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ESTUDO DO CRÂNIO DE MABUYA AGILIS (RADDI, 1823) (LACERTILIA, SCINCIDAE)

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ESTUDO DO CRÂNIO DE MABUYA AGILIS (RADDI, 1823) (LACERTILIA, SCINCIDAE)

FERREIRA JR., Julio Cesar1 SOARES, Marcelo de Araújo2 Palavras-chave: Osteologia. Crânio. Mabuya.

Introdução

A mais complicada de todas as estruturas esqueléticas reptilianas e a mais importante nas resoluções de problemas de classificação e filogenia é o crânio. Esta estrutura é uma montagem altamente complexa de ossos e cartilagens, que possui uma longa história de evolução e modificações, antes de atingir o estágio reptiliano (ROMER, 1956). O termo “crânio” é usado de forma variada; no sentido mais amplo refere-se a qualquer tipo de peça esquelética encontrada na cabeça, mas o termo tem um sentido um tanto diferente (EVERS JR. & SOARES, 2007).

O lagarto Mabuya possui uma distribuição ao longo das planícies costeiras do sudeste e parte do Nordeste do Brasil (ROCHA, 2000, ROCHA et al., 2002). Informações sobre sua ecologia, incluindo a dieta, foi recentemente publicado para as populações do continente que habitam áreas de restinga por ROCHA & VRCIBRADIC, 1996, 1999; VRCIBRADIC & ROCHA, 1995, 1996, 2002.

Procedimentos Metodológicos

Para este estudo, foram utilizados exemplares da coleção de répteis do Setor de Herpetologia, do Departamento de Vertebrados do Museu Nacional do Rio de Janeiro – UFRJ. Foram utilizadas técnicas de preparação de material seco. Técnicas radiográficas foram realizadas, utilizando equipamento digital FAXITRON® MX – 20. Os ossos foram representados graficamente em vista dorsal, lateral, palatal e occipital, no conjunto craniano.

Análise de Dados A – Segmento maxilar:

PRÉ-MAXILAR (Figs. 1, 2 e 3):

O pré-maxilar é o elemento mais anterior do crânio, é o primeiro do conjunto palatal, no sentido anteroposterior. É observável nas vistas dorsal, lateral e palatal. Esse osso apresenta três processos, um nasal e dois laterais.

VÔMER (Fig. 3):

Os vômeres seguem-se ao pré-maxilar que sutura-se, posteriormente, ao palatino e, pelo bordo medial, sobre o plano sagital, suturam-se entre si. Seu conjunto lateral forma toda a área medial das narinas.

a- MAXILAR (Figs. 1, 2, 3):

1 Acadêmico PIBIC&T/UCB (Set./2013 a Out./2014). Curso de Ciências Biológicas da Universidade Castelo Branco - UCB, Rio de Janeiro, RJ.

2 Orientador. Centro de Pesquisas em Biologia - CEPBIO. Curso de Ciências Biológicas da Universidade Castelo Branco - UCB, Rio de Janeiro, RJ.

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O osso maxilar é relativamente grande, de forma aproximadamente triangular em vista lateral, onde forma a maior parte da superfície do focinho. Também é observável nas vistas dorsal, lateral e palatal.

b- PALATINO (Fig. 3):

O palatino segue-se ao vômer, sendo também localizado médio-ventralmente. É achatado e constitui a secção média do palato. Com o pterigóide forma o assoalho das órbitas e também parte do assoalho da cápsula nasal.

c- PTERIGOIDE (Figs. 2, 3):

Osso par, cujos elementos formam a metade posterior do palato e divergem lateralmente em sua porção posterior, em relação ao eixo mediano do crânio. Cada osso é alongado e irregular. Na porção anterior está localizado o processo palatino. ECTOPITERIGÓIDE (Figs. 1, 2, 3):

Osso pequeno que serve de ponto de contato entre os elementos do palato e do conjunto do teto craniano. Sutura-se ao pterigoide, e está sotoposto ao jugal. Em Mabuya agilis, os ectopiterigoides são largos e rigidamente suturados com o processo transverso do pterigoide.

1- Cápsula Nasal: SEPTOMAXILAR (Fig. 1):

Osso par localizado internamente na cápsula nasal, em sua parte cartilaginosa. Esse osso localiza-se dorsalmente ao vômer, formando parte do septo nasal. Em Mabuya agilis o septomaxilar situa-se sob os nasais, estando parcialmente recoberto pelos mesmos.

a- NASAL (Figs. 1, 2):

Osso par, formando uma cobertura da cápsula olfativa. Esses ossos recobrem uma pequena parte do septomaxilar em M. agilis. O contato entre os componente do par de nasais se realiza ao longo do eixo longitudinal do crânio.

PRÉ-FRONTAL (Figs. 1, 2):

Osso par. Sua borda posterior forma a margem ântero-dorsal das órbitas. O pré-frontal apresenta superfície convexa dorso-lateralmente e superfície côncava póstero-ventralmente. Anteriormente, sutura-se ao processo nasal do maxilar. Em M. agilis o pré-frontal tem forma triangular.

b- LACRIMAL (Figs. 1, 2):

Osso que está situado posteriormente ao pré-frontal. Anteriormente, sutura-se ao processo nasal da maxila, lateralmente ao pré-frontal e ventralmente ao jugal.

Órbitas:

FRONTAL (Figs. 1, 2):

Osso dorsal situado sobre o eixo longitudinal do crânio. Esse osso é dorso-lateralmente achatado formando a borda dorsal das órbitas em M. agilis. O frontal é um osso alongado, achatado e parcialmente arredondado na parte anterior, apresentando um estreitamento na porção mediana e logo após, um pequeno alargamento em sua extremidade posterior em M. agilis.

a- JUGAL (Figs. 1, 2, 3):

Osso localizado lateralmente, formando a margem ventral e póstero-ventral da órbita. O processo temporal é a porção mais longa e afilada do jugal.

PÓS-FRONTAL (Figs. 1, 2):

Osso par que se situa dorso-posteriormente à órbita, formando parte do limite da mesma. Em Mabuya o pós-frontal apresenta aspecto triangular e é formado por dois processos, um anterior e outro posterior.

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Região Temporal

PARIETAL (Figs. 1, 2, 4):

Osso ímpar localizado posteriormente ao frontal, na região medial do terço posterior do crânio. Posteriormente o parietal sutura-se ao supratemporal e ao esquamosal.

a- PÓS-ORBITAL (Figs. 1, 2):

Osso par de forma alongada, sendo melhor observável em vistas dorsal e lateral. Os pós-orbitais posicionam-se lateralmente ao parietal. Em M. agilis, o pós-orbital é alargado e faz contato com o processo temporal do osso jugal.

ESQUAMOSAL (Figs. 1, 2, 3, 4):

Osso alongado e afilado em Mabuya agilis. O esquamosal completa com sua borda, a margem lateral da fenestra supratemporal e a borda ventral limita dorsalmente a fenestra infratemporal.

SUPRATEMPORAL (Figs. 1, 2, 4):

Osso par localizado na extremidade látero-posterior do crânio, entre o quadrado e o parietal. Geralmente esse é um osso bastante pequeno e de difícil observação. Em Mabuya, o supratemporal apresenta-se como uma pequena estrutura levemente recurvada.

B- Derivados da Cartilagem Palato quadrado a- QUADRADO (Figs. 1, 2, 3, 4):

Osso par situado no ângulo póstero-lateral ao crânio. É esse o osso que realiza a articulação entre o crânio e a mandíbula. Em M. agilis, o osso quadrado possui um formato semicircular. Sua face anterior é convexa, enquanto a posterior é pronunciadamente côncava, podendo ser dividido nas seguintes superfícies: dorsal, ventral, anterior e posterior.

EPITERIGOIDE (Fig. 2):

Osso par que faz a união dos parietais com os pterigoides. Possuem forma de uma barra vertical situada de cada lado do parietal.

C - SEGMENTO OCCIPITAL: Órbito-temporal:

Parte anterior do neurocrânio. Essa região é composta por membranas que revestem algumas partes do crânio, como os hemisférios cerebrais e os lobos ópticos. Ótico-occipital:

Constitui a parte do neurocrânio ossificado. Apresenta-se, com relação ao resto do crânio, como uma cunha cuja base ocupa uma grande área, em vista occipital do crânio.

a- SUPRAOCCIPITAL (Figs. 1, 4):

Osso ímpar que se apresenta dorsalmente em relação aos demais componentes da região ótico-occipital. O supraoccipital segue-se ao parietal e forma a parte posterior do teto craniano e a área dorsal do forame magno. BASISFENOIDE (Fig. 3):

Forma parte do assoalho do neurocrânio. Apresenta-se situado ventralmente e medialmente na área posterior da região palatal do crânio, suturando-se posteriormente ao basioccipital e dorsalmente ao proótico. BASIOCCIPITAL (Figs. 3, 4):

Assim como o basisfenoide, é um osso ímpar. Forma a área posterior da cavidade craniana e a região mediana do côndilo occipital.

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PROÓTICO (Fig. 2):

Ossos que formam a cobertura lateral do neurocrânio e que se apresentam, junto com o supraoccipital, associados ao ouvido interno. O proótico é um osso bastante irregular e de difícil observação.

OPISTÓTICO-EXOCCIPITAL (Fig. 4):

Em M. agilis, os ossos exoccipital e opistótico apresentam-se fusionados e são muito difíceis de serem observados, razão pela qual são tratados neste trabalho como uma estrutura única.

D - Mandíbula

Constituída por vários ossos derivados de membrana e de um osso endocondral, o articular, a mandíbula promove a articulação com o crânio através de um contato com o osso quadrado.

ARTICULAR (Figs. 5, 6):

O articular, também referido como pré-articular por alguns autores, devido a um processo de coossificação com essa estrutura, é o único osso de origem endocondral da mandíbula e forma-se por ossificação da cartilagem de Meckel, ocupando a extremidade posterior da mandíbula; em alguns grupos de lagartos apresenta-se fusionado ao angular. Em Mabuya agilis, o articular é um osso lateralmente achatado cuja extremidade inferior é mais larga do que a superior, ele ocupa toda a parte anterior da mandíbula e articula-se com o osso quadrado do crânio.

a- ANGULAR (Figs. 5, 6):

Osso pequeno, plano e alongado. Prolonga-se ventralmente e está situado na região látero-ventral da mandíbula, sendo visível nas vistas lateral e medial.

SUPRA-ANGULAR (Figs. 5, 6):

Esse osso é alongado e, juntamente com o articular e o angular, forma a superfície dorsal e lateral da metade posterior da mandíbula.

CORONOIDE (Figs. 5, 6):

Osso situado na porção dorsal e mediana da mandíbula, entre o supra-angular e o dentário. Apresenta aspecto triangular recurvado, formando uma superfície côncava na face interna da mandíbula.

b- ESPLENIAL (Fig. 6):

Osso alongado, situado na região ventromedial da mandíbula. Somente observa-se o esplenial em vista medial da mandíbula, assim como sua sutura com o dentário, no qual se liga dorsalmente e ventralmente.

DENTÁRIO (Figs. 5, 6):

Esse osso forma a maior parte da metade anterior da mandíbula e é levemente recurvado. Em M. agilis, a superfície dorso-medial do dentário pode apresentar de 28 a 30 dentes que variam quanto à forma e função. São do tipo unicúspides ou arredondados na base.

Discussão dos Resultados

O crânio é uma formação unitária fundida, na qual a caixa craniana e os maxilares superiores endoesqueléticos estão unidos entre si por uma série de ossos dérmicos (ROMER & PARSONS, 1985). O estudo da evolução do crânio permite que se compreenda como os elementos esqueléticos somáticos e viscerais, que em sua origem desempenhavam papéis bastante distintos, passaram a interagir em diferentes momentos da história evolutiva dos vertebrados (HÖFLING et al., 1995). Nas últimas duas décadas, tem havido um grande interesse na morfologia e anatomia do crânio do lagarto em uma perspectiva ecológica e evolutiva. No entanto, a relação entre as variações em muitas das principais características anatômicas permanece desconhecida (COSTANTINI et al., 2010). Este estudo contribui significativamente para o conhecimento da anatomia craniana de Mabuya agilis. Novas interpretações das variações cranianas em Mabuya proporcionarão evidências para elucidar questões sobre

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padrões de diferenciações morfológicas e geográficas, e auxiliará a compreender o que representa a variabilidade do esqueleto cefálico no processo evolutivo desse grupo.

Referências Bibliográficas

COSTANTINI, D.; ALONSO, M. L.; MOAZEN, M. & BRUNER, E. A relação entre as escalas cefálica e ossos em lagartos: um levantamento preliminar microtomografia em três espécies lacertílios. Anat. Rec. (Hoboken). 293 (2) :183-94. 2010

EVERS JR., P. R. & SOARES, M. Descrição do crânio de Crocodilurus amazonicus Spix, 1825 (Squamata, Teiidae). Arq. Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.65, n. 1, p. 47-57. 2007.

HÖFLING, E.; OLIVEIRA, A. M. S.; RODRIGUES, M. T.; TRAJANO, L. & ROCHA, P. L. E. Chordata. Manual de um Curso Prático. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 1995.

ROCHA; C. F. D. “Biogeografia de Répteis de Restingas: Distribuição, Ocorrência e endemismos”. In:. FA Esteves & LD Lacerda (eds.), Ecologia de restingas e lagoas costeiras de Macaé, NUPEM / UFRJ, pp 99-116. 2000.

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ROCHA; C. F. D. & VRCIBRADIC, D. Características reprodutivas de duas skinks simpátricas vivíparos

(Mabuya macrorhyncha e Mabuya agilis) em um habitat de restinga do Brasil. Herpetol. J., 9: 43-53. 1999.

ROMER, A.S. Osteology of the reptiles. Chicago: The University of Chicago Press. 772p. 1956.

ROMER, A. S. & PARSONS, T. S. Anatomia comparada dos vertebrados. São Paulo: Atheneu, 1985. 559p. VRCIBRADIC, D. & ROCHA, C. F. D. Ecological observations of the scincid lizard Mabuya agilis in a Brazilian Restinga Habitat. Herpetol. Rev., 26: 129-131. 1995.

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Referências

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