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TRIBUNAL MARÍTIMO FC/FA PROCESSO Nº /13 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 96R/13 ACÓRDÃO

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ACÓRDÃO

N/M “GUANABARA BAY”. Recurso de Agravo. Agravante: Procuradoria Especial da Marinha. Agravada: Companhia de Navegação Norsul. Decisão agravada de fls. 153 e 154, dos Autos do Processo nº 000-4477/2013. Recurso tempestivo. Conhecer para lhe negar provimento, mantendo, na íntegra, a decisão atacada.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.

Trata-se de analisar o recurso de Agravo movido pela D. Procuradoria Especial da Marinha, com fundamento no art. 111, inciso II, letra “d”, da Lei nº 2.180/54, em face da decisão do Exmo. Sr. Presidente que deu provimento ao pedido de Renovação do Certificado de Registro Especial Brasileiro - REB, referente à embarcação “GUANABARA BAY”, requerendo a reforma da decisão de fls. 153 e 154 dos autos do Processo em epígrafe.

Para fundamentar o seu recurso, a Agravante apresentou os fatos e as razões que entendeu suficientes para a reforma da decisão ora agravada, alegando, em síntese que:

Conforme Certidão de fl. 24, a embarcação estrangeira “GUANABARA BAY” teria sido afretada a casco nu, com suspensão de bandeira (do Panamá) e registrada no Registro Especial Brasileiro – REB, em 3 de agosto de 2011; teve sua primeira renovação em 19 de julho de 2012 (data de validade do Certificado 13/07/2013, fl. 23), entretanto, a referida embarcação continuou a empregar a bandeira do país de origem, a despeito de estar registrada no REB com suspensão de bandeira.

Alegou que foi concedida à ora Agravada ampla possibilidade de se pronunciar sobre o emprego da bandeira panamenha após o seu registro no REB, mas esta se limitou a tentar justificar tal fato, sem negar a sua ocorrência; que, para a embarcação ser registrada no REB, o parágrafo 3º, letra “c”, do art. 4º, do Decreto 2.256, de 17 de junho de 1997 (que regulamenta a Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997) é assim expresso: “Para as embarcações estrangeiras afretadas a casco nu, com suspensão provisória de bandeira, o registro no REB estará condicionado à apresentação ao Tribunal Marítimo dos seguintes documentos (...) comprovação da suspensão provisória de bandeira do país de origem”; que igual comando é encontrado na Regra 0224, letra “c”, “5”, da NORMAM-01/DPC e da NORMAM-02/DPC.

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Que a PEM ofereceu Representação em face de Will Amorim Kramer, agente de navegação, no Processo nº 27.604/2012, por entendê-lo responsável pelo acidente da navegação capitulado no art. 14, letra “a” (arribada), da Lei nº 2.180/54, em decorrência de o N/M “GUANABARA BAY”, de bandeira panamenha, ter atracado, cerca das 8h30min, do dia 19 de outubro de 2011, no cais das Torres, em Manaus, sem o prévio conhecimento da Autoridade Marítima e que, naquela oportunidade, esta embarcação estava sob o comando de Antil Rajesh Kumar (estrangeiro). Transcrevendo trechos daquela Representação para concluir que o referido navio se encontrava empregando bandeira panamenha em 19 de outubro de 2011 e estava sendo comandada por um Comandante estrangeiro, conforme apurado naquele IAFN que não teve a finalidade de apurar o emprego da bandeira panamenha, nem do Comandante estrangeiro, malgrado tais fatos tenham sido constatados naquela ocasião, restando demonstrado que a embarcação “GUANABARA BAY” continuou a empregar a bandeira do país de origem a despeito de ter sido registrada no REB, afretada a casco nu e com suspensão de bandeira.

Ante o exposto, a Agravante requereu seja conhecido e provido o presente recurso julgando inteiramente improcedente o pedido de “Renovação do Certificado de REB nº 0194”.

Em Despacho de fl. 167, o presente Recurso foi admitido e feita a sua distribuição para o seu regular prosseguimento.

Por determinação do Juiz-Relator do Agravo, foi publicado o seguinte despacho: “Encaminhar os autos do Processo principal para a D. Procuradoria, para tomar conhecimento dos documentos acostados após a sua última manifestação. Com fulcro nos artigos 111 e 112, da Lei nº 2.180/54 e os artigos 157, § 5º, e 159, § 2º, inciso III, do RIPTM, para que o Agravado se pronuncie, no prazo de 5 (cinco) dias, para contraminutar o recurso de Agravo e, querendo, juntar documentos novos. Publique-se e Notifique-se o Agravado, via agente de diligência. Rio de Janeiro, 19/09/2013”.

A Agravada, fls. 187 e 188, apresentou suas contrarrazões alegando, em síntese, que, “Com o devido respeito, a promoção da Procuradoria está totalmente equivocada uma vez que nossa empresa juntou no processo de renovação o documento emitido pela bandeira original do navio, assinada por autoridade competente daquele País – o Cônsul do Panamá no Rio de Janeiro, confirmando a suspensão da bandeira panamenha. Para maior facilidade encontra-se em anexo uma cópia do referido documento. A decisão neste Agravo deverá, no entendimento da nossa empresa, observar se foi cumprido ou não o disposto na lei de regência da matéria, e, neste sentido, é

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induvidoso que apresentamos todos os documentos exigidos em lei e listados na página da internet desse Egrégio Tribunal para a renovação do REB, inclusive, mas não restrito, a comprovação do atendimento do requisito expresso na letra “c” do parágrafo 3º do art. 4º do Decreto nº 2256/97. O Comandante e o Chefe de Máquinas, bem como todo o restante da tripulação do navio é composta por brasileiros, conforme já apurado por este próprio Tribunal. Diante de todo o acima exposto, fica patente que a promoção da Procuradoria Especial da Marinha é infundada e o Agravo por ela interposto contra a corretíssima e louvável decisão do Exmo. Presidente desse Tribunal deve ser julgado improcedente, uma vez que o alegado desatendimento da não comprovação da suspensão da bandeira original do navio está devidamente comprovada nestes autos”.

Na fl. 189 consta cópia da “Autorização de Afretamento”, que já se encontrava nos autos do Processo original, à fl. 117, com os seguintes termos:

“CONSULADO DE PANAMA RIO DE JANEIRO, BRASIL AUTORIZAÇÃO DE AFRETAMENTO – QUE O GOVERNO PANAMENHO CONCEDE SUA AUTORIZAÇÃO PARA QUE O NAVIO GUANABARA BAY, COM PATENTE DE NAVEGAÇÃO N. 42652-11, DISTINTIVO DE CHAMADA 3EWP2, PROPRIEDADE DE P&B SHIPPING CO. LLP, PARA QUE CONTINUE REGISTRADA NA BANDEIRA BRASILEIRA, POR TRECENTOS SESSENTA DIAS ATÉ O 03 DE JULIO DE 2014, SEM PERDER O REGISTRO PANAMENHO, SEGUNDO A LEY 57 DO 06 DE AGOSTO DE 2008, E EM CUMPRIMENTO AO CONTRATO DE FRETAMENTO COM A CIA DE NAVEGAÇÃO NORSUL. ATENCIOSAMENTE. DR. JAIRO J. QUINTERO ARCE CÔNSUL GERAL DA REPÚBLICA DO PANAMÁ RIO DE JANEIRO – BRASIL RIO DE JANEIRO, 06 DE JUNHO DE 2013”.

Decide-se:

Inconformada com o despacho de fl. 153 e 154, dos autos do Processo Principal, nº 000-4477/2013, que deferiu o requerido pela ora Agravada, ou seja, a renovação do Certificado de Registro Especial Brasileiro (REB) nº 01494, com validade até 03/07/2014, referente à embarcação “GUANABARA BAY”, afretada a casco nu pela Companhia de Navegação NORSUL, a Agravante, Procuradoria Especial da Marinha, manejou o presente recurso de Agravo que ora se aprecia.

Preliminarmente, deve ser conhecido, posto que tempestivo, apresentado por quem tem legitimidade e cumpriu o previsto na Lei nº 2.180/54.

No mérito, para apreciação do presente Recurso, faz-se necessário a análise dos autos e das Normas que definem o Registro Especial Brasileiro.

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Do histórico dos fatos:

A Companhia de Navegação NORSUL protocolou o pedido de renovação do REB do N/M “GUANABARA BAY”, em 10 de julho de 2013, fl. 02, apresentando os seguintes documentos: Procuração, fl. 03; Estatuto Social da empresa, fls. 7 a 12; Certidão Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos Relativos às Contribuições Previdenciárias e às de Terceiros, fls. 14 e 15, Certificado de Regularidade do FGTS – CRF, fls. 17 a 19, Certidão Conjunta Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos Relativos aos Tributos Federais e à Dívida Ativa da União, fls. 20 e 21, original do Certificado de Registro Especial Brasileiro (REB), emitido em 19 de julho de 2012, com validade até 13/07/2013, fl. 22; Contrato de “Afretamento a Casco Nu” (BIMCO STANDARD BAREBOAT CHARTER – CODE NAME: “BARECON 2001”) da referida embarcação, fls. 25 a 36, vertido ao vernáculo por tradutora juramentada, fls. 37 a 108; Provisão de Registro da Bandeira do Panamá, emitido pela Autoridade Marítima do Panamá, fls. 109 e 110, vertido ao vernáculo por tradutora juramentada, fls. 111 a 116; “Autorização de Suspensão de Bandeira, por Afretamento”, emitido pelo Cônsul Geral da República do Panamá, no Rio de Janeiro, em 06 de junho de 2013, concedendo autorização para que continue registrada na bandeira brasileira, sem perder o registro panamenho, em cumprimento ao contrato de afretamento a casco nu, fl. 117; Certidão de Capacitação de Embarcação para o Registro Especial Brasileiro, emitido pela Delegacia da Capitania dos Portos em São Francisco do Sul, em 12 de julho de 2011, fl. 118; Atestado de Inscrição Temporária (AIT – Nº de inscrição 442E000171), emitido pela Delegacia da Capitania dos Portos em São Francisco do Sul, em 09/07/2013, fl. 119; guia paga do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Embarcações ou por Sua Carga – Seguro DPEM, emitido em 16/04/2013, fls. 120 e 122; Ofício da ANTAQ, nº 000059/2013-SNM, informando que a Companhia de Navegação Norsul tinha 72.329,67 TAB disponível, para atendimento ao estabelecido no inciso III, do art. 10, da Lei nº 9.432/97, para o afretamento da embarcação “GUANABARA BAY”, de 16.134 AB, bandeira do Panamá e participando que a referida empresa deveria comprovar junto à ANTAQ, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, a inclusão desta embarcação no REB, perante o Tribunal Marítimo, datado em 18 de junho de 2013; Termo de Autorização nº 052-ANTAQ, de 19 de Agosto de 2003, a COMPANHIA DE NAVEGAÇÃO NORSUL para operar como empresa brasileira de navegação nas classes de longo curso e de cabotagem, fl. 125, com cópia do DOU – Seção 1, nº 162, de 22 de agosto de 2003 com a publicação deste Termo de Autorização, fl. 126; cópia do Certificado de Registro de Armador da COMPANHIA DE NAVEGAÇÃO NORSUL, no Tribunal Marítimo, em 30

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de novembro de 2011, fl. 127 e Guias de Recolhimentos da União, comprovando o recolhimento das custas, fls. 129 e 130.

Na fl. 131 consta a manifestação do Diretor da Divisão de Registro à PEM, tendo em vista que a embarcação “GUANABARA BAY”, registrada no REB, se encontrava operando com toda a sua tripulação estrangeira e arvorando a bandeira do Panamá, descumprindo o §6º, do art. 11 da Lei nº 9.432/97 e o inciso II, do art. 3º, desta lei, c/c a alínea “c”, do § 3º, do art. 4º, do Decreto nº 2.256/97, conforme constatado pela Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul - CPRS; que a Delegacia da Capitania dos Portos em São Francisco do Sul emitiu Atestado de Inscrição Temporária (AIT) nº 442E000171 para esta embarcação operar na navegação de cabotagem, contudo ela estava realizando navegação de longo curso; que a Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul instaurou Inquérito para apurar possível descumprimento da legislação brasileira; e que a empresa Norsul requereu renovação do REB, pedindo à PEM para se manifestar, diante dos fatos relatados, sobre se o Tribunal deveria ou não renovar o REB desta embarcação.

A D. Procuradoria, fls. 132 e 133, apresentou sua manifestação e opinou pelas seguintes providências: para que a Norsul se manifestasse, em prazo razoável, acerca dos fatos narrados pelo Diretor da Divisão de Registros do Tribunal Marítimo; para ser juntada cópia do IAFN mencionado, tão logo recebido por esta Corte Marítima e solicitou nova vista dos autos, no prazo estabelecido por este Tribunal.

Na fl. 135 consta o Ofício nº 2.269/TM à Companhia de Navegação Norsul, em 29 de julho de 2013, encaminhando a manifestação da D. PEM e solicitando, no prazo de 30 dias, os esclarecimentos acerca dos fatos a fim de instruir os autos do processo de renovação do REB.

Nas fls. 136 e 137 consta a resposta da Companhia de Navegação Norsul, em 1º de agosto de 2013, informando, em síntese, que estavam requerendo a “terceira renovação do REB”, do referido navio que estava operando há cerca de dois anos na navegação de cabotagem.

Alegou que “Temos hoje 44 tripulantes brasileiros contratados e alocados ao navio GUANABARA BAY, sendo 22 a bordo e 22 em repouso, que, inevitavelmente, serão dispensados caso tenhamos que cancelar o REB e retornar a bandeira original do navio (panamenha)”.

Requereu para que fosse desvinculado o pedido de renovação do REB da tramitação do Inquérito, com os seguintes argumentos:

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de esclarecer que efetuamos a viagem de longo curso de Bahia Blanca, Argentina, para o porto de Rio Grande, RS (objeto do inquérito administrativo), e apesar de todos os nossos esforços não conseguimos contratar tripulação brasileira. Finda a descarga, o navio GUANABARA BAY seguiu em lastro para o porto de São Francisco do Sul, quando finalmente conseguimos completar a totalidade de tripulantes brasileiros.

É notória a falta de Oficiais de Marinha Mercante no País, e, portanto, a dificuldade não é exclusiva de nossa empresa. É sabido que somente é possível a um navio arvorar a bandeira brasileira, em regime de REB, após concluídas as vistorias e certificações pela sociedade classificadora, o que, por sua vez, só pode se dar quando o REB estiver emitido e a tripulação brasileira estiver completa.

Por razões circunstanciais e motivos totalmente alheios a nossa vontade houve uma demora na obtenção do complemento da tripulação do navio “GUANABARA BAY”, embora tanto de acordo com a ANTAQ como a Marinha do Brasil, o navio estava apto a operar na cabotagem (Ofício da ANTAQ para o Tribunal Marítimo com cópia para DPC, AIT, Certidão de Capacitação de Embarcação para o REB, Declaração de Conformidade para Operação em AJB).

Diante de todo o acima exposto, fica patente que não houve dolo ou má-fé da nossa empresa, pelo que pedimos, novamente, a desvinculação do inquérito administrativo a este processo e que seja deferida a renovação do REB para o navio “GUANABARA BAY””.

Nas fls. 138 a 142 consta a cópia do Relatório do IAFN, no qual o seu Encarregado concluiu que o fator operacional contribuiu, pois há evidências de que o referido navio operou com a totalidade de sua tripulação estrangeira e com sua bandeira de registro (Panamá), estando esta suspensa, pelo motivo de estar registrado no REB e, em consequência, a “impropriedade da embarcação para o serviço utilizado” e que houve o descumprimento da lei de afretamento de embarcação estrangeira a casco nu, por empresa brasileira de navegação e apontou a Companhia de Navegação Norsul, por dolo, por descumprimento do contido no § 6º, do art. 11, da Lei nº 9.432/97, e o inciso II, do art. 3º, desta lei, c/c a alínea “c”, do § 3º, do art. 4º, do Decreto nº 2.256/97.

Na fl. 143 consta a mensagem R231312Z/JUL/2013, da DLSFL a CPFPOL, solicitando informação a respeito do navio “GUANABARA BAY” (se o comandante e o chefe de máquinas eram brasileiros, se estava o navio arvorando a bandeira brasileira e os próximos portos de destino do navio; na fl. 144 consta a mensagem R252020Z/JUL/2013, da DLSFL para o TRIBAR com as seguintes respostas: comandante Aurélio Affonso de Andrade Baptista e chefe de máquinas Carlos Alberto

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Ribeiro Maia, ambos de nacionalidade brasileira; navio arvorando bandeira brasileira e próximos portos de destino: Para Mole e São Francisco do Sul. Foi solicitada à empresa Norsul o envio da documentação referente à qualificação do Comandante e do Chefe de Máquinas para posterior encaminhamento.

Na fl. 145 consta o despacho do Diretor da Divisão de Registros à PEM informando que o IAFN relativo ao referido navio ainda não deu entrada no Tribunal Marítimo, contudo, foi juntada cópia do Relatório do Encarregado do Inquérito a fim de instruir o processo e poder subsidiar a promoção da Procuradoria.

Nas fls. 146 a 152 consta a manifestação da D. Procuradoria pelo indeferimento do pedido de renovação do Certificado do REB, tendo em vista o desatendimento do previsto na alínea “c”, do § 3º, do art. 4º, do Decreto nº 2.256/97 (“Para as embarcações estrangeiras afretadas a casco nu, com suspensão provisória de bandeira, o registro no REB estará condicionado à (...) suspensão provisória de bandeira do país de origem”), além do envio de informações dos fatos aduzidos (com a remessa de cópia integral do presente processo) à Receita Federal e ao Ministério Público do Trabalho, para as providências que se mostrarem pertinentes e, após a decisão deste E. Tribunal, seja concedida nova vista dos autos.

Nas fls. 153 e 154 consta o despacho do Exmo. Sr. Juiz-Presidente, ora agravado, nos seguintes termos:

“D E S P A C H O.

Tendo em vista o requerimento constante às fls. 02 dos autos, e considerando:

a) a natureza de ato administrativo vinculado do Registro Especial Brasileiro (REB) e que a requerente, Companhia de Navegação NORSUL comprova o preenchimento de todos os requisitos estabelecidos no art. 3º, inciso II e art. 11, § 6º, da Lei nº 9.432/97, bem como do art. 2º, parágrafo único, alínea “b” e art. 4º, § 3º e alíneas, § 4º e § 5º, do Decreto nº 2.256/97, conforme se verifica na documentação acostada aos autos;

b) a mensagem R252020Z/JUL/2013, da Delegacia de São Francisco do Sul, que participa a realização de diligências, e a comprovação de que a embarcação “GUANABARA BAY” tem Comandante e Chefe de Máquinas brasileiros e que arvora o pavilhão nacional;

c) os indícios, confirmados pela própria Companhia de Navegação NORSUL, de que o N/M “GUANABARA BAY” operou, depois de inscrito no REB, sem ter Comandante nem Chefe de Máquinas brasileiros, contrariando o § 6º, do artigo

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11, da Lei nº 9.432/97 e, de que operou com bandeira panamenha no referido período, não se sabendo por quanto tempo, apesar de ter comprovado a suspensão da mesma, infringindo, em tese, o art. 2º, inc. VI e art. 3º, inc. II, da lei supracitada, já que a embarcação deveria arvorar o pavilhão brasileiro;

d) o indeferimento da Renovação do Certificado do REB, ação sugerida na R. Promoção da PEM, com esteio no “desatendimento da condição prevista no parágrafo 3º, letra “c” do art. 4º do Decreto nº 2.256, de 17 de Junho de 1997, “Para as embarcações estrangeiras afretadas a casco nu, com suspensão provisória de bandeira, o registro no REB estará condicionado à (...) suspensão provisória de bandeira do país de origem”, teria caráter sancionatório;

e) as penalidades previstas pelo descumprimento da Lei nº 9.432/97 estão estabelecidas no art. 15, que dispõe o seguinte:

Das Infrações e Sanções: Art. 15. A inobservância do disposto nesta Lei sujeita o infrator às seguintes sanções: I - multa, no valor de até R$ 10,00 (dez reais) por tonelada de arqueação bruta da embarcação; e II - suspensão da autorização para operar, por prazo de até seis meses;

f) a mens legis e a natureza das penalidades previstas indicam que, na hipótese da Administração constatar ausência de algum requisito para a manutenção do REB, como parece ter ocorrido no caso em apreço, deve apenar o infrator com multa e suspensão para operar, após apuração realizada em regular processo administrativo, em observância ao due process of law, na proporcionalidade adequada à gravidade da infração cometida e facultar prazo razoável para que seja regularizada a situação, o que se infere já foi regularizada;

g) a competência do Tribunal Marítimo, decorrente do art. 11, § 11, da Lei nº 9.432/97, dos art. 1º e 2º, da Lei nº 7.652/88, e art. 1º e art. 4º, § 3º, do Decreto nº 2.256/97, para apurar as possíveis infrações à referida lei e ao mencionado decreto;

h) o previsto na Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal; e

i) os Princípios da Legalidade, do Devido Processo Legal e da Ampla Defesa e Contraditório.

DECIDO:

a) deferir o requerimento de renovação do Certificado de Registro Especial Brasileiro (REB) nº 01494, com validade até 03/07/2014, referente à embarcação “GUANABARA BAY”, IMO nº 9180956 e Atestado de Inscrição Temporária (AIT) nº 442E000171, afretada a casco nu pela Companhia de Navegação NORSUL, CNPJ

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33.127.002/0001-03, autorizada a operar como empresa brasileira de navegação, nas navegações de cabotagem e longo curso, com sede na Rua Sete, Quadra A, Casa 2 - parte, Sítio Campinas, São Francisco – São Luís - MA, de acordo com o contido na Análise nº 04/2013 da Assessoria de Justiça e Disciplina do Tribunal Marítimo, com a documentação contida nos autos e com os procedimentos para o Pré-Registro e Registro no REB, constantes da Portaria nº 13/1997, do Tribunal Marítimo, publicada no DOU nº 122, de 30/06/1997, podendo a referida embarcação operar na navegação de cabotagem;

b) determinar a instauração de Processo Administrativo, de acordo com o disposto na Lei nº 9.784/99, para apurar os indícios de infrações à Lei nº 9.432/97; e

c) determinar o encaminhamento de cópia dos autos do Processo nº 000-4477/13 para o Ministério Público do Trabalho, Receita Federal do Brasil e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) para as providências julgadas cabíveis.

Dê-se nova vista à Procuradoria Especial da Marinha. Rio de Janeiro, RJ, em 11 de setembro de 2013. LUIZ AUGUSTO CORREIA. Vice-Almirante (RM1). Presidente”.

As contrarrazões da Agravada, portanto, são corretas, posto que a Decisão ora atacada com o presente recurso é precisa e não admite qualquer reparo.

Não há previsão na Lei nº 9.432/97, nem no Decreto nº 2.256/97, para o não deferimento de registro no REB como punição pelo descumprimento destas normas, após a concessão do registro no REB, mas de multa ou suspensão (art. 15, da Lei nº 9.432/97) e um fato pretérito deve ser apurado com o devido processo legal e aplicada a sanção cabível.

A não renovação do registro no REB, estando a embarcação e a empresa devidamente regularizadas, seria uma medida fora do previsto nas normas em vigor, para o caso concreto, portanto descabidas, pelo Princípio da Legalidade, embora se tenha em conta o cuidado apresentado pelo Diretor da Divisão de Registro e do Representante da D. Procuradoria em resguardar os registros aos cuidados deste E. Tribunal Marítimo, previstos nas Leis números 2.180/54, 7.652/88, 9.432/97 e no Decreto nº 2.256/97, quanto a qualquer possível ilicitude.

Por todo o exposto, devem ser acolhidas as contrarrazões da Agravada e reconhecer o acerto da decisão de fls. 153 e 154, que deve ser mantida na íntegra, conhecendo o presente recurso, para lhe negar provimento.

Assim,

ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza e extensão do fato/acidente da navegação: xxx; b) quanto à causa determinante:

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xxx; e c) decisão: conhecer do recurso de Agravo, para lhe negar provimento, mantendo, na íntegra, a decisão atacada, de fls. 153 e 154, nos autos do Processo nº 000-4477/13, acolhendo as contrarrazões da Agravada.

Publique-se. Comunique-se. Registre-se. Rio de Janeiro, RJ, em 08 de outubro de 2013.

FERNANDO ALVES LADEIRAS Juiz-Relator

Cumpra-se o Acórdão:

Aos 29 de outubro de 2013.

LUIZ AUGUSTO CORREIA Vice-Almirante (RM1)

Juiz-Presidente DINÉIA DA SILVA Diretora da Divisão Judiciária

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