionistas idosos ao longo da década de 90, conclui-se que esta participação esteve constante por volta de 90% de cobertura da população idosa. Mas quando se verifica se os idosos aposentados ainda trabalham, a conclusão a que se chega é de que houve incremento de mais de 12% daqueles que se aposentaram e ainda trabalham e decréscimo de 11% daqueles cujos rendimentos dependem exclusivamente da previdência.

No caso dos homens maiores de 65 anos que não estão cobertos pela previdência, isto é, aqueles aqui considerados como os que tem rendimentos provenientes do seu trabalho apenas, e aqueles que declararam não receber rendimentos ou então recebe de outras fontes diferentes do trabalho e da aposentadoria, por exemplo doações, verifica-se que estes tiveram um ligeiro decréscimo passando de 10,9% no início da década para 9,5 % no final.

No caso das idosas urbanas, houve um incremento na participação percentual de aposentadas. No ano de 1990 quase 75% das idosas eram aposentadas ou pensionistas. No final da década, em 1999 elas representavam quase 84%. Esses 9% de incremento na participação das aposentadas ocorreu tanto pelo aumento daquelas que recebiam seus rendimentos exclusivamente das aposentadorias e pensões, como daquelas que além de receber estes benefícios, ainda recebiam rendimentos fruto de seu trabalho.

Houve redução na década do percentual de idosas urbanas que estavam descobertas pelo sistema previdenciário. No início do período elas representavam 25,4% da população idosa feminina, enquanto que no final da década eram 16,1%. Este decréscimo ocorreu principalmente pela diminuição do número de idosas que não tinham rendimento nem do trabalho nem tampouco tinham benefício previdenciário.

Dos idosos rurais, quase 86% tinham cobertura previdenciária em 1995. Com o incremento do número de benefícios esta cobertura passa para quase 90% em 1999. Este crescimento ocorreu principalmente entre os aposentados que trabalham. Este segmento representava 40,9% em 1990 e em 1999 49,4%.

(7)

7 Com relação aos aposentados ou pensionistas rurais exclusivamente, houve declínio da participação passando de 44,9% em 1990 para 40,4% em 1999.

Em consequência do aumento da cobertura previdenciária, houve declínio da participação dos idosos rurais que não tinham rendimento, e daqueles cujos rendimentos dependiam exclusivamente de seu trabalho. Em 1990 este grupo que tinha uma participação de 14,2% cai para 10,3% em 1999.

Quase 90% das mulheres idosas da zona rural estavam cobertas pelo sistema previdenciário em 1999. No início da década elas representavam 72,7% das idosas.

Apesar do percentual de idosas rurais aposentadas ou pensionistas exclusivamente ter crescido bastante, foi o grupo das que se aposentaram e ainda trabalham o que teve uma taxa de crescimento mais elevada.

O incremento no número de benefícios destinados à população feminina idosa rural possibilitou uma diminuição entre aquelas que não tinham rendimentos do trabalho nem da previdência e daquelas que tinham rendimentos exclusivos do seu trabalho, porém o decréscimo maior foi com relação ao primeiro grupo.

De uma maneira geral, o avanço conquistado através da expansão da cobertura previdenciária possibilitou uma proteção maior daqueles idosos excluídos ou porquê que não tinham rendimentos ou então contavam com a renda de seu trabalho apenas.

Entretanto, no caso dos homens, tanto na área urbana como na rural, o que se observou é que o contingente de aposentados exclusivamente vem caindo ao logo da década e o avanço da cobertura previdenciária teve um impacto maior entre aqueles que ainda trabalham. Isto sugere que ainda que se reconheça o avanço da previdência vista pelo aumento das taxas de cobertura de aposentados e pensionistas, os valores dos benefícios, em sua maioria muito baixos não possibilita que o segurado deixe de trabalhar (Gráficos 3, 4, 5 e 6).

(8)

Gráfico 3 Gráfico 4

Gráfico 5 Gráfico 6

Hom ens 65 anos e m ais - Origem da renda - Brasil Urbano

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 99 (%)

trabalho trab e aposentado apos. / pensionista não trab, não apos.

Mulheres 65 anos e m ais - Origem da renda - Brasil Urbano

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 99 (%)

trabalho trab e aposentado apos. / pensionista não trab, não apos.

Hom ens 65 anos e m ais - Origem da renda - Brasil Rural

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 99 (%)

trabalho trab e aposentado apos. / pensionista não trab, não apos.

Mulheres 65 anos e m ais - Origem da renda - Brasil Rural

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 99 (%)

trabalho trab e aposentado apos. / pensionista não trab, não apos.

(9)

9 Distribuição dos homens de 65 anos ou mais segundo o tipo de família e natureza do tipo de rendimento.

A maior parte dos idosos urbanos são aposentados exclusivamente e em menor parte são aposentados e trabalham. Dentre os que são somente aposentados, há maior participação daqueles que se encontram na condição de parente e dos que são chefes de famílias monoparentais.

Apesar de serem poucos, os idosos urbanos que não recebem rendimentos nem de aposentadoria nem de trabalho, em geral pertencem à famílias onde ele ocupa a posição de parente.

Um fato a se levar em consideração, tanto no caso urbano como no rural, é que quando o idoso trabalha, mesmo que já seja aposentado há maiores chances dele ser o chefe de uma família do tipo casal com filhos e ou outros. (gráficos 7, 9, 11 e 13).

No caso dos indivíduos maiores de 65 anos residentes na zona rural o que pode ser observado é que durante a década houve crescimento da participação dos que trabalham e são aposentados e ligeira queda dos que são exclusivamente aposentados ou pensionistas.

Houve na década, em menor participação, queda daqueles que somente obtém seus rendimentos do trabalho e um crescimento sutil daqueles que não tinham rendimentos de aposentadoria nem de trabalho.

Dos que trabalham e são aposentados os maiores percentuais são de indivíduos chefes ou cônjuges de famílias do tipo casal com filhos e também das famílias formadas apenas por um casal.

Dos idosos rurais cuja fonte de rendimentos é constituída exclusivamente dos benefícios da previdência, predominam os que estão na posição de parente (gráficos 8, 10, 12 e 14) .

(10)

Homens de 65 anos ou mais segundo tipo de família e fonte de rendimentos Gráfico 7 Gráfico 8 Gráfico 9 Gráfico 10 Gráfico 11 Gráfico 12 Gráfico 13 Gráfico 14

Não trabalham e não são aposent. ou pensionistas - Urbano 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Não trabalham e não são aposentados ou pensionistas - Rural 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Som ente Trabalham - Urbano

0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Som ente Trabalham - Rural

0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Trabalham e são aposentados Urbano 0,0 15,0 30,0 45,0 60,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Trabalham e são aposentados Rural 0,0 15,0 30,0 45,0 60,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Som ente aposentados ou pensionistas Urbano 0,0 15,0 30,0 45,0 60,0 75,0 90,0

(%) Som ente aposentados ou

pensionistas Rural 0,0 15,0 30,0 45,0 60,0 75,0 90,0 (%)

(11)

11 Distribuição das mulheres de 65 anos ou mais segundo o tipo de família e natureza do tipo de rendimento.

A maioria das mulheres maiores de 65 anos ou são aposentadas e pensionistas da previdência exclusivamente ou não tem rendimentos provenientes da seguridade nem do trabalho.

Das que são aposentadas exclusivamente, a maioria pertence à famílias unipessoais, à famílias em que ela se encontra na condição de parente ou ainda é chefe de família monoparental.

As idosas que não possuem rendimentos provenientes nem de trabalho nem de aposentadoria ou pensão, em geral são cônjuges de famílias constituída apenas pelo casal ou então pelo casal com filhos. Essas mulheres sem rendimentos, em sua maioria, ao enviuvarem passam a constituir a categoria de pensionistas da previdência e vivem em arranjos familiares unipessoais ou como parentes em outras famílias ou ainda tornam-se chefes de famílias monoparentais.

A participação dessas mulheres sem rendimentos tem caído ao longo da década em função do aumento de mulheres nas posições aposentadas ou pensionistas.

A maior diferença observada entre o início e o final da década de 90 entre as idosas urbanas e as rurais é que estas últimas apresentaram um incremento mais acentuado da participação das que trabalham e são aposentadas em detrimento das que somente tinham rendimentos de seu trabalho ou não tinham rendimentos de nenhuma dessas fontes (gráficos 16, 18, 20 e 22).

(12)

Mulheres de 65 anos ou mais segundo tipo de família e fonte de rendimentos Gráfico 15 Gráfico 16

Gráfico 17 Gráfico 18

Gráfico 19 Gráfico 20

Gráfico 21 Gráfico 22

Não trabalham e não são aposent. ou pensionistas - Urbano 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Não trabalham e não são aposent. ou pensionistas - Rural 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Som ente Trabalham - Urbano

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Som ente Trabalham - Rural

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Trabalham e são aposentadas Urbano 0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0 24,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Trabalham e são aposentadas Rural 0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 20,0 24,0 1990 1995 1999 (%) unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Som ente aposentadas ou pensionistas - Urbano 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0

(%) Som ente aposentadas ou

pensionistas Rural 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 (%)

(13)

13 A renda média familiar per capita das pessoas idosas na década de 90

Em geral, houve um aumento da renda mediana familiar per capita das pessoas idosas medida em salários mínimos entre 1990 e 1995. Entre 1995 e o final da década estes valores voltam a atingir patamares semelhantes aos do início de década.

Na área urbana os idosos com as maiores rendas medianas familiares per capita são aqueles pertencentes às famílias onde ele encontra-se na condição de parente ou então quando ele é chefe ou cônjuge de arranjo familiar do tipo casal sem filhos. Em 1990 este segmento tinha renda mediana familiar per capita em torno de 1,2 a 1,7 salários mínimos, atingindo 2 salários mínimos em 1995 e declinando para 1,5 salários mínimos no final da década.

Já os idosos com as menores rendas mediana familiar per capita são aqueles chefes de famílias monoparentais, os quais apresentaram declínio da renda per capita mediana familiar durante a década. No início da década a renda mediana familiar per capita deste grupo atingia 1,2 salários mínimos passando para 1 salário mínimo no final da década.

Na zona rural a variabilidade da renda mediana familiar per capita dos idosos segundo os tipos familiares é menor que na zona urbana assim como o nível de renda que é inferior ao respectivo da área urbana.

Não há dúvida de que a constituição de 1988, que ampliou a cobertura da população rural, melhorou o nível médio de renda mediana familiar per capita. No começo da década o nível médio de renda mediana familiar per capita de um idoso da zona rural era de 0,5 salário mínimo e passou para 1 salário mínimo em 1999.

Na zona rural, embora haja pouca variabilidade da renda média entre tipos familiares, são os idosos que vivem sozinhos e aqueles chefes ou cônjuges de casais sem filhos os que apresentaram as maiores rmfpc (Gráficos 23 e 24).

(14)

Gráfico 23 Gráfico 24

Evolução do percentual de contribuintes e beneficiários da previdência segundo o perfil etário

A participação de contribuintes rurais da previdência praticamente permaneceu a mesma ao longo da década atingindo seu valor máximo de cerca de 20% de contribuintes sobre a população na faixa de 30 a 39 anos.

Com relação aos contribuintes urbanos houve uma ligeira queda nas contribuições entre o começo e o final da década. Em 1990 o percentual máximo de contribuintes para a previdência na população ocorria na faixa etária de 35 a 44 anos onde praticamente metade das pessoas desta faixa etária faziam suas contribuições. No final da década a participação nesta mesma faixa etária cai para menos de 45%.

O percentual de aposentados e pensionistas urbanos da previdência social vem aumentando desde o começo da década principalmente para as pessoas aposentadas com idades entre 60 à 64 anos que em 1990 constituíam 48% das pessoas nesta faixa etária e em 1999 eram 57%. Da mesma forma, para as pessoas com idades entre 65 à 69 anos, 70,7% estavam aposentados ou eram pensionistas em 1990 passando para 75,7% em 1999.

O maior incremento verificado entretanto, aconteceu na zona rural. Enquanto em 1990 somente 24,1% das pessoas com idade entre 60 e 64 anos eram aposentadas ou pensionistas, em 1999 67,6% das pessoas dessa faixa estavam aposentadas.

Pessoas 65 + anos - Renda Mediana Fam iliar per capita Mensal em salários

m ínim os - Brasil Urbano

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 1990 1995 1999 unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

Pessoas 65 + anos - Renda Mediana Fam iliar per capita Mensal em salários

m ínim os - Brasil Rural

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 1990 1995 1999 unipessoal casal casal / f / p / o monoparental parente outro

(15)

15 Para as pessoas maiores de 60 anos, a evolução da participação de beneficiários da previdência da zona rural foi superior inclusive aos percentuais da zona urbana, indicando desta forma um grande avanço para as pessoas idosas residentes no meio rural cujo benefício da previdência é senão o principal, mas o único recurso disponível para sua sobrevivência (Gráficos 25, 26 e 27).

Gráfico 25

Gráfico 26

Distribuição do percentual de contribuintes e beneficiários da previdência social segundo faixa etária 1990

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80+

apos e pens urbano contribuintes urbano apos e pens rural contribuintes rural

Distribuição do percentual de contribuintes e beneficiários da previdência social segundo faixa etária 1995

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80+

apos e pens urbano contribuintes urbano apos e pens rural contribuintes rural

(16)

Gráfico 27

Considerações Finais

De uma maneira geral, os dados revelaram que houve um incremento durante a década de 90 do percentual de idosos que são aposentados e ainda trabalham, tanto homens quanto mulheres e tanto na zona urbana quanto rural .

Entre os homens idosos houve declínio durante o período, do percentual daqueles que eram exclusivamente aposentados ou pensionistas, enquanto que para as mulheres houve aumento.

Houve ligeira queda da participação dos idosos, homens e mulheres, que obtinham seus rendimentos exclusivamente do trabalho.

Entre as mulheres caiu o percentual daquelas que não tinham rendimentos nem do trabalho, nem da aposentadoria ou pensão em função do aumento da cobertura providenciaria melhorando desta forma, as condições de vida das mulheres.

Quando o idoso ou a idosa trabalham, quer estejam aposentados ou não, aumentam-se as chances deles pertencerem à famílias onde são chefes ou cônjuges de arranjos do tipo casal com filhos.

Quando homens e mulheres são exclusivamente aposentados ou pensionistas ou então quando o homem idoso não trabalha e nem é aposentado, há maiores chances deles

Distribuição do percentual de contribuintes e beneficiários da previdência social segundo faixa etária 1999

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 75-79 80+

apos e pens urbano contribuintes urbano apos e pens rural contribuintes rural

(17)

17 pertencerem à famílias ocupando a condição de parente, ou viverem sozinhos ou ainda serem chefes de famílias monoparentais.

As idosas que não trabalham e não são aposentadas ou pensionistas tem maiores probabilidades de estarem inseridas em famílias do tipo casal sem filhos e casal com filhos na condição de esposa.

De uma maneira geral, a renda mediana familiar per capita dos indivíduos idosos urbanos elevou-se entre 1990 e 1995 e caiu entre 1995 e 1999 voltando a alcançar patamares semelhantes aos do início da década.

Entre os idosos rurais, ocorreu aumento significativo da renda mediana familiar per capita no primeiro período e posterior queda no período subsequente. Entretanto no final da década os idosos rurais tinham uma renda mediana familiar per capita superior ao início da década.

As maiores rendas medianas familiares per capita na área urbana pertencem aos idosos que estão na posição de parentes e também àqueles que são chefes ou cônjuges de casal sem filhos. Já entre os idosos rurais as maiores rendas medianas familiares per capita acontecem nos arranjos unipessoais e também naqueles em que são chefe ou cônjuge de casal sem filhos.

Foi possível verificar que na década de 90 houve uma queda considerável no nível de contribuições para a previdência. Isto se deve em parte ao aumento do desemprego e à queda dos níveis de renda da população ocupada. Segundo Pinheiro 2000, há uma relação forte entre nível de renda e nível de contribuição. Assim, quanto maiores são os níveis de renda dos trabalhadores, maiores são os níveis de contribuição.

Outro fato a se pensar é que a baixa contribuição dos trabalhadores, principalmente daqueles que ganham até 2 salários mínimos justifica-se pela possibilidade deste contingente ter no futuro, acesso aos benefícios assistências que não tem como exigência a contribuição prévia e cujo valor mínimo equipara-se ao da previdência.

O crescimento da atividade informal também exerce influência sobre a queda nos níveis de contribuição. Muitos dos trabalhadores dos setores historicamente excluídos da

(18)

seguridade social como os trabalhadores agrícolas, domésticos, autônomos e assalariados informais simplesmente não tem renda suficiente para poder contribuir.

Por outro lado, não se pode deixar de falar, no incremento do percentual de aposentados e pensionistas rurais principalmente entre 1990 e 1995, ultrapassando inclusive os níveis de cobertura urbana a partir dos 60 anos de idade.

Uma questão a se fazer é qual seria o motivo do aumento da participação de idosos aposentados e que ainda trabalham em detrimento dos que são aposentados exclusivamente ? Esta questão sugere algumas hipóteses:

Os idosos estão parando de trabalhar mais tarde, em idades mais avançadas por uma questão de necessidade, tendo em vista que os valores dos benefícios da previdência são bastante baixos obrigando-os a permanecer no mercado de trabalho por mais tempo, ou, por outro lado poderia tratar-se de uma questão de mudança de tendência, no sentido de que os idosos por terem melhores condições de vida e de saúde que no passado acabam optando por permanecer mais tempo na força de trabalho.

A década de 90 destacou-se pelo expressivo avanço da previdência principalmente para os idosos rurais e em especial para as mulheres rurais que experimentaram taxas de inclusão crescentes no sistema de proteção social.

Alguns autores consideram que a previdência rural ao ser efetivamente implantada a partir de 1992, acabou tendo efeitos inesperados como a revitalização da economia familiar na medida em que de certa forma promoveu um “seguro de renda agrícola”. Além disso, alguns pesquisadores consideram que sob outro ponto de vista a expansão da cobertura previdenciária acabou promovendo uma política indireta de combate à pobreza.

Também em relação ao nível dos rendimentos reconhecemos que, ainda que insuficientes, houve uma elevação dos rendimentos medidos em salários mínimos e que acabaram por elevar a renda familiar per capita dos idosos beneficiários principalmente no meio rural.

Nesse sentido, esforços adicionais devem ser buscados no sentido de repensar o financiamento do sistema , visto tratar-se ainda de uma problemática não equacionada e tentar promover a elevação dos valores dos benefícios para que muitos aposentados e

(19)

19 pensionistas idosos não precisem ainda trabalhar para garantir minimamente seu orçamento.

Incentivos para que os trabalhadores contribuam efetivamente para a previdência também devem ser buscados. Principalmente em áreas de trabalho onde a rotatividade da foça de trabalho é mais intensa como no caso dos trabalhadores da construção civil, trabalhadores autônomos e informais, assim como os trabalhadores agrícolas que necessitam de políticas previdenciárias mais flexíveis com relação às contribuições.

Afirmar hoje em dia, que os idosos estão em situação privilegiada em relação aos mais jovens exige cautela pois se pelo lado dos rendimentos podemos fazer esta afirmação, pouco ou nada se sabe sobre a estrutura de gastos dos idosos no Brasil.

Neste sentido investigações que levem em conta como ocorre o processo de acumulação e desacumulação de riquezas, assim como aquelas que tem como objetivo estudar a estrutura de gastos das pessoas, trariam uma grande contribuição para desvendar as verdadeiras necessidades da população idosa.

Referências Bibliográficas

BERQUÓ, E. e BAENINGER, R. Os idosos no Brasil: considerações demográficas Campinas: UNICAMP, Núcleo de Estudos de População, Textos NEPO no. 37. 2000. CAMARANO, A . M. Como Vive o Idoso Brasileiro In: CAMARANO, A . M.(org). Muito Além dos 60: Os Novos Idosos Brasileiros. Rio de Janeiro: IPEA, 1999

DELGADO, G. e CARDOSO Jr., J. C. Universalização de Direitos Sociais Mínimos no Brasil: O Caso da Previdência Rural nos anos 90. Brasília: IPEA, Texto para Discussão, 1999.

NERI M., CARVALHO k., NASCIMENTO M. Ciclo de Vida e Motivações Financeiras (com Especial Atenção aos Idosos Brasileiros. Brasília: IPEA. Texto para Discussão, 1999.

PINHEIRO, V. C. Aspectos Sociais da Previdência no Brasil: O Desafio de Aumentar a Cobertura. Texto preparado para o Congresso Internacional de Técnicas Atuariais e

(20)

Gerenciamento Financeiro organizado pela Associação Internacional de Seguridade Social – AISS e Ministério da Previdência e Assistência Social no Brasil. Curitiba – PR. 4 e 5 de maio de 2000.

SAAD, P. M. Impact of Pension Reform on the Living Arrangements of Older Persons in Latin America.- Technical Meeting on Population Ageing and Living Arrangements of Older Persons: Critical Issues and Policy Responses. Population Division – Department of Economic and Social Affairs. United Nations, 2000.

Referências

Documentos relacionados

Resumo O objetivo deste estudo foi analisar a tendência temporal dos coeficientes de detecção de casos novos de hanseníase, bruto e específico por sexo, faixa etária e forma

segunda guerra, que ficou marcada pela exigência de um posicionamento político e social diante de dois contextos: a permanência de regimes totalitários, no mundo, e o

A Parte III, “Implementando estratégias de marketing”, enfoca a execução da estratégia de marketing, especifi camente na gestão e na execução de progra- mas de marketing por

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

O candidato deverá apresentar impreterivelmente até o dia 31 de maio um currículo vitae atualizado e devidamente documentado, além de uma carta- justificativa (ver anexo

AC AC TROMBONE II a VIII JLA JLA METAIS 4. AC AC

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

Avaliou-se o comportamento do trigo em sistema de plantio direto em sucessão com soja ou milho e trigo, sobre a eficiência de aproveitamento de quatro fontes