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O SISTEMA NERVOSO NA RELAÇÃO PERCEPÇÃO-AÇÃO NO CORPO QUE DANÇA

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Academic year: 2021

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O SISTEMA NERVOSO NA RELAÇÃO PERCEPÇÃO-AÇÃO NO CORPO QUE DANÇA

Carolina Madsen Beltrame137 Faculdade De Artes Do Paraná

RESUMO

Este estudo visa relacionar aspectos internos do corpo com novas possiblidades criativas em dança. Abarca o estudo da relação da dança enquanto movimento do corpo no tempo e no espaço com estudos do sistema nervoso os quais incluem o ciclo percepção-ação. Foi realizado pelo levantamento de referências bibliográficas sobre noções de corpo, mente e consciência, resultando na análise dessas referências argumentando sua importância para a criação de movimento em dança. Concluiu-se que a análise do corpo pela importância do sistema nervoso e de possuir uma mente consciente podem potencializar a criação de movimento em dança.

Palavras-chave: percepção-ação; mente; criação.

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Graduanda do curso de Bacharelado e Licenciatura em Dança da FAP – Faculdade de Artes do Paraná. Atualmente bolsista do PIC – Projeto de Iniciação Científica da FAP e integrante do UM – Núcleo de Pesquisa em Dança da FAP. carolm.beltrame@gmail.com

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A Dança como conhecimento é entendida como uma macro área de estudo e pode abranger a análise de outros campos do saber, como a Neurociência, a Inteligência Artificial, a Filosofia, a Linguística, a Psicologia, etc, gerando, quando estabelece relação com outras áreas, maior complexidade para o estudo de suas especificidades. A dança acontece porque existem trocas de informações entre corpo e

ambiente, entre uma célula e outra e entre corpo propriamente dito138 e cérebro o

que gera movimento a todo instante, excitando o sistema nervoso fazendo-nos viver, mover, pensar, e, portanto, dançar. Por isso, entender ligações e conexões internas ao corpo pode auxiliar na compreensão do movimento externo, movimento esse que se dá a ver quando um corpo se move seja cotidianamente e (ou) dançando.

O objetivo é mostrar que entender anatômica e fisiologicamente determinadas conexões que ocorrem no corpo pode aumentar a percepção acerca de ações cotidianas e de movimentos em dança, e com isso possibilitar novas capacidades criativas em dança. Nesse sentido, para a experiência da percepção dependemos do exercício de conhecer o sistema sensório-motor sob o ponto de vista da análise bibliográfica.

Para tanto, a metodologia utilizada é levantar referências bibliográficas sobre as noções de corpo, mente e consciência que estão sendo produzidos em arte e em neurociência, a fim de relacioná-los à criação do movimento em dança.

A análise de referências bibliográficas relacionadas à importância do estudo de aspectos do corpo para a criação de movimento em dança é o resultado deste resumo. Isso torna necessária a escrita sobre movimento, consciência, mente, sistema nervoso, criação e ciclo percepção-ação.

A dança enquanto pensamento é também movimento, que acontece pelas vias neurais através da mente, e pode ser pensamento por possuirmos consciência. Para Damásio (2000, p. 38), consciência é conhecimento e o processo de construção do conhecimento requer um cérebro e suas propriedades eletroquímicas que produzem padrões e mapas neurais. A mente, através da atividade dos neurônios, é aquilo que define uma pessoa, é atividade cerebral da articulação de vários locais que ocorre num tempo e espaço relativos ao corpo. A mente existe pela interação do cérebro com o corpo propriamente dito e deste corpo com o meio em que vive. O pensamento é relacionado à consciência, que se refere ao cérebro, e que se constitui por um sistema nervoso, que percebe e age, gera movimento, ação e dança. Pode-se entender a consciência como uma unidade da mente e como uma qualidade humana que constrói conhecimento de nós mesmos e de nossas relações com o ambiente, o que sugere que possuir uma mente consciente pode dar subsídios para a criação: “Perception is input

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Corpo propriamente dito é denominado por António Damásio (2000) representando o que na linguagem comum seria o que chamamos de corpo quando nos referimos ao corpo separado do cérebro e do sistema nervoso. Para que não haja possibilidade de questionar que a escrita supõe separação entre cérebro e corpo, estudamos o corpo, um organismo integrado e constituído por “corpo propriamente dito” e sistema nervoso.

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from world to mind, action is output from mind to world, thought is the mediating

process.”139

A criação, segundo Cecília Salles, em entrevista a Luis Fernando Assunção (2011), acontece em redes. A criatividade é a capacidade de os indivíduos reagirem de maneira diferente da óbvia para determinado estímulo. Pelo objetivo deste estudo ser entender as conexões internas ao corpo, através de análise bibliográfica, a fim de possibilitar novas capacidades criativas, as redes internas – conexões neurais – podem trazer potência para a criação. Isso porque o corpo tem a capacidade de fazer novas conexões neurais ao longo de toda vida, podendo anatomicamente se recriar e possibilitar novos caminhos para a criação.

O sentido do movimento denominado por Berthoz (org. 2005), é junto aos cinco sentidos mais conhecidos - visão, audição, paladar, tato e olfato - um sentido do nosso corpo, pois possuímos captadores sensoriais nos músculos, tendões e articulações que associados a informações provenientes dos outros sentidos coordenam os movimentos do nosso corpo. Concomitantemente ao toque, o movimento é o primeiro sentido a ser aguçado num indivíduo, iniciando sua percepção no útero. “Os movimentos que o corpo faz participam ativamente na construção da cognição” (Queiroz, 2009, p. 29), induzindo-nos a considerá-los um dos responsáveis pela complexidade evolutiva do cérebro.

O sistema nervoso coordena a percepção e o movimento sendo o responsável pela evolução da complexidade dos corpos. Entende-se que as trocas entre sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP) ocorrem pela mediação entre as informações pré-existentes e as novas (GREINER; KATZ in GREINER, 2008, p. 130). O SNC (cérebro e medula espinhal), é o responsável pelas ações do corpo, já o SNP se relaciona mais diretamente com a percepção, mas como tanto a ação quanto a percepção sempre ocorrem para realizar um movimento, essas são tratadas nesse resumo em correlação, pois são vinculadas e ocorrem quase que simultaneamente no corpo. A percepção se dá através dos sentidos, então ela já é a ação dos receptores. Segundo Berthoz (org. 2005), a percepção é guiada pela ação, ou seja, percebemos o que é conveniente para a ação que queremos realizar.

Transformar e/ou combinar imagens de ações é a fonte da criatividade. Essas imagens são consideradas como padrões mentais que provém dos sentidos ou podem ser evocados pela memória (Damásio, 2000), e quando não são reconhecidos literalmente podem vir a ser ações criativas. Pela dança ser o corpo em ação, se justifica a necessidade do estudo da percepção a qual requer uma mente consciente para que possa vir a combinar de maneiras distintas os fluxos de imagens a fim de criar novas possibilidades criativas em dança.

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Percepção é a entrada do mundo para a mente, ação é a saída da mente para o mundo, pensamento é a mediação. (Nöe, 2005, p.3, tradução nossa)

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Portanto, tratamos da criação em dança através dos conhecimentos neurofisiológicos do corpo que é o lugar onde o movimento, a mente, a consciência, a percepção e o pensamento ocorrem, todos conectados no corpo que trabalha em redes de percepções-ações e relações internas e externas. Concluindo que a análise do sistema nervoso e seu ciclo percepção-ação, de um corpo que sabe que possui uma mente consciente, pode ser uma possibilidade para potencializar a criação de movimentos em dança.

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REFERÊNCIAS

ASSUNÇÃO, Luis Fernando. Nos meandros dos documentos do processo. Disponível em: http://www.unisinos.br/blogs/ppg-comunicacao/2011/12/20/entrevista-cecilia-salles/

BERTHOZ, Alain (org.). Lições sobre o corpo, o cérebro e a mente: as raízes das ciências do conhecimento no Collège de France. Tradução de Maria Angela Casselato. São Paulo: EDUSC, 2005.

DAMÁSIO, António R.. O mistério da consciência: do corpo e das emoções ao conhecimento de si. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

GREINER; KATZ, Christine; Helena. Por uma teoria do corpomídia. In: GREINER, Christine. O corpo: pistas para estudos indisciplinares. 3ª ed, São Paulo: Annablume, 2008. p. 125-133.

NÖE, Alva. Action in Perception. Massachusetts: The MIT Press, 2005.

QUEIROZ, Clélia Ferraz Pereira de. Corpo, mente, percepção: movimento em BMC e dança. São Paulo: Fapesp, 2009.

TAYLOR, Mark. O grande ciclo do ser. In: Anais Workshop corpo em movimento ISSN 1982-7504. Curitiba, 2007. p. 10-16.

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