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Elasticidade e Causalidade Na Transmissão De Preço De Milho Entre Regiões Do Brasil e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F)

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Elasticidade e Causalidade Na Transmissão De Preço De Milho Entre Regiões Do Brasil e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F)

Autoria: Renato Elias Fontes, Luiz Gonzaga de Castro Junior, Anderson Luiz Rezende Mol, Adriano Freitas de Azevedo, Rodrigo Noronha Tavares, Matheus Lettieri

RESUMO: O presente trabalho tem como principal objetivo estimar a elasticidade de transmissão e a causalidade de preço do milho, entre a BM&F e importantes localidades do Brasil, buscando informações no que refere à intensidade de transmissão e detectar as relações existentes entre o preço do milho nessas localidades e a BM&F. Os municípios estudados foram Barreiras (BA), Campo Mourão (PR), Campos Novos (RS), Canoínhas (SC), Carazinho (RS), Cascavel (PR), Chapadão do Sul (RS), Chapecó (SC), Concórdia (SC), Dourados (MS), Erechim (RS), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Rio Verde (GO), Guairá (PR), Guarapuava (PR), Lucas do Rio Verde (MT), Maringá (PR), Pará de Minas (MG), Ponta Grossa (PR), Rondonópolis (MT), São Gabriel (RS), Sorocaba (SP), Uberlândia (MG) e Videira (SC). Os dados utilizados foram os preços cotados no mercado futuro de milho da BM&F e no mercado físico correspondente a uma saca de 60 Kg de milho. Os resultados encontrados da transmissão de preços apontam para uma forte transmissão entre a BM&F e as praças estudadas, onde a intensidade está bem próxima de um, evidenciando que a BM&F tem forte influência na formação de preços das praças. Quanto às relações de causalidade, o trabalho apontou para uma relação bi-causal, porém a influência maior da BM&F.

INTRODUÇÃO

A agropecuária de maneira geral apresenta características específicas próprias do seu setor, que a caracteriza como sendo uma atividade econômica que trabalha em uma situação próxima a concorrência perfeita, ficando a mercê das alterações climáticas e, das constantes modificações especulativas de preço dos produtos agropecuários que obriga todos os agentes do setor agropecuário a trabalharem de forma cada vez mais profissional. Somando a estas características do setor agropecuário, vale ressaltar a redução de recursos financeiros alocados pelo Estado, o que levou a utilização de novas estratégias de financiamento e comercialização dos produtos agrícolas.

Segundo Alves (1996), a falta de políticas agrícolas apropriadas, a inexistência de maiores incentivos à produção agrícola, a ineficiência do sistema de comercialização no sentido de maior participação do produtor no valor final da sua mercadoria, entre outros, podem contribuir para uma renda instável incerta, em nível de produtor rural. Por sua vez esta instabilidade no meio rural repercute no meio urbano, já que também afeta a capacidade de compra e bem-estar dos consumidores. Estas questões, provavelmente, não serão resolvidas com medidas de políticas que não levem em conta os diversos aspectos da comercialização agrícola.

Devido às características e as dificuldades que o setor rural brasileiro vem enfrentando, a utilização dos mercados derivativos vem ganhando importância e se tornando uma importante ferramenta de auxílio para os agentes econômicos envolvidos no complexo agroindustrial, como produtores, processadores, exportadores e instituições financeiras, na obtenção de crédito e na precificação das commodities agrícolas.

Os mercados agrícolas apresentam uma grande variação de preços e um elevado grau de instabilidade, isto devido, a constantes choques de preços que incidem sobre este mercado,

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2 afetando tanto os preços de oferta quanto os de demanda. De acordo com Barros (1987), as altas oscilações de preços agrícolas evidenciam o funcionamento deficiente do complexo de produção-comercialização. Sabe-se bem que a instabilidade dos preços das commodities para o produtor é muito maior do que para o varejo, podendo assim dizer que o sistema de comercialização tem um efeito amortecedor sobre as variações de preço ao consumidor.

Como uma destas commodities agrícolas, o milho, a sua cultura no Brasil vem passando por uma sensível transformação, deixando de ser uma cultura explorada basicamente para subsistência, para ser uma atividade de exploração capitalista e auferidora de renda e de geração de empregos. O cereal esta na base de várias cadeias produtivas e é um elo estratégico de extrema importância para as cadeias da avicultura de corte e postura, suinocultura, bovinocultura de corte e leite, alimentação humana entre outras cadeias produtivas.

Segundo Rodrigues e Gomes (2002), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial e consumidor, onde a sua produção ainda é insuficiente para atender a demanda, mas há uma tendência que o país seja superavitário na produção e passe também a exportá-lo. No Brasil destacam-se o Paraná, Minas Gerais e São Paulo como maiores estados produtos. Um fato importante a ressaltar a característica da produção brasileira, onde a cultura do milho é concorrente da cultura da soja, o que faz com que na produção da safra estas culturas concorram por área e após a safra em áreas plantadas por soja estas passam a ser utilizadas para se plantar o milho safrinha, o que traz bons resultados de conservação para o solo e o melhor aproveitamento da terra. A comercialização do milho em mercados derivativos, seja por bolsa de mercadorias e/ou por Cédula do Produto Rural (CPR), vem ganhando importância, pois com a tendência da profissionalização da atividade, a utilização de mecanismos, que garantam preços, será cada vez mais ampliada. Conforme Teixeira (1992), os mercados futuros se constituem no instrumento de mercado mais eficaz para eliminar o risco da variação de preços dos bens econômicos.

O mercado futuro e o de opções é um instrumento eficiente e moderno de comercialização agrícola utilizado em larga escala nas economias desenvolvidas, que podem vir a ajudar o produtor brasileiro contra as baixas dos preços. Trata-se de um mercado que evoluiu paulatinamente das formas tradicionais de comercialização para uma atividade poderosa, pois movimenta mundialmente bilhões de dólares anuais; empregando centena de milhares de pessoas, cujo volume de negócios, muitas vezes é igual ao mercado de ações daqueles países desenvolvidos.

As informações sobre transmissão de preços são muito importantes para tomada de decisões dos agentes de mercado, pois proporcionam um grande conhecimento sobre mercado no qual estão atuando. Nesse contexto, Aguiar citado por Santana (1999) argumenta que, o conhecimento da origem dos choques de preços e da intensidade com que se transmitem aos demais níveis de mercado permite uma previsão mais segura dos efeitos dos choques sobre o setor agrícola e sobre os demais setores da economia. E esses, aliado ao mercado de derivativos – futuro, opções e CPR, funcionam com grande eficiência nas tomadas de decisões do processo de comercialização, proporcionando melhores preços, garantias de boas vendas e lucratividade ao produtor rural.

Sendo assim este trabalho tem como principal objetivo estimar a elasticidade de transmissão e a causalidade de preço na atividade milho, entre o mercado futuro, especificado pela Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e importantes localidades do Brasil, buscando

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3 informações no que refere à intensidade de transmissão e detectar as relações existentes entre o preço do milho nessas localidades e a BM&F, pois as diversas praças produtoras e comercializadoras de milho devem operar integradamente do ponto de vista espacial. Resulta daí que as séries de preços observadas nessas praças devem apresentar fortes relações, que podem ser captadas estatisticamente. Ainda mais, é de supor que certas praças exerçam papel de liderança, no sentido de que se antecipam às demais por ocasião das alterações de preço. Ou seja, as demais praças desempenham papel mais passivo, seguindo uma estratégia de acompanhar as líderes por ocasião de mudança de preços.

Formação de preços

As cotações do milho no mercado internacional sofrem muitas variações ao longo do tempo. Como toda commodity agrícola, o preço do milho está sujeito a variações de oferta e demanda mundiais e também às especulações do mercado, sendo fatores importantes para isso, os níveis dos estoques mundiais, a situação climática, como também a concorrência de outras culturas como a soja e o trigo. O milho tem seu preço mundial regulado principalmente pela cotação da bolsa de Chicago a Chicago Board Of Trade (CBOT), onde esta influencia diretamente no preço físico do produto a nível mundial.

Para explicar o mecanismo de formação de preços agrícolas, deve-se partir do conhecimento estrutural do mercado que está sendo analisado. De acordo com Barros et al (1997), o mecanismo de formação e determinação de preços e produção opera sob a dependência de uma superestrutura institucional. Esta superestrutura é dada, principalmente, pelo grau de competitividade do mercado e pelo grau de intervenção governamental no mesmo. Essa superestrutura condiciona um mecanismo de transmissão de preços do consumidor ao varejo, e vice-versa, através do setor de intermediação.

Vários fatores podem causar oscilações nos preços do milho. Primeiro, após uma seqüência de anos de produção decrescentes do cereal no mundo, ocorrerá também uma diminuição na oferta internacional desse produto, o que leva a alta do preço, sendo o inverso também verdadeiro mas, com resultado diferente, destaca-se como maiores produtores de milho do mundo, os Estados Unidos, a China e Brasil. Segundo, o preço pode sofrer flutuações decorrentes da concorrência por área e investimento, com outras culturas que apresentam maiores retornos financeiros, destacando-se principalmente a concorrência com a cultura da soja e também das adversidades climáticas e sanitárias. Terceiro, a variação sazonal nos períodos de safra e entressafra. E acrescenta ainda as variações irregulares que são imprevisíveis, e as variações de curto prazo que apresentam correlação automática. Outro detalhe, que afeta o preço e que o produtor deve prestar atenção, refere-se ao momento do planejamento da comercialização de seu produto, escolhendo qual o mês mais favorável para realizar a venda. É aconselhável que, na medida do possível, o produtor guarde o seu milho para vende-lo na entressafra, que possui, historicamente, as maiores médias de preço, porém não significa que ela deva se repetir todo ano, uma vez que, como já foi dito, os preços estão sujeitos às especulações do mercado e a outras adversidades que não podem ser controladas.

Um dos fatores mais importantes na formação do preço do milho são os níveis dos estoques mundiais. Pode-se notar claramente que quando menor os estoques, mais altos são os preços. Outro fator que interfere nas cotações do milho é a própria produção mundial do grão; quanto maior, menor será os preços. Isto se reflete principalmente quando é divulgada a previsão de safra para o ano seguinte, provocando reações que tanto podem ser de alta como de baixa.

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4 Cada uma dessas variações, tem um mecanismo próprio de influenciar o nível de preços. Com relação às variações sazonais, o principal problema diz respeito à variação de preços, tão comum em períodos em que há pressões de oferta ou demanda, ou seja, dada uma situação de desequilíbrio, quando, por exemplo, a oferta supera a demanda, o preço pago ao produtor tende a sofrer reduções, às vezes alcançando níveis insuficientes para cobrir os custos de produção. Este tipo de situação muitas vezes ocorre devido a descapitalização do produtor rural, que se vê obrigado a vender sua safra, ou parte dela, para conseguir o volume de capital de giro que lhe permita o bom andamento dos negócios e também por causa da perecibilidade do produto em questão. O custo de armazenagem é de tal maneira elevado, o que inviabiliza, quase que sempre, o processo, impondo a necessidade de venda imediata. Na entressafra é comum a ocorrência de elevações de preço.

Uns dos grandes agentes causadores dessas oscilações de preço, no caso da oferta, são os efeitos de intempéries (variações climáticas) como geadas, longos períodos de estiagem, chuvas em excesso, pragas e doenças, dentre outros; já na demanda, tais oscilações são causadas por mudanças na política econômica do Estado, alterações nos níveis de renda dos consumidores e até mesmo a modificação dos hábitos de consumo, etc.

Mercado derivativo

Segundo Fileni (1999), a falta de conhecimento operacional e as incertezas em relação ao comportamento relativo dos preços futuros e a vista, contribuem para a pequena participação do mercado futuro durante a comercialização agrícola e, os obstáculos ao desenvolvimento dos mercados futuros se encontram nas peculiaridades do ambiente empresarial rural brasileiro e suas relações com a agroindústria.

A comercialização em mercados derivativos pode ser classificada em contratos a termo, a futuro e de opção. Conforme Castro Junior, Peres e Dias (1997), nos contratos a termo o comprador e o vendedor definem um preço e se efetua a operação de compra ou venda antes mesmo da disponibilidade do produto. Nesse tipo de contrato pode ou não haver adiantamento de recursos e os contratos são sempre liquidados por entrega da mercadoria ao preço combinado. A Cédula do Produto Rural (CPR) é um exemplo, sendo garantida pelo Banco do Brasil S/A, permite que o cafeicultor venda sua safra antecipadamente, adquirindo recursos financeiros para o processo produtivo e para armazenamento do produto. Segundo Nuevo (1996), o principal motivo da instituição da CPR pelo governo foi de poder oferecer ao mercado de crédito agrícola, mais um instrumento de financiamento da produção, porém um instrumento que fosse simples, eficaz, com baixo custo operacional e com sólidas garantias para as partes envolvidas.

O contrato futuro é uma outra forma de comercialização que se diferencia do contrato a termo. A diferença entre eles é que no contrato a termo, o comprador e o vendedor ficam obrigados até o vencimento e liquidam o contrato mediante a entrega física do produto. No mercado futuro tanto o comprador quanto o vendedor são livres para saírem do contrato invertendo suas posições, quando assim desejaram. O contrato futuro tem por objetivo estabelecer todas as condições de transação, menos a cotação do produto e apenas 1% é feita por entrega física do produto.

Existem dois tipos de contratos de opções, venda e compra, que confere ao portador destes contratos o direito de exercer ou não o direito de compra ou venda do objeto de negociação em determinada data e por um certo preço. A vantagem desse tipo de contrato

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5 sobre o contrato futuro está relacionado ao estabelecimento de preço mínimo de venda, mas não um preço máximo, não há chamada de capital e existem vários níveis de seguro de preço a serem escolhidos. Maiores detalhes sobre o contrato futuro e de opções de milho da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) consultar Schouchana (2000).

Os mercados futuros apresentam alternativas variadas de instrumentos de comercialização de produtos agropecuários. Dependendo do tipo de contrato comercializado, eles atendem a pelo menos uma das seguintes funções: proteção contra variação adversa de preço; garantia de mercado; e recebimento adiantando de dinheiro. Esses instrumentos têm alguns custos que devem ser levados em conta na tomada de decisão de comercialização. As diferentes formas de contratos futuros devem ser encaradas como instrumentos adicionais que podem e devem ser levadas em consideração no gerenciamento da atividade de comercialização agrícola. São instrumentos úteis para fins específicos (Aguiar, 1999).

A principal finalidade do mercado derivativo é a fixação de preço da commodity, eliminando o risco da variação de preço, pois há uma inter-relação de interferência entre os preços futuros e os preços à vista do mercado físico.

Com a profissionalização da agricultura demonstrada pelo engrandecimento do setor agropecuário brasileiro, de uma maneira geral, gerando cada vez mais renda, empregos, divisas e tecnologia afetou todo o complexo, com isto a busca de informações e inovações tornou-se fundamental para a manutenção deste ciclo virtuoso por que passa o agronegócio brasileiro. A atividade agrícola milho não ficou á margem destas modificações, tornando-se uma atividade explorada de forma bastante diferente do que era, sendo que, vem sendo bastante incrementado sua produção o que vem acarretando em necessidades específicas principalmente no que diz respeito a capacidade armazenadora e comercializadora do produto.

Em vista desta necessidade vale destacar o desenvolvimento do mercado futuro do milho, que vem a cada ano atraindo mais agentes, interessados no trabalho de hedge de preço, ou seja, na garantia contra variações indesejadas do valor do produto o que eleva cada vez mais a importância deste mercado na comercialização do milho. A BM&F vem a cada ano registrando um aumento considerável no numero de contratos negociados de milho, com perspectivas de um aumento ainda maior o que traz liquidez para o mercado e conseqüentemente uma maior confiabilidade e segurança para o mercado.

Conforme Fontes et all (2003), pesquisando a eficiência e a razão ótima de hedge, o contrato cambial futuro do milho negociado na BM&F, se mostrou um instrumento eficaz para a redução do risco de preço para as localidades pesquisadas, o que representa mais uma ferramenta de auxílio para tomada de decisão na hora da comercialização do milho sendo de suma importância para que se garanta uma confiabilidade maior na expectativa de preço requerida pelos “hedgers” e, conseqüentemente, traz uma maior procura para a utilização do mercado futuro como alternativa de comercialização, garantindo assim uma maior eficiência e profissionalização no setor comercializador como no setor produtor, fortalecendo os indicativos que o mercado futuro já é uma realidade para os agentes da cadeia milho.

Na comercialização agrícola existem diferentes níveis de mercado, como o do produtor, varejista, atacadistas de concentração e dispersão (Barros, 1987; Brandt, 1980 e Marques e Aguiar, 1993) As variações de preços ocorrem nesta estrutura, afetando um setor de forma mais intensa que o outro, assim sendo a causalidade na transmissão de preços diz respeito à origem das variações e o sentido que elas ocorrem, podendo ser de um nível de mercado para outro, nos dois sentidos (bidirecional) ou ate mesmo não haver causalidade

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6 entre mercados. Autores como Aguiar (1990) Burnquist (1986), Martins Filho (1988) e Silvestrini Júnior (1994), fizeram estudos utilizando a causalidade de transmissão de preço e a sua intensidade.

Sendo assim, torna-se de sumo importância se conhecer a capacidade do mercado futuro de milho interferir ou sofrer interferência do mercado físico, pois é esta capacidade de influência que vai propiciar alterações de preços de maneira simétrica ou não nestes mercados, de forma que, a combinação da comercialização do milho de maneira correta e embasada em conhecimentos desta transmissão vai possibilitar um aumento da capacidade de decisão dos agentes no momento de buscarem preços mais vantajosos para seus produtos, permitindo um ganho real.

METODOLOGIA Fundamentos teóricos

Este trabalho pretende analisar as relações entre os preços de diferentes praças ou regiões. A teoria econômica estabelece hipótese sobre tais relações, onde tem papel fundamental o custo de transporte entre as regiões envolvidas.

Inicialmente, são consideradas duas regiões, X e Y, separadas espacialmente e entre as quais não ocorre transferência de produtos. Os preços regionais serão determinados pelas respectivas curvas de oferta e demanda, sendo Px o preço na região X e Py o preço na região Y. Se Px > Py, e desconsiderando os custos de transferência, espera-se que venha ocorrer a transferência de produtos da região de menor preço para a de maior preço até que ocorra a igualdade de preços. É o mecanismo conhecido como arbitragem em comércio regional.

Entretanto, no caso de transferência de produtos gerar custos de transporte, a condição básica para que ocorra comércio entre as regiões é que esse custo de transferência (CT) seja menor ou igual à diferença dos preços, ou seja, Px – Py ≥ CT. Com a transferência de produto da região de menor preço para a região de preços mais elevados espera-se uma redução da produção nessa última região.

No caso mais geral, em que se considera várias regiões de produção e consumo, a análise do comércio pode ser feita pelo chamado modelo de transporte que tem a finalidade de obter as melhores rotas para o deslocamento dos produtos, de maneira a atender a demanda entre as regiões com o menor custo total de transporte. Num sistema competitivo, essas seriam as rotas escolhidas para distribuição da produção (Zen, 1997).

Na análise teórica, considera-se que os preços nas diversas regiões tende a estar fortemente relacionados face à arbitragem que deverá ocorrer entre elas. Essa arbitragem sugerirá que as diferenças de preços entre regiões deverão estar bastante próximas das diferenças de custo de transporte envolvido.

Por essa razão, afirma Zen (1997), que as séries de preços para praças e níveis de mercado diferentes devem estar bem próximos entre si. Dessa forma, quando uma praça/região líder iniciar uma alteração de preços surgirá margem para arbitragem lucrativa e se o mercado como um todo for suficientemente integrado, as discrepâncias de preços (além do transporte e tributos) deverão desaparecer com relativa rapidez.

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7

Área de estudo

A área de estudo deste trabalho compreende diversos municípios brasileiros que são, Barreiras (BA), Campo Mourão (PR), Campos Novos (RS), Canoínhas (SC), Carazinho (RS), Cascavel (PR), Chapadão do Sul (RS), Chapecó (SC), Concórdia (SC), Dourados (MS), Erechim (RS), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Rio Verde (GO), Guairá (PR), Guarapuava (PR), Lucas do Rio Verde (MT), Maringá (PR), Pará de Minas (MG), Ponta Grossa (PR), Rondonópolis (MT), São Gabriel (RS), Sorocaba (SP), Uberlândia (MG) e Videira (SC). Essas cidades foram escolhidas por terem representatividade em termos de produção e comercialização de milho, além de serem centros geradores de informações do mercado de milho.

Dados utilizados

O levantamento dos dados primários, ou seja, os preços de milho físico negociados na praça, foram coletados no site especializado Safras e Mercados (www. safrasemercados.com.br) e para o levantamento dos dados secundários, no caso do preço futuro, foi cotado o preço de ajuste diário do contrato de milho que foram obtidos através do site da BM&F (www.bmf.com.br).

A série de dados de preços futuros utilizados compreende o período de outubro de 2001 a abril de 2003. No caso dos preços no mercado físico, cada praça apresentou uma série própria de dados, com característica bastante heterogênea, pois houve dia de negociação no futuro, em que não houve negociação no mercado físico local portanto não foi possível a mensuração homogênea para todas as localidades. Quando no mesmo dia apresentava mais de um preço de negociação utilizava-se o de maior valor ou aquele que se encaixava nas características de qualidade semelhante ao determinado pelo contrato de milho BM&F. Os valores utilizados foram os preços faturados, sem os descontos posteriores.

Métodos econométricos

Elasticidade de transmissão de preços

As informações sobre transmissão de preços são de muita importância para as tomadas de decisões, tanto dos agentes de mercado, como a iniciativa privada, pois proporcionará melhores condições e maiores conhecimentos para atuarem nesse mercado; e também nas tomadas de decisões do governo.

Segundo Guedes (1999), a maioria dos modelos teóricos de transmissão de preços entre níveis de mercado desenvolvidos após 1975 é originária do modelo teórico construído por Gardner, e a ele acrescentam-se algumas particularidades ou inclui alguns pressupostos. A elasticidade de transmissão de preços entre dois mercados verticalmente integrados pode ser definida como a mudança percentual de preços de certo bem em um mercado, decorrente da variação de 1% do preço deste bem em outro mercado. Algebricamente, ela pode ser representada da seguinte forma:

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8 Sendo:

ηpv = elasticidade de transmissão de preços entre BM&F/produtor,

δPv = variação no preço ao produtor; δPp = variação no preço na BM&F; Pv = preço do bem ao produtor; Pp = preço do bem na BM&F.

Se ηpv for maior que um, significa que as variações percentuais dos preços ao nível de

produtor serão maiores que as variações percentuais ao nível da BM&F. Se ηpvfor menor que

um, as variações percentuais de preços serão menores ao nível de produtor; e se ηpv for igual a

um as variações percentuais serão iguais nos dois níveis.

A análise da elasticidade de transmissão dos preços envolve, basicamente as séries temporais diárias da BM&F e os preços diários ao nível do produtor, no qual, verificará o nível de significância dos parâmetros do modelo com a utilização do teste t de Student, sendo que, a partir dessa equação é que definirá a regressão final de transmissão de preços, eliminando-se as defasagens não-significativas pelo teste F, considerando como significativo ao nível de 1%. Realizará também, o teste de Durbin-Watson para verificar a ocorrência de autocorrelação dos resíduos, que ocorre com freqüência em regressões que envolvem variações no tempo. Segundo Aguiar (1993), a demora na transmissão de preço é um sintoma de funcionamento inadequado do mercado, principalmente no que se refere à fluidez de informações.

Teste de causalidade

Com base nos conceitos de Granger (1969), Sims (1972) desenvolveu um teste de causalidade que consiste em estimar as seguintes equações:

− = −

+

=

2 1 ) 1 ( , 2 1

Pr

Pr

k k i t t i

u

α

( 1 )

− = −

+

=

2 1 ) ( , 1 2

Pr

Pr

k k i t i t i

v

β

( 2 ) Onde:

Pr1 → preço da saca de café na região 1.

Pr2 → preço da saca de café na região 2.

αi → parâmetros estimados para a equação 1.

βi → parâmetros estimados para a equação 2.

ut e vt → erros aleatórios.

Ao se estimar as equações 1 e 2 para realizar o teste de causalidade, alguns cuidados devem ser tomados. Os principais deles são: a eliminação da autocorrelação entre os resíduos

Pp

Pv

Pp

Pv

pv

δ

δ

η

=

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9 das regressões e a definição dos números de defasagens (k2) e os valores futuros (k1) da

variável explicativa que devem ser usados nas equações. As hipóteses a serem testadas são as seguintes:

1) Os coeficientes dos valores futuros da variável independente da equação 1 são zero. 2) Os coeficientes dos valores futuros da variável independente da equação 2 são zero.

Se as duas hipóteses forem rejeitadas ter-se-á relação bi-causal e se ambas não forem rejeitadas ter-se-á ausência de causalidade. Se a primeira hipótese for rejeitada e a segunda não, a causalidade será de Pr1 para Pr2, e, caso a primeira não seja rejeitada e a segunda seja, a

causalidade será de Pr2 para Pr1.

É importante detectar a presença de autocorrelação entre os resíduos devido aos efeitos que essa pode causar no caso de se usar os estimadores convencionais dos parâmetros das equações (mínimos quadrados ordinários). A existência de correlação de resíduo faz com que seja violada uma das pressuposições básicas para a utilização de análise de regressão. Quando as perturbações são auto-regressivas, as fórmulas convencionais para efetuar testes de significância ou construir intervalos de confiança com relação a coeficientes de regressão levam a resultados incorretos, (Zen, 1997).

O número de valores futuros e passados da variável explicativa deve ser suficientemente grande para permitir a captação do sentido de causalidade pelo teste, porém não tão elevado que venha causar problemas de multicolinearidade. O teste de causalidade, nas séries desprovidas de correlação nos resíduos, é feito através da estatística de F. A estimação do valor de F é feita pela seguinte fórmula:

) ( ) ( ) ( q n SQR p q SQR SQR F u u r − − − = Onde:

SQRr → soma dos quadrados dos resíduos da equação com restrição.

SQRu → soma dos quadrados dos resíduos da equação sem restrição.

q → número de parâmetros estimados na equação sem restrição. p → número de parâmetros estimados na equação com restrição. n → número de observações.

RESULTADOS E DISCUSSÕES Intensidade de transmissão de preços

A análise da intensidade de transmissão se dá através da estimação da elasticidade de transmissão de preços. Esta mede o impacto percentual de uma variação do preço em um nível de mercado sobre o preço em outro nível. A importância deste resultado é que ele permite rejeitar hipóteses, muitas vezes levantadas, de que o setor de comercialização agrícola gera e amplia continuamente choques de preços, devendo ter seus preços controlados para a estabilização do processo inflacionário.

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10 Os resultados da análise de intensidade da transmissão de preço entre a BM&F e os produtores seguem conforme a tabela abaixo, onde os preços na BM&F é a variável independente e os preços recebido pelos produtores é a variável dependente.

Os resíduos da regressão do modelo completo não apresentaram autocorrelação, com o teste t e o F apresentando altos valores, confirmando assim, uma alta precisão dos resultados, com o nível de 1% de significância. Os parâmetros dos preços do milho das praças estudadas, quando relacionados com a Bolsa, não apresentaram um nível de significância estatística igual a zero, o que indica que a transferência de preços da Bolsa para essas localidades não ocorrem num mesmo período, apresentando demora na resposta de variação de preço.

Tabela 1: Elasticidade de transmissão de preço do milho entre a BM&F e as praças físicas

Relação BM&F - Localidade R2 β

P. BM&F! P. Guaíra 0,90 0,95

P. BM&F! P. Sorocaba 0,90 0,95

P. BM&F! P. Rio Verde 0,89 0,94

P. BM&F! P. Goiânia 0,89 0,94

P. BM&F! P. Dourados 0,90 0,95

P. BM&F! P. Chapadão do Sul 0,91 0,95

P. BM&F! P. São Gabriel 0,91 0,95

P. BM&F! P. Uberlândia 0,86 0,93

P. BM&F! P. Pará de Minas 0,87 0,93

P. BM&F! P. Campo Mourão 0,92 0,96

P. BM&F! P. Cascavel 0,92 0,96

P. BM&F! P. Maringá 0,93 0,96

P. BM&F! P. Ponta Grossa 0,92 0,96

P. BM&F! P. Guarapuava 0,92 0,95

P. BM&F! P. Videira 0,92 0,96

P. BM&F! P. Chapecó 0,92 0,96

P. BM&F! P. Concórdia 0,92 0,96

P. BM&F! P. Campos Novos 0,92 0,95

P. BM&F! P. Canoinhas 0,91 0,95

P. BM&F! P. Erechim 0,93 0,96

P. BM&F! P. Carazinho 0,93 0,96

P. BM&F! P. Rondonópolis 0,83 0,91

P. BM&F! P. Lucas do Rio Verde 0,76 0,87

P. BM&F! P. Barreiras 0,87 0,93

P. BM&F! P. Fortaleza 0,86 0,92

Fonte: Dados da pesquisa

Verifica-se na Tabela 1, que se o preço da saca de milho na BM&F aumentar em um real ao dia, o preço da saca de milho nas praças estudadas vão aumentar em torno de R$ 0,95

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11 por dia, ao nível de 1% de significância. Com o R2 apresentando um valor médio de 0,90, significando que o preço da BM&F explica em média, 90% da variação do preço da saca de milho nas localidades estudadas.

De uma maneira geral, todas as localidades estudadas apresentaram alto coeficientes de regressão (β), e de determinação (R2) destacando-se Campo Mourão, Cascavel, Maringá Ponta Grossa Videira Chapecó, Concórdia, Erechim e Carazinho que possuem o maior coeficiente, 0,96 onde pode-se analisar pela localização destas cidades em regiões tradicionais no plantio do milho, o que traz maiores interligações e conhecimento das informações relacionadas com o milho e principalmente com os maiores valores de R2 0,93 e 0,92, onde os preços da saca de milho variam mais próximo da cotação da Bolsa, e tendo as suas variações fortemente explicadas pelo preço da BM&F, porém não podemos afirmar que os preços da saca de café nessas localidades são maiores do que nas demais e nem entre elas, apenas se afirma que estas variam mais seguindo as variações da cotação da BM&F.

Lucas do Rio Verde apresentou o menor coeficiente (0,87), ou seja, para uma variação de um real na saca de milho na Bolsa, o preço desta localidade irá variar em R$ 0,87, e tendo sua variação de preço explicada em 76% pela Bolsa. Tais valores, também podem ser explicados pela localização do município, pela grande imperfeição nesse mercado, onde os grandes produtores são privilegiados e os pequenos prejudicados, além de terem baixo poder de negociação, e sem falar dos oligopsônios, que são muitos comuns na primeira venda de produtos, ao sair da unidade de produção, e dos cartéis.

As outras localidades apresentaram valores de elasticidades elevados também, mas devida a localidades destas fora da área tradicional de plantio e comercialização de milho demonstra uma menor influência na formação do preço local da saca de milho, o que pode ser explicado principalmente pela localização e pela imperfeição do mercado, o que resulta em uma interferência menor do preço cotado na BM&F.

Resultados dos testes de causalidade

Neste tópico são analisados os resultados dos testes de causalidade que envolve os preços da saca de milho na Bolsa de Mercadorias & Futuros e os preços da saca de milho nas localidades estudadas. Os resultados encontrados na Tabela 2 apontam para a existência de uma relação bi-causal, entre o preço da saca de milho na BM&F e o preço da saca de milho nas demais praças, ou seja, há uma causalidade em ambos os sentidos, pois os resultados dos coeficientes β dos valores da Bolsa e das localidades são estatisticamente diferentes de zero, sendo os resultados do teste de F significativos a 1% de probabilidade.

Tabela 2: Testes de causalidade entre os preços da saca de milho na BM&F e os preços de

milho nas diversas praças.

Relação BM&F - Localidade R2 β F

LP. BM&F! LP. Guaíra 0,91 1,05 4.852,22

LP. Guaíra! LP. BM&F 0,91 0,92 4.852,22

LP. BM&F! LP. Sorocaba 0,93 1,06 25.456,10

LP. Sorocaba! LP. BM&F 0,93 0,91 25.456,10

LP. BM&F! LP. Rio Verde 0,79 1,02 3.254,12

LP. Rio Verde ! LP. BM&F 0,79 0,79 3.254,12

LP. BM&F! LP. Goiânia 0,85 1,01 5.488,89

(12)

12

LP. BM&F! LP. Dourados 0,92 1,01 12.156,01

LP. Dourados! LP. BM&F 0,92 0,93 12.156,01

LP. BM&F! LP. Chapadão do Sul 0,90 1,02 13.547,58

LP. Chapadão do Sul! LP. BM&F 0,90 0,93 13.547,58

LP. BM&F! LP. São Gabriel 0,92 1,01 13.252,25

LP. São Gabriel! LP. BM&F 0,92 0,91 13.252,25

LP. BM&F! LP. Uberlândia 0,89 1,01 5.406,28

LP. Uberlândia! LP. BM&F 0,89 0,88 5.406,28

LP. BM&F! LP. Pará De Minas 0,87 1,01 4.875,58

Pará de Minas! LP. Pará De Minas 0,87 085 4.875,58

LP. BM&F! LP. Campo Mourão 0,97 1,08 67.231,02

LP. Campo Mourão! LP. BM&F 0,97 0,96 67.231,02

LP. BM&F! LP. Cascavel 0,96 1,09 77.836,12

LP. Cascavel! LP. BM&F 0,96 0,95 77.836,12

LP. BM&F! LP. Maringá 0,97 1,07 59.562,99

LP. Maringá! LP. BM&F 0,97 0,97 59.562,99

LP. BM&F! LP. Ponta Grossa 0,93 1,07 53.384,85

LP. Ponta Grossa! LP. BM&F 0,93 0,96 53.384,85

LP. BM&F! LP. Guarapuava 0,93 1,01 49.853,21 LP. Guarapuava! LP. BM&F 0,93 0,92 49.853,21 LP. BM&F! LP. Videira 0,96 1,08 67.963,68 LP. Videira! LP. BM&F 0,96 0,95 67.963,68 LP. BM&F! LP. Chapecó 0,92 1,11 35.720,54 LP. Chapecó! LP. BM&F 0,92 1,02 35.720,54 LP. BM&F! LP. Concórdia 0,92 1,12 33.647,10 LP. Concórdia! LP. BM&F 0,92 1,01 33.647,10

LP. BM&F! LP. Campos Novos 0,94 1,01 20.145,25

LP. Campos Novos! LP. BM&F 0,94 0,95 20.145,25

LP. BM&F! LP. Canoinhas 0,91 1,04 16.445,58 LP. Canoinhas! LP. BM&F 0,91 0,89 16.445,58 LP. BM&F! LP. Erechim 0,93 1,06 8.579,56 LP. Erechim! LP. BM&F 0,93 0,91 8.579,56 LP. BM&F! LP. Carazinho 0,93 1,02 6.895,87 LP. Carazinho! LP. BM&F 0,93 0,92 6.895,87 LP. BM&F! LP. Rondonópolis 0,81 1,01 2.458,52 LP. Rondonópolis! LP. BM&F 0,81 0,82 2.458,52

LP. BM&F! LP. Lucas do Rio Verde 0,72 1,05 587,89

(13)

13

LP. BM&F! LP. Barreiras 0,85 1,01 925,54

LP. Barreiras! LP. BM&F 0,85 0,90 925,54

LP. BM&F! LP. Fortaleza 0,86 1,02 1.263,81

LP. Fortaleza! LP. BM&F 0,86 0,93 1.263,81

Fonte: Dados da pesquisa

A existência de causalidade no sentido das praças para a BM&F ocorre de maneira menos intensa do que a causalidade da BM&F com as praças, mesmo sendo a Bolsa um local de negociação mais organizado e de maior transparência que as localidades e também porque o mercado futuro de milho vem crescendo em números de contratos negociados o que vai resultar em um futuro bem próximo, uma menor influência das praças na formação do preço do milho cotado na BM&F, fato que ocorre com outras commodities agrícolas negociadas na BM&F.

Conforme os dados apresentados, pela Tabela 2, as localidades de Barreiras (BA), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Rio Verde (GO), Lucas do Rio Verde (MT), Pará de Minas (MG), Rondonópolis (MT) e Uberlândia (MG), apresentam valores de causalidade pouco significativos, o que permite afirmar que há uma causalidade, porém baixa, o que pode ser explicado pela localização dessas praças, que são cidades distantes da BM&F e também pela grande imperfeição que ocorre no mercado cafeeiro (oligopsônios, cartéis e desunião de produtores).

As localidades de Concórdia e Chapecó em Santa Catarina apresentaram uma relação bidirecional, ou seja, os preços destas praças influência os preços da BM&F, mas em intensidade menor do que a influência dos preços BM&F com estas localidades. Fato este pode ser explicado por ser uma região com concentração de agroindústria que tem no milho sua fonte de matéria prima e com isso possuem condições de influenciar na cotação do milho pelo alto volume comercializado.

Nas demais localidades há uma causalidade considerada, onde o preço do milho cotado na BM&F esta causando o preço do milho cotado nas praças estudadas, demonstrando a importância do segmento de mercado futuro para a precificação do milho nestas localidades e também como um fator de constantes interpretações para possíveis negociações do produto e também para o feitio de hedge de preço.

CONCLUSÃO

Os resultados da transmissão de preços do milho, em seu conjunto, apontaram para uma forte transmissão entre a BM&F e as praças estudadas, onde a intensidade está bem próxima de um, mostrando que, quanto mais organizadas as localidades e sua posição regionalizada, maior é a intensidade de transmissão de preço.

A BM&F é seguramente primordial para a formação do preço do milho no mercado físico, precisando os comerciantes e principalmente os produtores atentar para essa importância e passarem a acompanhar mais de perto esse mercado no que tange às cotações de preço e as informações de mercado.

Quanto às relações de causalidade entre a BM&F e as praças estudadas, o trabalho apontou para uma relação bi-causal, ou seja, ambos os mercados influenciam na formação do preço, mesmo tendo uma análise teórica apontando para uma relação unidirecional, apenas da

(14)

14 BM&F para as localidades produtoras. Porém, pôde-se constatar que a influência da Bolsa é superior e mais significativa.

A obtenção de elevadas transmissões de preços entre a BM&F e as localizações estudadas credencia os mercados de derivativos como importante e segura forma de comercialização para estas localizações. Isto significa dizer que os agentes da cadeia milho podem ter no mercado futuro de milho um instrumento eficaz para a administração do risco de preços de suas operações comerciais.

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