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EDUCAR PARA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS: CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA DO PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E À VIOLÊNCIA.

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EDUCAR PARA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS:

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA DO PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E À VIOLÊNCIA.

Luciano Blasius1 lucianoblasius@yahoo.com.br

Araci Asinelli-Luz2

asinelli@ufpr.br

RESUMO

O atual currículo do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD) é contextualizado neste estudo comparativo com os Sete Saberes necessários à educação do presente. A reformulação ocorrida há cinco anos conduziu o desenvolvimento do PROERD para uma manifestação expressiva à utilização do processo de tomada de decisão para a resolução de conflitos. Tal mudança propicia ao/à estudante a capacidade de autonomia crítica para suas escolhas, considerando principalmente as consequência que virão. A comparação entre o currículo do PROERD e o enfoque dos Sete Saberes necessários à Educação do Presente é aqui apresentada, mostrando que existe entre eles uma estreita relação pedagógica propiciadora de um processo educativo transdisciplinar.

Palavras-chave: PROERD. Tomada de decisão. Resolução de Conflitos. Autonomia. Sete Saberes necessários à Educação do Presente

1

Doutorando em Educação – UFPR e policial-militar do PROERD. 2 Doutora em Educação – UFPR.

(2)

EDUCAR PARA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS:

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA DO PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E À VIOLÊNCIA.

Luciano Blasius lucianoblasius@yahoo.com.br Araci Asinelli-Luz asinelli@ufpr.br

1 INTRODUÇÃO

O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD) surge no Brasil em 1992, tendo a finalidade de educar preventivamente estudantes, à época da 4ª série, para decisões adequadas ao enfrentamento quanto ao abuso de drogas e as manifestações das violências. O PROERD é a versão brasileira para o programa

Drug Abuse Resistance Education (DARE), criado nos Estados Unidos da América

(EUA). Da implantação no Brasil até aproximadamente o ano de 2005, o PROERD manteve sua primeira versão do currículo contendo dezessete lições, que enfatizavam questões preventivas das situações de risco para o consumo de drogas e a violência. De forma gradativa, a partir de 2005 houve mudança no currículo, motivada por longos estudos realizados nos EUA que apontaram para o novo currículo com ênfase na resolução dos conflitos através do processo de tomada de decisão.

Essa contextualização inicial permite a seguinte questão: a resolução de conflitos pelo processo de tomada de decisão desenvolvida pelo PROERD junto aos estudantes do primeiro ciclo do ensino fundamental apresenta elementos de relação com o enfoque dos Sete Saberes para a Educação proposto por Edgar Morin?

Esse estudo de cunho teórico pretende relacionar os assuntos e a metodologia educacional utilizada pelo PROERD, principalmente o processo de tomada de decisões para a resolução de conflitos, com o enfoque dos Sete Saberes para a Educação do Presente, proposto por Edgar Morin (2000).

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2 O PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E À VIOLÊNCIA

Embora o PROERD desenvolva ações junto às crianças, adolescentes, pais e professores, para este estudo tomamos como referência o currículo atual (reformulado) do curso destinado às crianças da faixa etária de 9 a 11 anos que estão na 4ª série do ensino fundamental. O currículo antigo, realizado em dezessete lições, até a décima lição estava voltado às questões relativas: às definições de drogas e violências; às informações sobre substâncias psicoativas de abuso (com enfoque ao álcool e cigarro); à consideração das consequências de nossas escolhas; a aprender a dizer não à oferta de drogas; à necessidade de elogiar os outros; à distinção dos estilos de respostas; como comportar-se diante de pressões externas; à redução da violência; à influência dos meios de comunicação em massa. A partir da décima primeira lição até a décima quarta a tônica das lições estava nas questões de uso de drogas e prática de violências. Havia ainda revisão dos assuntos, a produção de um texto final e a formatura com a entrega de certificados.

Após estudos realizados nos EUA, no Brasil o PROERD sofreu modificações a fim de atualizar e contextualizar as lições às reais necessidades da educação. A principal mudança ocorreu na metodologia utilizada e no número de encontros, passando a dez, realizados semanalmente. O atual currículo traz o processo de tomada de decisões para a resolução de conflitos como a principal estratégia preventiva de Educação.

Já na primeira lição há a apresentação dos combinados3. Após há o delineamento do processo de tomada de decisão frente às necessidades de resolução de conflitos. As situações envolvendo abuso de drogas e uso de violências são apresentados aos estudantes que devem tomar decisões frente aos conflitos apresentados. Diante dessas situações as crianças devem definir o problema; analisar as opções; atuar frente suas escolhas; e avaliar os resultados. São situações que exigem a compreensão das situações e a avaliação das possíveis consequências. A troca das percepções entre os discentes é discutida em grupo, para que todos possam ter voz e vez.

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Regras de conduta que devem ser adotadas para que existam respeito e possibilidade de participação de todos os estudantes. São procedimentos simples como levantar a mão, ser respeitoso, observar o sinal de silêncio, ser ético e se referir nos exemplos não pelo nome dos participantes mas como “alguém que eu conheço” e para que sejam respondidas somente as perguntas que acredite não lhe serem vexatórias. (POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ, 2006)

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3 O ENSINAR A IDENTIDADE TERRENA E O ENSINAR A COMPREENSÃO

Piaget (2005) já evidenciou a importância de se propiciar uma Educação Plena que vise à construção e ao desenvolvimento de um indivíduo e cidadão pleno e autônomo, que tenha domínio de suas responsabilidades e atribuições. Essa educação plena, para a cidadania e para a democracia, é também preocupação de Edgar Morin (2010, p. 19) quando afirma que as disciplina devem permitir que “cada jovem espírito se conscientize do significado de ser humano.” A disciplina é aqui percebida como um sistema de resgate à atual educação compartimentalizada (MORIN, 2000). Além dessas características e necessidades que fazem parte do Saber III – Ensinar a condição humana, proposto por Morin (ibidem), há ainda a necessidade e a urgência de se propiciar a Educação para a percepção da importância de comportamentos voltados para a não-violência e para a cultura da paz. Tal preocupação se inicia com os próprios educadores.

O paradigma da Cultura da Paz enfatiza a dimensão humanizadora da educação, encarando-a, antes de tudo, como um processo de conhecimento, crescimento e desenvolvimento do próprio educador, para que possa ser um agente multiplicador junto a seus alunos e à comunidade. (ASINELLI-LUZ, 2003, p. 163).

Na afirmação percebe-se a importância da educação plena ser propiciada também ao educador. Enfatiza-se aqui essa preocupação para que a proposta do texto seja coerente com a ação, senão como se poderia falar do Saber VI – Ensinar a compreensão, se o próprio educador não tem a aprendizagem da autonomia?

Ter percepção dos sistemas ecológicos (BRONFENBRENNER, 1996) que permeiam seu desenvolvimento humano é essencial para que a pessoa compreenda seus deveres e direitos enquanto ser-humano e cidadão, tenha autonomia, competência e capacidade de tomar decisões adequadas com os conhecimentos que possuem. Esse elemento requer a manifestação do respeito a cada indivíduo e à sociedade, objetivando a solução pacífica dos conflitos que possam existir.

A importância de uma Educação que otimize a compreensão e leve à autonomia é fundamental para o processo educativo às atuais necessidades da Educação do presente.

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3 RELAÇÕES ENTRE A PROPOSTA EDUCATIVA DO PROGRAMA EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E À VIOLÊNCIA COM OS SABERES III E IV DE EDGAR MORIN

Percebe-se estreita relação entre a proposta educativa do PROERD e os Sete Saberes necessários à Educação do Presente, especificamente na resolução de conflitos utilizando-se do processo de tomada de decisões. Quando a estudante é levada a definir o problema, a analisar as opções e considerar as consequências, a fazer suas escolhas, atuar e finalmente a considerar as consequências de suas escolhas, está sendo capacitada com autonomia para que resolva seus próprios conflitos frente às ofertas de drogas e a realizar atos de violências.

O processo de tomada de decisão utilizado pelo PROERD apresenta elementos que contribuem para a construção do conhecimento para a cidadania e para a democracia à medida que oportuniza que cada estudante seja ator de sua própria história. Um dos fatores interessantes é que em momento algum o policial-militar educador indica ou orienta que o estudante diga não. Durante todo o programa o discente é levado à reflexão de que cabe a cada ser-humano a possibilidade de, através do nosso exercício do livre arbítrio, tomar as decisões que julgar coerentes.

Os estudantes PROERD são capacitados com conhecimentos sobre as drogas psicoativas de abuso, sobre as questões que permeiam as violências e que sempre cabe a cada um a tomada de decisão. Eles também são informados e formados para que respeitem as decisões dos outros, sem críticas ou preconceitos, entendo assim a diversidade de culturas, opções, opiniões, orientações, manifestações e escolhas que estão presentes na sociedade. Assim o PROERD cumpre uma função proposta por Morin (2000) e também por Delval (2006), que nos orientam para que a Educação e os conhecimentos sirvam para a compreensão do mundo.

Também fica clara neste estudo a relação entre o PROERD e os Saberes quando, já no início do desenvolvimento do programa, os estudantes realizam o que se chama de “contrato das relações educativas”, em que os estudantes são concitados a esperarem sua vez, serem respeitosos e éticos.

Todas as situações apresentadas aos estudantes exigem raciocínio e tomadas de decisão que remetem a comportamentos em que haja evidente comportamento cidadão e democrático, evidenciando o respeito às diversidades, à Educação para a solidariedade, ao apoio ao próximo, aos valores humanos e à própria condição humana. Também

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salientam a cultura da paz e de forma bastante enfática a não-violência, respeitando a si e aos outros. A escuta ativa também é elemento de destaque no PROERD, vez que se deve sempre dar a atenção quando alguém nos procura para conversar.

4 CERTEZA FNAL

Fica comprovada neste estudo a importância e a contextualização do PROERD como programa educativo dentro dos princípios, das diretrizes e das temáticas propostas pelo enfoque dos Sete Saberes necessários à Educação do Futuro (MORIN, 2000). Também a convicção de que há muito a fazer. Temos brilhantes preciosos em nossas escolas que precisam de lapidalação acentuada dentro da perspectiva de uma educação plena, que construa cidadãos autônomos capazes de tomarem decisões adequadas e coerentes frente às situações de conflitos que a vida lhes apresentará.

REFERÊNCIAS

ASINELLI-LUZ, Araci. Planejando a cultura de paz e a prevenção da violência na escola. In: MILANI, Feizi Masrour; JESUS, Rita de Cássia Pereira de. (Org.). Cultura da Paz: estratégias, mapas e bússolas. Salvador: INPAZ, 2003. p

BRONFENBRENNER, Urie. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Tradução: Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artmed, 1996.

DELVAL, Juan. Manifesto por uma escola cidadã. Tradução: Jonas Pereira dos Santos. Campinas: Papirus, 2006.

MORIN, Edgar. Introdução às jornadas temáticas. In: JORNADAS Temáticas. A religação dos saberes: o desafio do século XXI/idealizadas e dirigidas por Edgar Morin. Tradução: Flávia Nascimento. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução: Catarina Eleonora da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2000.

PIAGET, J. Para onde vai a educação? Tradução: Ivette de Braga. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.

POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ. Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência: livro do estudante. Curitiba: Imprensa Oficial, 2006.

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EDUCAR PARA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS:

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA DO PROGRAMA

EDUCACIONAL DE RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E À

VIOLÊNCIA.

LUCIANO BLASIUS

lucianoblasius@yahoo.com.br

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ E POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ

ARACI ASINELLI-LUZ

asinelli@ufpr.br

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

O ATUAL CURRÍCULO DO PROGRAMA EDUCACIONAL DE

RESISTÊNCIA ÀS DROGAS E À VIOLÊNCIA (PROERD) É

CONTEXTUALIZADO NESTE ESTUDO COMPARATIVO COM OS

SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO PRESENTE. A

REFORMULAÇÃO OCORRIDA HÁ CINCO ANOS CONDUZIU O

DESENVOLVIMENTO DO PROERD PARA UMA MANIFESTAÇÃO

EXPRESSIVA À UTILIZAÇÃO DO PROCESSO DE TOMADA DE

DECISÃO PARA A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS. TAL MUDANÇA

PROPICIA AO/À ESTUDANTE A CAPACIDADE DE AUTONOMIA

CRÍTICA

PARA

SUAS

ESCOLHAS,

CONSIDERANDO

PRINCIPALMENTE

AS

CONSEQUÊNCIA

QUE

VIRÃO.

A

COMPARAÇÃO ENTRE O CURRÍCULO DO PROERD E O ENFOQUE

DOS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO PRESENTE

É AQUI APRESENTADA, MOSTRANDO QUE EXISTE ENTRE ELES

UMA ESTREITA RELAÇÃO PEDAGÓGICA PROPICIADORA DE UM

PROCESSO EDUCATIVO TRANSDISCIPLINAR.

Referências

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