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Como Melhorar Ainda Mais o Seu Inglês - Michael a. Jacobs

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Academic year: 2021

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Editoração Eletrônica Estúdio Castellani

Copidesque

Paulo Nascimento Verano

Revisão Gráfica

Gustavo André Ramos Inúbia

Projeto Gráfico Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 – 16º andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Rua Quintana, 753 – 8º andar

04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil Serviço de Atendimento ao Cliente

0800-0265340 sac@elsevier.com.br

ISBN 978-85-352-1248-8

Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, im-pressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.

Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação.

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ J18i

Jacobs, Michael A. (Michael Anthony), 1944-Como melhorar ainda mais seu inglês : o livro certo para quem quer melhorar o inglês / Michael Anthony Jacobs. – Rio de Janeiro : Elsevier 2003 – 6aReimpressão. ISBN 85-352-1248-5

1. Língua inglesa – Compêndios para estrangeiros – Português. 2. Língua inglesa – Estudo e ensino – Falantes de português. 3. Língua inglesa – Erros. I. Títulos.

03-2102. CDD — 428.24

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fizeram o seu melhor. Aos meus filhos, Michael Henry, Bianca, Chantal e Julian, para quem tento ser um exemplo. E, acima de tudo, aos meus

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INTRODUÇÃO IX CAPÍTULO 1

/Kâl-tcha/ a Pronúncia Correta de CULTURE,

ou Seja, CULTURA (QUEM DIRIA, NÉ?) . . . 1

CAPÍTULO 2

Oficina de GRAMÁTICA do Prof. Michael . . . 23

CAPÍTULO 3

Divã do Prof. Michael (UM POUCO DE ORIENTAÇÃO

NÃO FAZ MAL A NINGUÉM) . . . 67

CAPÍTULO 4

Trocando as Bolas...

PORTUGUÊS EM INGLÊS . . . 73

CAPÍTULO 5

The Sound of Music? Não, o Som da PRONÚNCIA

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ou SINTAXE?. . . 91

CAPÍTULO 7

Nas Palavras Imortais dos Bee Gees, “It’s Only Words, and Words are All I Have, to Take Your Heart Away”. Portanto, Vamos às

Questões de VOCABULÁRIO? . . . 103 Conclusão . . . 143 Índice de Dicas . . . 145

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D

entre os que escrevem, presumo que a preocupação com o caráter inerente-mente arrogante do ofício não é exclusividade minha. Afinal, aqui estou (estive!) frente ao teclado, acreditando que você irá dedicar algumas horas da sua vida para ler minhas palavras. Presumo também que tenho o direito – vejam só: eu disse direito – de levá-lo a deixar de lado seus afazeres para dedicar a mim sua atenção. Mas, o que me dá esse direito?

Bom, em primeiro lugar, os artigos e livros que escrevo têm os meus alunos e leitores – você! – como fonte quase que inesgotável de inspiração. São eles que me desafiam, tanto em sala de aula como na hora em que me sento ao computa-dor. Portanto, minha produção é, em grande parte, fruto e mérito deles, e uma das coisas que fazem com que eu me preocupe menos com a suposta arrogância é o fato de que há – por parte do aluno brasileiro – uma procura incessante tanto para aprender o inglês como para melhorar o seu aprendizado. E é um prazer enorme poder ajudar – ou pelo menos tentar.

Este livro nasceu a partir das dicas que envio por e-mail aos meus leitores, com uma freqüência infelizmente bastante irregular, sob o assunto (ou subject): “Melhore Seu Inglês – Dicas do Professor Michael Jacobs”. As dicas que escrevo são sempre motivadas por um erro que as pessoas costumam cometer em inglês, por uma dúvida freqüente ou por uma determinada situação do cotidiano. Por-tanto – se você estiver no meu mailing (e espero que esteja!) –, reconhecerá algu-mas dicas. Mas isto pode ser muito bom caso você já tenha se esquecido do que

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agora, as têm em forma de papel – sim, o velho e testado livro. (Onde será que fo-ram parar os livros virtuais, tão laureados há pouquíssimos anos? Parece-me que Stephen King – o mestre do macabro – já tentou algo do gênero... e se deu mal!)

Bem, então aqui está um livro nada virtual, feito de carne e osso – whoops, de papel, tinta e cola –, que contém a solução para muitas dúvidas de leitores que se esforçam para melhorar seu inglês, bem como para eliminar seus erros – aqui ex-plicados e corrigidos a contento (pelo menos assim espero).

Tento atender a todos os leitores, esclarecendo suas dúvidas e dando a minha orientação quando considero pertinente. Assim, sem querer parecer muito pom-poso (mas tendo uma baita dificuldade de evitar), continuo a fazer o que conside-ro ser a minha missão aqui no Brasil – ajudar o aluno brasileiconside-ro com a língua in-glesa. Aqui você também vai encontrar o prolongamento do envio dos e-mails: selecionei algumas das perguntas que recebo, acompanhadas, naturalmente, das respostas que enviei ao meu leitor.

E por que me considero qualificado para responder? Quem sou eu para assu-mir esta postura, de me colocar nesta posição de “autoridade” a respeito de as-suntos de inglês? Boa pergunta. Afinal, sou engenheiro de formação, e trabalhei por 22 anos na indústria brasileira até que, em 1989, resolvi dar uma guinada na minha trajetória e procurar outros rumos. Então comecei a lecionar inglês...

Minto (sorry!). Melhor dito: comecei a tentar aprender como se leciona in-glês, pois, apesar de ser nativo da língua (nasci e fui criado em Londres e vim para o Brasil em 1967), explicar e transmitir aos alunos brasileiros meus conhecimen-tos era algo absolutamente novo para mim. Afinal de contas, ser nativo em deter-minada língua não oferece assim tantas garantias a respeito da aptidão de lecio-nar. Aliás, não oferece nenhuma! E não foi fácil, mas persisti, fui aprendendo, e aqui estou.

Escrevi e lancei meu primeiro livro, Como Não Aprender Inglês – Erros

Co-muns do Aluno Brasileiro, em 1999 (este primeiro livro, acompanhado do Volume 2, lançado em 2001 – ambos produções independentes –, foi relançado como Edi-ção Definitiva pela Editora Campus em 2002), e, de lá para cá, não olhei mais para

trás. Esqueci da vida de engenheiro! Em julho de 2003, a Disal Editora lançou

Ti-rando Dúvidas de Inglês – e aqui estou novamente, escrevendo e escrevendo.

Finalmente, descobri o que gosto de fazer de verdade, pois sinto que, com o que escrevo hoje, posso ajudar uma quantidade cada vez maior de estudantes

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alguns me consideram meio “carrasco”, mas não me abalo com isso, pois sei (e, para falar a verdade, eles também sabem) que tudo o que faço é para ajudar. Aju-dar a aprender e acelerar o progresso com o inglês.

Nas palestras que, de vez em quando, sou convidado a ministrar, faço questão de avisar aos presentes um fato muito pertinente. Não sou uma “autoridade” no que concerne ao inglês. Como não sou um acadêmico, um catedrático do assunto, me resta oferecer aquilo que tenho a transmitir: um conhecimento acerca das difi-culdades do aluno brasileiro para aprender inglês e como a língua portuguesa faz a sua parte para influenciar no (e até atrapalhar o) progresso do estudante.

Usando isso como base, consigo entender melhor as necessidades do estu-dante brasileiro e compreender a influência – tanto lingüística, quanto cultural – do Brasil e da língua portuguesa no progresso de aprendizagem. Posso, assim, mostrar-lhes não somente onde erraram, mas como e por que erraram, e como proceder para evitar cair na vala comum dos erros.

Se este livro puder ajudar um aluno apenas, ou milhares deles (de preferên-cia, a segunda opção, pois, além de multiplicar a ajuda, multiplicam-se também os royalties!), considero meu trabalho realizado, e avalio que tê-lo escrito terá valido a pena. Pois, acima de tudo, é minha maneira de dizer obrigado por tudo o que este país tem me proporcionado. Sou e sempre serei extremamente grato a todos vocês.

Dizer muito obrigado é, de fato, dizer muito pouco para demonstrar a minha imensa gratidão por tudo o que este povo e este país têm me proporcionado desde que cheguei aqui, no longínquo ano de 1967.

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/Kâl-tcha/ a Pronúncia Correta

de CULTURE, ou Seja,

CULTURA

(QUEM DIRIA, NÉ?)

N

este capítulo, incluí vários assuntos que considero pertinentes ao quesito... Cultura. Em parte, aqui estão os caminhos tortuosos da minha mente, que tantas vezes me levam a campos (e assuntos!) em que nem eu mesmo imaginava que um dia trilharia.

Pode ser uma pergunta de um leitor, uma conversa qualquer. Não importa: acaba servindo para levantar um assunto ligado à língua inglesa que antes eu nem havia pensado. E aí me encontro tentando explicar coisas que nem me foram soli-citadas, mas que considero poderem ser interessantes para você, leitor. Espero que tenha acertado.

Ah, importante: quando falo de cultura, falo de cultura útil. Útil para você aprimorar o seu inglês. Tenho a nítida impressão de que existe por aí mais cultura do tipo inútil que útil, mas devo estar num dia daqueles... E se você, querido lei-tor, achar que este sentimento se aplica a este capitulo, então só posso dizer... Seja bem-vindo ao clube!

¢Living abroad (Morando fora)

My friend she is living out – disse meu aluno. Sabia que ele queria dizer que a

ami-ga dele estava morando fora – fora do Brasil. Só que ele, o meu aluno, havia tra-duzido a frase diretamente do português, e em inglês não faz muito sentido dizer que ela mora out. Só faz sentido para alguém que entenda português (e inglês também, of course).

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E a pergunta que fica é: o que, afinal, o meu aluno deveria ter dito? O que se usa para esses casos é abroad. Abroad quer dizer “no exterior”, “no estrangeiro”, “num outro país”.

Mas não é só isso. Há outro erro na frase, além do vocabulário. Deu para per-ceber? Eu espero cinco segundos.

Pronto.

Já que o aluno mencionou a amiga dele (my friend), não era necessário ter complementado com she. Em português, não se diria “Minha amiga ela esta mo-rando fora”. Vai, concorda comigo! Você não diria isto. Diria? “Ela” aqui total-mente redundante. E she também.

Portanto, a frase completa e correta seria My friend is living abroad. Só para reforçar um pouco o uso de abroad: Michael has lived abroad for 36

years. He doesn’t really know if Brazil is abroad or if England is (Michael mora no

estrangeiro há 36 anos. Ele realmente já não sabe mais se o Brasil é que é no es-trangeiro, ou se a Inglaterra é que é); When you go abroad it’s always good to be

able to say at least the little important things in the language (Quando você viaja

para o exterior, é sempre bom poder dizer pelo menos as coisas pequenas, porém importantes, na língua).

¢Mummy, I’m bored! (Manhê, estou entediado!)

Quantas vezes eu já ouvi a mesma pergunta: “Por que você veio para o Brasil?”. Ao longo dos anos, tenho dado várias respostas, e recentemente me ocorreu mais uma. Surgiu quando estava batendo um papo com um canadense, também com longo tempo de Brasil. Ele comentou a respeito de uma certa mesmice no Cana-dá, e eu comparei com a vida na Inglaterra. Aí me veio na cabeça uma vozinha di-zendo Mummy I’m bored. Não sei se foi o meu passado voltando, ou se foi apenas uma recordação. Mas com certeza já ouvi essa lamentação muitas vezes. Tanto antes de deixar a Inglaterra, como nas vezes em que estive lá depois, visitando. Parece-me uma constante: Mummy I’m bored. What shall I do? I don’t have

any-thing to do (Manhê! Estou chateado. Manhê! Estou entediado! O que posso

fa-zer? Não tenho nada para fazer!).

Ora, para as crianças, estar entediado na Inglaterra parece ser uma constan-te. Estranho nunca ter ouvido esta queixa de nenhuma criança no Brasil, e me pergunto o porquê. A resposta é um tanto óbvia. Dificilmente alguém sofre de té-dio neste país tropical. Pode sofrer de outras coisas, mas nunca de tété-dio! Claro,

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às vezes a gente gostaria que certas coisas fossem um pouco mais previsíveis, com menos surpresas. Mas é justamente esse gostinho que dá tempero à vida no Brasil.

Estabilidade é importante, não estou dizendo o contrário. Mas o que dá esse sabor bem brasileiro são as surpresas. A completa imprevisibilidade dos eventos. E, como muitas vezes falo: bota imprevisibilidade nisso! E, quer saber como se diz “imprevisível” em inglês? É unpredictable. Ou seja, é algo que não se pode pré

dict, (do latin dictar), ou seja, algo que não se pode “dizer” antes do evento. Em

português, não se pode “ver” antecipadamente o que vai acontecer. Claro, na prática dá na mesma. Bota imprevisibilidade nisso. You can say that again!

Mas não estou me queixando. Nem um pouco. Afinal, ser previsível é coisa para alguém que vive no futuro, e talvez seja melhor viver um dia de cada vez. E é isto que tento fazer.

Se pudéssemos predict tudo, as coisas iam ser muito chatas, né?

P.S.: Deixe-me aproveitar e falar a respeito da ortografia de “mamãe” em inglês.

Na Inglaterra, usamos mum ou mummy; nos Estados Unidos, usa-se mom ou

mommy. A pronúncia, no entanto, permanece bastante similar. Algo como /mam/ e /ma-mi/. Só para acrescentar um pedacinho de cultura útil pra os

egip-tólogos monoglotas babando para saber: sim, “múmia” é mummy em inglês, com a mesma pronúncia de “mãe” (“mãe” em inglês, preciso dizer?).

¢Como se diz “amigo secreto” em inglês?

Quando o Natal se aproxima, nada mais natural do que receber um e-mail de um leitor querendo saber como se chama, em inglês, a festa de “amigo secreto”. Como na Inglaterra não temos esse costume, e como essa festa não faz parte da nossa cultura, desconheço expressão equivalente.

Se alguém quisesse introduzir essa brincadeira tão simpática por lá, teria de chamá-la de secret friend ou mystery friend (e ainda correr o risco de ser total-mente ignorado!). Até aí, tudo bem. Nenhuma grande novidade.

Porém, o quadro muda de figura ao aterrissarmos nos Estados Unidos – pelo menos na Califórnia – e no Canadá. Lá chamam isso de Kriss Kringle ou Secret

Santa. Secret Santa seria, possivelmente, a designação mais comum nas escolas

ou escritórios. Kriss parece ser derivada de Christmas, e Kringle de... caramba! Sabe que não faço a menor idéia? (Mas que parece nome de salgadinho, parece!)

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Continuando, Santa é de Santa Claus, aka (also known as = também conhecido como) Father Christmas.

Bem, acabei de ganhar uma grande crise de consciência por não ter dado uma explicação melhor a respeito de Kriss Kringle. Vou deixar de ser preguiçoso e procurar no meu dicionário – afinal tantos dicionários servem para quê? E veja só o que encontrei: “Kriss Kringle: Alteração do dialeto alemão Christkindl – Pre-sente de Natal”. Quem diria? Nem imaginei que ia aprender algo assim em plena tarde de sábado...

Bom, agora vamos a alguns exemplos de possíveis diálogos para consolidar a novidade:

Who’s your Secret Santa this year? Preciso traduzir? (Uai, por que não?) Lá

vai: Quem é seu amigo secreto este ano?

Outro bom exemplo: What did you get for your Kriss Kringle? (O que você com-prou para seu amigo secreto?). E outro, melhor ainda (para mim também, é claro): I

bought Michael Jacobs’ latest book (Comprei o livro mais recente livro de...). Great choice! Everyone should buy one or two copies, or even more! (Ótima

escolha! Todos deveriam comprar pelo menos um ou dois exemplares, ou até mais!)

Quanto ao fato de os ingleses não compartilharem conosco desta tradição tão interessante, só posso sugerir que eles o façam o mais rápido possível e, aprovei-tando a deixa, usem as expressões que os norte-americanos já adotaram. Mas, cá entre nós, conhecendo os meus patrícios, tenho lá minhas dúvidas de que isso ve-nha a acontecer... Se não o fizeram até agora, será que esta dica vai mudar as

coi-sas? Claro que não! A maioria nem sabe ler em português!

¢Será que “João Sem Braço” em inglês é John Armless?

Também já tive um aluno que, certa vez, quis saber como que se dizia “João sem braço” em inglês. Pego assim de supetão, eu fiquei sem palavras. (Você acha que foi porque não sabia responder? Não, não foi isso. Claro que não! Apenas achei que não era o momento de introduzir este assunto na aula que estava dando...)

Bem, já engoliu a última mentira? Claro que eu não sabia responder! Muitas vezes, quando o aluno sabe que o professor é bilíngüe, há uma cobrança muito grande em cima, como se tivéssemos a obrigação de ser “dicionários ambulan-tes”, saber todos os provérbios e todas as menções da Bíblia, ditados populares, além de precisarmos ser até fontes de referência de música popular e suas

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respec-tivas letras, além de profundos conhecedores de inglês, português, grego, latim e... Ainda que eu seja tudo isso, não convém ficar alardeando meus méritos as-sim; portanto, vou calar a boca e não vou dizer mais nada.Viu?

Mas, voltando ao nosso amigo John Armless – ou seria armless John? Não sei se armless serve melhor como adjetivo ou sobrenome. Vou deixar como sobreno-me: John Armless. Fica até bonito.

De qualquer maneira, o que importa é entender o que quer dizer “João sem braço”. Para mim, usamos a expressão quando queremos fingir que não sabemos determinada coisa, quando queremos dar a impressão de que estamos totalmen-te inocentotalmen-tes de certo(s) fato(s). Mais ainda: quando queremos fingir que não vi-mos determinadas coisas, pois, naquele momento, isto é o mais conveniente para nós. Ou seja, quando sabemos da verdade, mas, para levar uma vantagem, fingi-mos o contrário. Não é isso?

Bom, já que concordou, resta a pergunta: como dizer isso em inglês? Lembra que a expressão na integra é “dar uma de João sem braço”. Em inglês temos também um verbo integrando a expressão: to play. Play what? Dumb. A expressão é to play dumb. Finalmente descobri! Que alívio!

Acho até, inclusive, que a expressão em inglês faz mais sentido do que a em por-tuguês, pois a palavra dumb, no seu primeiro sentido, significa “mudo”. “Fazer-se de mudo.” Infelizmente, é fato que a palavra dumb acabou se tornando também sinôni-mo de “estúpido”. Nada politicamente correto, mas isso em inglês é um fato.

Ficar mudo, calado, tem a vantagem de corresponder um pouco mais aos fa-tos – é menos figurado. Ficar sem braço, para mim, não tem nada de prático na expressão.

E ainda, no campo das pessoas com deficiências físicas, temos em inglês ou-tra expressão similar, que é to turn a blind eye. Ou seja, “virar o olho cego”, “fin-gir-se de cego” (embora de um olho só).

Isso me fez lembrar de uma citação de eu não sei quem: It’s better to keep your

mouth shut and let people think you’re stupid than to open it and prove it (É

me-lhor manter a boca fechada e deixar que as pessoas pensem que você é tolo, do que abri-la e deixá-los comprovar).

¢E “chutando o balde”? Será que é kicking the bucket?

Uma leitora, professora de inglês, me escreveu perguntando sobre a expressão

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“chu-tando o balde”. “Chutar o balde”, OK, mas com um pequeno “porém”. Enquanto em português “chutar o balde” significa jogar tudo para o ar, perder as estribei-ras, desistir de tudo, em inglês é uma gíria que quer dizer “morrer”. Acredite se quiser! E mesmo se não quiser, acredite, pois é a mais pura verdade. Eu não men-tiria para você, caro leitor. Please believe me!

Lembro-me de um filme que vi anos atrás (e bota anos nisso!) chamado It’s a

Mad, Mad, Mad, Mad World (não sei ao certo quantas vezes a palavra mad era

repetida). Em português, chamava-se, se não me engano, Deu a Louca no

Mun-do, ou algo assim. Era uma comédia sobre uma corrida de bastante gente atrás de

uma “tesoura” – ou será que era um “tesouro”? Até hoje faço confusão com estas duas palavras, que em inglês são treasure e scissors. Claro, eu poderia simples-mente procurar no dicionário e escrever a coisa certa. Mas aí você não teria a oportunidade de ver o quanto a língua portuguesa pode ser difícil para nós, grin-gos. E olha: tenho 36 anos de Brasil. Isso mesmo: 36 anos tentando falar e escre-ver português corretamente. Bem, procurei no dicionário e treasure é “tesouro”. Mas você já sabia disso. Eu é que estava em dúvida, não é mesmo?

No decorrer do filme, um dos personagens, interpretado por Mickey Rooney, sofre um acidente de carro e fica estendido à beira da estrada, nas últimas. Ao mor-rer, a sua perna se estica – o movimento final! – e chuta... adivinha... um balde!

Agora a pergunta que deve estar martelando na sua cabeça é: “Então, como é que se fala a expressão ‘chutar o balde’ em inglês?” Boa pergunta. Eis algumas opções: to throw everything up in the air (jogar tudo para o ar) – por sinal, uma ótima opção, pois a usamos em português também; to lose your temper (perder a calma, ou as estribeiras); to rant and rave; to go bananas; to go crazy; to go

ber-serk; to lose it; to quit; to blow your top; to go ape. Acho que há opções para todos

os gostos e tamanhos.

¢It’s OK to be OK!

Gosto dos dizeres desse adesivo, que de vez em quando vejo colado no vidro dos carros, e que endosso em cheio os sentimentos. Realmente, “É bom ser bom!” (se você achou a tradução esdrúxula, me envie uma melhor, OK?). Bem, mas por que disse isso? Fiz este preâmbulo para falar do OK, tema de várias perguntas que recebo.

Em geral, recebo várias mensagens assim: “Eu gostaria de saber onde se ori-ginou a expressão OK. Já escutei várias explicações, mas nada até hoje me

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con-venceu. Você sabe?” Meus leitores sempre escrevem querendo saber a verdadei-ra origem de OK – se é uma gíria baseada em erro de gverdadei-rafia –, e aqui vou compar-tilhar com vocês a resposta. Ao longo dos tempos, as explicações etimológicas de OK – “o americanismo mais americano dos americanismos” – têm sido tão di-versas quanto inspiradoras. Veja algumas:

¡ É uma abreviação para only kissing (apenas beijando);

¡ O sétimo presidente dos Estados Unidos, Andrew Jackson (1767-1845), escrevia OK como abreviação de oll korrect (na verdade, ele não era tão ig-norante assim!);

¡ Originou-se dos biscoitos Orrin Kendall;

¡ Era uma abreviação do grego olla kalla (“tudo bem”);

¡ Originou-se de uma premiada marca de rum haitiano, Aux Cayes (esta é meio forçada, não?);

¡ Era uma abreviação telegráfica de open key;

¡ Era uma afirmação – okey – da tribo de índios Choctaw;

¡ Veio do nome do chefe indígena Old Keokuk;

¡ Originou-se do apelido de Martin Van Buren, “Old Kinderhook” (ele era de Old Kinderhook, Nova York).

Foram escritas dissertações a respeito, e o assunto foi debatido em conferên-cias. Quando, em 1941, um professor da Universidade Columbia chamado Allen Walker Read começou a investigar a origem de OK, a expressão já era o america-nismo mais conhecido e compreendido no mundo, e a busca de suas origens era o equivalente etimológico, na época, da busca do DNA, ou de uma cura para o cân-cer e a Aids nos dias de hoje. (OK! Ok! ok! Okay! Sei que estou exagerando um pouco.)

Mas sei também que Read levou 20 anos para identificar com precisão a ori-gem do termo, e graças aos seus esforços sabemos que a primeira ocorrência de OK na imprensa escrita foi no jornal The Boston Morning Post, no dia 23 de mar-ço de 1839, como uma abreviação jocosa de... tãtãtãtã... oll korrect.

Era moda fazer este tipo de abreviação na época, e all correct tornou-se oll (ou orl) correct por obra de algum brincalhão, seguido por outro que a interpre-tou como oll korrect.

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Em 1840, Martin van Buren concorreu à Presidência, e o clube chamado The Democratic OK Club foi fundado para promover a sua eleição. Com isto, a ex-pressão OK entrou na lexicologia popular.

Observe que OK pode ser escrita como O.K., okay e, na Inglaterra, já vi okey, embora não tenha achado escrito deste modo em dicionário nenhum.

Is that OK for you?

¢Fanny

Freqüentemente me perco quando vou a Curitiba. Não é que Curitiba seja mais complicada do que a cidade em que moro – onde, aliás, ainda me perco com bas-tante freqüência (afinal, só moro em São Paulo desde 1973). Na verdade, a ques-tão nem é essa; o problema é que São Paulo é muito grande! Bom, vou a Curitiba às vezes, e ainda vai demorar muito até que eu conheça a cidade melhor.

Mas o que me levou a escrever isso foi o fato de que, muitas vezes, quando es-tou mais perdido do que nunca é que me deparo com uma placa de orientação de trânsito indicando onde fica o bairro Fanny. Nunca fui até lá para saber se é um bairro bucólico, comercial, industrial ou misto. Não importa. Um dia vou conhe-cer, tenho certeza (provavelmente sem planejar ou querer).

O motivo que me leva a escrever sobre este bairro é o nome Fanny. Sempre que o vejo não me contenho e solto uma risada, o que alivia a tensão de estar no-vamente perdido. Fanny, como em português, é um primeiro nome feminino, provavelmente derivado do nome Frances, com a pronúncia de /fran-sis/, embo-ra talvez um tanto foembo-ra de modo hoje em dia. A propósito, nowadays é a perfeita tradução de “hoje em dia”. Estudantes de inglês que têm o costume de utilizar

nowadays como “ultimamente” ou “recentemente”, por favor, tomem nota.

Bem, além de ser nome próprio, a palavra fanny também tem dois usos como gíria. Nos Estados Unidos, significa as nádegas femininas. No outro lado do oce-ano, fanny é – como posso dizer isso sem ofender minhas leitoras? – se é que já não as ofendi. Acho prudente citar a definição do meu dicionário, que uso para procurar coisas bem britânicas, o Collins English Dictionary (Millennium): “fanny n, pl –nies. Slang. 1 Taboo, Brit. the female genitals; 2 Chiefly U.S. and

Canadian. the buttocks”. (Vá lá saber o porquê de fanny ter um significado na

América do Norte e outro na Inglaterra ! Só consigo pensar numa besteira: é pos-sível uma mulher cair “de” fanny nos Estados Unidos; mas é muito difícil uma mulher fazer a mesma coisa na Inglaterra, a não ser que seja uma contorcionista. Ou uma americana de férias – Sorry!)

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Só para completar esta miniaula sobre Fanny e fanny, temos na Inglaterra uma gíria que concede um sobrenome a Fanny, e ela torna-se fanny adams (as-sim mesmo, com letras minúsculas), normalmente precedido do adjetivo sweet –

sweet fanny adams (doce fanny adams), que é uma maneira de dizer “nada”.

Entendeu? Não? Explico com um exemplo.

“Michael. What do you understand about theta rhythms in the hippo-campus

of carnivorous mammals?” “Sweet fanny adams.” (Ou sweet FA, sweet fa, ou

ain-da SFA.)

Para falar a verdade, estou sendo bastante delicado com você, meigo e sensí-vel leitor, ao tratar deste assunto limitando-me a fanny adams, pois meus patrí-cios normalmente entendem FA como F–k all. Acho que “p–ra nenhuma” seria uma excelente tradução para esta frase vulgar.

Vulgar, sim. Mas bastante comum.

¢Gravy

Quem presta bastante atenção aos diálogos, nos filmes e seriados norte-americanos, pode ter ouvido a palavra gravy um montão de vezes nas cenas com refeições, espe-cialmente quando famílias e amigos estão reunidos para comemorar o feriado de

Thanksgiving. Os americanos – e os ingleses também – dão muito valor a seu gravy

nas refeições. Há apetrechos para gravy, tais como gravy-boats (assim chamados porque o utensílio pode ter o formato de um barco), dishes e jugs, que são recipientes para conter o gravy. E o que vem a ser o tal do gravy? Por que é tão onipresente?

Gravy é o molho da carne, o caldo que respinga da carne enquanto ela é

assa-da, e que pode ser engrossado com pó de gravy e outros temperos – o mais famo-so deles, na Inglaterra, é o Oxo. Oxo, aliás, é uma palavra perfeita como exemplo de palindrome (palíndromo), frases ou palavras que mantêm a mesma ortografia quando soletradas de trás para frente (por exemplo: “radar” e “Roma é amor”. Em inglês, um bom exemplo é A man, a plan, a canal. Panamá! Para falar a ver-dade, gostei mais do exemplo em inglês). Para fazer gravy na Inglaterra, há tam-bém Bisto, mas não é tão bom (só porque não é um palíndromo).

As comidas sequinhas não encontram muita receptividade por parte dos in-gleses e americanos, daí a preferência por gravy, tão comum nos filmes. Incluo-me totalIncluo-mente neste grupo. Adoro comida “molhada”!

Gravy é também uma gíria usada para designar o dinheiro trazido para casa,

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grindstone. I must bring home the gravy for the kids today!”, said the lazy husband leaving for his well-paid job where he really does nothing all day (“Muito bem.

Te-nho que pegar no batente e trazer o leite pra as crianças!”, disse o marido pregui-çoso, saindo para o seu emprego bem-pago, em que faz ‘nada’ o dia todo). (Viu só como evitei insultar alguém neste exemplo? Mas não foi fácil!)

Interessante ainda é um outro uso de gravy, na expressão gravy train – que é tam-bém uma sinecura, um emprego que requeira pouco trabalho, mas que pague bem e/ou ofereça benefícios extravagantes, equivalente aos nossos “trens da alegria”, promovidos de tempos em tempos pelos políticos para seus familiares e amigos. Interessante que as duas frases se aproveitam dos trens. Mas admito que, para mim, a versão brasileira, “da alegria”, faz mais sentido do que a em inglês, com gravy.

Portanto, não é para você estranhar se vir uma manchete triste – mas bastan-te possível – no The Times ou no The New York Times: “Brazilian Politicians on

Gravy Train Again”.

¢Watering hole (Bar)

Quando vejo filmes legendados, é muito comum me deparar com uma tradução meio esdrúxula do termo do título – watering hole. Tudo bem, procuro entender.

Water é sempre “água” e hole é “buraco” ou “furo”. Por isso é que eu já vi tantas

vezes “buraco de água”, “cano furado”, “tubo vazando”, entre outras traduções desastradas. Para você que presta atenção aos diálogos originais, sem se prender muito ao que as legendas dizem, pode estranhar o uso de watering hole num con-texto urbano (mas estará na boa companhia dos tradutores). Se for seu caso, vou explicar a você o sentido básico do termo.

Para isso, peço-lhe que imagine uma cena na selva, ao anoitecer. Os animais silvestres caminham lentamente em direção a um lago, uma lagoinha, para matar a sede. Lá estão eles, bebendo água límpida e cristalina após mais um dia duro de trabalho, mantendo-se vivos contra os predadores. Este local é um watering hole, também conhecido como water hole.

Por analogia, watering hole é também o local em que os humanos vão para re-por os líquidos após um dia de trabalho duro, muitas vezes depois de terem en-frentado seus próprios predadores – um bar. Isso mesmo. Simplesmente isto: “bar”. E não é que o meu dicionário Michaelis – Moderno Dicionário

Inglês–Por-tuguês/Português–Inglês se limita apenas a uma única definição? “Bar”, mesmo,

e só! Parece que o sentido original sumiu com o avanço da acepção mais moder-na. Bem, neste aspecto o dicionário é mesmo Moderno.

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¢Is it Christmas or Xmas?

“Por que às vezes eu vejo Xmas em vez de Christmas?”, perguntou-me certa vez um aluno. Tido como a data de aniversário do nascimento do menino Jesus, o Natal deveria ser um dia sagrado e significativo para os cristãos. No entanto, sa-bemos que muitos (possivelmente, a maioria do planeta) usam esse dia como desculpa para as mais diversas atividades que, muitas vezes, nada remetem ao doce infante.

Alguns, considerando tais atividades como uma afronta, não gostam nem de associar o nome do Salvador ao que se tornou, na opinião deles, uma festa pagã. Porém, como não podem ignorar que a vida cotidiana muda, de fato, nessa época do ano, resolveram então renomeá-la para Xmas, em vez de Christmas, desasso-ciando assim Christ de Christmas.

Certo? Bem... nem tanto.

Embora tenha sido esta a explicação que recebi quando era criança na Ingla-terra, será que meus pais sabiam da verdade? Mais tarde, descobri que a letra X vem do grego chi e é uma abreviação de Khristos (Cristo, naturalmente, em grego – mas você não precisava de mim para saber disso, não é mesmo?).

Xmas tem sido usado durante séculos nos escritos religiosos, com o X

repre-sentando chi, a primeira letra de Xpiorros, Xpuros, Xpiurtos... Grrrrr! Não consi-go escrever “Cristo” em greconsi-go. Aliás,eu até consigo... o meu micro é que não aju-da muito nesse quesito. (E, se você acreditou nessa minha desculpa esfarrapaaju-da, deve também acreditar no Papai Noel descendo pela chaminé.)

Então, embora a palavra Xmas seja etimologicamente inocente da acusação de omitir Cristo de Christmas, é normalmente aceita e entendida apenas como uma abreviação informal.

A maioria dos eXperts não aceita Xmas na forma escrita, portanto, todo cui-dado é pouco; nunca se sabe...

Don’t say I didn’t warn you (Não diga que eu não lhe avisei). Por via das

dúvi-das, I wish all of you my dear readers a very happy Christmas, afinal, mais cedo ou mais tarde a data chegará!

¢Por falar em Natal, como se diz “Pai-Nosso”?

Certa vez, um aluno me escreveu: I’ve been thinking but realise I don’t know how

to say the catholic prayer “Pai Nosso” in English (Estive pensando, mas não

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“Pai-Nosso”? Here goes.

“Pai-Nosso”, a oração ensinada por Jesus aos seus discípulos. Em inglês, “The Lord’s Prayer” (aka – você já sabe o que isso quer dizer – “Our Father”).

Our Father, which art in heaven Hallowed be thy name

Thy kingdom come Thy will be done

On earth as it is in heaven Give us this day our daily bread And forgive us our trespasses

As we forgive them that trespass against us Lead us not into temptation

But deliver us from evil For thine is the kingdom The power and the glory For ever and ever Amen

Essa é a versão do Book of Common Prayer (1928), que aprendi quando criança, usando inglês bíblico. Há várias outras versões. A propósito, não é ex-clusivamente católica. Por fim, lembre-se que é Catholic, com “C” maiúsculo. A pronúncia é /ká-th-lik/.

¢In the USA

Recebo muitos e-mails de alunos e leitores com dúvidas sobre inglês, e até já pu-bliquei um livro com várias delas. Outras mensagens que recebo, como o que re-solvi publicar a seguir, demonstram como alguns leitores conseguem avançar no inglês à custa de seu próprio esforço. É uma mensagem muito interessante, que recebi há algum tempo e deveria servir de estímulo para todos os que querem aprender inglês.

“I agree with you, when you say that we must forget Portuguese to work on

in English and stop keeping asking unsolved questions. When I first came here (Martha’s Vineyard, USA) 3 months ago I didn’t know nothing about English,

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but there was no problem, I came to work (do housecleaning, painting...), no English necessary, and we are over 3.000 brazilians living in here. Most of them still don’t speak English although the local High School support a pro-gram ESL for the immigrants. They just like to watch (guess what?) TV Globo and listen to Chitãozinho & Xororó.”

Permita-me fazer umas correções ao seu inglês, embora, pelo pouco tempo que está aí, você está de parabéns! Você poderia ter dito: “I agree with you when

you say that we must forget Portuguese when using English and stop asking unans-werable questions. When I first came here to Martha’s Vineyard I didn’t know any-thing about English, but there was no problem. I came to work (doing house clea-ning and painting) so English wasn’t necessary. There are over 3,000 Brazilians li-ving here. Most of them still don’t speak English although the local High School supports an ESL program for immigrants. They just like to watch (guess what?) TV Globo and listen to Chitãozinho & Xororó.”

E eu só posso lhe dizer o seguinte, in English, naturally: Your message is very

inte-resting and confirms that some people don’t really make as much effort as they should. Your English seems to be heading in the right direction. Keep up the good work. And pay attention: questions aren’t “unsolved”, they are ananswerable, in this case.

P.S.: Se você não “captou” a mensagem, aí vai uma breve tradução: “Concordo

quando você diz que devemos esquecer o português quando estamos usando o in-glês, e que devemos parar de fazer perguntas sem resposta. Quando vim aqui para Martha’s Vineyard, eu não sabia nada de inglês, mas não havia problema. Vim para trabalhar (fazer faxina, pinturas), e saber inglês não era necessário, além do que, so-mos mais de 3.000 brasileiros morando aqui. A maioria não fala inglês, embora o co-légio local apóie um programa de ESL para os imigrantes. Eles simplesmente prefe-rem assistir à (adivinha o quê?) TV Globo e escutar Chitãozinho & Xororó.” Ao que eu respondi: Sua mensagem é muito interessante, e confirma que as pessoas às vezes não fazem o devido esforço. Seu inglês parece que está indo no rumo certo. Vá fun-do! E lembre-se: as questões não são “unsolvable”, e sim unanswerable.

¢A língua materna

Talvez você já tenha se perguntado: “Por que, em inglês, uma língua nativa é cha-mada de Mother Tongue e não de Mother Language?” Ou ainda: “Por que

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tam-bém usamos a palavra manuscript, cuja raiz em latim refere-se a um texto escrito a mão, para o original de um texto datilografado (ou digitado)?” São questões assim que fazem a vida de um professor se tornar mais interessante.

Vocês devem se lembrar de que o inglês é uma língua que formou seu vocabu-lário a partir do latim, do grego e do anglo-saxão. Tongue tem origem anglo-saxã;

language tem origem latina. Claro, as duas palavras significam “língua” em

por-tuguês – uma língua latina por excelência, e que, portanto, não usa o anglo-saxão como ingrediente ativo.

Numa época do passado, a palavra tongue foi usada mais amplamente pelo povo comum para descrever línguas. Portanto, tongue tornou-se a palavra aceita quando colocada com mother. Com o tempo, outras colocações, como

language school em vez de school of tongues, tornaram-se aceitas. Muitas

ve-zes, não há um motivo para explicar as preferências que ocorreram nos sécu-los passados. Em línguas, normalmente é assim: as regras e convenções se im-põem pelo uso.

E, se eu for escrever um livro sobre esse assunto, realmente escreverei um manuscrito, mesmo que não o escreva a mão. Isso, aliás, tanto em inglês quanto em português! “Manuscrito” ainda é a palavra preferida, mesmo para um manus-crito datilografado (ou digitado). Com o advento da máquina de escrever (e, de-pois, do computador), parece que ninguém adotou com convicção o termo “dati-lografado” ou “digitado” como sinônimos de um original “manuscrito”. E, como eu disse, as regras ou convenções são determinadas pelo uso.

Pode-se até tentar typoscript ou typed manuscript – esta última um tanto quanto redundante. Mas, pensando bem, por que se preocupar com isso? Pou-quíssimos manuscritos hoje em dia não são datilografados ou digitados, não é mesmo?

¢Seeing ships: “só para inglês ver”

Uma vez, um aluno me perguntou, achando que eu seria a solução para a sua dú-vida mais cruel: “Já que você é inglês, você deve saber a resposta da minha per-gunta. De onde veio a expressão ‘Só para inglês ver’?” Dei uma risadinha, e en-gatilhei a seguinte história.

Muitos anos atrás, um engenheiro, colega de trabalho, me contou a seguinte versão. Como ele era engenheiro naval pela Poli, sua explicação ganhou bastante credibilidade.

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Meu amigo disse-me que a Marinha brasileira estava para receber uma visita de oficiais da Royal Navy (a Marinha da Sua Majestade inglesa) no Rio de Janeiro e, como é praxe nesses casos, cada Marinha ia fazer uma demonstração da sua força naval, com os navios desfilando pelo mar em frente dos almirantes e outros oficiais de alta patente que assistiam da terra, tomando um drinque ou outro (gin

and tonic, presumo, para os ingleses, e caipirinha para os brasileiros; ou

vice-versa, quem sabe?) enquanto aguardavam o espetáculo.

Só que a Marinha brasileira estava passando por um período de vacas magras (lean times), e não dispunha de fundos suficientes para manter seus navios nas melhores condições possíveis. Mas era urgente que as embarcações recebessem ao menos uma pintura, para encobrir a ferrugem.

Então (você já deve ter adivinhado, não é?), para não passar por constran-gimentos – e como não era necessário ver os navios duas vezes, já que uma pas-sadinha já bastaria –, foi decidido pintar apenas o lado visível. Só para os ingle-ses verem.

Daí a origem da expressão.

¢Sua altura

Nunca tinha pensado que peso e altura pudessem causar tanto problema nas pes-soas, até receber – e pior: até ter de responder – o e-mail que reproduzo abaixo.

“Preciso de sua ajuda. Certa vez, fui perguntada sobre o meu peso e minha al-tura, em inglês, é claro. Fiquei perdida. Chutei com base nos dados de outra pessoa. Please, como devo fazer a conversão dessas medidas? Heeeeeeeeee-elp me!”

Primeiro, vamos tratar da altura, que é comum à Inglaterra e aos Estados Uni-das. Usa-se o sistema de pés e polegadas (feet and inches), lembrando que cada pé (foot) tem 12 polegadas (inches). E uma polegada corresponde a 2,54 centíme-tros, ou 25,4 mm. A minha altura é 5 pés e 8 polegadas (1 metro e 72 centímetros), como exemplo. Para a conversão, sugiro que procure uma tabela do sistema métri-co para medidas inglesas. No meu caso, 5' 8", que é 68", × 2,54 cm = 1,72 m.

Para o peso de uma pessoa, os americanos usam pounds (libras) apenas, onde 2,2 pounds são iguais a 1 quilo. Então, pegue seu peso em quilos e multipli-que-o por 2,2 para achar o equivalente em libras.

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Na Inglaterra, as coisas são um pouco mais complicadas. Lá, usam-se stones e pounds, onde cada stone é equivalente a 14 pounds. Para explicar, vamos imagi-nar que você pese 56 quilos. Multiplique isso por 2,2 e chegará a 123,2 pounds; dividido por 14 = 8 stone sobrando 11 pounds – e é falado assim: Eight stone

ele-ven. Escrito, fica: 8 st. 11 lb. Note que os 0,2 pounds não precisam entrar no

nos-so cálculo, pois isnos-so criará ainda mais trabalho, uma vez que cada pound é dividi-do em 16 ounces (onças). Normalmente, se despreza a onça ao mencionar o peso da pessoa.

Este sistema de stones e pounds está sendo substituído pelo sistema métrico com quilos, e normalmente você verá os dois sistemas lado a lado, por exemplo, nas balanças.

É bem possível que os mais jovens hoje nem entendam o que vem a ser stones, a não ser, é claro, as do tipo que rolam – The Rolling Stones. Gostou?

¢Vaso

Recebi o seguinte e-mail de uma leitora. Não sei honestamente se deve entrar no capítulo de cultura ou se entra na parte de “atitude”. Deixe-me pensar... resolvi: vai entrar como cultura, pois acho que tem mais a ver com a cultura em geral. Mas, óbvio, no fundo tanto faz. Este tipo de assunto muitas vezes é ignorado por ser tão delicado – até delicado demais –, mas, já que em outras ocasiões foi neces-sário tocar na questão de banheiros etc., acho que merece uma menção.

“Gostaria de saber se poderia usar a seguinte frase em um banheiro: Please

do not place paper in the toilet.”

A minha resposta é... “sim”... e “não”, pois cada um faz o que quer. Portanto, se poderia usar a frase? Poderia. Afinal, a gramática está correta. Minhas ressal-vas seriam a respeito do verbo place. Em inglês, a tendência seria mais para throw (jogar ou descartar), pois throw descreve “como” é feito. Put é ainda melhor que

throw. Place dá a impressão de que se está colocando com cuidado e, até, com

precisão.

Ainda diria que o mais certo e descritivo seria, quem sabe, used toilet paper, pois, com o uso de paper apenas, pode-se confundir com qualquer tipo de papel, incluindo aí newspaper! A instrução fica até mais precisa e descritiva se usarmos também o verbo flush (dar descarga). Please don’t flush used toilet paper down the

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toilet (por favor, não dê descarga no papel higiênico). (Repare que a palavra please

aqui, ao contrário do português, não leva uma vírgula. E você ainda deve se lem-brar que toilet é, na maioria das vezes, referido como the loo, na Inglaterra.)

Mas, de qualquer maneira, se fôssemos traduzir a frase original do inglês para o português, sairia algo assim: “Por favor, não coloque/jogue papel no vaso.” Aceitável? Bem, depende. Se o objetivo do aviso for o de alertar aos usuá-rios que não devem jogar papel higiênico no vaso, creio que surtiria o efeito dese-jado... para os estudantes de inglês e para as pessoas de língua inglesa que por-ventura não entendem português. Mas, se não entendem português, é possível que também não estejam familiarizadas com o Brasil e seus costumes.

E é aí que entra a parte da minha resposta referente ao “não”. Possivelmente, vocês vão ficar como muitos alunos de inglês que eu tenho, que, em vez de apren-der inglês simplesmente, aceitando o idioma como ele é, insistem em ficar fazen-do perguntas a respeito fazen-dos porquês.

Vão perguntar (embora em inglês, naturalmente): “Por quê? Por que não posso jogar papel higiênico no vaso? E se não posso fazer isso, o que é que eu devo fazer?”

Eis o X da questão (the crux of the matter), pois desconheço a finalidade da mensagem. Aliás, a finalidade eu até entendo; queria dizer que desconheço a quem a mensagem estará sendo dirigida. Se fosse uma escola de inglês aqui no Brasil, daquelas que colocam todos os avisos em inglês para contribuir para o aprendizado dos seus alunos (excelente iniciativa por sinal), eu diria que tudo bem, pode.

Mas, o assunto ganha contornos bem mais complexos, e porque não dizer delicados, se pararmos para analisar os aspectos culturais envolvidos. Vocês se lembram que eu falei de um gringo? Este provavelmente irá estranhar ao ver o aviso, pois, para os americanos e ingleses que porventura aportem por aqui, não há outro destino concebível e imaginável para “jogar” o papel higiênico usadoa

não ser no próprio vaso sanitário, contrariando totalmente as instruções e

reco-mendações da minha leitora. E não é um caso de simplesmente eliminar a palavra “não” do aviso, invertendo a mensagem, pois nos banheiros existentes no exte-rior não há necessidade nenhuma de mencionar, instruir ou sugerir algo a respei-to. No Brasil temos esse costume de colocar uma cestinha nos banheiros. Na Inglaterra e nos Estados Unidos, não.

Quem sabe isto possa ser um motivo para haver ou criar certos preconceitos contra brasileiros que vão para o exterior e inadvertidamente praticam este ato

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tão inocente e corriqueiro. Não encontrando a tal cestinha fazem o quê? Você pode imaginar a reação de uma dona de casa, uma host mother, ou quem quer que seja, encontrando,não importa onde, papel higiênico usado?

Sei, ou pelo menos presumo, que o hábito de não dar descarga com papel hi-giênico data de uma época na qual as instalações sanitárias eram bem mais precá-rias que hoje, correndo-se o risco óbvio de entupir tudo. Um desastre em qual-quer idioma, com certeza. (A essa altura pensei em fazer uma pesquisa com os fa-bricantes de instalações e tubulações sanitárias, porém resisti ao impulso por achar que isso não iria contribuir ao seu aprendizado de inglês.)

Mas, já que temos válvulas “hydra” que despejam um volume de água consi-derável, questiono se hoje em dia há tanta necessidade assim da cestinha. Entre-tanto, longe de mim querer transformar os hábitos brasileiros, e só levanto o as-sunto como alerta aos brasileiros que estão (ou vão) para o exterior – já que é algo que já ouvi debatido verbalmente muitas vezes, mas nunca à luz do dia e menos ainda por escrito. Sei que corro o risco de, mais uma vez, ser atacado pelo que es-crevo, mas prefiro correr este risco a ficar quieto. Só quero ajudar.

Em tempo: Ao mostrar este artigo às minhas filhas Bianca e Chantal, a se-guinte dúvida surgiu: “E onde coloco o ‘modess’?” Honestamente? Não faço idéia, mas vou consultar meu colega Andrew Kelsey, atualmente morando na Inglaterra...

[...]

...Bem, Andrew já me respondeu com algumas informações “cruciais” para o nosso artigo. Inicialmente, ele também não sabia, e foi necessário que ele consul-tasse sua mãe e irmã para nos ajudar. (Já se deu conta de até que ponto é preciso chegar para obter tanta informação?)

Antigamente, existiam uns pequenos incineradores (burners), onde os “mo-dess” (lá são chamados genericamente de sanitary pads/towels) eram queimados um a um. Estes incineradores recebiam o nome pitoresco de “bunny burners”.

Bunny é diminutivo de rabbit, o que, como todos já sabem, é coelho em

portu-guês. Portanto, “queimadores de coelhinhos”! Não sei mesmo como a denomi-nação foi originada,* mas, como os ingleses são notórios pelo seu afeto e, por que não, seu amor pelos animais, só posso presumir que a RSPCA (Royal Society for

* Em correspondência posterior, Andrew descobriu que o termo bunny não é exatamente escrito assim; escreve-se “Bunny”, com “B” maiúsculo. Era o nome do fabricante! Bem, como não gosto de desperdiçar nada que escrevo, vou deixar os comentários registrados para a posteridade (quanta pretensão a minha!).

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the Prevention of Cruelty to Animals – Sociedade Real pela Prevenção de Cruel-dade aos Animais) tenha implicado com o termo, temendo que, por engano, al-guns bunnies de verdade pudessem ser incinerados.

Hoje existe apenas uma pequena cesta com o propósito exclusivo de coleta e, muitas vezes, estas cestas são coletadas por empresas especializadas. Noutras ve-zes, os “modess” realmente são apenas flushed down the loo, também.

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Atitude

¢A hundred and sixty-eight hours (168 horas)

Pois é: 168 horas.Até parece nome de filme.Pois é tudo de que dispomos na nossa semana.Pelo menos eu tenho essa quantidade de horas na minha.E você? É só multiplicar os sete dias da semana pelas 24 horas de cada dia e você verá que não estou tão ruim assim de matemática.

Viu? Checou? E isso aí? Claro que é, ou você acha que eu me arriscaria a fa-zer esses cálculos todos – tão difíceis! – se já não soubesse do resultado?

E por que estou mexendo assim com os meus neurônios (e com os seus também)? Bem, acontece que alguns dos meus alunos não andam fazendo suas lições de casa ou, ainda, estão sentindo que o seu inglês (o deles) não progride tanto quanto gostariam que progredisse.Normalmente, as duas coi-sas juntas.E muitas vezes qual é a desculpa? A famosa falta de tempo.Claro. Ultimamente, ando fazendo um exercício em sala de aula, e também nas pa-lestras que dou, em que mostro ao vivo e em cores o que acontece numa se-mana de sete dias.

Começo perguntando quanto tempo eles gastam em média fazendo as se-guintes coisas (os alunos é que me fornecem os números; lembre-se de que são horas por semana, e que esta é uma amostragem-padrão, afinal, o número de horas gasto varia de aluno para aluno):

Horas

Semanais AtividadesTípicas

49 Dormir

14 Comer (incluindo preparar a comida, lavar as louças etc.) 21 Estar com a família

4 Ir à igreja ou rezar

3 Ler por prazer (pouco, e lastimável!) 10 Visitar e receber a visita amigos

12 Commuting (commuting é a palavra que usamos para descrever a locomoção para o trabalho, ida e volta. Chique, né?)

8 Fazer compras

7 Ir aos shoppings (fazer compras não é necessariamente a mesma coisa de ir ao shopping).

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Claro que há milhares de outras atividades, que variam de pessoa a pes-soa.Os resultados acima são apenas uma amostra do que eu colhi em sala de aula e não incluem:

¡ Assistir à televisão em geral

¡ Assistir a novelas

¡ Acessar a internet

¡ Ir ao banco

¡ Praticar esportes

¡ Etc. (adoro usar “etc.”, assim não preciso pensar)

De qualquer maneira, as atividades que listei como típicas já somam 128 horas. Subtraindo-se das 168 horas originais, temos... temos... 40 horas. Estas horas restantes são seu tempo livre.Aquilo que sobra para você estudar inglês.Mas, espere aí! Não incluímos ainda o tempo que você trabalha de fato, ou que estuda, caso ainda seja estudante.

Para a maioria dos mortais, trabalhar ou estudar pode significar... 40 ras semanais, ou até muito mais, claro.Então parece que chegamos às 168 ho-ras... então, como é que fica? Bem, nas palavras sábias de seu professor de in-glês: that’s up to you, my friend!

A mensagem simples contida nestas palavras é esta: cada um faz o que acha melhor com o seu tempo (em vez de tempo, pode-se ler “vida”; é basica-mente a mesma coisa).

Aí então entra a máxima make time.Como as leis da física não facilitam a tarefa de criar mais tempo, torna-se necessário rearranjar as prioridades.Mas, claro: só se você quiser aprender inglês.Se não quiser, pode continuar fazen-do as mesmas coisas de sempre.Ficará contente, e com certeza será mais fá-cil. Só não ajudará no seu aprendizado de inglês.

O nome do jogo é sacrifício.O que você vai sacrificar para progredir no in-glês? É uma pergunta para o aluno que vem com a desculpa de que não teve tempo para a sua lição de casa (e lembre que é sua lição, não a minha; não é do professor, é sua).

Making time significa mudar as prioridades, e é o que sempre replico quando ouço a mesmíssima desculpa.Não, não é que você não teve tempo, você não teve prioridades.

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Oficina de GRAMÁTICA

do Prof.Michael

N

este capítulo, você irá encontrar uma mistura de assuntos, mas que, a meu ver, cabem como uma luva na categoria “gramática”. Caso não saiba como dizer a ex-pressão “caber como uma luva” em inglês, é to fit like a glove. Em inglês ainda vai, pois quem conhece a minha terra já sabe do frio que pode fazer... no verão! (Imagi-ne no inverno!) Mas não vejo tanta gente assim usando luvas por aí aqui no Brasil.

Às vezes, pode parecer que os textos fogem um pouquinho da definição nor-mal do que é gramática – e, se você achar isto, peço-lhe desculpas.

Como tento ajudar os estudantes de inglês com as suas dúvidas, acabo tra-tando de assuntos que não se encontram facilmente – se é que se encontram – nos livros já publicados. Como você verá a seguir, recebo muitas questões práti-cas, e poucas a respeito de tópicos do tipo “the book is on the table”, ou seja, am-plamente cobertos em outros lugares.

De qualquer maneira, acho que este capítulo poderá lhe ser útil, pois aborda certas questões que os estudantes não encontram nos livros normais de gramática. Não pretendo dizer com isso que este livro, ora em suas mãos, seja anormal, mas...

¢Get acquainted with God pode ser traduzido como “Faça amizade com Deus”?

Será? Vamos analisar e responder juntos, começando com a frase to get

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al-guém pela primeira vez, se o “papo” durar um tempo razoável, ou pode ser após um segundo ou terceiro encontro. Ao get acquainted com alguém, você irá co-nhecer este alguém um pouco mais que superficialmente, mas não ainda de modo aprofundado. Hmm, acho que está na hora de um exemplo, ou até mais de um, quem sabe?

John met Rachel at a party. They got acquainted, fell in love and lived happily ever after (John conheceu Rachel numa festa. Eles apaixonaram-se e viveram

feli-zes para sempre). Você pode perceber que omiti a tradução da parte em inglês que diz they got acquainted. Dá para ver o por quê? Fácil: porque resultaria numa redundância em português. “Conheceram-se numa festa e se conheceram.” Cla-ro que não podem se conhecer duas vezes em português!

Knowing and meeting

O leitor atento já deve ter percebido que estamos entrando naquele terreno fértil do verbo to know, não percebeu?*

Então vamos primeiro tirar esta dúvida. Após terem sido apresentados pela primeira vez – desde que a apresentação não tenha se limitado a apenas um diálo-go do tipo “Muito prazer”, “O prazer é meu”, “Até mais” –, já podemos dizer que nossos amigos John e Rachel se conhecem. They know each other.

Agora, vamos supor que o casal foi apresentado e houve uma atração mútua. Cada um quer conhecer MAIS (you know?) o outro. Podemos dizer They want to

get acquainted more with each other. Ou, em português claro: “Eles querem se

conhecer mais.” Mas não se pode usar o verbo know neste caso, pois they already

know each other (eles já se conhecem). Ficou claro? Espero que sim, pois juro

que estou me esforçando ao máximo aqui.

Então parece que to get acquainted é o segundo passo. Primeiro deve-se to

meet (que é conhecer pela primeira vez, ser apresentado), depois to get acquain-ted e, finalmente, to know a pessoa. Meet, get acquainacquain-ted e know, nessa

seqüên-cia. E assim o relacionamento vai se aprofundando.

* Pois é, minha gente. To know, to get to know, to meet. Aparentemente, é tão simples... “Encon-trar” e “conhecer” – e, claro, “saber”! Mas é uma verdadeira armadilha para os professores de in-glês. Sim, disse para nós,professores! Você que é aluno pode achar as sutilezas de to know e to

meet frustrantes, mas já parou para pensar no coitado do professor, que precisa entender – e, ainda

por cima, explicar? Não é tarefa simples, pode crer. Eu já me enrosquei tanto com esta questão que, quando tiver tempo, pretendo escrever um capítulo inteiro a respeito, dando tudo de mim até não sobrar qualquer dúvida. Mas não vou parar agora para fazer isso. Quem sabe no próximo livro?

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Voltando ao título deste texto, originalmente uma pergunta que recebi de um leitor, dá para perceber nitidamente (pelo menos assim espero, após toda esta ex-plicação) que to get acquainted with God é apenas uma fase intermediária do re-lacionamento. Significa “tomar conhecimento e conhecê-Lo um pouco melhor”. Falta ainda aquele conhecimento mais íntimo. Mas getting acquainted já é por si só um ótimo início.

E agora, José? Qual é a tradução que devo colocar ao lado do título em inglês? Para responder finalmente à pergunta (“Ufa, finalmente!”, você deve estar di-zendo), eu diria que “faça amizade com Deus” seria mais para be friends with God. Poderia ser making friends with God, mas muitas vezes a expressão make friends significa fazer uma reparação após um rompimento ou briga,* embora possa signi-ficar também fazer amizades em geral. She’s a very outgoing person and makes

fri-ends easily (Ela é uma pessoa extrovertida e faz amizades com facilidade).

Pensando bem, acho que get acquainted with God pode até ser “fazendo ami-zade com Deus”. Por que será que escrevi tanto, quando poderia apenas ter dito

Yes? Mas daí não seria o meu estilo...

¢Advice

Recebi um e-mail de um leitor que era assim: Yes I would like to receive these

“ad-vices” (aspas minhas). Claro que o nosso amigo pensou em português: “Sim,

gostaria de receber esses conselhos.” Este é um erro muito comum. O substanti-vo advice é incontável. Não existe advices, como também não se poderia dizer an

advice, two advices. O que ele poderia dizer seria: Yes, I would like to receive your tips (dicas, conselhos); Yes, I would like to receive your advice.

Agora, repare bem que advice significa conselho, em geral. Então, o melhor seria mesmo tips.

Para qualificar advice, pode-se dizer: Some advice is good (Alguns conselhos são bons); Let me give you a piece of advice (Permita-me dar-lhe um conselho) (Lembre-se de que piece é substantivo contável. Portanto, pode-se dizer a

pie-ce.); Bad advice is sometimes given in good faith (Maus conselhos às vezes são

da-dos com boa-fé); If advice were so good it wouldn’t be given, it would be sold (Se

* Ensinei meus filhos desde pequenos a fazer as pazes dizendo o seguinte: Make up, make up, never

never break up; Make friends make friends never never break friends (Reconciliar, reconciliar,

nun-ca, nunca romper; Fazer amizades, fazer amizades, nunnun-ca, nunca romper amizades). Não tem a mesma sonoridade em português. Lamento, mas tentei.

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conselhos fossem tão bons, não seriam dados, seriam vendidos) – este último exemplo é uma adaptação livre do ditado popular brasileiro, que não é usado em inglês. Quem sabe consigo criar a moda!

Lembre-se ainda de que temos o verbo to advise (avisar, aconselhar): Advise me

if you don’t want to receive my advice (Avise-me se não quiser receber meus

conse-lhos); Have a nice weekend and be good. But if you can’t be good, be careful (Tenha um bom final de semana e seja bom. Mas, se não for bom, ao menos seja cuidadoso).

Catch you later (Até breve).

¢Phrasal Verbs “Hear Of” and “Hear About”

Há algum tempo, eu recebi um e-mail muito simpático de um leitor de Campinas, cidade do interior paulista. Ele queria saber se eu já conhecia a cidade dele, e per-guntou-me assim: Have you heard about Campinas? Nenhuma dúvida quanto à frase, né?

Pois esta simples frase, embora de fácil compreensão, contém dois erros bá-sicos. Vamos tratar primeiro do uso da forma verbal heard, que é o past participle do verbo irregular hear (heard, heard) (ouvir ou saber). O que o meu simpático leitor deveria ter perguntado era Have you heard of Campinas? Veja o porquê: To

hear about significa “saber ou ficar sabendo”. Portanto, Have you heard about Campinas? significaria dizer “Você soube de Campinas?”, ou seja, precisaria ter

havido algo extraordinário na cidade. Seria uma boa opção para situações como as seguintes: Have you heard about the latest developments in the

Israe-li-Palestinian conflict? (Você soube dos últimos acontecimentos do conflito

en-tre Israel e Palestina?); We heard about what happened and came immediately (Soubemos o que aconteceu e viemos imediatamente); Did you hear the one

about the man who bought a parrot and… (Você sabe aquela do homem que

comprou um papagaio e...), e por aí afora.

To hear of significa, aí sim, “saber algo” ou “conhecer”. É o que o leitor

que-ria ter dito para mim: Have you heard of Campinas? (Você já ouviu falar de Cam-pinas?); outro exemplo: I’ve heard of Michael’s new book. It is very good! (Eu soube do novo livro do Michael. É muito bom!).

Portanto, have you heard about Campinas? só pode significar algo como “Você soube o que aconteceu em Campinas?”, “Você ouviu a respeito de Campi-nas?”. Como disse, usaríamos esta construção se algo notável, ou extraordinário, tivesse acontecido naquele município.

(35)

“Have you heard about Campinas?” “No. What happened?” (“Você soube de

Campinas?” “Não. O que aconteceu?”) Você há de concordar comigo que é uma pergunta meio estranha, a não ser que Campinas de repente tenha “sumido” do mapa, ou que tenha havido uma rebelião-gigante de presos. Esse tipo de acontecimento.

O leitor queria saber se eu conhecia a sua cidade, se eu já tinha ido lá. E é aí que reside o segundo erro, embora este confunda menos. Nesse caso, a pergunta deveria ter sido Do you know Campinas? (Você conhece Campinas?), em vez de

Have you heard about Campinas? – afinal, seria muito estranho que alguém,

mo-rando em São Paulo, não tivesse ouvido falar de Campinas, cidade que fica a ape-nas 100 quilômetros da capital.

A mesma coisa não se aplicaria à cidade de... deixe-me olhar um mapa do Brasil para selecionar um município adequado para servir aos meus propósitos nesse exemplo... já achei! Have you heard of Lábrea (AM)? Para ser sincero, eu nunca tinha ouvido falar de Lábrea até o presente momento. Tenho certeza de que deve ser uma cidade muito simpática e pacata, e jamais pretendo ofender os habitantes de lá, insinuando que não merecesse ter alguma certa fama. Pensando melhor, para não incorrer em algum tipo de risco, deixe-me incluir outra cidade no exemplo, desta vez uma que fique na Ucrânia.

Have you heard of Dniepropetrovsk? Posso estar demonstrando a minha total

ignorância em geografia, mas acredito que o risco seja mínimo (e você? Já ouviu falar de Dniepropetrovsk?). Portanto, é ...heard of Dniepropetrovsk e não

...he-ard about Dniepropetrovsk, pois, pelo que eu saiba, nada fora do normal, nada de

extraordinário tem acontecido por lá, nada que a tenha colocado nas manchetes ultimamente. Nada de explosões de usinas nucleares, nada espectacular, nada especial. A resposta seria: No. I’ve never heard of Dniepropetrovsk (Não. Eu nun-ca ouvi falar de Dniepropetrovsk).

Mas, já que levantei a lebre (que expressão interessante. Será que um dia al-guém pode me explicar a origem desta expressão?), quem sabe programo as mi-nhas férias para lá. Deve ter algo de interessante, pois, pelo menos, está no mapa. Assim terei a chance – mínima – de aprender russo e, por tabela, aprender a pro-nunciar o nome da cidade!

¢Could versus be able

“Tenho uma grande dificuldade com os usos de could versus be able. Os livros de gramática não me ajudam muito. Mais me confundem! Você tem alguma explicação?”

(36)

Há algum tempo, recebi essa questão de uma leitora, por e-mail. Ela dizia sentir uma certa dificuldade com o par could e be able, e pediu-me um esclareci-mento, dizendo que os livros de gramática (de que ela dispõe) não têm lhe atendi-do tão bem assim.

O que segue é a minha explicação, ou melhor, a minha tentativa de explicar. Vamos ver o que vai acontecer. Prometo não fazer nenhuma consulta aos meus livros, pois a leitora me disse – num inglês perfeito, por sinal – que, mesmo tendo consultado os livros (os dela, não os meus), não ficou contente. Então, vamos lá. Começando pelo could.

Could

O could é usado para expressar uma possibilidade, ou seja, algo que dependerá de determinada(s) circunstância(s). Vamos ver um exemplo? “Hey Doc! Can

you come to the hospital party tonight?” (Olá, doutor! Você pode vir à festa do

hospital hoje à noite?); “Well, I could if someone covers my shift…” (Bem, eu po-deria se alguem cobrisse o meu plantão...).

Note que o can é usado para se fazer a pergunta, para saber da possibilidade, mas na resposta utiliza-se could, para avisar que –dependendo das

circunstân-cias – pode ser possível.

No exemplo seguinte, inverto o uso – com could na pergunta, para saber da possibilidade, e can na resposta, para fazer a confirmação.

Could you give me a ride into town? (Poderia dar-me uma carona à cidade?) Yes, I can. (Sim, eu posso.)

Ficou mais claro? Eu gosto de usar o seguinte exemplo com os meus alunos: I

would if I could, but I can’t (Eu faria se eu pudesse, mas não posso).

“Isso é muito fácil”, você poderá estar pensando... Mas a coisa começa a ficar um pouco mais complicada quando introduzimos could como passado de can. “O quê?”, você pode estar exclamando, “Could e can não são modal verbs

(mo-dal auxilaries, mo(mo-dals, mo(mo-dal auxiliary verbs)? E eu aprendi que mo(mo-dal verbs

(vou chamá-los assim) não são verbos e que, portanto, não vão para o passado. Não têm tense!” Sim, sim, tem razão. Só que could e can são uma exceção à re-gra. Dentre o punhado de modal verbs que há, o can é o único caso que prevê fle-xão para o passado. E isto acontece ainda mais quando usamos o tal do reported

speech, ou seja, o discurso indireto, em que relatamos o que nos foi dito. Vejamos

Referências

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