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Resumo Cirurgia de figado

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Academic year: 2021

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O fígado é responsável pela produção de fatores de coagulação e albumina, metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, e inativação e eliminação de diversos agentes químicos exógenos e endógenos, inclusive agentes anestésicos. (SLATTER, 2007).

O fígado é a maior glândula isolada do corpo, e corresponde a 2-5% do peso corporal no organismo (LOPES et al., 2007). O órgão é uma glândula com numerosas funções metabólicas, executadas por dois tipos celulares: o hepatócito que faz síntese, secreção, excreção, armazenamento, biotransformação e metabolismo, possui também núcleo centralizado, e ainda podem ser binucleados, com várias mitocôndrias; e a célula de Kupffer, um macrófago, que é localizado na parede dos sinusóides hepáticos, associado ao hepatócito, onde executa função fagocitária (Banks, 1992).

As lesões que acometem o fígado são de origem degenerativa, inflamatória (tóxica e infecciosa) e neoplásicas. O processo inflamatório que acomete o fígado é denominado hepatite, podendo esta ser de origem tóxica, onde a reação celular inflamatória pode ser mínima, ou de origem infecciosa, tendo como agentes as bactérias, protozoários e os vírus (Jones et al, 2000).

O objetivo do presente trabalho é abordar procedimento cirúrgicos do fígado em cães em gatos, focando principalmente nos tratamentos cirúrgicos utilizados atualmente em nossa rotina.

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2. FÍGADO

O fígado é o maior e um dos mais importantes órgãos de secreção e excreção do corpo (CENTER, 1992). Nos cães e gatos, o fígado se divide em seis lobos distintos: medial esquerdo, lateral esquerdo, medial direito, lateral direito, quadrado e caudado. Embora no gato, o lobo caudado pareça ser uma projeção ou um processo do lobo medial direito, é geralmente considerado com um lobo separado (BOJRAB, 1996).

De fato, funciona como uma interface entre o sistema digestivo e o sangue. Uma grande parte do sangue que vai para o fígado chega pela veia porta (70-80%); uma menor porcentagem é suprida pela artéria hepática. Todos os nutrientes absorvidos pelo intestino chegam ao fígado pela veia porta, exceto os lipídeos. A posição do fígado no sistema circulatório é ideal para captar, transformar e eliminar substâncias tóxicas através da bile. Além de produzir importantes proteínas plasmáticas como a albumina e outras (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004).

3. CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS

Como a maioria dos tranquilizantes e dos agentes anestésicos injetáveis é metabolizada pelo fígado, e ao se reduzir a função hepática podem-se prolongar os efeitos desses compostos. A hipotensão durante a anestesia resulta em uma redução da perfusão arterial do fígado. A hipoxemia do fígado em conjunto com os efeitos tóxicos dos anestésicos ou de outras drogas podem contribuir para o desenvolvimento de uma necrose centrolobular. Devem-se planejar a anestesia e administração de fluido perioperatorio para minimizar a ocorrência e a duração da isquemia hepática (BOJRAB, 1996).

Segundo Slatter (2007), os princípios empregados na anestesia de pacientes com doenças hepáticas e um dos aspectos mais importantes e frequentemente negligenciados da anestesia é na preparação pré-operatória, o animal deve estar hidratado, e com paramentos ideal de equilíbrio ácido-básico, eletrólitos, proteína plasmática, glicemia, e não apresentar estado de desnutrição. Deve evitar o uso de mediações cujas as ações poderiam ficar

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sabidamente hepatotóxicos, além de maximizar o fornecimento de oxigênio para o fígado. Deve-se manter o débito cárdico e a pressão arterial sistêmica, é importante também verificar a concentração de hemoglobina.

4. TÉCNICAS CIRÚRGICAS 4.1 Biópsia Hepática

A biopsia do fígado é indicada para estabelecer definitivamente a presença e a causa hepatopatia, para capacitar o clinico a proporcionar um prognostico. Independentemente da técnica utilizada para se realizar a biopsia do fígado, deve-se manipular a amostra suavemente para evitar a causa de alterações artefatuais (BOJRAB, 1996).

Podem- se obter pequenas amostras de tecido hepático utilizando-se uma agulha de biopsia ou uma agulha de punção de biopsia cutânea. As agulhas de biopsia (Menghini ou Tru-Cut) permite ao cirurgião realize uma biopsia em qual quer área do fígado e obtenha pequenas quantidades de tecido sem criar um grande efeito (BOJRAB, 1996).

Após se determinar o local da biopsia, avança-se com uma agulha de punção de biopsia de tamanho apropriado para a profundidade desejada aplicando-se pressão enquanto se rotaciona a agulha de punção para atrás e para frente. Com a agulha de punção mantida nesse ângulo obliquo, retira-se a mesma e a amostra do fígado (BOJRAB, 1996).

As amostras de biopsia maiores ou de biopsia de lobos hepáticos circulares podem ser obtidas colocando-se suturas entrelaçadas ou suturas de arrimo de material absorvível transversamente ao lobo ou ao redor da lesão para isolar um fatia em forma de cunha do tecido. O número de suturas exigido para isolar a amostra de biopsia depende da forma do lobo e do tamanho desejado da biopsia (BOJRAB, 1996).

4.2 Hepatectomia Parcial

Podem –se remover amostras de biopsia maiores ou lobos inteiros utilizando um técnica de “fatura digital” ou de esmagamento do parênquima.

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Identifica-se a área a ser removida, incisa-se precisamente a cápsula do fígado na extensão proximal ao tecido a ser incisado. Separa-se a parênquima ao longo dessa linha utilizando-se uma pressão digital ou pinça para comprimir o tecido, deixando os vasos e os ductos biliares intactos, seguram-se essas estruturas com uma pinça, rompem-se e ligam-se (figura 1). Pode-se controlar uma hemorragia capilar continuada geralmente por pressão ou por manutenção do omento maior no leito hepático com um categute simples 3-0 ou 4-0 (BOJRAB, 1996).

Obtém-se o fechamento vascular hepático apertando-se os garrotes de Rommel e aplicando-se pinças vasculares nas artérias mesentéricas celíaca a cranial. Sob condições homotérmicas, deve-se limitar a duração do fechamento vascular hepático de 15 a 20 min.

Figura 1 demostra como é realizado a Hepatectomia Parcial segundo (BOJRAB, 1996).

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A duração desse período de fechamento vascular deve ser tão curta quanto possível, e não são aconselháveis períodos adicionais de fechamento vascular. (BOJRAB, 1996).

4.3 Desvio Portossistêmicos

Os desvios portossistêmicos congênitos são comunicações vasculares entre o sistema venoso portal e sistêmico, que permitem acesso do sangue portal à circulação sistêmica, sem que primeiro ocorra sua passagem pelo fígado, motivo pelo qual, o desvio portossistêmico congênito mais identificado é a encefalopatia hepática (ETTINGER & FELDMAN, 2005).

Os sinais clínicos de DPS congênito extra-hepático são: Sintomas referentes ao sistema nervoso central, gastrointestinal e trato urinário. Os distúrbios gastrintestinais tbm podem ocorrer em casos de doença intestinal

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inflamatória, obstrução intestinal, ingestão de corpo estranho e exagero dietético (BUNCH, 2010).

O hemograma pode evidenciar microcitose com eritrócitos normocrômicos, células em alvo e anemia arregenerativa leve (MEYER, 1995). Radiografias abdominais são importantes como exame de triagem para DPScongênito. É extremamente raro um cão com DPS que não tem algum grau de microhepatia (FOSSUM, 2006). A ultrassonografia pode detectar um desvio, mas um exame com resultado normal não descarta a sua presença. Fístulas arteriovenosas hepáticas podem ser diferenciadas de outras desordens portossistêmicas pelo ultrassom com Doppler (NYLAND, 2004).

Para caracterização do tipo e localização anatômica do desvio portossistêmico congênito pode ser utilizado as técnicas esplenoportografia, portografia mesentérica (jejunal) e portografia mesentérica arterial celíaca oumesentérica cranial (ETTINGER & FELDMAN, 2005).

A técnica cirúrgica deve ser realizada com o objetivo de ligar o vaso anômalo para, então, corrigir o desvio de fluxo sanguíneo. Atualmente, ao invés de se fazer a ligação do vaso através de fios de sutura, utilizam-se constritores ameróides (MURPHY, 2001). Outra técnica utilizada atualmente para ocluir o vaso anômalo é a utilização de faixa de papel celofane envolvendo o vaso. Faz se um anel, com o papel celofane, em torno dele (MEHL, 2007).

Tobias (2003) evidenciou que cães da raças Yorkshire Terrier possuem predisposição 35 vezes maior para serem diagnosticados com DPS doque todas as outras raças combinadas. Esta representação é fortemente sugestiva de uma predisposição genética para a doença.

A resposta em cães é excelente, caso o cão sobreviva ao período pós-operatório imediato. Um fator importantíssimo é ter menos que um ano de idade.Todavia, em gatos a correção cirúrgica do desvio portossistêmico congênito pareça ser menos encorajadora que em cães, embora existam relatos de casos deacompanhamento pós-operatório nos felinos (ETTINGER & FELDMAN, 2005).

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BANKS, W. J.; D.V.M., MS., Ph.D., Sistema Digestivo II – Orgãos Extra Murais. In: Histologia Veterinária Aplicada. 2ª ed. São Paulo, p. 468-478, 1992.

CENTER S.A. Fisiopatologia e diagnóstico laboratorial das moléstias hepáticas. In: ETTINGER,S.J.; FELDMAN, A. Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5. ed., São Paulo: Manole, 1992,v. 3. p. 1487 - 1546.

ETTINGER, S.J.; FELDMAN, A. Tratado de Medicina Interna Veterinária, 4. ed.,São Paulo: Manole, 2005, v. 2, pág. 1857-1868 Koogan, 2004.

JONES, T. C., HUNT, R. D., KING, N. W. Sistema Digestivo. In: Patologia Veterinária. São Paulo, 6.ed., Cap. 23, p. 1116-1124, 2000.

JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, O. Histologia Básica, 1. ed., Rio de Janeiro:Guanabara, p. 324-338

LOPES, S. T. A.; BIONDO, A. W.; SANTOS, A.P. Função Pancreática. Manual de Patologia Clínica Veterinária. UFSM – Universidade Federal de Santa Maria. 3ª edição. Santa Maria. 2007. pág.76.

MEYER, D. J. et al. Testes e distúrbios dos eritrócitos. In: Medicina de laboratório veterinária.São Paulo: 1995, Roca, p. 20.

MEHL, M. L. et al. Surgical management of left-divisional intrahepatic portosystemic shunts: outcome after partial ligation of, or ameroid ring constrictor placement on, the left hepatic veinin twenty-eight dogs (1995-2005). Veterinary surgery, 2007, v. 36, p. 21-30.

MURPHY, S. T. A Comparison of the Ameroid Constrictor Versus Ligation in the SurgicalManagement of Single Extrahepatic Portosystemic Shunts. Journal of the American animalhospital association, 2001, v. 37, p. 390-396.

NYLAND T.G. & MATTOON J.S. 2004. Ultrassom Diagnóstico em Pequenos Animais. 2ª ed.Roca, Sao Paulo, 2004. p. 95-129.

SLATTER, DOUGLAS. Manual de cirurgia de pequenos animais. Vol.2/Douglas Slatter.—3 ed.—Barueri, SP:Manole,2007.

Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais / editado por M.Joseph Borjrab; consultor editor tecidos moles Stephen J. Birchard; consultor editor ossos e articulações James L. Tomlison, Jr.—3.ed.—São Paulo: Roca 1996. TOBIAS K.M., Determination of inheritance of single congenital portosystemic shunts in Yorkshire Terriers, in: Journal of the American Animal Hospital Association, 2003, 39 ed.p.385-389

Referências

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