EMPREITADA DE “REPARAÇÃO DOS PREJUÍZOS RESULTANTES DAS INTEMPÉRIES OCORRIDAS DESDE NOVEMBRO DE 2000 – PONTE DE VILA FRIA – EXECUÇÃO DE MICRO-ESTACAS - Presente a informação do
Departamento de Obras e Serviços Urbanos, do seguinte teor:--- ---“EMPREITADA: “REPARACAO DOS PREJUIZOS RESULTANTES DAS INTEPERIES OCORRIDAS DESDE NOVEMBRO DE 2000-PONTE DE VILA FRIA “ ADJUDICATÁRIO : AUGUSTO OLIVEIRA FERREIRA, & Cª., LDA
ASSUNTO: PROPOSTA DA FIRMA ADJUDICATÁRIA PARA EXECUÇÃO DE MICRO-ESTACAS
A empreitada referenciada em epígrafe compreende a construção de uma ponte de raiz totalmente executada em pedra maciça por processo tradicional, constituída por 5 arcos seis pilares e dois encontros.
A ponte está projectada para o mesmo local onde existia a ponte medieval. Após as primeiras escavações para execução das fundações constatou-se que o solo existente não era o adequado para as fundações previstas, tendo sido mandadas executar sondagens geotécnicas para avaliar pormenorizadamente o solo existente.
Após a análise das sondagens concluiu-se que teria que de se recorrer a
outro tipo de soluções de fundações, havendo a hipótese de recurso a poços de
fundação ou de microestacas.
Inicialmente foram seguidas orientações do Instituto de Construção para avançar com a solução de poços de fundação por ser a solução economicamente mais vantajosa, mas verificou-se que esta não seria exequível devido à grande profundidade dos trabalhos conjugado com a abundante existência de água.
Em consequência do exposto foi iniciado o estudo da segunda solução que consiste na colocação de microestacas sob os pilares, entre os pilares e encontros da ponte com os respectivos maciços de encabeçamento.
Junto se anexa memória justificativa do projectista (Instituto da Construção), que relata com mais pormenor todo o historial atrás referenciado, bem como a solução adoptada.
Para o efeito solicitou-se proposta de preço à empresa adjudicatária da empreitada para os trabalhos atrás referenciados.
O preço proposto, incluindo todos os trabalhos acessórios, para a execução das mesmas é de 215.285,60 € (duzentos e quinze mil, duzentos e oitenta e cinco euros e sessenta cêntimos) mais o valor do IVA à taxa legal em vigor.
Tendo em conta que:
-Estes trabalhos são muito específicos e serão executados em condições adversas, havendo poucas firmas com disponibilidade e capacidade técnica para a execução dos mesmos, tendo sido contudo, contactadas outras firmas que se mostraram indisponíveis para o efeito. Obtivemos uma resposta da firma Teixeira Duarte e após análise concluiu-se que apesar do preço proposto ser mais baixo esta não corresponde ao pretendido, acabando por ficar mais cara no final, pelas seguintes razões:
1-Não forneceu proposta para microestacas ∅200, como solicitado, mas para ∅ 162 mm, uma solução muito mais barata e que de certo modo justifica em grande parte o preço mais baixo. Esta solução poderá não ser viável por razões de projecto.
2-Esta empresa só está disponível para daqui a 2 meses.
3-Quase todos os trabalhos acessórios serão por conta do dono de obra, obrigando a fazer um novo contrato para a realização dos mesmos.
4-Esta empresa obriga a uma indemnização horária pela paragem dos mesmos, que dada a situação adversa dos trabalhos poderá tornar-se muito oneroso, já que dificilmente se conseguirá bom tempo durante 2 meses consecutivos;
5-Será muito difícil coordenar duas empresas distintas numa empreitada já de si de elevada complexidade técnica. Podendo haver o risco de haver de diluição das responsabilidades.
-Urge o mais rapidamente possível repor as condições de circulação na ponte que prejudica as populações ribeirinhas, nomeadamente ao nível do transporte rodoviário e de acesso de crianças à escola básica de Vila Fria que se encontra nas imediações da Ponte.
-A empreitada em epígrafe foi realizada ao abrigo do n.1 do DL 38 de 8 de Fevereiro de 2001 (REPARAÇÃO DOS PREJUÍZOS RESULTANTES DAS INTEMPÉRIES OCORRIDAS DESDE NOVEMBRO DE 2000) em que é autorizado o recurso ao ajuste directo para a execução da empreitada em epígrafe;
-De acordo com a alínea c) do n.1 do Art.º 136, do DL 59/99 por motivos de urgência poder-se-á proceder a um concurso por ajuste directo, em que as outras modalidades de concurso atrasarão ainda mais a execução da empreitada.
-Devido ao valor em causa ultrapassar os 25 % do valor da empreitada não se poderá adjudicar os trabalhos como trabalhos a mais.
-A empreitada está candidatada ao AIBT, tendo o prazo para a conclusão da obra sido prorrogado até fins de Junho de 2003, sendo necessário que urgentemente os trabalhos sejam retomados, uma vez que sem serem executadas as fundações é inviável qualquer avanço na construção da ponte, com o perigo da obra sofrer atrasos significativos que ponham não só em perigo o financiamento, mas também causem prejuízos e transtornos a toda a população em geral e à população da freguesia de Vila Fria em particular, que não podem ser quantificáveis.
Do exposto sou do parecer de que deve ser solicitada proposta para a execução dos trabalhos referenciados, à firma Augusto de Oliveira Ferreira & CA,
L.da, nos termos do previsto n.1 do DL 38 de 8 de Fevereiro de 2001 (REPARAÇÃO DOS PREJUÍZOS RESULTANTES DAS INTEMPÉRIES OCORRIDAS DESDE NOVEMBRO DE 2000) e de acordo com a alínea c) do n.1 do Art.º 136, do DL 59/99 por motivos de urgência.” --- ---O Senhor Director do Departamento de Obras e Serviços Urbanos prestou os esclarecimentos sobre a empreitada em causa e em face das dúvidas que se levantaram do ponto de vista jurídico sobre a proposta de ajuste directo, a Câmara Municipal em sua reunião realizada em 03 de Fevereiro de 2003 entendeu solicitar ao Sr. Dr. Marques de Carvalho parecer sobre a matéria. --- ---O Sr. Dr. Marques de Carvalho emitiu o parecer do seguinte teor: --- “BREVE NOTA ACERCA DA EMPREITADA REFERENTE À EXECUÇÃO DE
MICRO-EST ACAS NA PONTE DE VILA FRIA
1. O Decreto-Lei nº 38-D/2001, de 8 de Fevereiro, criou um regime excepcional que permitia que, até 8 de Fevereiro de 2003, os Municípios pudessem proceder ao ajuste directo dos trabalhos respeitantes a obras de recuperação ou reconstrução de infra-estruturas afectadas pelas condições climatéricas desfavoráveis ocorridas a partir de Novembro de 2000, desde que essas obras tivessem sido identificadas, por deliberação da respectiva Câmara Municipal, como enquadráveis no âmbito de aplicação do artigo 1.º do mesmo diploma.
As duas exigências que esse diploma legal impunha eram as seguintes: - que a obra não ultrapassasse os 350.000.000$00;
- que tivessem sido consultadas previamente cinco entidades susceptíveis de realizar os trabalhos.
Desde que se verificassem estes requisitos, seria possível a adopção do procedimento pré-contratual do ajuste directo, sem qualquer risco de censura. 2. Uma vez afastado o regime previsto no Decreto-Lei nº 38-D/2001, terá, em princípio, de ser aplicado o artigo 45° do Decreto-Lei nº 59/99, de 2 de Março, que não permite que, numa empreitada de obras públicas, os trabalhos a mais
ultrapassem os 25% do valor do contrato inicial, obrigando a que, no caso de serem necessários trabalhos não contratados que ultrapassem esse limite, seja observado o procedimento pré-contratual exigido por lei, o qual seria, in casu, o concurso público ou limitado com publicação de anúncio (cfr. artigo 48°/2 do Decreto-Lei nº 59/99).
3. Nos termos do artigo 136º/1/c do Decreto-Lei nº 59/99, poderá, no entanto, ser, observado o regime do ajuste directo, independentemente do valor estimado do contrato, no caso de existirem “motivos de urgência imperiosa resultante de acontecimentos imprevisíveis pelo dono da obra”, que tornem impossível o cumprimento dos prazos exigidos pelos concursos públicos, limitado ou por negociação, isto, desde que, como é evidente, os motivos invocados não possam ser imputados ao dono da obra.
4. Assim, parece-nos correcta a proposta que foi apresentada pelos serviços, tanto mais que, segundo a informação prestada, não só a urgência na conclusão da obra parece ser fácil de demonstrar, como também não se afigura difícil provar que a necessidade dos trabalhos que agora se pretende adjudicar era imprevisível e não resultou de culpa do dono da obra.
Em suma, confirmando-se que a necessidade dos trabalhos em causa era imprevisível e que não ficou a dever-se a culpa do dono da obra, parece-nos legítimo, adoptar, no presente caso, o procedimento do ajuste directo, nos termos propostos pelo Senhor Eng. Nuno.
Tal é, salvo melhor, a nossa opinião. Mário Rui Marques de Carvalho.”--- Deliberação – A Câmara tendo em conta o parecer emitido pelo Sr. Dr. Mário Rui Marques de Carvalho, delibera adjudicar mediante ajuste directo à Sociedade “AUGUSTO OLIVEIRA FERREIRA, & Cª., LDA”, pelo valor de 215.285,60 € (duzentos e quinze mil, duzentos e oitenta e cinco euros e sessenta cêntimos) acrescido de IVA à taxa legal em vigor, os trabalhos constantes da proposta acima transcrita. Esta deliberação foi tomada por unanimidade. ---