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I-141 - APLICAÇÃO DE LODO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA COMO COAGULANTE NO POLIMENTO FINAL PARA REMOÇÃO DE FÓSFORO EM UNIDADES DE TRATAMENTO DE ESGOTO

Mônica da Silva(1)

Engenheira Civil, Mestranda em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos pela

Universidade de Brasília e Engenheira da Diretoria Técnica da Empresa de Saneamento do Distrito Federal – CAESB.

Cristina Celia Silveira Brandão

Engenheira Química, Doutora em Engenharia Ambiental pelo Imperial College of Science, Technology and Medicine, Inglaterra e Professora do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Faculdade de Tecnologia-Universidade de Brasília.

endereço(1): SQN 209 Bl "E" Apt° 203 – Brasília-DF CEP: 70.854.050 - Brasília - DF - Tel: (61) 349.1716

RESUMO

A presença de fósforo nos cursos d’água representa uma crescente preocupação ambiental devido à sua relação com o processo de eutrofização. Os despejos de efluentes domésticos são importantes fontes de fósforo. Atualmente, uma alternativa que vem sendo empregada no polimento final para remoção de fósforo de efluentes do tratamento biológico de

esgotos, é a precipitação química com adição de sulfato de alumínio, seguida de flotação ou sedimentação. Paralelamente a esse fato, diariamente a indústria do tratamento de água gera grandes quantidades de resíduos, ricos em hidróxidos de alumínio. Dentre as alternativas de disposição sustentável desse resíduo, a utilização do seu potencial de coagulação vem se apresentando como alternativa viável. O objetivo desse trabalho é avaliar a capacidade de coagulação do alumínio contido no lodo de ETAs - LETA, quando aplicado no polimento final de efluentes de ETEs e ainda avaliar a eficiência dos processos de flotação e de sedimentação na separação dos flocos do tratamento químico. Para tanto, foram

desenvolvidos testes de flotação e de sedimentação, em escala de laboratório, onde o lodo de ETA e o sulfato de alumínio foram aplicados como coagulantes. Os testes incluíram o uso do lodo antes e depois do processo de acidificação para solubilização dos hidróxidos. Nesses testes foram utilizados os lodos desidratados gerados nas ETAs Pipiripau e Rio Descoberto e o efluente secundário da ETE Sul, todas essas unidades estão localizadas no Distrito Federal. Os testes indicaram que eficiências similares à do sulfato de alumínio podem ser alcançadas utilizando-se o lodo acidificado da ETA Pipiripau como coagulante aplicado à remoção de fósforo.A causa da baixa eficiência encontrada com o uso do lodo da ETA RD deve ser investigada e pode estar associada a problemas circunstanciais. O lodo gerado a partir do uso do LETA acidificado como coagulante mostrou-se, em geral, menos

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volumoso e mais denso que no caso do uso de sulfato de alumínio. Para se alcançar a

mesma eficiência na separação dos flocos gerados nesses testes foi preciso que a velocidade de sedimentação adotada fosse de 10 a 15 vezes menor que à velocidade de flotação.

PALAVRAS-CHAVE: Destino final, resíduos do tratamento de água, polimento final de esgotos, remoção de fósforo, caogulante, flotação, sedimentação.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem-se observado uma crescente preocupação com a remoção de nutrientes nos sistemas de tratamento de esgotos, devido à possibilidade desses

componentes acelerarem o processo de eutrofização, principalmente no caso de ambientes sensíveis como lagos e represas. Os despejos de efluentes domésticos são importantes fontes de fósforo e sua remoção em unidades de tratamento de esgotos pode se dar por processos químicos ou biológicos.

Atualmente, a precipitação química de fósforo com adição de coagulantes inorgânicos à base de alumínio e ferro, seguida da separação das fases sólido/líquido por meio dos processos de sedimentação ou flotação, vem se apresentando como técnica freqüentemente aplicada no polimento final de efluentes do tratamento biológico de esgotos em países da Europa, EUA, Canadá, Escandinávia, Austrália e também aqui no Brasil.

Paralelamente ao fato de coagulantes à base de alumínio serem utilizados na remoção de fósforo de efluentes de esgotos, diariamente a indústria do tratamento de água gera grandes quantidades de resíduos sólidos contendo significativa parcela de alumínio. Esses resíduos, na maioria das vezes, são despejados sem qualquer tratamento nos cursos d’água, em outros casos são desidratados e dispostos em aterros sanitários. Essas práticas estão sendo cada dia mais questionadas pelos órgãos ambientais devido ao risco que a concentração de alumínio no solo e na água pode representar para a saúde pública e o meio ambiente.

Na busca de alternativas para a disposição adequada dos resíduos de ETAs, diversos estudos vêm sendo desenvolvidos ao longo dos últimos anos. Dentre essas alternativas, destaca-se o reúso do potencial de coagulação do alumínio presente no lodo de ETAs, quando aplicado nas diversas etapas do tratamento de esgoto (Galarneau e Gerh, 1996; Chu, 2001, entre outros).

O presente trabalho busca avaliar, por meio de ensaios em escala de laboratório, a

eficiência do uso do lodo de ETAs como coagulante no polimento químico para remoção de fósforo de efluentes do tratamento secundário de esgotos, além de avaliar a eficiência dos processos de flotação e de sedimentação aplicado à separação dos flocos do tratamento químico.

METODOLOGIA

Os experimentos foram realizados em escala de laboratório, em regime de batelada, e desenvolveram-se em três etapas: a) testes preliminares, b) caracterização do lodo e c)

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ensaios de flotação e sedimentação. A metodologia adotada em cada uma dessas etapas será descrita a seguir

1ª Etapa: Testes Preliminares

Durante a etapa de testes preliminares foram desenvolvidos testes de sedimentação em equipamento de Jarteste, utilizando-se como coagulantes no processo o lodo gerado em duas ETAs e o sulfato de alumínio P.A. Os resultados obtidos nos testes com o sulfato de alumínio serão utilizados como referencial de eficiência do processo. Os objetivos desses testes eram:

Avaliar a capacidade de coagulação do alumínio contido nos resíduos do tratamento de água, quando aplicados no tratamento químico para remoção de fósforo de esgotos. Definir, dentre os lodos gerados nas unidades de tratamento de água selecionadas anteriormente, o mais adequado para ser aplicado como coagulante, tendo em vista os aspectos de trabalhabilidade e eficiência de remoção.

Definir, dentre os lodos gerados nas unidades de tratamento de água selecionadas anteriormente, o mais adequado para ser aplicado como coagulante, tendo em vista os aspectos de trabalhabilidade e eficiência de remoção.

Determinar a metodologia a ser utilizada para a aplicação do lodo como coagulante. As amostras de esgotos utilizada nos testes preliminares foram coletadas no efluente do decantador secundário da ETE Brasília Norte que opera pelo processo phoredox seguido de polimento químico com adição de sulfato de alumínio para remoção de fósforo. Como coagulante, nos testes preliminares, foi utilizado o lodo desidratado gerado nas ETAs Rio Descoberto e Pipiripau além do sulfato de alumínio. Essas unidades de tratamento de água operam pelo processo de coagulação/floculação química com adição de sulfato de alumínio seguida de filtração direta no caso da ETA RD e dupla filtração no caso da ETA Pipiripau. A água de lavagem dos filtros dessas ETAs passa por decantadores (espessadores), onde o sobrenadante retorna para o início do processo de tratamento e o lodo sedimentado segue para a etapa de desidratação em centrífugas.

Na preparação do lodo para ser aplicado como coagulante, o lodo era inicialmente

macerado com bastão de cerâmica, em seguida adicionava-se água destilada e essa mistura era mantida em agitador magnético por cerca de uma hora. Dessa maneira era produzida uma suspensão que será denominada ao longo desse estudo como suspensão de LETA. Em alguns ensaios a suspensão de LETA era acidificada com o objetivo de solubilizar algumas espécies de alumínio contidas no lodo e avaliar a influência desse procedimento na

eficiência de remoção de fósforo. Para tanto, seguindo a metodologia utilizada por Brandão (1998), adicionava-se ácido sulfúrico à mistura até que o pH da suspensão apresentasse valor inferior a 2.

Nos testes preliminares foram avaliadas três situações diferentes em que a suspensão de LETA foi aplicada no processo de remoção química de fósforo: a) A suspensão de LETA

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foi aplicada como coagulante primário, b) a suspensão de LETA foi aplicada em conjunto com o sulfato de alumínio, como auxiliar de coagulação, c) a suspensão de LETA

acidificada foi aplicada como coagulante primário.

Os parâmetros monitorados ao longo dos testes preliminares foram: pH, turbidez e concentração de ortofosfato.

2ª Etapa: Caracterização do lodo

Na caracterização das amostras de lodo foram analisados os seguintes parâmetros: sólidos totais, sólidos totais fixos e voláteis, além de alguns íons metálicos. Nas análises de sólidos foram utilizados os métodos gravimétricos recomendados pelo Standard Methods e a determinação da concentração de íons metálicos foi feita através do método de

Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma (EEA/ICP). Na preparação das amostras para a leitura de metais no EEA/ICP utilizou-se a metodologia recomendada por

Boaventura (1995).

3ª Etapa: Testes de flotação e sedimentação

Os testes de flotação e de sedimentação foram desenvolvidos com os seguintes objetivos: Avaliar a eficiência relativa do uso do lodo de ETA como coagulante, quando comparada à eficiência do sulfato de alumínio.

Avaliar a influência dos diversos parâmetros de projeto na eficiência dos processos de sedimentação e flotação, quando aplicados à separação dos flocos do tratamento químico. Fazer a análise comparativa da eficiência dos processos de sedimentação e de flotação aplicados à separação dos flocos do tratamento químico.

Nos testes de sedimentação foram avaliados os parâmetros dosagem de coagulante e taxa de aplicação, nos de flotação, além desses parâmetros, analisou-se ainda a taxa de

recirculação e o tempo de floculação. O equipamento utilizado nos testes de sedimentação foi o Jarteste convenional. Nos ensaios de flotação utilizamos o flotateste. apresentado no diagrama esquemático da Figura 1. O flotateste opera em regime de batelada sendo composto por quatro colunas confeccionadas em acrílico transparente. A primeira coluna funciona como câmara de saturação e as demais como unidades de flotação, permitindo que sejam desenvolvidos três experimentos em paralelo.

A câmara de saturação foi projetada para suportar uma pressão de até 1000 kPa, possui diâmetro interno de 84mm e altura de 700mm, perfazendo um volume útil de 3 litros. A água introduzida nessa câmara será saturada através da injeção de ar comprimido fornecido por um compressor. A alimentação de ar comprimido assim como a saída de água saturada também ocorrem pelo fundo da câmara de saturação através de mangueiras de 12,7mm. Na parte superior da câmara foi instalado um manômetro, para medir a pressão interna da câmara, uma válvula de agulha, para controlar a pressão desejada na câmara, e uma válvula de segurança.

(5)

As câmaras de flotação possuem 85mm de diâmetro interno e 1,0m de altura, perfazendo um volume útil de 4 litros. A entrada de água saturada e a saída do efluente clarificado ocorrem pela base das câmaras. Ao longo de cada coluna foram instalados dispositivos de amostragem e de injeção de coagulante.

As câmaras de flotação são dotadas de misturadores de paleta que permitem a simulação das etapas de coagulação e floculação dentro da própria câmara. Os motores que

movimentam os misturadores são dotados de variador de velocidade para permitir a variação na rotação das hastes e, portanto, do gradiente de velocidade.

Rotina dos experimentos

Cada experimento era composto de uma série de testes que incluía ensaios de sedimentação e de flotação. Para cada série era coletada uma única amostra, cerca de 200 litros de esgoto, que era homogeneizada em tanque de cimento amianto, acondicionada em galões plásticos de 20 litros e preservadas na geladeira à temperatura de cerca de 5º C. Pela manhã, antes do início dos ensaios, o volume de amostra que seria utilizado naquele dia era retirado da geladeira e mantido à temperatura ambiente até que a temperatura da amostra ficasse próxima de 20º C.

Nas Tabelas 1 e 2 estão apresentados os objetivos, as condições operacionais e os

parâmetros de qualidade da água avaliados em cada etapa dos testes de sedimentação e de flotação respectivamente.

Figura 1 - Esquema do Flotateste (Pinto 1999)

Tabela 1: Etapas dos testes de sedimentação Fase Objetivo Parâmetros analisados Condições operacionais MR

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ML

Sedimentação 1

Determinar dosagem "ótima" para o lodo e o sulfato de alumínio pH, Turbidez, ortofosfato D=variável TC=60s G=100s-1 TF=15min G=25s-1 TA=25,2m3/m2/dia 2

Determinar taxa de aplicação "ótima" para o lodo e o sulfato de alumínio pH, turbidez, ortofosfato D="ótima" TC=60s G=100s-1 TF=15min G=25s-1 TA=variável 3

Avaliar a eficiência do processo para as condições operacionais "ótimas" utilizando lodo e sulfato

(7)

D="ótima" TC=60s G=100s-1 TF=15min G=25s-1 TA="ótima"

Legenda: MR-Mistura Rápida, ML-Mistura Lenta, G-Gradiente de velocidade, TC-Tempo de coagulação, TF-Tempo de floculação, TA-Taxa de aplicação, D-Dosagem.

Tabela 2: Etapas dos testes de flotação Fase Objetivo Parâmetros analisados Condições operacionais MR ML Flotação 1

Determinar dosagem "ótima" para o lodo e o sulfato de alumínio pH, Turbidez, fósforo

D=variável TC=60s G=1000s-1 TF=15min

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G=100s-1

TA=230,4m3/m2/dia TR=15%

2

Determinar taxa de aplicação "ótima" utilizando como coagulante o lodo pH, turbidez, fósforo D=variável T C=60s G=1000s-1 TF=60s G=100s-1 TA=variável TR=15% 3

Determinar taxa de recirculação "ótima" utilizando o lodo pH, turbidez, fósforo TC=60s G=1000s-1 TF=60s G=100s-1 TA=ótima TR=variável 4

Determinar tempo de floculação "ótimo" utilizando o lodo pH, turbidez, fósforo

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TC=60s G=1000s-1 TF=60s G=100s-1 TA= "ótima" TR= "ótima" 5

Avaliar a eficiência do processo para as condições operacionais "ótimas" utilizando lodo e sulfato

pH, turbidez, ortofosfato, SST, DQO, clorofila D=ótima TC=60s G=1000s-1 TF=ótimo G=100s-1 TA=ótima TR=ótima

Legenda: MR-Mistura Rápida, ML-Mistura Lenta, G-Gradiente de Velocidade, TC-Tempo de Coagulação, TF-Tempo de Floculação, TA-Taxa de Aplicação, D-Dosagem, TR-Taxa de Recirculação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Resultados dos testes preliminares

As amostras de efluente utilizadas nesses testes foram coletadas no canal de saída do decantador secundário da ETE Brasília Norte. A concentração de ortofosfato das amostras variou de 0,15 a 0,73mg P/L e a turbidez variou entre 3,7 e 10,5uT.

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Para realização dos testes preliminares foram coletadas quatro amostras de lodo

desidratado, sendo duas na ETA Rio Descoberto e duas na ETA Pipiripau. O volume dessas amostras era de cerca de 2Kg cada. Na ETA Rio Descoberto, onde existem duas unidades de centrifugação em operação, as amostras foram coletadas em um mesmo dia, sendo uma de cada unidade de centrifugação, já na ETA Pipiripau as amostras foram coletadas de uma única unidade de centrifugação porém em dias diferentes. Na ETA Rio Descoberto, embora as duas centrífugas estivessem desidratando o lodo gerado no mesmo dia e na mesma unidade de tratamento de água, as amostras de lodo coletadas apresentaram características bastante diferenciadas. A amostra 01 apresentava consistência excessivamente gelatinosa, provavelmente, devido a problemas operacionais na dosagem de polieletrólito, o que dificultou a solubilização desse lodo, mesmo em meio ácido. Por esse motivo, a amostra 01 não foi utilizada nos testes preliminares.

Todas as amostras, tanto de lodo como de efluente de esgoto, foram coletadas entre julho e agosto de 2002, período caracterizado por longas estiagens no Distrito Federal. As amostras de lodo utilizadas nos experimentos apresentavam-se na forma pastosa com cerca de 25% de sólidos totais. Para que esse lodo pudesse ser aplicado como coagulante, fazia-se

necessário a preparação de uma solução com cerca de 1% de lodo, que será denominada ao longo desse trabalho de suspensão de LETA. A preparação dessa suspensão foi feita segundo os critérios descrito na metodologia.

O consumo de ácido observado nos casos em que a suspensão de lodo era acidificada foi de cerca de 1 ml de H2SO4 cc para a solubilização de aproximadamente 140 mg Alumínio. As condições operacionais dos ensaios de sedimentação desenvolvidos na fase de testes preliminares foram mantidas constantes, conforme Tabela 3, variando-se apenas a dosagem e o tipo de coagulante do processo.

Na Figura 2 apresentamos os resultados dos testes de sedimentação onde o sulfato de alumínio foi utilizado como coagulante do processo. Observa-se que para a dosagem de 5,3mg Al/L atingiu-se uma situação ótima de remoção onde a concentração de ortofosfato residual foi de 0,03 mg P/L o que correspondeu a uma eficiência de remoção de 94%. A turbidez residual determinada para o ponto de dosagem ótima foi de 0,5uT e o pH medido nesse mesmo ponto foi de 6,4.

Tabela 3 - Condições operacionais dos testes preliminares

Mistura Rápida Mistura Lenta Sedimentação D (mg Al/L)

(11)

G (s-1) TC (s) G (s-1) TF (min) TA(m3/m2/dia) Variável 100 60 25 15 25,2

Legenda: D-Dosagem, G-Gradiente de velocidade, TC-Tempo de coagulação, TF-Tempo de floculação, TA-Taxa de aplicação

Figura 2 - Testes preliminares - Efeito da variação da dosagem de sulfato de alumínio sobre os parâmetros ortofosfato, pH e turbidez do efluente secundário da ETE Norte

A Figura 3 mostra os resultados dos testes preliminares onde a suspensão de LETA preparada com o lodo da ETA Rio Descoberto, sem acidificação, foi aplicada como coagulante no processo de remoção de fósforo de duas amostras distintas do efluente da ETE Norte. Nesses testes verifica-se que a eficiência de remoção de ortofosfato alcançada não atingiu a faixa de 20% mesmo para dosagens de 7mg Al/L. Apesar de verificar-se na Figura 3 que a tendência da curva de eficiência de remoção de ortofosfato é ascendente, observa-se que a turbidez residual também apresenta uma tendência de crescimento e já está próxima de 30uT para as maiores dosagens de lodo testadas, indicando que a utilização desse lodo, não se viabiliza dessa forma. Nesses testes, o pH manteve-se praticamente estável independente da dosagem de lodo aplicada às amostras.

Figura 3 - Efeito da variação da dosagem de suspensão de lodo da ETA Rio Descoberto, não acidificada, sobre os parâmetros ortofosfato, e turbidez de duas amostras distintas do efluente secundário da ETE Norte

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No caso da aplicação do Lodo da ETA Pipiripau, não acidificado, os resultados não foram muito diferentes dos observados com o lodo não acidificado da ETA RD. A Figura 4 apresenta os resultados dos testes preliminares onde o lodo da ETA Pipiripau, não acidificado, foi aplicado como coagulante no processo de remoção de fósforo de duas amostras distintas do efluente secundário da ETE Norte.

Figura 4 - Efeito da variação da dosagem de suspensão de lodo da ETA Pipiripau, não acidificada, sobre os parâmetros ortofosfato e turbidez de duas amostras do efluente secundário da ETE Norte.

Na etapa seguinte foi testada a eficiência do lodo da ETA Pipiripau, sendo aplicado como auxiliar de floculação. Nesse experimento foi mantida uma dosagem constante de sulfato de alumínio, igual a 1mg Al/L variando-se as dosagens de lodo. A máxima remoção de

ortofosfato obtida nos ensaios foi de 22% para a dosagem de lodo de 5 mg Al/L. Nesse caso a turbidez residual ficou próxima de 5uT.

A Figura 5 apresenta os resultados dos experimentos onde o lodo da ETA Rio Descoberto foi acidificado e aplicado como coagulante. Observa-se que a eficiência obtida na remoção de ortofosfato também não foi satisfatória nesse caso, porém um pouco superior ao caso do lodo não acidificado.

Figura 5 - Efeito da variação da dosagem de suspensão de lodo acidificado da ETA Rio Descoberto, sobre os parâmetros ortofosfato e turbidez do efluente secundário da ETE Norte.

Ainda no mesmo experimento, com o objetivo de avaliar se as deficiências do processo de remoção de fósforo estavam ocorrendo na etapa de floculação ou de separação de fases, filtrou-se a amostra sedimentada e analisou-se a concentração de ortofosfato do filtrado. Observa-se na mesma Figura 6 que, para a dosagem de 3,2 mg Al/L a amostra filtrada, apresentou eficiência de remoção de ortofosfato de 40% e a turbidez permaneceu inferior a 2. Como mostra a figura, a eficiência desse processo tendia a aumentar para dosagens maiores, indicando que a floculação estava ocorrendo, e que seria possível melhorar a performance do processo a partir da melhoria da eficiência da etapa de separação de fases. Ao contrário do observado com o lodo da ETA Rio Descoberto - acidificado, o lodo da ETA Pipiripau, ao ser acidificado, apresentou bons resultados, levando a eficiências de remoção de ortofosfato em torno de 85% para as amostras sedimentadas, como mostra a Figura 6.

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Figura 6 - Efeito da variação da dosagem de suspensão de lodo acidificado da ETA

Pipiripau sobre os parâmetros ortofosfato e turbidez do efluente secundário da ETE Norte. Ainda na fase de testes preliminares, foram desenvolvidos alguns testes com o objetivo de verificar a reprodutibilidade dos resultados alcançados com o uso do lodo como coagulante. Para isso, repetimos o teste onde o lodo acidificado da ETA Pipiripau foi aplicado como coagulante, adotando-se a "dosagem ótima" definida anteriormente, 6mg Al/L, aplicada à mesma amostra de efluente. Os resultados indicaram uma eficiência de remoção de ortofosfato média de 81% com um desvio padrão observado de 4%. Dando continuidade aos testes de reprodutibilidade dos resultados com o uso de lodo como coagulante, novas amostras do lodo da ETA Pipiripau e do efluente da ETE Norte foram coletados e novos testes de sedimentação foram desenvolvidos. A Tabela 4 apresenta os resultados desses testes onde se observa que a mesma eficiência foi alcançada para as novas amostras embora para "dosagens ótimas" diferentes.

Tabela 4 - Teste de reprodutibilidade de resultados para diferentes amostras de lodo acidificado da ETA Pipiripau e diferentes amostras do efluente secundário da ETE Norte Dosagem (mg Al/L) Amostra de Lodo 01 Amostra de Lodo 02 pH Turbidez (uT) Ortofosfato pH Turbidez (uT) Ortofosfato (mg P/L)

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E (%) (mg P/L) Remoção (%) 0,0 7,3 3,6 0,36 0 7,2 3,3 0,40 0 3,6 6,3 2,6 0,14 62 6,5 5,0 0,29 27 4,8 5,9 1,9

(15)

0,07 80 6,3 4,1 0,19 52 6,0 5,5 1,9 0,05 85 6,1 2,9 0,10 76 7,2 4,9 2,4 0,07 81 5,8 3,1 0,08

(16)

81 8,4 4,6 2,1 0,10 72 5,5 3,3 0,06 84

Os resultados obtidos nos testes preliminares sugerem que o potencial de utilização de lodos desidratados de ETAs como coagulante varia de instalação para instalação. Optou-se por dar continuidade a esse trabalho utilizando-se o lodo acidificado da ETA Pipiripau como coagulante nos testes de flotação e de sedimentação que se seguirão, uma vez que, esse, apresentou-se mais adequado sobre os aspectos de trabalhabilidade e de eficiência de remoção de fósforo.

Caracterização do lodo

Buscou-se, nesta etapa, proceder ao levantamento de valores indicativos para os diversos parâmetros de caracterização do lodo analisados. Desta forma, é preciso ressaltar que os valores apresentados são dados pontuais e que podem conter imprecisões, principalmente com relação às concentrações de metais pesados, tendo em vista a sensibilidade dos testes de espectrometria com emissão atômica.

É possível relacionar alguns fatores que podem ter levado a imprecisões na caracterização do lodo quanto à concentração de íons metálicos: a) o fato de não ter sido desenvolvida uma metodologia própria para a avaliação do lodo de ETA e sim, adaptado uma

metodologia utilizada na avaliação de outro tipo de resíduo contendo, provavelmente, uma concentração bem menor de alguns metais, como ferro e alumínio; b) a curva padrão utilizada na calibração do equipamento de espectrometria com emissão atômica (EEA/ICP) foi desenvolvida para análise da concentração de metais dissolvidos em água e não em uma solução acidificada como a que foi utilizada; c) não foi utilizada um solução de controle que validasse os resultados apresentados.

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A Tabela 5 apresenta o resultado das análises desenvolvidas nessa etapa. Observa-se que, como era de se esperar, os elementos que aparecem em maior quantidade no lodo são o alumínio e o ferro. A origem principal do alumínio está no coagulante utilizado no processo de tratamento da água e o ferro pode ter sua origem tanto em impurezas contidas no próprio coagulante quanto no solo do DF que, é sabido, ser rico em ferro.

Tabela 5 - Características físico-químicas do lodo utilizado na etapa de testes de sedimentação e flotação. Parâmetros Amostra 01 Amostra 02 Amostra 03 Média ST (%) 21,7 21,9 21,9 21,8 SV (%) 26,9 26,6 26,5 26,6 SF (%) 73,1 73,4

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73,5 73,4 La (% ST) 0,0025 0,0034 0,0025 0,0028 Y (% ST) 0,0013 0,0021 0,0020 0,0018 Ti (% ST) 0,2320 0,2526 0,2350 0,2399 Ca (% ST) 0,1278 0,1567 0,1446 0,1430 V (% ST)

(19)

0,0108 0,0203 0,0192 0,0168 Mg (% ST) 0,1300 0,1516 0,1399 0,1405 Fe (% ST) 6,2267 6,6133 6,1373 6,3258 Zr (% ST) 0,0215 0,0232 0,0213 0,0220 Cu (% ST) 0,0021 0,0023 0,0024 0,0023

(20)

Al (% ST) 11,7105 12,1476 11,4586 11,7723 Cr (% ST) 0,0059 0,0065 0,0052 0,0059 Mn (% ST) 0,0631 0,0680 0,0589 0,0633 Ba (% ST) 0,0230 0,0239 0,0245 0,0238 Zn (% ST) 0,0102 0,0115

(21)

0,0096 0,0104 Cd (% ST) 0,0032 0,0051 0,0062 0,0048 Pr (% ST) 0,0659 0,0647 0,0546 0,0617 Mo (% ST) - 0,0030 0,0024 0,0027

Resultados dos testes de flotação e de sedimentação – ETE Sul

Seguindo a metodologia descrita anteriormente, os testes de flotação e de sedimentação foram desenvolvidos em séries que incluíram as etapas e as condições operacionais apresentadas nas Tabelas 1 e 2.

As amostras de efluente do tratamento secundário da ETE Sul, utilizadas nos experimentos, apresentaram características diferenciadas, principalmente com relação à concentração de fósforo, como mostra a Tabela 6. Estudos desenvolvidos por Pinto (1999), indicaram que os valores médios para as concentrações de DQO, ortofosfato e sólidos em suspensão para o efluente secundário da ETE Sul são respectivamente 87 mg/L, 0,75 mg P/L e 26 mg/L.

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A primeira amostra, coletada às 15:00 hs do dia 23/09/2002, apresentou uma concentração de ortofosfato bem abaixo da média observada por Pinto (1999), o que tornou os testes pouco sensíveis, dificultando as análises comparativas dos processos da maneira como se desejava. Por esse motivo, a partir daí, as coletas passaram a ser feitas nos horários de maior concentração de fósforo, como foi o caso da amostra do dia 10/11/2002, cuja coleta ocorreu às 20:00 hs, horário identificado por Pinto (1999) como sendo de pico de

concentração de fósforo.

Tabela 6 - Características das amostras do efluente secundário da ETE Sul. Exp 01 Exp 02 Exp 03 Exp 04 Exp 05 Data da coleta 23/09/2002 08/10/2002 15/10/2002 22/10/2002 10/11/2002 pH 6,9 7,1 7,1 6,6 7,2 Turbidez (uT)

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11,1 24,6 12,3 15,1 6,0 PT (mg P/L) 1,80 3,51 - 2,14 3,00 Orto (mg P/L) 0,27 0,92 0,88 0,67 2,17 DQO (mg/L) 55,2 - - 67 48 SST (mg/L)

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- - - 35 5,3

Legenda: Exp-experimento, PT-Fósforo total, Orto-Ortofosfato

Análise dos resultados dos testes de sedimentação

Nos testes de sedimentação foram avaliados os aspectos relativos à dosagem de coagulante e à taxa de aplicação hidráulica, tanto para o caso do sulfato de alumínio como para o do lodo acidificado quando aplicados como coagulantes no processo polimento químico para remoção de fósforo do efluente secundário da ETE Sul. Após a definição das condições operacionais "ótimas" do processo, avaliou-se a eficiência do processo nessas condições. Nos testes de sedimentação para avaliação da dosagem ótima de coagulante, foram

mantidas as condições operacionais indicadas na Tabela 1 e variou-se apenas a dosagem de coagulante aplicado. Nesta etapa, considerou-se como dosagem ótima, aquela que levou à menor concentração de ortofosfato residual, ou a valores inferiores a 0,1 mg P/L.

Na Figura 7, tem-se o gráfico de concentração de ortofosfato residual em função da dosagem de sulfato de alumínio e de lodo acidificado. Observa-se que, com exceção do experimento 01, onde a pequena concentração de ortofosfato na amostra bruta tornou os testes pouco sensíveis, nos demais casos as curvas apresentadas passam por pontos de inflexão indicando que inicialmente a eficiência de remoção de ortofosfato do processo aumenta em função do aumento da dosagem de coagulante, más a partir de um ponto, considerado como de dosagem ótima, a superdosagem leva a uma reversão do processo de coagulação com conseqüente redução da eficiência de remoção.

Figura 7 - Testes de sedimentação - ETE Sul - Variação da concentração de ortofosfato residual em função da variação da dosagem sulfato de alumínio e de lodo acidificado. A Figura 8 apresenta as dosagens ótimas de sulfato de alumínio e de lodo acidificado identificadas nos testes de sedimentação. As dosagens definidas como ótimas para o lodo foram sempre maiores que aquelas definidas para o sulfato de alumínio, sugerindo que nem todo o alumínio existente no lodo esta sendo disponibilizado para reagir com o fósforo presente na amostra de esgoto tratada. Observou-se ainda que, no caso do experimento 04,

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a dosagem ótima de lodo foi 100% maior que a dosagem ótima de sulfato de alumínio, enquanto que nos demais experimentos essa diferença não ultrapassou a 35%. Essa redução na capacidade do alumínio presente no lodo em reagir com o fósforo pode ser justificada pelo envelhecimento do lodo armazenado, fato já observado por Galarneau e Gehr (1997).

Figura 8 - Testes de sedimentação utilizando o efluente secundário da ETE Sul - Dosagem ótima de coagulante.

Outro importante parâmetro monitorado ao longo da etapa de variação da dosagem de coagulante foi a turbidez. Esse parâmetro foi monitorado com o objetivo de verificar a correlação entre a variação da concentração de fósforo e de turbidez. Devido à rapidez e a facilidade de se medir a turbidez, busca-se, sempre que possível, utilizar esse parâmetro como indicador de eficiência do processo. No caso do uso do sulfato de alumínio, a

variação da turbidez seguiu a mesma tendência de variação da concentração de ortofosfato e de fósforo total, no entanto essa correlação já não é tão forte no caso do uso de lodo acidificado como coagulante.

Na etapa de avaliação da influência da taxa de aplicação (TA) na eficiência do processo de sedimentação, variou-se a TA fixando-se as demais condições operacionais na Tabela 1. Como coagulante do processo, utilizou-se o sulfato de alumínio e o lodo acidificado, sempre nas dosagens ótimas definidas anteriormente. Como parâmetros de controle da eficiência do processo, foram analisados: a turbidez, a concentração de ortofosfato e, em alguns casos, a concentração de fósforo total. A Figura 9 apresenta o comportamento desses parâmetros em função da variação da TA. Como era de se esperar, a eficiência do processo melhorou progressivamente na medida em que a TA. foi sendo reduzida.

Foi considerada como taxa de aplicação ótima aquela que levou à melhor eficiência ou à concentração de ortofosfato igual ou menor que 0,1 mg P/L, o que ocorreu para taxas de aplicação próximas de 10 m3/m2/dia. Segundo Metcalf & Eddy (1991) a taxa de aplicação para decantadores utilizados na separação de flocos resultantes do tratamento químico deve variar de 24 a 48m3/m2/dia. Para essas taxas, a turbidez e a concentração de fósforo

residuais alcançadas nos ensaios desenvolvidos com o efluente da ETE Sul, não apresentaram resultados satisfatórios, qualquer que fosse o coagulante adotado. Na Figura 10 apresentamos as eficiências de remoção de ortofosfato e de turbidez

alcançadas nos testes de sedimentação, operando-se nas condições ótimas de dosagem e de taxa de aplicação definidas anteriormente, quando aplicamos o sulfato de alumínio e o lodo acidificado como coagulante no processo. Observa-se que, nessas condições, a eficiência alcançada com o uso do lodo acidificado como coagulante ficou sempre muito próxima daquela alcançada com o uso do sulfato de alumínio.

Observou-se que, o uso do lodo acidificado como coagulante resultou na formação de um menor volume de lodo por volume de efluente tratado além de apresentar maior

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concentração de sólidos no lodo gerado. Essas características do lodo podem ter interferências positivas no processo de desidratação desse lodo.

Figura 9 - Testes de sedimentação – ETE Sul: Variação dos residuais de turbidez e fósforo, em função da variação da taxa de aplicação.

Figura 10 - Testes de sedimentação com o efluente secundário da ETE Sul - Eficiência de remoção de turbidez e de ortofosfato para a taxa de aplicação "ótima" e a dosagem "ótima" de sulfato de alumínio e lodo acidificado

Análise dos resultados dos testes de flotação

Como já mencionado na metodologia, os testes de flotação foram desenvolvidos em 5 etapas onde foram avaliados os seguintes parâmetros: a) dosagem de coagulante, adotando-se como coagulante o lodo acidificado e o sulfato de alumínio, b) taxa de aplicação

hidráulica, c) taxa de recirculação, d) tempo de floculação, e) avaliação da eficiência do processo operando em condições ótimas.

As Figuras 11 e 12 apresentam os resultados dos testes desenvolvidos com o objetivo de definir a dosagem ótima de coagulante, utilizando-se o sulfato de alumínio e o lodo

acidificado, respectivamente. Assim como nos testes de sedimentação, a dosagem definida como ótima foi aquela que levou à menor concentração de ortofosfato residual, ou a valores de concentração de ortofosfato inferiores a 0,1 mg P/L

Figura 11 - Testes de flotação - ETE Sul - Variação da concentração de ortofosfato e da turbidez em função da dosagem de sulfato de alumínio.

Figura 12 - Testes de flotação - ETE Sul - Variação da concentração de ortofosfato e da turbidez em função da dosagem de lodo acidificado.

Nos resultados dos Experimentos 01 e 04, apresentados na Figura 11, observa-se que a concentração de ortofosfato residual atingiu valores inferiores a 0,1 mg P/L para dosagens de sulfato de alumínio em torno de 4 mg Al/L. Nesses experimentos a concentração de ortofosfato da amostra bruta não ultrapassou 0,5 mg P/L. Já no Experimento 05, onde a amostra bruta apresentou concentração de ortofosfato superior a 1,5 mg P/L, a menor concentração de ortofosfato ocorreu para a dosagem de 14 mg Al/L.

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Ainda na Figura 12, observa-se que, no caso da variação da dosagem do lodo, a turbidez residual não pode ser utilizada como indicativo de eficiência do processo para remoção de fósforo, já que a variação desse parâmetro se comportou de maneira bem diferente da concentração de ortofosfato. Assim como ocorreu com o uso do sulfato de alumínio, o aumento da dosagem do lodo implica em um aumento na eficiência de remoção de ortofosfato, até que a dosagem ótima seja atingida, a partir daí, o processo sofre uma reversão e o aumento da dosagem passa a interferir de maneira negativa na eficiência do processo.

Na Figura 13, têm-se as dosagens ótimas definidas para cada experimento de flotação. Nos experimentos 01 e 04, como as concentrações de ortofosfato das amostras brutas eram próximas, a dosagem ótima encontrada também foi muito parecida tanto para o caso em que o coagulante adotado foi o lodo acidificado como o sulfato de alumínio. No

experimento 05, a maior concentração de ortofosfato na amostra bruta levou a uma dosagem de coagulante também maior indicando que deve haver uma relação

estequiométrica. Observou-se ainda que, em todos os casos, as dosagens de lodo foram maiores que as de sulfato, indicando que nem todo o alumínio contido no lodo ficou disponível para reagir com o fósforo.

Figura 13 – Resultados dos testes de flotação - ETE Sul: Dosagem ótima de coagulante

Os resultados da etapa de definição da taxa de aplicação ótima estão mostrados na Figura 14. Seguindo o mesmo critério de definição do parâmetro ótimo definido anteriormente, a taxa de aplicação considerada como ótima nas demais etapas dos experimentos foi a de 153,6m3/m2/dia, no entanto, não foram observadas variações significativas na eficiência do processo para taxas de aplicação de até 300m3/m2/dia.

Figura 14 - Resultados dos testes de flotação – ETE Sul: Variação dos residuais de turbidez e ortofosfato, em função da variação da taxa de aplicação.

Os resultados da etapa de avaliação da influência da taxa de recirculação do processo de flotação aplicado ao polimento químico para remoção de fósforo do efluente secundário da ETE Sul estão apresentados na Figura 15. Observa-se que para taxas de recirculação inferiores a 10%, a eficiência do processo é bastante reduzida. A partir daí, o ganho de eficiência do processo em função do aumento da taxa de recirculação é menos significativo. Seguindo o mesmo critério estabelecido nas etapas anteriores, a taxa de recirculação

adotada como ótima, foi aquela em que a concentração de ortofosfato residual ficou menor que 0,1mg/L ou aquela que levou ao melhor desempenho do processo. Segundo esse

critério, a taxa de recirculação "ótima" nos três experimentos de flotação desenvolvidos, foi sempre a de 20%. Da mesma forma que ocorreu na etapa de avaliação da taxa de aplicação,

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observou-se que a variação da turbidez e da concentração de ortofosfato seguem a mesma tendência.

Figura 15 - Testes de flotação - ETE Sul: Variação dos residuais de turbidez e ortofosfato, em função da variação da taxa de recirculação

A Figura 16 apresenta os resultados da etapa dos testes de flotação onde se avaliou a influência da variação do tempo de floculação sobre a eficiência do processo. Verifica-se que o tempo de floculação está diretamente relacionado à melhoria da eficiência do processo e que a variação da turbidez também segue a mesma tendência da variação da concentração de fósforo. Seguindo os mesmos critérios adotados nas etapas anteriores, foi considerada como taxa de floculação ótima aquela que levou a concentrações de ortofosfato inferiores a 0,1 mg P/L ou à menor concentração desse composto, o que correspondeu sempre aos maiores tempos adotados nos experimentos, ou seja a 30min para o experimento 01 e a 20 min para os experimentos 04 e 05.

Figura 16 - Resultados dos testes de flotação - ETE Sul: Variação dos residuais de turbidez e fósforo, em função da variação do tempo de floculação.

A Tabela 7 apresenta as eficiências alcançada nos experimentos 04 e 05, para o processo de flotação operando nas condições ótimas definidas nas etapas anteriores, adotando-se como coagulante o lodo acidificado e o sulfato de alumínio.Observa-se que, no experimento 05, a eficiência do processo foi muito reduzida, inferior a 10%, para o caso de remoção de turbidez. No entanto, para a mesma amostra, a eficiência de remoção de sólidos suspensos totais, observada no caso do uso do lodo acidificado como coagulante, foi de

aproximadamente 50%. Esse fato pode estar associado a algum erro experimental ou ainda pode ser explicado pelo fato que, enquanto a medida de SS esta relacionada à massa de sólidos em suspensão presente na amostra, a turbidez esta relacionada ao número de

partículas em suspensão, de tal modo que características como: forma, tamanho e densidade das partículas podem alterar a turbidez de uma amostra com a mesma concentração de SS. Assim, no experimento 05, pode ter ocorrido uma alteração nas características da partícula ao longo dos processos de coagulação e floculação fazendo que a redução na massa de partículas traduzida pela redução de cerca de 50% na concentração de partículas em suspensão, não tenha sido acompanhada pela redução do número de partículas em suspensão

A eficiência do processo de flotação utilizando o lodo acidificado como coagulante ficou sempre muito próxima da eficiência alcançada com o uso do sulfato, exceto na remoção de

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SST do experimento 05, onde o uso do lodo levou a uma remoção de 50% dos SS enquanto com o uso do sulfato não houve remoção alguma.

Em termos de DQO, a eficiência observada foi pequena, da ordem de 50%, no entanto as concentrações residuais observadas atingiram os níveis desejados, conforme descrito na Tabela 12. Ocorre que, no efluente do tratamento secundário, as concentrações de DQO já estão bastante baixas, além disso a parcela de DQO remanescente é a mais difícil de ser removida, daí a baixa eficiência observada para esse parâmetro nessa etapa do tratamento, qualquer que seja o coagulante adotado.

Com relação aos resíduos sólidos gerados no processo de flotação, observou-se que, assim como ocorreu no processo de sedimentação, quando utilizamos o lodo acidificado como coagulante, o lodo flotado gerado no processo se apresenta em menor volume e com maior concentração de sólidos suspensos que aquele gerado a partir do uso do sulfato de alumínio. Tabela 07 - Testes de Flotação - Experimentos 04 e 05 - ETE Sul: Características do

efluente e do lodo gerado após o polimento final pelo processo de sedimentação em condições operacionais "ótimas" e também características da amostra bruta e valores residuais esperados. Parâmetros Experimento 04 Experimento 05 Residual Esperado Amostra Bruta

Residual após a Flotação Amostra Bruta

Residual após Flotação Sulfato

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Sulfato Bruta pH 6,6 4,9 4,3 7,2 4,5 4,7 - Turbidez (uT) 15,1uT 2,2 4,2 6,0 5,8 5,6 - E (%) 85 72 - 3

(31)

7 Orto (mg P/L) 0,67mg P/L 0,08 0,08 2,17 0,21 0,17 0,1mg P/L E (%) 88 88 - 90 92 PT (mg P/L) 2,14mg P/L 0,19 0,20 3,00 0,33

(32)

0,28 0,3mg P/L E (%) 91 91 - 89 91 DQO (mg/L) 67 23,5 22,2 48 23 24 45mg/L E (%) - 65 67 - 52 50

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SSTL (mg/L) 35 2 9 10,3 10,8 5,3 10mg/L E (%) - 94 74 - -4 49 SSTS (mg/L) - 2011 6765 - 3099

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4931 - VL (cm3/L) - 17 14 - 21 17 -

Legenda: Orto: Ortofosfato, SSTL: Sólidos suspensos totais na fase líquida, SSTS: Sólidos suspensos totais na fase sólida, VL: Volume de lodo gerado por litro de efluente tratado

CONCLUSÕES

A partir dos experimentos desenvolvidos concluiu-se que:

É possível alcançar eficiência similar à do sulfato de alumínio, utilizando-se o lodo acidificado da ETA Pipiripau como coagulante no processo de polimento químico do efluente final de unidades de tratamento de esgotos.

Com o uso do lodo da ETA Rio Descoberto os resultados alcançados não foram satisfatórios, no entanto esse fato pode estar associado a aspectos circunstanciais.

A turbidez, em geral, pode ser utilizada como um indicador da eficiência do processo de polimento final de efluentes do tratamento secundário de esgotos.

O uso do lodo como coagulante não interferiu de maneira significativa no volume de lodo gerado no processo de flotação ou de sedimentação. Em geral o uso do lodo como

coagulante gerou um lodo mais denso e menos volumoso que aquele produzido a partir do uso do sulfato.

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Observou-se que é possível alcançar eficiência similar para os processos de sedimentação e de flotação, operando-se com taxas de aplicação para o flotador cerca de 15 vezes maior que a taxa de aplicação do decantador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Galarneau, E. e Gehr, R. (1997). "Phosphorus removal from wastewaters: Experimental and theoretical support for alternative mechanisms." Water Research, 31(2), 328-338.

Boaventura, G. R., Santos, A.R., Pinelli, M. P., Dias, R. P. (1995). "Metodologia analítica para determinação de metais em compostos de lixo urbano usando espectrometria de emissão atômica com plasma e espectrometria de absorção atômica." 25º Congresso Brasileiro de Ciências do Solo. Viçosa,vol. 4, 2.306-2.308.

Brandão, J. B. (1998). "Recuperação de coagulantes através de solubilização pela via ácida de lodos de diversas ETAs no ES com posterior Reutilização no tratamento de águas para abastecimento e águas residuárias." 139p. Dissertação de Mestrado em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo.

Pinto, A.C.T. (1999). Avaliação do potencial da flotação por ar dissolvido como pós-tratamento para efluentes do processo de lodos ativados, de reatores UASB e de lagoas de alta taxa. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,UnB, DF, Brasil, 210p.

Metcalf & Eddy (1991). Wastewater Engineering: Treatment, Reuse and Disposal, McGraw-Hill Book Co; Edição Internacional; Singapura;1333p.

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