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Teoria Do Lugar - As Pessoas e o Lugar

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Academic year: 2021

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AS PESSOAS E O LUGAR

AS PESSOAS E O LUGAR

Teoria do Lugar | Faculdade de Ar

Teoria do Lugar | Faculdade de Ar

quitectura-UTL

quitectura-UTL

Francisco Carrasco

Francisco Carrasco

João Gomes

João Gomes

Pedro Gomes

Pedro Gomes

(2)

Universidade:

Universidade:

Universidade Técnica de Lisboa;

Universidade Técnica de Lisboa;

Faculdade:

Faculdade:

Faculdade de Arquitectura;

Faculdade de Arquitectura;

Curso:

Curso:

Mestrado Integrado em Arquitectura;

Mestrado Integrado em Arquitectura;

Ano Curricular:

Ano Curricular:

4º Ano;

4º Ano;

Semestre:

Semestre:

7º Semestre;

7º Semestre;

Turma:

Turma:

A;

A;

Disciplina:

Disciplina:

Teoria do Lugar;

Teoria do Lugar;

Discentes:

Discentes:

Francisco Carrasco #6531;

Francisco Carrasco #6531;

João Gomes #6614;

João Gomes #6614;

Pedro Gomes #6577.

Pedro Gomes #6577.

Docente:

Docente:

Michel Toussaint Alves Pereira;

Michel Toussaint Alves Pereira;

Titulo:

Titulo:

As Pessoas e o Lugar;

As Pessoas e o Lugar;

Assunto:

Assunto:

Cultura, herança e percepção, ocupação e transformação, vivência e

Cultura, herança e percepção, ocupação e transformação, vivência e

mudança, natural e artificial, público e privado, colectivo e individual. Abordagem

mudança, natural e artificial, público e privado, colectivo e individual. Abordagem

sobre alguns conceitos de lugar e sua evolução histórica. Análise do conceito de

sobre alguns conceitos de lugar e sua evolução histórica. Análise do conceito de

colectivo e de individualidade face ao lugar. Ralação perceptiva entre os indivíduos e

colectivo e de individualidade face ao lugar. Ralação perceptiva entre os indivíduos e

o lugar. O conceito de não lugar. Importância do carácter temporal na estruturação

o lugar. O conceito de não lugar. Importância do carácter temporal na estruturação

de um lugar;

de um lugar;

Fase do Trabalho:

Fase do Trabalho:

Primeira;

Primeira;

Ano Lectivo:

Ano Lectivo:

2009/2010;

2009/2010;

Data:

(3)

Universidade:

Universidade:

Universidade Técnica de Lisboa;

Universidade Técnica de Lisboa;

Faculdade:

Faculdade:

Faculdade de Arquitectura;

Faculdade de Arquitectura;

Curso:

Curso:

Mestrado Integrado em Arquitectura;

Mestrado Integrado em Arquitectura;

Ano Curricular:

Ano Curricular:

4º Ano;

4º Ano;

Semestre:

Semestre:

7º Semestre;

7º Semestre;

Turma:

Turma:

A;

A;

Disciplina:

Disciplina:

Teoria do Lugar;

Teoria do Lugar;

Discentes:

Discentes:

Francisco Carrasco #6531;

Francisco Carrasco #6531;

João Gomes #6614;

João Gomes #6614;

Pedro Gomes #6577.

Pedro Gomes #6577.

Docente:

Docente:

Michel Toussaint Alves Pereira;

Michel Toussaint Alves Pereira;

Titulo:

Titulo:

As Pessoas e o Lugar;

As Pessoas e o Lugar;

Assunto:

Assunto:

Cultura, herança e percepção, ocupação e transformação, vivência e

Cultura, herança e percepção, ocupação e transformação, vivência e

mudança, natural e artificial, público e privado, colectivo e individual. Abordagem

mudança, natural e artificial, público e privado, colectivo e individual. Abordagem

sobre alguns conceitos de lugar e sua evolução histórica. Análise do conceito de

sobre alguns conceitos de lugar e sua evolução histórica. Análise do conceito de

colectivo e de individualidade face ao lugar. Ralação perceptiva entre os indivíduos e

colectivo e de individualidade face ao lugar. Ralação perceptiva entre os indivíduos e

o lugar. O conceito de não lugar. Importância do carácter temporal na estruturação

o lugar. O conceito de não lugar. Importância do carácter temporal na estruturação

de um lugar;

de um lugar;

Fase do Trabalho:

Fase do Trabalho:

Primeira;

Primeira;

Ano Lectivo:

Ano Lectivo:

2009/2010;

2009/2010;

Data:

(4)

INDICE

INDICE

INTRODUÇÃO...

INTRODUÇÃO... ... pág. pág. 44 1ª Parte: “As Pessoas e o Lugar”

1ª Parte: “As Pessoas e o Lugar” ... ... pág. pág. 55 CULTURA

CULTURA ... . pág. pág. 66 TEMPO COMO ESTRUTUR

TEMPO COMO ESTRUTURAÇÃO DE UM LUGAR AÇÃO DE UM LUGAR ... pág. 7... pág. 7 HERANÇA

HERANÇA E E PERCEPÇÃO PERCEPÇÃO ... pág. ... pág. 88 OCUPAÇÃO

OCUPAÇÃO E E TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO ... ... pág. pág. 99 VIVÊNCIA

VIVÊNCIA E E MUDANÇA MUDANÇA ... pá.. pág. g. 1010 NATURAL

NATURAL E E ARTIFICIAL ...ARTIFICIAL ... ... pág. pág. 1010 PUBLICO

PUBLICO E E PRIVADO PRIVADO ... pá. pág. g. 1212 COLECTIVO

COLECTIVO E E INDIVIDUAL ...INDIVIDUAL ... ... pág. pág. 1212 CONCLUSÃO ...

CONCLUSÃO ... pág. .... pág. 1515 APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO DA DA SEGUNDA SEGUNDA PARTE PARTE ... ... pág. pág. 1616 2ª Parte: “As Pessoas e o Centro Urbano de Säynätsalo

2ª Parte: “As Pessoas e o Centro Urbano de Säynätsalo ... pág. ... pág. 1717 APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO GERAL GERAL DO EDIFÍDO EDIFÍCIO CIO ... ... pág. 18pág. 18 A NOÇÃO

A NOÇÃO DE HEDE HERANÇA E RANÇA E DE PDE PERCEPÇÃO ERCEPÇÃO ... ... pág. 20pág. 20 A NOÇÃO

A NOÇÃO DE PÚBLICO DE PÚBLICO E DE E DE PRIVADO PRIVADO ... ... pág. 21pág. 21 A

A NOÇÃO NOÇÃO DE DE CULTURA CULTURA ... ... pág. 22pág. 22 OCUPAÇÃO

OCUPAÇÃO E E TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO ... pág. .... pág. 2323 A NOÇÃO

A NOÇÃO DE VIVÊNCIA DE VIVÊNCIA E DE E DE MUDANÇA MUDANÇA ... ... pág. 26pág. 26 CONCLUSÃO POR FRANCISCO

CONCLUSÃO POR FRANCISCO MANUEL FERRO CARRASCO MANUEL FERRO CARRASCO #6531 #6531 ... ... pág. 27pág. 27 CONCLUSÃO POR JOÃO

CONCLUSÃO POR JOÃO PEDRO PALMA GOMES PEDRO PALMA GOMES #6614 #6614 ... ... pág. 29pág. 29 CONCLUSÃO POR

CONCLUSÃO POR PEDRO MIGUPEDRO MIGUEL PALMA EL PALMA GOMES #6577 ...GOMES #6577 ... ... pág. 31pág. 31 REFERÊNCIAS

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INTRODUÇÃO

Este trabalho realizado para a disciplina de teoria do lugar, tem como objectivo a consolidação e aplicação dos assuntos expostos nas aulas, é composto de duas fazes.

Na primeira fase iremos abordar a temática, levando ao extremo a explicação de alguns conceitos, fundamentais no suporte desta temática. Para isso iremos tomar posição face a algumas obras, como “ Genius Loci” de Norberg-Schulz e “ What Ti me is This Place?” de Kevin Lynch.

Para a segunda fase, havia que escolher um exemplo concreto de lugar. Optamos pelo

Cent r o ur bano de Säynät salo (1 951-52 )   do arquitecto Alvar Aalt o . Tivemos então, que

aplicar os conhecimentos e as conclusões tiradas na primeira fase, tornando-os centrais na observação e análise deste caso.

Este trabalho tem ainda como objectivo, a compreensão das questões que têm estado no centro de algumas discussões/debates abordados ao longo das aulas. Esta pequena investigação que incide essencialmente sobre o tema “As Pessoas e os Lugares”, pretende a compreensão dos modos de vivenciar os espaços e da “criação dos lugares, tendo por base, a existência de inúmeras maneiras de nos aproximar a esta realidade, tão vasta e complexa. É importante compreendermos também, quais as características que fazem ou que atribuem a qualidade de lugar a uma porção de espaço.

Hoje em dia, quando se analisa a arquitectura enquanto disciplina independente, é importante não esquecermos o ambiente arquitectónico, a maior qualidade da identificação do Homem com o objecto no espaço.

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1ª PARTE

“As Pessoas e o Lugar”

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CULTURA

Desde o aparecimento do Homem que se assistiu a uma procura por um espaço seguro. É importante ter em conta, que não podemos ter certezas de quando é que o Homem teve consciência, pela primeira vez, do conceito de lugar. Presumimos que inicialmente tenha sido de uma forma empírica, e com o passar do tempo esta abordagem foi evoluindo, tornando-se cada vez mais consciente.

É impossível hoje em dia, dissociar o conceito de único e de insubstituível. Por exemplo, a assembleia de Atenas Só fazia sentido devido ao local da sua implantação, que completava este lugar e o integrava na paisagem.

O lugar é um território consagrado por uma memória e identidade cultural, um logos que constitui a organização do caos. Trata-se de um espaço com um poder unificador.

Ao longo do tempo é visível a forte relação do homem enquanto habitante da terra com o território, o que se verifica através das diferentes intervenções feitas por este, ao nível do território. A prova disso é a forma diferente como diferentes povos pensaram e imaginaram os lugares, consagrando-os como organizadores do caos e como ligação da terra com o divino. Estes lugares de cosmisação são então detentores de uma memória colectiva.

A identidade Humana, pressupõe que a identidade do lugar esteja estabelecida. Sendo este processo de estabelecimento de uma identidade colectiva e social um processo lento, que nunca se consegue concretizar num ambiente em constante mudança.

Há muitos exemplos de cidades que com o avanço muito rápido da vida moderna, sofreram mudanças e tomando atitudes para que conseguissem acompanhar o ritmo do desenvolvimento descontrolado, preservando a sua identidade, característica, a sua cultura o seu espírito (genius loci).

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TEMPO COMO ESTRUTURAÇÃO DE UM LUGAR

Ritmos, objectos e acontecimentos sempre existiram, contudo o tempo e o espaço são uma invenção humana. Passado, presente e futuro são criados e interpretados por cada indivíduo, de formas diferentes. Assim, podemos dizer que o tempo para o ser humano é descontínuo e simultaneamente ligado através de acontecimentos particulares. Trata-se de uma secção mental para dar ordem aos eventos, identificando-os como coexistentes ou sucessivos.

O ser Humano está muito bem equipado para perceber sucessão e simultaneidade. Está menos equipado para entender datas e durações. Segundo Kevin Linch,o passado e o futuro são criações imaginárias que usam acontecimentos seleccionados, de forma a constituírem uma memória/cultura que sirva de base ao Homem na percepção e apropriação do Lugar.

A memória e a sua organização temporal são feitas através de factos externos: Ideias espaciais, relações causa-efeito, recordações, acontecimentos ambientais específicos, etc. O trabalho de relembrar depende assim do contexto.

Se por um lado o passado e o futuro são criações imaginárias, o presente é fisiológico, pois tem como base um primeiro contacto ordenado através de um estímulo visual. Trata-se então de uma relação temporal. A presença do passado no presente que o transborda e o reivindica é a condição através da qual Jean Starobinski vê a essência da modernidade.

A dimensão histórica de um lugar, segundo Schulz, é entendida como uma colecção de experiências culturais que não se devem perder, pois, estas devem ser tidas em conta na constituição da identidade humana. Esta identidade individual pressupõe uma identidade do lugar, que só é possível através da “ s t a b i l i t a s lo ci ”  . Esta estabilidade, que segundo Schulz,

é o básico da necessidade Humana no processo de interacção entre a identidade individual e social, trata-se de algo que não tem lugar num ambiente em constante mudança.

Um lugar pode possuir um carácter de intemporalidade e de insubstituível contudo, ele poderá ser finito. Ele é contentor de uma memória e da cultura do povo a que pertence. Com este lugar no presente, podem relacionar-se outros do passado que sustentam a sua existência e a sua projecção para o futuro.

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HERANÇA E PERCEPÇÃO

Uma característica essencial do pensamento, que se conhece é a percepção, sendo este traço indissociável da razão.

A palavra percepção que vem do grego “noein” significa ter consciência de qualquer coisa presente, que provoque os nossos sentidos, que tenhamos aceitado como algo real. No fundo podemos dizer que a percepção é o processo de elaboração dos dados sensoriais, umas vezes feita de forma inconsciente outras de forma consciente.

A nossa reacção e percepção podem mudar dependendo do nosso posicionamento espacial. Por exemplo, quando entramos numa sala pensamos “Estou cá fora”, depois “Estou a entrar Ali para dentro” e finalmente “Estou cá dentro”. Este tipo de experiências, ligadas à percepção, apela à nossa memória e cultura como base.

O lugar, assim como o espaço, transmitem-se, e numa fracção de segundo o ser humano sente o que é. O lugar comunica com a nossa percepção emocional e intuitiva, depois, constituimos uma opinião de ligação emocional ou de recusa, mas a compreensão imediata não nos deixa perder tempo a pensar se gostamos ou não, de um determinado lugar, pois o seu objectivo primeiro é transmitir-nos a sua essência. Podemos referir então, que é muito difícil dissociar a obra construída do pensamento que a guia.

A Herança é dada através da tradição, que é a base unificadora de uma comunidade. Esta desempenha um papel importantíssimo na relação dos indivíduos com o lugar. Sendo ela a que transporta todos os valores até ao novos membros e a que regulamenta e potencia todo e qualquer tipo de relação do seres com o lugar.

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OCUPAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO

“A ocupação é o objectivo da arquitectura. Esta está ao serviço da ocupação do lugar a partir do qual nós consideramos a existência do Homem: a arquitectura faz com que o dispositivo da ocupação do lugar se realize. Dentro de ela mesma e fora dela, neste sentido, a arquitectura deriva da ocupação e entra num movimento dialéctico próximo da experiência humana do homem na busca do seu “interior” e operando no seu “exterior”.

In “Lettre à un étudiant architecte », Willy Serneels

Podemos dizer então, que a primeira responsabilidade da arquitectura é de fazer com que o mundo seja habitável, tanto pelo trabalho do pensamento como pelas transformações da matéria. A arquitectura revela-nos os seres humanos que somos, portanto, podemos dizer que a ela confiamos o nosso ser.

Importa perceber quais as principais diferenças entre ocupação e transformação a ocupação é feita de diversas maneiras provisórias ou definitivas, e por vezes, nem tem necessariamente que acontecer para sabermos que um determinado espaço se trata de um lugar. Por outro lado a transformação é algo constante que é feita a ritmos variados, e que possuem um certo carácter de definitivo, pois depois de se transformar um lugar, por muito que tentemos reconstrui-lo ou recupera-lo, este nunca mais vais voltar a ser exactamente o que já foi. Pode ser melhor ou pior mas o facto é que as transformações por muito pouco relevantes que sejam, têm um carácter definitivo e “escrevem” a sua participação na “história/vida” do lugar. Contudo a ocupação e as transformações necessárias para tornar um lugar habitável e padecivel de ser apropriado pelo Homem, são muitas vezes dadas pelas características físicas do próprio lugar ou pela sociedade que nele habita.

Por vezes tal não acontece, o “lugar-comum” que normalmente é unificador de uma população e que tem um papel importante na sua educação, pode muitas vezes ter um efeito negativo sobre a sociedade. Por exemplo nas cidades do hemisfério sul, onde são mais comuns a existência de favelas, estas funcionam como denominador comum de uma população que vive assombrada por inúmeros problemas. As transformações deste território que aconteceram essencialmente para responder a uma necessidade de habitação, condição base para a constituição de um lugar fracassaram, criando apenas construção sem qualidade.

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Para se perceber este encadeamento de ideias e conceitos é necessário interpretarmos o que é um não-lugar e como é que as pessoas se relacionam com ele. Enquanto num lugar se reconhecem aqueles que falam a mesma linguagem e que pertencem ao mesmo mundo, o não-lugar é a total negação de tudo o que um lugar representa. Um não lugar mais não faz, do que pôr o indivíduo em contacto com uma outra imagem de si próprio, criando uma espécie de contratualidade solitária do individuo. Contudo é importante que fique bem claro que não há lugares nem não-lugares “puros”, eles nunca o são na totalidade.

VIVÊNCIA E MUDANÇA

Sendo o espaço arquitectónico um espaço que não dispensa um significado especifico, ao qual se associa uma determinada memória, este tem que estar ligado ao Homem, às suas raízes e á sua história. Trata-se de um tempo de interrupção, uma acção, um evento carregado de valor e de dimensão afectiva. Está referenciado no tempo, e enraizado num espaço físico preciso do nosso planeta.

Podemos então afirmar que com o lugar, o espaço e o tempo adquirem um valor preciso, singular, único e concreto. Assim sendo, recebe uma identidade, uma vivência, tornando-se uma referência. Contudo, a ausência de lugar faz com que o homem não possua as condições essenciais de vivência, ou seja, a interacção social com os outros, a relação corporal com um ambiente urbano, o humano e o sentido de história como memória colectiva e pessoal. Aqui chegamos aos não-lugares de Augé, os quais têm muitas destas condições.

NATURAL E ARTIFICIAL

O lugar forma uma aliança com a paisagem, sendo então preciso questionar durante um certo tempo o programa dirigido a um sítio.

Para que se consiga exprimir o espírito do lugar, podemos utilizar uma linguagem descritiva ou fenomenológica. O Homem apropria-se do lugar, descobrindo nele os seus sentidos

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potenciais. Para o exercício da arquitectura, ele tem essa capacidade de pôr à vista ou assimilar os caracteres fundamentais constituintes deste espaço.

Para transformar um espaço num lugar é preciso visualizar a paisagem natural que o envolve e completá-la, simbolizá-la, isto é, traduzir e libertar os significados existentes, experimentado e colocando-os intervenção. Assim, o lugar torna-se capaz de explicar esta intervenção, manifestando o carácter dessa mesma paisagem. A paisagem é uma componente à qual nunca podemos virar as costas, esquecer ou deixar de parte, pois ela completa o lugar.

A orientação, a identificação e o carácter, são os três elementos constituintes do lugar segundo Norbeg Schulz no livro “Genius Loci”, podemos afirmar que os dois últimos são os decisivos.

Lembramos então que o significado da palavra “espaço” é quantitativo e a palavra “lugar” tem uma realidade concreta e qualitativa com características próprias em cada nível.

Na arquitectura, a intenção é tornar um lugar num espaço habitável. Este lugar tem como raízes as realidades da situação, as necessidades fundamentais e espirituais, sendo feita em função da interpretação da vida e do mundo que nos rodeia.

Em geral existem dois tipos de paisagem: uma natural, que apela a uma apreensão do mundo através de uma forma sensorial; e uma artificial criada por nós da qual faz parte a obra arquitectónica.

As referências da arquitectura vernacular provêm de um conhecimento da natureza do lugar e de uma herança comunitária de valores, esses evoluem de maneira lenta. As formas de construir são geralmente abertas, flexíveis e orgânicas, sendo que os modelos geralmente criados são repetidos e adaptados criando assim variações.

A arquitectura pretende tornar um espaço num lugar. Este lugar tem um poder ostentador, é uma projecção de um ideal. Há uma intenção de organizar a forma pelo desenho. Assim, assistimos a uma criação de um meio artificial relativamente abstracto, criado pelo pensamento e pela codificação das regras de estética. As formas de construção são geralmente fechadas e definitivas.

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PUBLICO E PRIVADO

A noção de limite é um dos principais pontos da arquitectura, pois, este é o limite que evidencia o problema da vivência de um lugar. Podemos constatar então, que o lugar separa e unifica ao mesmo tempo o interior e o exterior, o intimo e o público, o desconhecido e o conhecido articulando-os uns com os outros.

Ele é o lugar da fractura entre o público e o privado, que serve de mediador na apropriação dos cidadãos entre ao espaço público da “cidade” e o espaço privado da “habitação”. Assim, o limite exprime o pensamento de passagem, do espaço-tempo de transição. Assumindo a atenuação da ruptura ou expulsão entre o exterior e o interior. É o primeiro aspecto do espaço concreto que faz submeter o espaço à sua infinidade de extensões e de fechos.

Estas extensões conseguem restringir-se em três categorias: espaço privados, espaços públicos e semi-públicos ou de transição. É importante que qualquer espaço público que se pretenda completo, possua espaço para tudo, inclusive manifestações de puro monumentalismo.

COLECTIVO E INDIVIDUAL

A sociedade é a forma necessária da nossa existência, e faz parte da nossa condição a reunião. Fazer parte de uma mesma comunidade não se restringe a uma forma de co-presença sensível e imediata, basta compartilhar uma mesma linguagem, um mesmo passado, uma mesma história, e um mesmo conjunto de crenças religiosas.

Podemos considerar então a cidade como centro possuidora de lugares através da qual a conseguimos entender e apreender. Por exemplo na assembleia de Atenhas em Pnyx, de um lado tínhamos a cidade e do outro um conjunto de pessoas, um colectivo, que discutia e tentava perceber esta cidade que se encontrava diante do seu olhar. O lugar afirmava-se como um dado sensível comum a todos.

A arquitectura organiza-se em duas tipologias espaciais, o espaço cheio e o espaço vazio. Do ponto de vista do espaço vazio podemos reconhecer duas categorias distintas:

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1) Lugares de permanência – Onde se fica, onde se reside, onde se aprende a conhecer, onde se trabalha. Esses lugares de permanência são caracterizados por salas, quartos divisões, praças, parques urbanos, miradouros, …

2) Lugares de movimento, passagem – São essencialmente lugares de deslocação e de distribuição para os lugares de permanência. Normalmente caracterizam-se por galerias, corredores, ruas, passeios pedonais, ciclo-vias, …

“O espaço é o sentido do Percurso” A. LOOS

Concluímos assim que existem dois níveis espaciais, o espaço colectivo e o espaço individual, no espaço colectivo existem vários patamares. Neste sentido podemos referir ilustrações de tecidos urbanos e de malhas que compreendem quarteirões de habitação, os parcelamentos e os diferentes edifícios. Trata-se de lugares de movimento e de permanência.

Esses lugares colectivos de movimento são polarizadores, de centros, de zonas de transição, de periferias, de eixos, de ligações. Por outro lado os espaços colectivos de permanência, trata-se de lugares de actividades, de reservas, de arrumação, isto é, lugares de residência, de um “permanecer” público.

No espaço individual podemos dizer que há uma unidade espacial, a “casa”, sendo esta uma agregação de diferentes divisões. A divisão (the room – KAHN) está ligada a inúmeros

significados desde a esfera pública, colectiva à esfera íntima, ao nosso corpo, à nossa essência e à nossa identidade própria.

Nas tradições populares, a casa é o fundamento físico da cultura, que reflecte e ajuda a criar a concepção do mundo e o sentido da vida, é a partir na nossa casa que nos apropriamos e protegemos do caos exterior. Ela é altamente simbólica, é uma espécie de espaço que contém tudo, é um espaço “comum” e sagrado, que abriga o crescimento e a transformação dos seres, do nascimento até á morte. A casa reflecte o desejo de um “estar junto”, entre o meu e o teu, entre o meu e isto, entre o feminino e o masculino. Nestas relações, a casa determina-as, organizando-as no espaço. Essas unidades espaciais diferem de cultura para cultura e de uma região para outra.

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A casa é a expressão do espaço interno necessário ao homem, ela é o lugar de enraizamento, da harmonia e do bem-estar, no entanto, é necessário sairmos dela para ganharmos consciência da imagem exterior a esta.

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CONCLUSÃO

Segundo Norberg-Schulz, não existem diferentes tipos de arquitectura, apenas existem diferentes situações, que requerem diferentes soluções com vista a satisfazerem as necessidades físicas e psíquicas do Homem.

De facto a arquitectura constitui o ambiente no qual vivemos, ela contribui para a criação de vivências, de vida, de maneira concreta e sensível. Hoje em dia de maneira geral e no domínio da Arquitectura, em particular, existe uma pluralidade conceptual com ambiguidades, devido às mutações no plano tecnológico, económico, social e político; associadas à mentalidade individualista nesta sociedade de imagens, de um bem-estar dependente do consumo. Estes factores criam uma certa instabilidade, chegando a perder-se os valores sociais, éticos e espirituais. Será que podemos apontar como resolução destes problemas o real conhecimento do património comum e universal, que surge do lugar?

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APRESENTAÇÃO DA SEGUNDA PARTE

Para aprofundar todos os conhecimentos adquiridos, tornando-os centrais na análise de um caso concreto de plano e/ou projecto de Arquitectura, escolhemos o Centro Urbano de Säynätsalo (1951-52) do arq. Alvar Aalto.

Img. 1 -Entrada. À direita a zona administrativa, à esquerda a biblioteca

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2ª PARTE

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APRESENTAÇÃO GERAL DO EDIFÍCIO

Img. 3 –Maqueta do Edifício

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O edifício em análise é o Centro Urbano de uma pequena povoação situada no norte da Europa, no centro da Finlândia, numa região de lagos e florestas, a poucos quilómetros do círculo árctico, foi construído entre 1949-1952 pelo arquitecto Alvar Aalto.

A ilha de Säynätsalo acolhe uma pequena comunidade, de aproximadamente 2000 hab., que sempre viveu ligada à exploração da madeira e que trabalhou no moinho de madeira sedeado nesta ilha.

Em 1945, depois de seis anos de Guerra devastadores, a ilha à semelhança de todo o país precisava de se desenvolver, o moinho foi um ponto forte no apoio a este recomeço. Assim, esta comunidade precisava de novas oportunidades. Para isso, organizou-se um concurso para a construção de um Centro Urbano, do qual sai vencedor o arq. Alvar Aalto que detinha uma boa relação com o Concelho Municipal. A administração pública precisava de uma morada, um lugar, que fosse estruturante e que suportasse as decisões tomadas pela Assembleia Municipal. A democracia ganhou uma nova morada nesta comunidade.

Img. 7 –Entrada Principal Img.6 –Corte Transversal

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Este Centro tinha como programa, a acomodação dos serviços administrativos municipais, algumas lojas, uma biblioteca e apartamentos para alguns funcionários.

A NOÇÃO DE HERANÇA E DE PERCEPÇÃO

Os projectos de Alvar Aalto oferecem sempre

uma vertente pública que é reforçada neste caso por se tratar de um complexo que agrega uma serie de equipamentos e serviços, como uma biblioteca, galeria de lojas, banco, farmácia etc.

O edifício está imerso na floresta como se fizesse parte dela. Alvar Aalto viu este projecto como um duplo problema a resolver, demonstrar a superioridade de um edifício civil relativamente a um edifício comercial e conseguir construir no meio da floresta um monumento Urbano inspirado pelos ideais da cidade da Renascença.

Na Finlândia Central onde as cidades eram quase sempre construidas numa colina, é o

lugar ideal para Aalto intervir, resgatando esta forma única e pura e deixando-se

influenciar pela pintura de montanhas da Toscana. Transportando este conceito para

o seu projecto, ele ciou uma colina artificial ladeada por quatro edificios principais,

que depois de nivelada, foi utilizada para a composição de um páteo central elevado

que serve de base a toda a organização do edificio. Uma torre quadrangular marca o

inicio do edificio, a entrada principal para o páteo interior e acolhe no seu interior a

sala da Assemblei Municipal a fim de demonstrar a sua superioridade em relação aos

restantes edificios, tal como acontecia nas cidades antigas, onde os edificios cívis

eram destacados o que lhes conferia importância.

Img. 8 e 9 –Pinturas de cidades nas colinas da Toscana

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A NOÇÃO DE PÚBLICO E DE PRIVADO

Os acessos ao interior deste edifício são feitos por duas escadarias que dão acesso ao pátio. Do lado da Rua principal, há uma escadaria larga de betão, constituindo uma entrada majestosa para os serviços municipais. Do lado oposto, a outra escadaria é obtida através de uma modelação do terreno em forma de patamares, cobertos com relva. Esta escadaria voltada para a floresta pode servir também como um pequeno anfiteatro.

Apesar do edifício parecer voltado para si mesmo e dos principais acessos serem voltados para o pátio interior, ele é acessível em todos os seus lados.

A transição do espaço público da rua, para o privado, é marcada por um momento pontual de entrada no topo da escadaria principal, através de uma cobertura que apesar de permeável marca o momento de transição, evocando uma imagem de pórtico. O pátio pode ser considerar como um espaço semipúblico acessível a todos mas resguardado fisicamente do espaço público da rua.

O pátio, um espaço vazio no coração do edifício, transforma-o num constituinte urbano, como uma área urbana sem ruas nem avenidas. Esta imagem é enfatizada pelo tratamento singular dos volumes. Cada ala do edifício apresenta uma geometria irregular dada pela distribuição dos usos interiores, apresentando zonas recuadas, paredes oblíquas, … Trata-se de um desenho de tensões à semelhança da Paisagem Urbana.

O complexo é pensado para ser visto como um todo urbano, para isso as fachadas foram tratadas, quer pelos materiais, quer pelos planos ou pela exteriotomia, de modo a ligar a paisagem urbana criada, inserindo-a no meio natural.

“ Um edif ício écomo um i nstr ument o. Ele t em que ab sorver t odas as inf luências posit iv as e int ercept ar t odas as negat iva s que possivel mente af ectar ão as pessoas.”

Alvar Aalto

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A NOÇÃO DE CULTURA

Como afirmou Alvar Aalto, “ a pr incipal caract eríst ica da a rq uit ect ura nórdi ca éa sua uniformid ade arquit ect ónica.”  A arquitectura carrega consigo a cultura de um povo, a sua

memória e a sua identidade como ser Humano. Este revê-se na obra identificando-se com ela, relacionando-se com ela de forma afectiva. A tradição responsável pela educação das gerações vindouras, encontra aqui um lugar físico capaz de a representar.

Para esta dimensão cultura a escolha dos materiais contribui e muito.

É visível o uso da madeira desde os seus elementos estruturais até a própria decoração, existindo á semelhança da ruína grega uma uniformidade de material, sendo neste caso o mármore substituído pela madeira. O seu sistema construtivo é em certo sentido, uma construção que começa

através de uma célula modesta, normalmente abrigo para Homens e animais, e que “cresce” ano após ano, podendo se fazer uma comparação ao crescimento celular biológico, onde existe sempre a possibilidade de expansão, e de construir maior.

Em Säynätsalo, o tijolo furando talhado à mão, era um dos materiais preferidos dos arquitectos. Trata-se de um material tradicional do norte da Europa, recusado pelo movimento Moderno que preferiu o betão armado. Alvar Aalto optou por este material tradicional porque exprime a identidade e a cultura do povo, pois cada talho de tijolo é único, cada parede é única, uma composição que expressa a sabedoria, o talento e sobre tudo a experiência do construtor.

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OCUPAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO

“ Gost ar ia de acrescentar que a ar quit ect ura e os seus det alhes são, de cert o modo, li gados à bi ol ogia , T al vez sej am como o sal mão e a t r ut a. Não nascem madur os, nem mesmo nascem no mar ou em al guma out r a f or mação aq uát ica onde no r mal ment e ir ão viv er. Nascem a muit as cent enas de quilómet ros do seu ambiente vi t al apr opr iad o. Onde os r i os não p assam d e r egat os, p eq uenos espa ços de água n as mon t an has (…), t ão l onge do seu meio ambi ente nor mal q uando a vi da espir it ual e os insti nt os do homem est ão dist ant es de seu tr abal ho quot idi ano. E, assim como o desenvolvi mento da s ovas dos peix es pr ecisam de t empo par a amad urecer, o mesmo t empo se f az necessári o par a t udo que se desenvolve e cri stal iza em nosso mundo das ideias. A arq uit ectur a pr ecisa desse t empo em grau ainda maior do que qualquer out ra obr a cri at iva. ”

In, “ A t rut a e o regat o da mont anha” (1947) de Alvar Aalt o

Esta obra que marca a segunda fase da carreira de Alvar Aalto, o Centro urbano de Säynätsalo (1951-52), é marcada por um espaçamento rítmico dado pelas janelas, e da forma subtil do modelado da alvenaria em tijolo. A sua base conceptual consiste na organização em duas Partes agrupadas em redor de um Pátio, acima do nível da rua, sendo o edifício de administração em forma de U e um bloco independente a Biblioteca. O Pátio usado também no instituto Nacional de Helsínquia, deriva das casas de Campo e vilarejos, nórdicos recordando a organização da casa romana distribuída em torno de um pátio central. A obra incorpora em si, um lado histórico fazendo alusão ao ideal de cidade italiana, do renascimento onde o centro cívico era um espaço estruturante de toda a cidade.

A sua analogia, da arquitectura em relação ao aos elementos ligados á biologia, responde de certa forma a sua forma de criação, ao processo segundo o qual este projecta, no caso concreto após ter escrito A truta e o regato da montanha (1947), onde o mesmo explica que

tal como este mesmo peixe não nasce maduro, nem mesmo nascem no mar ou rios, portanto no lugar onde irão viver, as ovas tal como a arquitectura precisam de este tempo de grau de amadurecimento, mais do que qualquer outra obra criativa.

Existe assim uma clara diferenciação da hierarquia do espaço, onde a zona dos elementos públicos, o estúdio da casa e a sala do conselho, são equiparadas a zona correspondente a “cabeça do peixe” pois é a zona onde se tomam todas as decisões, sendo a biblioteca que

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são reforçadas pela diferenciação de materiais ao longo do percurso, materiais estes ligados á natureza envolvente, como a madeira, ou mesmo o uso de tijolo cerâmico, sendo cada peça única conferindo a cada parede ou pavimento uma identidade própria. O programa é constituído por sete apartamentos destinados aos empregados públicos, cinco lojas, uma biblioteca, cinco

escritórios e duas salas de reunião. Cada elemento deste programa ocupa um dos lados do edifício. São independentes e acessíveis a partir do exterior.

A torre 10m mais alta do que o resto do edifício, assinala a superioridade que um edifício civil deve ter. É nesta torre que fica sediado o órgão municipal mais importante, a Assembleia Municipal. Esta câmara é simples, de planta quadrangular, está tripartida em três zonas distintas a frente a mesa da presidência, a meio a assembleia e ao fundo a assistência. A parte mais interessante desta sala é a zona do tecto, devido ao sistema de suporte utilizado.

Img. 14,15,16 e 17 –A azul os apartamentos, a cinzento as lojas, a rosa a biblioteca e a laran a a zonas administrativas

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O desenho destas duas vigas resultou do conhecimento das potencialidades da madeira e da imagem de uma borboleta. As janelas são cobertas, no interior, por lâminas verticais de madeira, impedindo a vista para o exterior e mantendo a sala à meia-luz. Esta é uma forma de criar mistério. Do lado exterior, o edifício apresenta, também ele uma forma simples (quadrangular),

contrariamente o volume da torre parece ser complicado. A cobertura inclinada para dentro e o rebordo do

embasamento com diferentes alturas, criam um jogo de sombra cheio de surpresas. A luz é um elemento que merece sempre um tratamento cuidado e sofisticado.

Enquanto a torre é emblemática, imponente mas opaca, a biblioteca, que se encontra na zona oposta a esta, é totalmente transparente. Ela possui uma fachada totalmente em vidro com os caixilhos em madeira e apresenta-se como um espaço de planta livre, devido às grandes vigas em betão armado, que suportam toda a cobertura, denotando a influência modernista. Se uma das fachadas se abre para a floresta, a outra volta-se para o pátio interior.

A variação entre transparência e opacidade, a diversidade dos volumes, o trabalho com proporções, tudo enriquece de forma particular o edifício. Edifício este, que transporta todas as ambições do arquitecto Alvar Aalto.

Img. 19, 20 –Esquiços da sala da Assembleia Img. 21 –Vista geral da sala da Assembleia

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A NOÇÃO DE VIVÊNCIA E DE MUDANÇA

A cidade recuperou a sua dignidade, a democracia tem um novo marco, uma casa. O arquitecto projectou mais do que uma parte da cidade, ele criou uma paisagem, onde a natureza contribui mais do que os próprios edifícios.

Em 1942, no plano urbano para a ilha de Säynätsalo, Aalto procurou um layout triangular, que possibilitava dois parques urbanos em cada topo do plano.

Em 1949, ele implantou o seu projecto do Centro Urbano num triângulo no topo de um dos espaços verdes. Este espaço verde é o único elemento que

separa o centro do moinho de madeira, colocando o edifício público cara a cara com o edifício industrial. Na vista da torre em direcção ao moinho de madeira, a única coisa que se avista a surgir da natureza é a chaminé da fábrica. Talvez esta imagem tenha sido um ponte forte no projecto e na decisão desta torre. Aalto considera a Natureza e os Edifícios como dois ingredientes de paisagens singulares, que não

devem ser vistos como uma imposição, e sim como permeáveis. Eles são parte da mesma composição por causa dos materiais e das cores claro, mas também na transição dos espaços.

Aalto faz com este edifício “Land art”, mesmo antes do surgimento do conceito, devido às suas opções de implantação e de modelação do terreno e devido ao arranjo dos espaços exteriores, como uma graduação de estados de Natureza.

É notável a perfeita integração entre a paisagem natural e a intervenção urbana, Elas estão em perfeita harmonia, criando vivências e espaços muito interessantes.

Img. 24, 25 –Planta geral de implantação e maqueta

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CONCLUSÃO POR FRANCISCO MANUEL FERRO CARRASCO #6531

A ideia de lugar e a sua presença constante na memória do ser Humano, levam-nos a perceber a necessidade que o Homem tem de identificar um “espaço” como lugar. Lugar esse que é indissociável da ocupação e apropriação por parte do mesmo. Sendo assim o “lugar” resulta da complementaridade entre a paisagem/natural ou artificial e o Homem.

A herança deixada por muitos séculos de História, permitem que tenhamos a percepção de “lugares” assim identificados como tal, que atravessam vários séculos e várias civilizações chegando até nós com a mesma identidade de lugar, que os caracterizou há séculos atrás. Na maioria dos casos o lugar é preservado, pelas várias gerações que o vivenciam, na tentativa de manter a identidade do Homem desse lugar, sendo a arquitectura ou a paisagem natural, um dado certo na identidade de um povo. O tempo é estruturante e basilar na ideia de lugar, uma vez que o lugar só o é pela existência de civilizações que contribuem para a sua salvaguarda, e continuidade.

O lugar é o espaço concreto que faz com que o Homem percepcione meticulosamente, os seus sentidos, é o espaço de encontro entre o Homem e a natureza. A ideia de lugar na arquitectura pressupõe essa mesma condição, o Homem e a sua relação com o espaço, na definição do seu carácter.

O Lugar pressupõe então não a existência de uma “cobertura” ou de paredes mas sim a atmosfera gerada neste espaço, percepcionada pelo Homem.

A arquitectura é na sua essência a criação de um “lugar”, artificial inserido num lugar natural pré-existente ou então a apropriação do lugar natural no mesmo espaço temporal á criação da obra de arquitectura.

A ocupação do Homem a um lugar, é natural e essencial para garantira a sua continuidade, manutenção quer física quer ao nível conceptual, sendo a sua transformação profunda uma completa alteração de identidade e consequentemente a perda do seu carácter e identidade enquanto lugar.

A evolução da humanidade faz com que estas alterações sejam necessárias, na procura de adequação às necessidades do Homem, em vários períodos da história, todavia é importante que cheguem até nós lugares intactos, facto que nos permite perceber a evolução quer no conceito de lugar, quer no desenho dos mesmos. Muitas vezes o lugar resulta de um cruzamento quase que inevitável entre a natureza e a intervenção do Homem, a paisagem

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implanta. A arquitectura deve ser o espelho do lugar, da atmosfera envolvente, ou deve servir de complemento enriquecendo o lugar.

A cidade antiga, as primeiras localizações de vilas, e posteriormente cidades, era escolhido o lugar onde iriam nascer de acordo com ideais em crenças e mitos, que faziam os antigos acreditar que aquele seria o lugar a ser ocupado, apropriado, portanto a natureza foi entendida como “lugar”, naquele espaço, e posteriormente acolheu o que se tornaria o lugar artificial, o lugar criado pelo Homem.

A obra de Alvar Aalto, Centro urbano de Säynätsalo (1951-52) surge após um período de Guerra e da necessidade de reconstrução de uma pequena vila (Säynätsalo), na Finlândia. Lugar este sustentado por dois factores, a sua localização na Natureza, com a clara identificação de lugar por parte da população, e pela forma como o complexo foi pensado e o sucesso com que o conceito de agregação de serviços e equipamentos num só espaço “estruturante”, foi absorvido pelas pessoas que fazem dele um lugar. O lugar não é dimensionável, pode ir perfeitamente para além da visão do Homem no entanto o lugar é confinado tem fronteiras, e quem define essas mesmas fronteiras são as pessoas que o constituem.

A obra de Alto, do centro foi desenhada para ser o lugar de reunião cívica, o lugar público por excelência, destinado ao uso por parte da população, o facto de ter passado de obra construída a obra “conseguida”, fez com que se tornasse num lugar. É, fruto da construção de um elo afectivo entre o sujeito e o ambiente em que vive. O lugar é carregado de simbolismos e de ideias de quem o habita. É portanto identitário de um povo e da sua história.

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CONCLUSÃO POR JOÃO PEDRO PALMA GOMES #6614

Este trabalho, enquanto estudante de arquitectura, clarificou as questões à cerca deste tema. A ideia de lugar, pode-se afirmar que surgiu desde o inicio do universo. Desde de o inicio da humanidade, o homem procura mesmo que empiricamente, um espaço que lhe transmita segurança. Esta caracterização de lugar seguro, só é possível devido às nossas vivências, às nossas percepções e à nossa cultura. É a cultura a grande responsável pelas diferentes formas, como o homem olha, sente e se apropria do espaço.

O Lugar é estruturado pelo tempo, marcado pelos testemunhos da história. Apesar das grandes alterações a que um lugar está sujeito, dos grandes acontecimentos dos quais é testemunha, só assim é possível que o lugar ganhe novas características e seja apropriado de maneiras diferentes. Contudo, a dimensão histórica e a identidade do lugar, nunca deve de ser posta de parte, pois é essa identidade que caracteriza o lugar.

Nós enquanto seres humanos apresentamos maneiras diferentes de caracterizar os lugares, Isso tem a ver com a percepção do mesmo, dada pelos nossos processos sensoriais. O olfacto, é um sentido dos mais apurados, através do qual se consegue guardar memórias durante muitos anos. Os lugares possuem um cheiro próprio, o ser humano ao sentir cheiros semelhantes a lugares onde já tenha estado, transporta-se numa fracção de segundos imaginariamente para esse lugar, que de certa forma o marcou e lhe é familiar.

A apropriação do lugar, por parte das pessoas é fruto da ocupação do território pela arquitectura. A arquitectura é um dos grandes contributos para a ocupação e a habitação do ser humano no mundo. Esta ocupação por vezes leva a transformações no lugar, transformações de carácter definitivo tornando-se marcos na identidade desses lugares.

Na apropriação do lugar, o homem explora o seu potencial ao máximo, nessa apropriação tem de ter sempre presente, a paisagem natural onde vai inserir a sua ocupação, ou seja, vai implantar uma paisagem artificial na natural, fazendo com que elas passem por uma só.

Limite é um dos pontos da arquitectura enquanto ocupação de lugar. Este limite pode ser físico, ou então apenas sensorial. É com estes que se estabelece a relação interior/exterior e publico/privado.

A relação das pessoas e o lugar, faz todo o sentido aplicada à arquitectura. Depois de ter percebido a relação, foi muito mais fácil descodificar e compreender o Centro Urbano de Säynätsalo, e as ideias de A. Aalto aquando da sua projecção.

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O edifício, amarrado à paisagem natural, onde a mesma serve de filtro/transição à medida que nos apropriamos e nos aproximamos. Este desenvolve-se em volta de um pátio interior artificial, elevado, construído para o efeito, revivalismo das cidades construídas em colinas na Finlândia central, marcando o lugar com essa herança.

A percepção do edifício e do lugar em si pode ser feita de muitas maneiras, por ser um lugar tão multifacetado, é responsável por protagonizar diferentes sensações, quer quando se caminha no exterior, que quando permanecemos no interior. Muitas destas sensações e sentimentos também são conseguidos devido à panóplia de materiais e as suas cores, utilizados no edifício.

O elemento mais emblemático desta construção é a torre, grande marco, que sobressai no enquadramento da paisagem com a chaminé da zona industrial. Esta sala é onde se reúne a assembleia municipal para tomar todas as decisões acerca da cidade. Assim este lugar tem grande simbolismo para a cidade, é o elemento mais elevado da construção, visto quase como um elemento sagrado e de carácter privado. A torre foi pensada ao pormenor por A. Aalto a iluminação, o mobiliário e até mesmo a estrutura.

Conclui-se que este lugar ganhou mais dignidade e identidade, com a construção de A. Aalto e que arquitectura não contribuiu só para o apropriamento do lugar por parte das pessoas mas para o melhoramento da identidade do mesmo.

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CONCLUSÃO POR PEDRO MIGUEL PALMA GOMES #6577

A noção de lugar é algo que tem estado presente na identidade do ser Humano. É impossível esclarecer quando terá sido a primeira vez que este tomou consciência deste conceito.

Posso afirmar que o lugar detém uma memória e uma identidade cultural única, é reflexo de uma população e guarda com ele a sua história e tradição. Esta tradição é o que faz com que as pessoas se revejam nele, se identifiquem com ele e que lhe atribuam algum valor sentimental. Ela é, ainda, a responsável pela educação das gerações vindouras e da população em geral. Trata-se de um espaço com um poder unificador e que exprime uma vontade colectiva.

O lugar é o refúgio do “caos” da vida quotidiana, ele possui um espírito próprio, como refere Schulz. Este espírito (genius loci) é o que confere identidade ao lugar.

O tempo é um factor muito importante na estruturação de um lugar. Ele é o que suporta o seu registo ao longo da sua existência. O lugar pode ser intemporal, mas por outro lado também pode ser finito, podendo vir a desaparecer fisicamente, porém, irá permanecer na memória, na história e na cultura do povo que o habitou e que dele reteve experiências.

Estas experiências de habitar um determinado chegam até nós através dos sentidos sendo depois seleccionados, para a constituição da nossa identidade, as que mais nos marcaram. A esta tomada de consciência a partir dos sentidos chamamos percepção. Normalmente com um Lugar relacionam-se outros do passado que sustentam a sua existência e a sua projecção no futuro. Isto comprova que enquanto o passado e o futuro são abstractos, o presente é fisiológico.

A criação de um lugar pressupõe uma intervenção por parte do ser Humano. Aqui há que considerar inúmeros elementos e factores: a imagem que se pretende criar, a paisagem existente e quais as alterações que esta vai sofrer com a nossa intervenção, a presença de recurso naturais, … É importante perceber que todas as transformações físicas têm o seu quê de definitivo e que a essência de um lugar não é fácil de recuperar depois de alterada.

Quanto à ocupação, cada ser Humano tem o seu método e ritmo próprio de ocupação de um determinado lugar. O lugar guia e influência cada passo que nós damos quando nos apropriamos dele, cada imagem proporcionada tem a sua força própria.

A componente Natural e Artificial de um lugar são algo que é necessário ser referenciado. Sendo natural o que vem da Natureza e Artificial o que resulta da intervenção do Homem, um

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paisagem exclusivamente natural pode ser considerada um lugar. O importante é o factor qualidade. Interessa ainda esclarecer que “lugar” e “espaço” não são a mesma coisa, o primeiro tem uma realidade concreta e qualitativa enquanto o segundo é quantitativo.

Um lugar pode ser hierarquizado consoante a sua ocupação. Ele pode-se dividir em três categorias espaciais: espaço público, espaço semi-publico ou de transição e espaço privado. O espaço público é o lugar da colectividade sem restrições de apropriação. O semi-publico é o lugar de transição, onde se situa o limite entre o lugar da colectividade e o lugar da individualidade. Por fim o privado é o lugar da individualidade, é restrito, é o local onde nos encontramos com nós mesmos, onde estamos em paz, no qual nos revemos e a partir do qual nos apropriamos do mundo lá fora. São essencialmente lugares de permanência.

O lugar concreto analisado ao longo do trabalho foi o Centro Comunitário da ilha de Säynätsalo no centro da Finlândia. É um óptimo exemplo, construído depois de seis anos de Guerra, este Centro veio reunificar a comunidade. A implantação dentro da floresta, faz desta obra um óptimo exemplo de uma ligação, bem conseguida, entre obra arquitectónica e a paisagem Natural. Ambos os elementos se completam e o edifício surge do meio desta paisagem como parte integrante dela.

O terreno foi moldado para conferir uma identidade específica à obra. Evocado a habitação romana, este edifício volta-se para um pátio interior sobrelevado, contudo, ele é acessível em todos os lados a partir do exterior. O elemento que se destaca, a torre, que acolhe o Concelho Municipal (órgão máximo, onde as decisões são votadas), deixa bem vincada a imponência que um edifício civil deve ter, relembrando ao concelho a importância das consequências que as decisões por ele tomadas, trarão para a população. À semelhança do moinho de madeira (industria local onde se faz a transformação da madeira) centralidade unificadora desta população, este Centro é a morada da Democracia, o lugar físico da liberdade e da igualdade dos cidadãos.

A tradição é bem representada na obra, através da escolha dos materiais e dos processos de construtivos. Aalto acreditou que ao optar por estes métodos construtivos iria consciencializar a população, fazendo com que cada habitante reveja parte da sua identidade naquele edifício, à semelhança das populações na Idade Média que se reviam e tinham como elemento unificador da população a catedral, para a qual contribuíam com o seu esforço físico criado uma ligação e uma identidade colectiva que era transmitida de geração em geração.

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REFRÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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AALTO, Alvar – volume I 1922-1962

Colecção Alvar Aalto; Birkhäuser Verlag – Basel, Boston, Berlin; Switerzerland, 1995; ARANTES, Pedro Fiori – O Lugar da Arquitectura num “Planeta de Favelas”

Coleção OPÚSCULOS 11; Dafne Editora; Porto, Março 2008;

AUGÉ, Marc – Não-Lugares, introdução a uma Antropologia da Sobremodernidade

90 graus; Lisboa, 2006;

CULLEN, Gordon – Paisagem Urbana

Edições 70, Lisboa, 1990;

HALL, Edward T. – A Dimensão Oculta

Relógio d’Água; Lisboa, 1986;

LYNCH, Kevin – What Time is This Place?

Mit Press; Cambridge, Masschusetts, 1972;

MALACO, Jonas Tadeu Silva – O Lugar da Assembleia dos Cidadãos de Atenas

Alice Foz; São Paulo, 2003;

NORBERG-SCHULZ, Christian – Genius Loci: Towards a Phenomenology of Architecture

Rizzoli; New York, 1980;

SHARR, Adam – La cabaña de Heidegger, Un espacio para pensar

Referências

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