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Tradução comentada de en el país del sol, de José Juan Tablada, para o português brasileiro

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Academic year: 2021

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Universidade Federal de Santa Catarina

Programa de Pós-Graduação em

Estudos da Tradução

TRADUÇÃO COMENTADA DE

EN EL PAÍS DEL SOL,

DE JOSÉ JUAN TABLADA, PARA O

PORTUGUÊS BRASILEIRO

Letícia Maria Vieira de Souza Goellner

(2)

O principal objetivo desta tese é apresentar o escritor mexicano José Juan Tablada por meio de uma tradução comentada, para a língua portuguesa, de dez de suas crônicas, publicadas originalmente na imprensa mexicana (entre 1894 e 1912) antes de serem agrupadas em forma de obra única em 1919. A edição usada como texto de partida para a tradução neste trabalho foi organizada na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), por Rodolfo Mata, em 2005..

Trata-se de uma obra que explora, em toda sua extensão, a sofisticada cultura japonesa através de ricos detalhes, de acordo com o olhar e descrição de Tablada. Nos comentários à tradução, são discutidos vários desafios para o tradutor que imerge no universo complexo desse autor mexicano

Orientador:

Prof. Dr. Walter Carlos Costa

Coorientador:

Prof.ª Dr.ª Martha Lucía Pulido Correa

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Letícia Maria Vieira de Souza Goellner

TRADUÇÃO COMENTADA DE EN EL PAÍS DEL SOL, DE JOSÉ JUAN TABLADA, PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO

Tese submetida ao Programa de Pós Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do grau de doutora em Estudos da Tradução

Orientador:

Prof. Dr. Walter Carlos Costa Coorientadora:

Prof.ª Dr.ª Martha Lucía Pulido Correa

Florianópolis 2017

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Goellner, Letícia Maria Vieira de Souza

Tradução comentada de En el país del sol, de José Juan Tablada, para o português brasileiro / Letícia Maria Vieira de Souza Goellner ; orientador, Walter Carlos Costa , coorientador, Martha Lucía Pulido Correa , 2017.

300 p.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, Florianópolis, 2017.

Inclui referências.

1. Estudos da Tradução. 2. Tradução. 3. José Juan Tablada. 4. Japonismo. 5. Écfrase. I. , Walter Carlos Costa. II. , Martha Lucía Pulido Correa. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução. IV. Título.

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Letícia Maria Vieira de Souza Goellner

TRADUÇÃO COMENTADA DE EN EL PAÍS DEL SOL, DE JOSÉ JUAN TABLADA, PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO Esta Tese foi julgada adequada para a obtenção do Título de “Doutora em Estudos da Tradução”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Florianópolis, 21 de setembro de 2017. __________________________________________

Prof. ª Dr. ª Dirce Waltrick do Amarante Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

____________________________ Prof. Dr. Walter Carlos Costa

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

____________________________ Prof. ª Dr. ª Martha Lucía Pulido

Presidente/ Coorientadora Universidad de Antioquia/ Universidade Federal de Santa

Catarina

____________________________ Prof.ª Dr.ª Marie-Hélène Torres

Universidade Federal de Santa Catarina

___________________________ Prof.ª Dr.ª Andréa Cesco Universidade Federal de Santa

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____________________________ Prof.ª Dr.ª Rosario Lázaro Igoa

Universidade Federal de Santa Catarina

___________________________ Prof. Dr. Júlio César Neves

Monteiro Universidade de Brasília

(Videoconferência)

____________________________ Prof. Dr. Robert de Brose Pires Universidade Federal do Ceará

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AGRADECIMENTOS

Sou muito grata ao meu orientador, Walter Carlos Costa, que me mostrou a infinidade de perspectivas e possibilidades dentro do universo acadêmico. Pessoa que admiro enormemente e tanto me ensinou, desde a iniciação científica até o doutorado. Devo tudo o que consegui na vida acadêmica ao apoio incondicional do meu estimado professor.

De maneira muito especial agradeço minha querida coorientadora Martha Lucía Pulido. Fui agraciada com sua orientação, amizade e leituras do mundo japonês em sua companhia (e de Salomé) em tardes lindas e frias de inverno. Pessoa que iluminou meu caminho nesta tese. Professor Rodolfo Mata, com sua generosidade intelectual, permitiu-me todo acesso ao mundo de Tablada através de um material riquíssimo que organizou e compartilhou. Seus estudos sobre Tablada constituíram a base principal para este trabalho. Sou muito grata por tudo o que me proporcionou e pela sua enorme receptividade.

Às professoras que participaram da banca de qualificação, Marie-Hélène Catherine Torres e Andréia Guerini. Juntas fizemos grandes eventos e aprendi, com carinho, a cuidar de um periódico com tamanho prestígio como a Cadernos de Tradução. Vocês estarão sempre nas minhas melhores lembranças da UFSC.

Pessoas absolutamente especiais na minha vida, Andréa Cesco e Rosario Igoa. Agora tenho a honra e privilégio de tê-las na defesa deste trabalho. Porém, sei que sempre estiveram presentes, de alguma maneira, em minha trajetória acadêmica e em minha vida.

Professores Júlio César e Robert de Brose, muito obrigada por aceitarem prontamente participar desta banca de defesa e contribuírem com seus comentários críticos, que são muito bem-vindos. Tenho esperança de futuras parcerias profissionais e novos aprendizados com vocês.

Amigos. Especialmente Pablo Cardellino Soto, que foi a pessoa com quem pude dividir durante muitas ocasiões angústias e indecisões de traduções e quem me ensinou muito sobre tradução e coleguismo. Excelente amigo e tradutor, que admiro muito. Mara Gonzales e Brenda Ruesta, amigas que compartilharam infinitos momentos comigo dentro e fora da academia, quando dividimos inquietações relacionadas às

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palavras em espanhol e, sobretudo, em relação ao mundo acadêmico e vida pessoal. Já sinto saudades demais de todos vocês.

Pessoas preciosas como Ingrid Bignardi e Lúcia da Silveira. Por terem me ajudado tanto em outras atividades acadêmicas especiais e, deste modo, proporcionaram-me momentos de tranquilidade para que eu pudesse me dedicar à pesquisa. Gratidão é o mínimo e a palavra que descreve meu sentimento por vocês, com enorme carinho.

Márcia Nakamura Horiuchi, uma anfitriã maravilhosa quando estive no Japão em 2016. Minha irmã de alma, minha referência familiar do outro lado mundo e amiga de muitos anos. Tatiane Azzolini, pela riqueza e enorme quantidade de material que me enviou diretamente do México, com a ajuda de Tatiane tudo começou...

Minha família. Meus sogros pelo enorme apoio, tia Kika que me ajudou quando a tese ainda contava com suas primeiras páginas. Lulu Goellner, cunhada artista que me auxiliou na primeira versão do abstract. Meu irmão querido, torcendo sempre por você e mamãe, motivação maior da minha vida, amor infinito pela mulher que mais admiro. Mesmo com todas as dificuldades da vida, superou tudo com otimismo, discrição e amor.

Meu amor, Jerônimo Goellner, companheiro há vinte anos. Aprendo todos os dias com você. Quando iniciei este doutorado, em 2013, batalhamos juntos por uma vida diferente e conseguimos! Idealizamos, imaginamos e sonhamos juntos com um Japão para, então, um dia ver de perto o país do sol nascente e nessa viagem busquei mais do que isso, procurei ver e sentir... como poderá ser percebido ao longo deste trabalho.

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RESUMO

O principal objetivo desta tese é apresentar o escritor mexicano José Juan Tablada por meio de uma tradução comentada, para a língua portuguesa, de uma seleção de suas crônicas. Foram analisadas três edições da obra En el país del Sol. A primeira delas é de 1919 (edição fac-similar, 2012). A segunda edição surgiu em 2005, organizada por Rodolfo Mata, na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), sendo esta uma versão digital e que foi usada como texto de partida para a tradução neste trabalho. A terceira edição foi organizada também na UNAM, porém por Jorge Ruedas de la Serna, em 2006, como edição crítica e faz parte de um conjunto maior de obras completas sobre Tablada. Além das edições existentes, a principal peculiaridade desses textos é seu caráter jornalístico, já que todas as crônicas foram publicadas originalmente na imprensa mexicana (entre 1894 e 1912) antes de serem agrupadas em forma de obra única em 1919. Trata-se de uma obra que explora, em toda sua extensão, a sofisticada cultura japonesa através de ricos detalhes, de acordo com o olhar e descrição de Tablada. Os textos estão inseridos no contexto modernista mexicano do final do século XIX e início do XX e o que se destaca dentro desse período no tocante às crônicas é o movimento em voga na Europa denominado japonismo, amplamente discutido

neste trabalho. Um dos principais recursos apresentados na análise

dessas crônicas é a noção de écfrase e a estreita relação entre o texto verbal e imagético nos textos de Tablada. Esta noção já havia sido explorada por Rodolfo Mata quando analisou as poesias do autor mexicano. Como base conceitual sobre écfrase são utilizados estudos de Umberto Eco, John Hollander, Ana Lia Gabrieloni, entre outros. São apresentadas, traduzidas e comentadas dez crônicas selecionadas da obra, que contém vinte e cinco textos no total. São discutidos vários desafios para o tradutor que imerge no universo complexo desse autor mexicano. Buscou-se na tradução a manutenção do maior número possível de traços estilísticos do texto tabladiano, do tom poético presente nessas crônicas, valorizando-se a produção do significado e também do sentido/sensibilidade que emergem do texto. Para traduzir essas crônicas é necessário ler, mas principalmente ver e sentir, exigências próprias de textos ecfrásticos como esses. Além disso, são consideradas questões lexicais pontuais, comentando-se o uso de estratégias tidas como estrangeirizantes no ato tradutório.

Palavras-chave: José Juan Tablada. Crônicas. Japonismo. Écfrase. Tradução comentada.

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ABSTRACT

The main objective of this thesis is to present the Mexican writer José Juan Tablada through an annotated translation into Portuguese of a selection of his chronicles. Three editions of En el país del Sol were analyzed. The first is from 1919 (facsimile edition, 2012), while the second edition, a digital version, was organized by Rodolfo Mata of the

Universidad Nacional Autónoma de Mexico (UNAM) in 2005. This

edition was used as the source text for the present translation. The third edition was also organized at UNAM, but by Jorge Ruedas de la Serna in 2006 as a critical edition, a volume in the complete works of Tablada. In addition to these editions, the main peculiarity of these texts is their journalistic character, since all the chronicles were originally published separately in the Mexican press (between 1894 and 1912) before being grouped together as a single work in 1919. En el país del Sol explores, in all its breadth, the sophistication of Japanese culture through the wealth of detail its author provides. The texts’ framework is Mexican modernism of the late nineteenth and early twentieth centuries, and what stands out in this period in relation to chronicles is the Japonism movement in vogue in Europe, which is thoroughly discussed in this work. One of the main features presented in the analysis of these chronicles is the notion of ekphrasis and the close relation between the verbal and imaginary text in Tablada’s work. This issue has been previously explored by Rodolfo Mata in his analysis of Tablada’s poetry. Studies by Umberto Eco, John Hollander, Ana Lia Gabrieloni and others are used as a conceptual basis for ekphrasis. Of the original twenty-five chronicles, ten have been selected here for presentation, translation and comment. A number of challenges are discussed for translators who wish to penetrate the complex world of this Mexican author. The translation sought to maintain the greatest possible number of stylistic features of these chronicles and their poetic tone, valuing the production of meaning as well as the sense and sensitivity that emerge from the text. To translate these chronicles it is not only necessary to read, but to see and feel, i.e. the proper requirements of ekphrastic texts such as these. A number of lexical points are also considered with respect to the use of foreignizing strategies in the translation act.

Keywords: José Juan Tablada. Chronicles. Japonism. Ekphrasis. Commented translation.

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RESUMEN

El principal objetivo de esta tesis es presentar al escritor mexicano José Juan Tablada por medio de una traducción comentada, al portugués, de una selección de sus crónicas. Fueron analizadas tres ediciones de la obra En el país del Sol. La primera de ellas es del año 1919 (edición facsímile, 2012). La segunda edición surgió en el año 2005, organizada por Rodolfo Mata en la Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), siendo esta una versión digital y que ha sido utilizada como texto de partida para la traducción en este trabajo. La tercera edición también se organizó en la UNAM; pero a cargo de Jorge Ruedas de la Serna en 2006, como una edición crítica, que forma parte de un gran conjunto de obras completas sobre Tablada. Además de las ediciones existentes, la principal particularidad de esos textos es su carácter periodístico, ya que todas las crónicas fueron publicadas originalmente en la prensa mexicana (entre 1894 y 1912) antes de haber sido agrupadas en forma de obra única en 1919. Se trata de una obra que explora, en toda su extensión, la sofisticada cultura japonesa con riqueza de detalles, de acuerdo con la mirada y descripción de Tablada. Los textos se insertan en el contexto modernista mexicano de fines del siglo XIX e inicio del XX y lo que se destaca dentro de ese periodo, en materia de crónicas, es el movimiento en boga en Europa denominado japonismo, ampliamente discutido en este trabajo. Uno de los principales recursos explorados en el análisis de estas crónicas es la noción de la écfrasis, aplicada en muchos momentos de la escritura, y la estrecha relación entre el texto verbal y las imágenes en los textos de Tablada. Esta noción ya había sido explorada por Rodolfo Mata al analizar las poesías del autor mexicano. Como base conceptual sobre écfrasis son utilizados estudios de Umberto Eco, John Hollander, Ana Lia Gabrieloni, entre otros. Son presentadas, traducidas y comentadas diez crónicas seleccionadas de la obra, que contiene veinticinco textos en total. Se discuten varios desafíos para el traductor que tiene su inmersión en el universo complejo de ese autor mexicano. Se buscó en la traducción mantener el mayor número posible de rasgos estilísticos del texto tabladiano, del tono poético presente en esas crónicas, valorizando la producción del significado y también del sentido/sensibilidad que emer-gen del texto. Para traducir esas crónicas es necesario leer, pero sobre todo ver y sentir, exigencias propias de textos ecfrásticos como ésos. Además, se consideran cuestiones lexicales puntuales, comentándose el uso de estrategias consideradas como extranjerizantes en la traducción. Palabras clave: José Juan Tablada. Crónicas. Japonismo. Écfrasis. Traducción comentada.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Pintura de Van Gogh - The Courtesan (after

Eisen) - (1887) ...41

Figura 2. Pintura de Van Gogh - Père Tanguy - (1887) ...43

Figura 3. Pintura de Claude Monet - La Japonaise

(1876) ...44

Figura 4. Pintura de Claude Monet - Bridge over a Pond

of Water Lilies - (1899) ...45

Figura 5. Aquarela: Puerta del jardín de thé en Golden

Gate Park. ...54

Figura 6. Poema “Huella” ...56

Figura 7. Poema “Creyendo” ...57

Figura 8. Pintura de Watteau - L'embarquement pour

Cythère ...85

Figura 9. Pintura de Kunisada, imagem cedida por Horst

Graebner. ...95

Figura 10. Pintura de Kunisada, imagem cedida por Horst

Graebner. ...96

Figura 11. Pintura de Toyokuni (Courtesan) ...97

Figura 12. Pintura de Toyokuni (The Courtesan Fujiwara

of the Tsuruya House) ...98

Figura 13. Pintura de Paolo Uccello - La Bataille de San

Romano ...132

Figura 14. Pintura de Torii Kiynobu - The death of prince

Suzuka ...134

Figura 15. Imagem do periódico El Tiempo Ilustrado ...148

Figura 16. Capa da 1ª edição (1919) publicada em New

York, por D. Appleton and Company ...150

Figura 17. Capa da edição fac-similar publicada por Nabu

Public (2012) ...151

Figura 18. Capa da edição eletrônica (2005), publicada

pela UNAM ...154

Figura 19. Primeira página da tradução publicada na

(16)

Figura 20. Página final da tradução publicada na Revista

Moderna ... 158

Figura 21. Capa da edição impressa (2006), publicada

pela UNAM ... 167

Figura 22. Poema Bambú em: El Jarro de Flores

(Disociaciones líricas) ... 222

Figura 23. Imagem da revista Le Japon Artistique;

(17)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tabela com traduções de Tablada, elaborada por

Rodolfo Mata. ...63

Tabela 2. Tabela com poema de Tablada e tradução de

Ronald Polito ...77

Tabela 3. Tabela com as colunas dos periódicos

mexicanos, de crônicas sobre New York ...119

Tabela 4. Tabela com o índice de todas as crônicas de En

(18)
(19)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 21

1 CONTEXTO LITERÁRIO DE TABLADA E DE

EN EL PAÍS DEL SOL ... 33

1.1 CONTEXTO LITERÁRIO DE TABLADA:

MODERNISMO E O JAPONISMO NA SEGUNDA

METADE DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX ... 35

1.2 O PAPEL DAS REVISTAS LITERÁRIAS

MEXICANAS: TABLADA TRADUTOR, CRÍTICO LITERÁRIO E DE ARTE ... 58

1.3 TABLADA TRADUTOR E TABLADA

TRADUZIDO NO BRASIL ... 62 1.3.1 Tablada tradutor ... 62 1.3.2 Tablada traduzido no Brasil ... 75

1.4 RECURSO ECFRÁSTICO: DIÁLOGOS ENTRE A

IMAGEM E A LETRA EM TABLADA ... 80 2 CRÔNICAS DE TABLADA ... 101 2.1 CRÔNICAS: CONSIDERAÇÕES GERAIS ... 103

2.2 TABLADA CRONISTA: CRÔNICAS MEXICANAS,

NOVA-IORQUINAS, PARISIENSES. ... 108 2.2.1 Crônicas mexicanas -“México de Día y de Noche”

(1936-1939) ... 109 2.2.2 Crónicas neoyorquinas - “La Babilonia de Hierro”

(1920-1936) ... 118 2.2.3 Crónicas parisienses – “Los días y las noches en París”

(1911-1912) ... 125

2.3 CRÔNICAS JAPONESAS - EDIÇÕES DE EN EL

PAÍS DEL SOL ... 135 2.3.1 Crônicas japonesas publicadas em periódicos,

descrição e análise. ... 135 2.3.2 En el País del Sol (1919) - edição publicada em New

York ... 149 2.3.3 En el País del Sol (2005). Edição organizada pela

UNAM, por Rodolfo Mata ... 153 2.3.4 En el País del Sol (2006). Edição organizada pela

UNAM, por Jorge Ruedas de la Serna ... 155 3 TRADUÇÃO DAS CRÔNICAS ... 169

(20)

3.1 LIMINAR ... 171

3.2 PARVA LUTECIA ... 173

3.3 ALBORADA JAPONESA ... 184

3.4 “AT HOME” ... 187

3.5 EL “DJINRICHI” ... 188

3.6 LA CEREMONIA DEL TÉ (CHA-NO-YÚ) ... 190

3.7 BUCÓLICA ... 203

3.8 LA GLORIA DEL “BAMBÚ” ... 207

3.9 EL DESPERTAR DE LA “MUSMÉ” (ACUARELA DE “KUNISADA”) ... 213

3.10 LA ELECCIÓN DEL VESTIDO (ESTAMPA DE TOYOKUNI) ... 215

4 COMENTÁRIOS ACERCA DA TRADUÇÃO ... 217

4.1 EXPLORAÇÃO DA TEMÁTICA E SELEÇÃO DE TEXTOS PARA TRADUÇÃO ... 219

4.2 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES: TIPO DE ABORDAGEM TEÓRICA E DESAFIOS PONTUAIS ... 225

4.3 RECURSO ESTILÍSTICO: estrangeirismos... 259

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 269 REFERÊNCIAS ... 275 ANEXOS ... 289 ANEXO I ... 291 ANEXO II ... 293 ANEXO III ... 299

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(22)
(23)

Distintos cantos a la vez; La pajarera musical Es una torre de Babel (TABLADA, 2008b, p.15) O principal objetivo desta tese é apresentar ao público brasileiro o intelectual mexicano José Juan Tablada e sua obra de crônicas sobre o Japão, por meio de uma tradução comentada para a língua portuguesa, de uma seleção de suas crônicas provenientes da obra En el país del sol. Buscou-se reproduzir neste trabalho, um século depois, as impressões e olhar de Tablada sobre o Japão da virada do século XIX, em outra língua e em outro contexto cultural, o que implica além de uma tradução linguística, uma tradução que leva em conta elementos culturais. A obra completa apresenta vinte e cinco crônicas sobre a cultura japonesa e sua primeira edição foi publicada em Nova Iorque, em 1919, em língua espanhola. Neste trabalho ofereço uma proposta de tradução inédita para o português brasileiro, de parte da obra, contendo dez crônicas selecionadas dentre as vinte e cinco que compõem o livro e que oportunamente serão apresentadas uma a uma. Também aponto o critério escolhido na seleção dos textos para tradução e discutido os aspectos mais relevantes do contexto literário do autor, do conjunto de sua obra e, em especial, desse livro de crônicas japonesas. São explanados os desafios e as opções tradutórias ao longo do processo.

Em relação ao inedistismo de trabalhos acadêmicos, no Brasil, sobre as crônicas japonesas de Tablada, ao que se saiba, até o momento, não há nenhum estudo acadêmico de profundidade sobre o autor e nem, especificamente, sobre a obra En el país del sol. Há, no entanto, alguns trabalhos dedicados à sua poesia. Uma pesquisa sobre Tablada no sistema da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD)1, pertencente ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e na plataforma Lattes, em uma análise “por assunto”, produziu alguns poucos resultados. A consulta realizada na

1

Para saber mais sobre BDTD: <http://wiki.ibict.br/index.php/Bibliotecas_D igitais_de_Teses_e_Dissertações>. Esta base inclui universidades de todo o Brasil, compondo um número de 109 instituições públicas e privadas, nas esferas federal, municipal e estadual.

(24)

BDTD não recuperou nenhum resultado no Brasil relativo a En el país del sol, de José Juan Tablada2.

Uma pesquisa no Lattes3, no currículo de doutores e mestres também indica que nada foi escrito no Brasil sobre En el país del sol. Os dois únicos resultados encontrados e que se referem ao livro traduzido nesta tese são, exatamente: um trabalho organizado no México por Rodolfo Mata (um dos principais especialistas no assunto e que serve de base para esta pesquisa) e este trabalho, precisamente.

Até o momento pouquíssimos pesquisadores no Brasil são identificados com alguma publicação referente a Tablada e, deste total, temos registro de uma resenha de André Fiorussi sobre a obra poética traduzida e publicada pela Edusp (2008), um trabalho de catalogação de imagens japonesas elaborado por Celina Kuniyoshi (UnB) onde são apresentados arquivos e gravuras japonesas colecionadas pelo autor (projeto realizado por ela na UNAM), além de alguns artigos sobre vários poetas hispano-americanos onde Tablada é incluído. Há, ainda, trabalhos de graduação, ou mestrado, sobre a produção de haiku que envolvem outros poetas além de Tablada, não sendo ele o principal objeto dessas pesquisas. Ou seja, a busca na principal plataforma de pesquisadores acadêmicos ativos no Brasil, Lattes, que oferece integração de bases de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições, demonstra a ausência de trabalhos desenvolvidos neste país relacionados às crônicas de José Juan Tablada, que são abundantes e devem ser consideradas não somente pelo número expressivo de textos, mas como potencial e prolífico campo para pesquisadores sobre o japonismo no continente americano.

A relevância literária de Tablada no México e no cenário hispano-americano pode ser mensurada através de múltiplas considerações de críticos e intelectuais das Letras, ao longo da tese. Seleciono algumas reflexões de Octavio Paz, publicadas em um ensaio introdutório sobre a tradução de Sendas de Oku, de Matsuo Bashō (tradução realizada pelo próprio Paz e Eikichi Hayashiya) onde o crítico julga ser “injusta e lamentável” a falta de visibilidade em relação a Tablada, seja por falta de estudos críticos sobre a vanguarda hispano-americana, nos quais o

2

Nesta base o único trabalho registrado é uma dissertação defendida na UnB sobre haikais, que menciona Tablada. Para saber mais sobre a dissertação: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/10992>.

3

Pesquisa realizada em 2014 e replicada em 05 agosto de 2017 obtendo os mesmos resultados. As imagens desta pesquisa podem ser conferidas no anexo desta tese.

(25)

autor esteja inserido, ou pelo fato dele não aparecer em antologias hispano-americanas, entre outras situações (PAZ, 1981, p. 20). Nesta tese, amplio essa queixa de Paz em relação à falta de destaque dada ao autor, também, quando analisamos suas crônicas japonesas e reivindico, como pesquisadora, um estudo mais aprofundado e traduções elaboradas desses textos, como meio de disseminar sua literatura e seu japonismo no Brasil.

Octavio Paz reforça a importância e influência que Tablada exerce em outros autores, inclusive nele mesmo, quando declara que seu interesse inicial pela poesia japonesa se deu através da leitura de textos de Tablada “La influencia de Tablada fue instantánea y se extendió a toda la lengua. Se le imitó muchísimo y, como siempre ocurre, la mayoría de esas imitaciones han ido a parar a los inmensos basureros de la literatura no leída.” (PAZ, 1981, p. 24).

Além de escassos trabalhos sobre o autor no Brasil, o que se enfatiza nesta tese é o fato de não haver registro sobre a tradução destas crônicas para nenhum idioma4. A presente tradução será, portanto, a primeira tradução parcial da obra para um idioma estrangeiro. Como objetivo futuro, para pesquisa em nível de pós-doutorado, a ideia é apresentar uma tradução completa da obra, com possibilidade de publicação bilíngue espanhol-português e com paratextos que incluam imagens de pinturas japonesas relacionadas aos textos e comentários relevantes sobre o japonismo do autor.

Em relação às edições de En el País del Sol, estas são exíguas e sobre elas e suas particularidades me aprofundarei oportunamente. Apenas antecipo que a obra é uma coletânea de crônicas escritas por José Juan Tablada sobre o Japão e o tema principal é sua viagem àquele país, que se deu no ano 19005.

Sobre a veracidade da viagem existem muitas discussões, já que alguns críticos, como Jorge Ruedas de la Serna6, fazem questionamentos e especulações sobre a fidedignidade desse fato. No entanto, assumimos

4

Até o momento nenhuma informação foi encontrada sobre uma eventual tradução da obra.

5

Na obra de crônicas editada em 1919 foram inseridos textos anteriores e posteriores à viagem de 1900.

6

A partir deste momento, poderemos usar uma abreviação dos nomes que se repetirão dezenas de vezes na tese, como Jorge Ruedas de La Serna: “Ruedas de La Serna”, bem como Rofolfo Mata, que poderá aparecer simplesmente como “Mata” (sobrenomes que aparecem na lista de referência bibliográfica).

(26)

e tomamos como verdade esta façanha de Tablada uma vez que as principais fontes que servem de base e consulta para esta tese validam a viagem e a enriquecem com detalhes. Seja ela uma viagem factual ou imaginária de Tablada, isso não tem tanta importância para o estudo, uma vez que o valor literário e as discussões em torno da obra e da tradução, essas sim, realmente são relevantes. Fato é que na crônica tabladiana reside o valor testemunhal do autor diante de tudo que vive, vê ou lê sobre a realidade japonesa. A seguir, uma concepção genérica sobre crônica que pode ser estendida a Tablada no caso das crônicas japonesas:

Todo o encanto da crônica reside, então, na articulação de uma representação sugestiva de uma realidade qualquer, o [sic] mais frequentemente sem relação direta com a atualidade imediata, e de uma presença autoral que exprime com aforismos, apreciações surpreendentes, comentários empáticos ou irônicos. (VAILLANT, 2015, p. 193).

Embora a veracidade comprovada7 da viagem não seja essencial para a pesquisa e mesmo assumindo neste trabalho que de fato houve a inserção presencial de Tablada no mundo japonês, é necessário ressaltar aspectos sobre a cronologia dos textos que suscitam desconfiança em alguns estudiosos em relação à autenticidade desse empreendimento. Rodolfo Mata (2005, p. 18)8, no prólogo da edição que organizou, confirma que as datas que constam em muitos artigos não seguem uma ordem cronológica, o que poderia indicar que o autor enviava os textos diretamente do Japão de maneira não sequencial, conforme eram elaborados e eram publicados na Revista Moderna. Outras ocorrências demonstrariam certa inconsistência entre fatos ocorridos e mencionados nos textos do autor (e respectivas datas de assinatura desses mesmos textos) ou ainda a ausência de comentários, por exemplo, de um evento importante como a peste bubônica que abatia São Francisco enquanto estava Tablada de passagem por aquele local e escrevendo sobre a cidade no mesmo período (junho de 1900). Sobre essas possíveis

7

Artigo que afirma comprovar a viagem de Tablada, inserido na página ofi-cial da UNAM (dedicada ao autor): < http://www.tablada.unam.mx/pasajero-21.html>.

8

Para maiores detalhes, confira a edição usada como texto de partida para esta tese (TABLADA, 2005). Disponível em: <http://www.tablada.unam.mx /paisol.pdf>.

(27)

inconsistências Ruedas de la Serna (2006) discorre em várias páginas de seu prólogo, fazendo uso de conjecturas e questionamentos, e se pergunta se Tablada, então, não poderia ter escrito essas crônicas a partir de pura abstração literária. O organizador da edição crítica insere detalhes históricos de fontes diversas que reforçam os seus questionamentos. Mesmo não tendo convicção da viagem, o que Ruedas de la Serna sublinha é que “ningún otro modernista de América Latina se documentó o estudió tanto del Japón como Tablada” (RUEDAS DE LA SERNA, 2006, p. 53). De qualquer forma, o próprio crítico finaliza essa especulação com os seguintes dizeres:

[…] Pero estas no son más que conjeturas, como todas las que se han levantado hasta ahora […] Lo único cierto es que cuando Tablada abandona su pequeño diario y deja de registrar los acontecimientos del miércoles 169 de mayo de 1900, en ese momento terminó la crónica a ras del suelo y comenzó el gran vuelo de su imaginación poética, que es lo más valioso de este libro, porque de vuelo surgen algunas de las más bellas páginas de la literatura mexicana. (RUEDAS DE LA SERNA, 2006, p. 44).

Deixando de lado a questão da efetividade da viagem, concentro-me na origem dos textos que compõem a obra de 1919, todos10 advindos de publicações em periódicos.

Originalmente, as crônicas foram publicadas em diversos periódicos11 mexicanos, em um período que abrange dezoito anos de publicação (de 1894-191212), detalhadas no segundo capítulo desta tese.

9

A viagem de Tablada, anunciada em muitos jornais na época, se deu em 15 de maio de 1900 (Nota minha).

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A única exceção será comentada oportunamente.

11

Embora atualmente o uso do termo periódico não seja corrente ao designar jornais e revistas comerciais e seu uso mais comum seja para fazer referência à revista acadêmica, neste trabalho será usado indiscriminadamente para fazer referência aos jornais ou revistas de circulação comercial, como os da época de Tablada. O mesmo se aplica ao termo periodista, como sinônimo de jornalista ao longo do texto.

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Menciono que são ao menos 18 anos, pois há uma única crônica sem identificação de data de publicação em periódico e que pode ter sido escrita após 1912, especialmente para a publicação de 1919. O ano confirmado da última crônica publicada que compõe a obra En el país del sol é 1912.

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Após a organização desta coletânea de crônicas, transformada em obra e publicada em 1919 em New York, transcorreram 86 anos até que outra edição viesse à luz. Desta vez, tratou-se de uma edição cuidadosa e com uma série de correções, já que a edição norte-americana apresentava inúmeros problemas de edição (ortográficos, de gênero, de pontuação etc.). Essa nova edição (TABLADA, 2005) faz parte de um amplo projeto de Rodolfo Mata, realizado na UNAM - Universidad Nacional Autónoma de México, que apresenta diversas obras do autor mexicano, disponibilizadas on-line13, acompanhadas de uma grande quantidade de paratextos, contendo índices, um rico acervo de imagens e textos complementares. O responsável pelo projeto (Proyecto Letra e Imagen: Literatura Mexicana en CD-ROM e Internet14) nos indica o objetivo e expectativas dessa iniciativa:

A lo largo de estos años, los integrantes del proyecto trabajamos con la convicción de que los medios electrónicos ofrecen grandes posibilidades a los estudios literarios y artísticos en general. Si en un principio nos propusimos la ambiciosa meta de colocar en internet la página más completa que existiera en ese medio de un escritor mexicano, ahora vemos que nos encontramos camino a ella. (MATA, 2014a).

En el país del sol está disponível em versão eletrônica, o que facilita sua leitura e a disseminação da obra15. Nesta edição de 2005 são oferecidas mais de uma centena de notas pelo editor, que esclarecem o processo de revisão e opções editoriais da reedição da obra publicada em 1919. Rodolfo Mata, através de um prólogo bastante elucidativo, nos adverte:

[…] esta edición fue pensada para ser publicada en internet, por tres motivos fundamentales: el medio ofrece posibilidades de difusión enormes en comparación con una edición en papel, crea la oportunidad de establecer un diálogo más dinámico con los interesados y permite corregir

13

Para maiores detalhes sobre o site e todo o material digital disponível, cf. MATA, 2014b. Acesse: <http://www.tablada.unam.mx/>.

14

Para maiores detalhes, cf. MATA, 2014a. Disponível em: <http://www.tablada.unam.mx/procona.html>.

15

Para maiores detalhes, cf. TABLADA, 2005. Disponível em: <http://www.tablada.unam.mx/paisol.pdf>.

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cualquier error (así como ampliar los comentarios en torno al texto). (MATA, 2005, p. 26).

A partir desta ideia executada na UNAM, de ampla divulgação na internet do conjunto da obra de Tablada, foi solicitada ao editor e organizador da reedição de 2005, Rodolfo Mata, uma autorização16 para que o texto organizado por ele fosse utilizado nesta pesquisa como texto de partida para a tradução. Desta forma, o público leitor desta tese terá fácil acesso ao texto de partida e também ao texto de chegada, fruto deste trabalho, já que ambos estarão disponíveis na Web e os leitores poderão cotejá-los, o que contribuirá para a propagação da obra em espanhol e de sua tradução para o português brasileiro. Outros motivos reforçam a escolha dessa edição como texto de partida, como, por exemplo, o fato de ter sido a primeira edição realizada décadas após a polêmica publicação de En el país de sol, em 1919. Destaca-se aqui a preocupação do organizador Mata em fazer o cotejamento entre as crônicas publicadas no livro de 1919 e os textos publicados entre 1894 e 1912 em jornais mexicanos.

Outra edição de En el país del sol, também de grande importância para pesquisadores do autor mexicano, foi publicada um ano após a edição eletrônica. Trata-se de uma edição impressa e crítica, organizada por Jorge Ruedas de la Serna, também da UNAM (TABLADA, 2006).

Neste momento introdutório ofereço uma descrição muito sucinta dos principais assuntos abordados nas 25 crônicas que compõem a obra17, que apresenta variadíssima temática sobre a cultura nipônica e sobre a viagem do autor ao Japão entre 1900-1901. Nesses textos são detalhados eventos cotidianos do costume japonês, objetos e rituais. A natureza é descrita de maneira minuciosa; a mulher japonesa merece destaque por sua singeleza; a arte, em especial a pintura, está presente em muitas passagens ao longo de todo o texto. Há centenas de referências eruditas, vocabulários específicos sobre arquitetura, artesanato, pintura e menções a artistas japoneses e europeus estão em toda obra. As cores, efeitos sinestésicos, ecfrásticos e o tom poético permeiam toda a escrita de Tablada.

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Solicitação atendida em 01/08/2015.

17

No capítulo 2 da tese, cada crônica será examinada e haverá um cotejamento entre os textos publicados originalmente em periódicos e depois reeditados na obra em 2005.

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Feitas as considerações iniciais da definição da obra traduzida neste trabalho e da edição escolhida como texto de partida, passo, então, à apresentação dos capítulos da tese.

No primeiro capítulo “Contexto literário de Tablada e da obra En el país del sol”, são tratados de forma breve o Modernismo e Vanguardismo hispano-americanos, movimentos nos quais Tablada foi referência e participou intensamente. Escritores e críticos hispano-americanos, com ensaios clássicos sobre o tema, servem de base para esta apresentação, como Max Henríquez Ureña (1962) e Octavio Paz (1987). Também discuto o papel das revistas literárias mexicanas, veículo fundamental na época para a exposição e circulação dos textos de Tablada, incluindo as crônicas japonesas. Neste capítulo descrevo, de maneira sucinta, as atividades do autor como crítico literário, crítico de artes e destaco o papel de Tablada tradutor nessas revistas e jornais. Ainda sobre o contexto literário, abordo o japonismo, fenômeno importante a partir da segunda metade do século XIX e início do XX, com ampla repercussão na Europa, relacionado principalmente às artes e à literatura. Também abordo a chegada do japonismo no contexto hispano-americano, sobretudo, no México. De maneira mais detalhada é desenvolvida a questão do japonismo de Tablada através da discussão e aprofundamento em um estudo fundamental sobre o tema, realizado por Atsuko Tanabe. Discorro brevemente sobre o Tablada poeta, especialmente no que diz respeito a sua relação com o Japão e a forma poética haiku.

Ainda no primeiro capítulo, aponto uma questão que surge nas crônicas de Tablada e que é um ponto central na análise desses textos: a relação entre imagem e escrita. O autor utiliza o recurso ecfrástico em várias crônicas e sobre esse exercício retórico, considerado de transcrição semiótica, trato de maneira mais apropriada no subcapítulo 1.4 desta tese.

No segundo capítulo examino as crônicas escritas pelo autor, fazendo inicialmente algumas considerações gerais sobre crônicas “periódico-literárias”. Discuto a função de jornalista exercida por Tablada durante 54 anos e apresento um resumo de outras crônicas escritas por ele: crônicas mexicanas, nova-iorquinas e parisienses. É disponibilizado um quadro no qual as crônicas que compõem a obra En el país del sol são destacadas e organizadas cronologicamente, desde suas publicações em jornais até a organização dos textos editados como obra única em 1919. Proponho uma breve análise de cada texto da obra de 1919 e, por razões metodológicas, as 25 divisões do índice são tratadas como 25 capítulos. Foi feito o cotejamento dessas crônicas,

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apresentadas como capítulos da obra, com os respectivos textos publicados originalmente em periódicos.

Neste mesmo capítulo apresento as duas edições de En el País del Sol, ambas reeditadas pela UNAM, sendo a edição eletrônica de 2005, organizada por Rodolfo Mata e a edição impressa de 2006, organizada por Jorge Ruedas de la Serna. Fazendo o cotejamento, com brevidade, evidencio alguns de seus principais paratextos, como complemento da pesquisa.

No capítulo três apresento a tradução dos textos, para o português brasileiro, elaborada para esta tese e seu respectivo texto de partida em espanhol (TABLADA, 2005), lado a lado, dispostos em colunas.

No quarto e último capítulo deste trabalho são feitos os comentários a respeito da tradução realizada. Neste projeto de tradução, o propósito é manter as características estilísticas do texto de partida, ainda que algumas passagens possam gerar estranhamentos. Muito embora haja referenciais teóricos como Friedrich Schleiermacher, Paulo Henriques Britto, Antoine Berman, entre outros, não me restrinjo às teorias e conceitos tratando-os como regras rígidas, mas parto da ideia de uma tradução que leve em conta o texto de partida, avaliando suas características fundamentais e que se aproxime o máximo possível do mesmo. Considero esta uma tradução com menos preocupação comercial ou com intuito de ser voltada ao grande público, e sim uma tradução elaborada para discussão acadêmica, com possibilidade de futuro cotejamento e aperfeiçoamento estético e formal em novas traduções.

São abordadas questões nucleares, como os recursos estilísticos usados por Tablada, o uso sistemático de palavras e expressões estrangeiras, uso abundante de adjetivos e cores, suas colocações literárias, o poder ecfrástico de Tablada na escrita desses textos, entre outras questões relevantes na prática tradutória. Nas considerações finais examino a eventual contribuição da tese na compreensão de En el país del sol, na disseminação do conjunto da obra de José Juan Tablada no Brasil e nas discussões produtivas na área dos Estudos da Tradução. Também comento sobre a possibilidade de prosseguimento de pesquisas futuras com os textos japoneses de Tablada.

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CONTEXTO LITERÁRIO DE TABLADA E DE EN EL PAÍS DEL SOL

1 CONTEXTO LITERÁRIO DE TABLADA E

DE EN EL PAÍS DEL SOL

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1.1 CONTEXTO LITERÁRIO DE TABLADA: MODERNISMO E O JAPONISMO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX

José Juan Tablada (1871-1945) foi um escritor, diplomata e jornalista mexicano que transitou entre os séculos XIX e XX, atuando neste período em movimentos literários importantes no continente como o modernismo e o vanguardismo. Cabe notar que o mesmo período relativo ao modernismo no Brasil corresponde ao período de movimento vanguardista nos países de língua espanhola e que, portanto, essa fase temporal referente ao modernismo hispano-americano corresponde ao simbolismo brasileiro. Feita a ressalva, a concentração neste trabalho está centrada no modernismo hispano-americano e, particularmente, no modernismo mexicano, no qual Tablada é indiscutivelmente um expoente. O autor é considerado um dos principais representantes do modernismo mexicano e também introdutor de elementos que antecipam o movimento vanguardista. Rodolfo Mata, em uma antologia sobre Tablada, destaca esse papel pioneiro do autor:

[…] no sólo fue un poeta que entendió la modernidad cuando ésta asomó su rostro a nuestras letras sino que comprendió y practicó la proyección de sus ímpetos de cambio en los gestos de ruptura radical de la vanguardia. (MATA, 2007, p. 15).

Rodolfo Mata indica elementos que seriam característicos da estética modernista de Tablada, valorizando sua capacidade de abertura ao novo, sublinhando a relevância do autor no cenário literário mexicano, sobretudo no que se refere a:

[…] incorporación de temáticas novedosas y la transgresión de códigos estéticos y morales. Su japonismo, su erotismo y su diabolismo lo hicieron célebre y lo llevaron a suscitar polémicas que determinaron los rumbos de la literatura mexicana como la que se fraguó en torno al tema del decadentismo. (MATA, 2007, p. 15, grifo meu).

Sobre seu olhar visionário e antecipador das vanguardas, Rodolfo Mata (2008, p. 111-113) esclarece que o autor não se afiliou a um

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movimento específico (como o dadaísmo, surrealismo, etc) e superou a poética modernista ao introduzir o haiku na poesia hispano-americana e, ainda, antecipou a escrita ideogramatica com o caligrama. Mata ressalta que no momento de explosão das vanguardas na América Latina, Tablada já havia explorado renovações temáticas que os movimentos de vanguarda ainda buscavam, não necessitando, então, rupturas bruscas, pois já era uma personalidade literária consolidada.

Armando Pereira (2000, p. 284) no Diccionario de Literatura Mexicana- Siglo XX – UNAM, ao tentar classificar Tablada dentro de algum período literário, define-o não como modernista, mas como pós-moderno: “Se le considera como el autor que une al posmodernismo con las vanguardias”.

Octavio Paz, em carta dirigida a Arnaldo Orfila (PAZ; ORFILA, 2005, p. 31-35), aproxima Tablada a outros escritores como Gutiérrez Nájera e López Velarde e os descreve como: “poetas que agregan algo que no existía en la poesia de sus antepasados inmediatos. Son una ruptura y un comienzo”. Nessa mesma carta (onde é discutido um projeto para organizar uma antologia de poetas mexicanos que representem o cenário literário do país), Octavio Paz agrupa alguns autores escolhidos em quatro categorias: modernistas, pós-modernistas, vanguardistas e jovens poetas. Tablada aparece nessa segmentação de Paz como pós-modernista e segundo ele “[...] Como precursor de la vanguardia tiene extraordinaria importancia”, mas obviamente Tablada não se encaixa em uma categoria rígida e exclusiva, é um escritor vanguardista e sempre aberto. Octavio Paz (1965) menciona em outro momento a postura eclética e inovadora de seus escritos:

[…] la obra de José Juan Tablada es una pequeña caja de sorpresas, de la que surgen en aparente desorden plumas de avestruz, diamantes modernistas, marfiles chinos, idolillos aztecas, dibujos japoneses, una calavera de azúcar, una baraja para decir la buena ventura, un grabado de “La Moda de 1900”, el retrato de Lupe Vélez cuando bailaba en el Teatro Lírico, un lampadario, una receta de las monjas de San Jerónimo que declara cómo se hace la conserva de tejocotes, el arco de Arjuna … fragmentos de ciudades, de paisajes, de cielos, de mares, de épocas. Cada poema encierra muchas riquezas, muchas alegrías, si el lector sabe mover el resorte oculto. Y nunca se sabe cuál será la sorpresa que nos aguarda: si el

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diablo que nos guiña el ojo o el payaso que nos saca la lengua o una rosa que es una bailarina. (PAZ, 1965, p. 80-90).

O modernismo aqui aludido é o ocorrido no México que se instala progressivamente nos últimos vinte anos do século XIX e início do XX. Neste trabalho é feito este recorte mesmo entendendo que existem inúmeras interpretações teóricas que validam uma multiplicidade de “modernismos”, seja dentro de cada país ou mesmo em cada autor. O que nos importa destacar são algumas características gerais desse amplo movimento que estejam presentes nos textos de Tablada, sobretudo nas crônicas japoenesas.

Ao tentarmos identificar em que país e com que autor teriam sido dados os primeiros passos em direção ao que mais tarde foi classificado como modernismo, deparamo-nos com argumentos controversos e opiniões diversas entre críticos. Armando Pereira, por exemplo, no citado Diccionario de Literatura Mexicana- Siglo XX resume no verbete “modernismo” (PEREIRA, 2000, p. 225-226) alguns posicionamentos de críticos, dentre eles, o de Max Henríquez Ureña que argumenta que o marco inicial do modernismo hispano-americano poderia ser considerado em 1882, com o cubano José Marti. No mesmo verbete outros críticos como Ángel Rama, apontam Rubén Darío como o precursor do movimento com seu livro Prosas Profanas, em 1896. Henríquez Ureña inclui autores mexicanos no início do modernismo quando menciona que a obra de Gutiérrez Nájera, Cuentos frágiles de 1883, já continha traços modernistas. Armando Pereira acrescenta outros dois autores como precursores do modernismo: o cubano Julián del Casal, com Hojas del viento de 1890 e o colombiano José Asunción Silva, com seu poema Nocturno, de 1894. Todos esses escritores apresentariam, em maior ou menor grau, características da revolução estética modernista, de acordo com esses críticos.

De maneira resumida, comento o que foi o modernismo hispano-americano, recorrendo às considerações de Max Henríquez Ureña em seu clássico Breve historia del modernismo, de 1962, que delineia características do movimento e o define como “Revolución Literaria en la América Española”:

[...] en el modernismo encontramos el eco de todas las tendencias literarias que predominaran en Francia a lo largo del siglo XIX: el parnasianismo, el simbolismo, el realismo, el naturalismo, el impresionismo y, para completar el cuadro, también el romanticismo cuyos excesos combatía,

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pues los modernistas no repudiaron el influjo de los grandes románticos, en cuanto tenían de honda emoción lírica y de sonoridad verbal. (HENRÍQUEZ UREÑA, 1962, p. 12).

Neste trabalho saliento um aspecto que mais interessa à pesquisa dentro do movimento modernista hispano-americano: o gosto pelo exotismo. O exotismo relacionado ao Oriente foi entusiasticamente adotado por autores europeus e mexicanos, dentre eles, José Juan Tablada. A propósito do gosto pelo exotismo, afirma Henríquez Ureña:

[…] También en el modernismo encontró eco el exotismo, que salva la distancia en el espacio como la evocación de épocas pretéritas la salva el tiempo. La manifestación más reiterada de exotismo en la época modernista fue la de buscar motivos de inspiración en el extremo Oriente: China y el Japón. (HENRÍQUEZ UREÑA, 1962, p. 20, grifo meu).

Ainda que Tablada tenha desenvolvido o gosto pelo exótico, como tantos outros modernistas, em uma fase mais madura de seu japonismo vai rejeitar esse recurso literário e essa visão utópica do Oriente. Seus escritos assumirão um teor menos superficial sobre o Japão e o Oriente, e muito mais aprofundado, com requintes que penetram na alma japonesa.

Não analiso, neste estudo, o conturbado contexto político do México na virada do século XIX para o XX, mas uma pequena observação parece pertinente em relação a Tablada. O autor foi partidário de Porfirio Díaz, que esteve no poder de 1884 a 1911. Manteve esta postura política durante a Revolução Mexicana que lhe valeu, entre outras implicações, um período de exílio a partir de 191418. Segundo Adriana Sandoval (1994, p. 8-9), por ser huertista (seguidor de Victoriano Huerta, presidente do México entre 1913 e 1915) talvez Tablada tenha sido impedido de galgar altos cargos diplomáticos. Como nessa mesma época esses altos cargos eram confiados a poetas e

18

Nesta tese não entro em detalhes a respeito de seu exílio político, por julgar que a influência desse período se exalta e se apresenta em crônicas publicadas posteriormente, de outras temáticas, diferentes das crônicas japonesas, uma vez que essas foram escritas em anos anteriores ao exílio. Seu exílio ocorreu nos Estados Unidos e depois de passar por alguns locais se estabeleceu em New York.

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escritores, o autor poderia ter sido beneficiado, em algum momento, se não fosse sua opção política. Dado seu grande interesse pelo Oriente, poderia ter viajado novamente para o Japão como representante cultural do México, como ocorreu com muitos intelectuais. No Brasil, temos o caso de Aluísio Azevedo, que foi vice-cônsul do Brasil no Japão de 1897 a 1899 e escreveu sobre sua experiência naquele país, como será discutido mais adiante.

Retomando as considerações de Max Henríquez Ureña (1962, p. 20) sobre o tipo de manifestação muito comum e reiterada durante o modernismo, destaco a motivação e inspiração para a arte e literatura buscada no Oriente e no caso de Tablada o japonismo é absolutamente relevante.

Os artigos de Tablada sobre a cultura japonesa e o Japão, publicados nos últimos anos do século XIX e início do XX, refletem uma tendência que já havia ocorrido nas artes e literatura europeias, principalmente na França. No contexto hispano-americano, Tablada foi o maior divulgador do gosto pelo Oriente.

O conceito de japonismo esteve inicialmente relacionado ao interesse dos ocidentais pela cultura japonesa, em especial, no que se refere à arte, com destaque para a pintura. Esse movimento ganhou força após a abertura dos portos japoneses ao Ocidente, em 1854, que se deu através dos portos de Hakodate e Shimoda. A abertura foi forçada pelos Estados Unidos através da figura do comodoro Perry, que aportou na baía japonesa com sua esquadra no ano anterior, pressionando os japoneses para que fosse assinado um tratado nipo-americano. Posteriormente, mais nações firmaram outros tratados e até 1860 acordos com a Inglaterra, Rússia, Holanda, França e Portugal já haviam sido efetivados. Ainda que em outros momentos os europeus (jesuítas) tivessem tido contato com a cultura “exótica” japonesa, foi somente após a abertura oficial dos portos que o elo entre as culturas nipônica e ocidental se intensificou.

Em 1867 o Japão se apresentou ao mundo ocidental na Exposition Universelle d'Art et d'Industrie, ocorrida na França. A partir disso, se convertia em moda tudo o que viesse do Japão. Outras feiras e exposições internacionais serviram para reforçar o prestígio japonês. A concepção de japonismo se ampliou e o interesse pelo Japão já não se restringia à pintura ou a uma arte específica como trabalhos em metal, cerâmica ou arquitetura. A cultura japonesa, no sentido mais amplo, passou a despertar o interesse ocidental. A estética japonesa, o espírito japonês, a integração plena dos costumes com a natureza, e também as cenas do cotidiano passaram a ser admirados pelos ocidentais.

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A inspiração japonesa no continente europeu, especificamente na França, teve consequências diretas no contexto hispano-americano. Sabemos que esse tipo de influência é bastante comum, já que o pensamento e escritos de grande parte dos autores mexicanos eram influenciados pela elite cultural francesa, como observa o próprio Tablada:

El francés era el idioma “de la elegancia mundana y de los intelectuales refinamientos”; Olaguíbel, Leduc y yo, aunque avecindados en Tenochtitlán, vivíamos literalmente en París, pensando y escribiendo como cualquier redactor de La Plume o L’Ermitage. (TABLADA, 2010, p. 419). De acordo com Celina Kuniyoshi (1998, p. 76-77) os termos japonismo, bem como “japonesice” (que seria uma tradução aceitável para o português, segundo ela) ou ainda “japonnerie”, se generalizam após a citada exposição de 1867, em Paris. À medida que aumentava o conhecimento sobre o Oriente, aumentava a capacidade de diferenciar as peças produzidas no Japão e na China e o termo japonismo passou a ser utilizado para descrever as “coisas” originárias do Japão. Sobre a origem da palavra e do conceito “japonismo” Kuniyoshi (1998, p. 76) observa: “o crítico de arte e colecionador francês Philippe Burty inventou a palavra japonisme para descrever o entusiasmo pelos artefatos japoneses, que tinha se desenvolvido em Paris nos anos 1860” [...].

Dentre tantas referências para a origem deste termo, apresentamos outra versão encontrada no site Van Gogh Gallery 19: “Japonisme, or Japonism, is a French term that was first used by Jules Claretie in his book L’Art Français en 1872”.

Para ilustrar o movimento japonista na pintura ocidental, apresentamos algumas imagens consagradas, que representam o fascínio japonês exercido em grandes artistas europeus nessa época, como Van Gogh e Claude Monet. Hoje essas imagens são encontradas em várias partes da Europa e também na América do Norte:

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Para maiores informações sobre Van Gogh e a influência da arte japonesa em seu trabalho ver:

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Figura 1. Pintura de Van Gogh - The Courtesan (after Eisen) - (1887)

Fonte: Van Gogh Museum (Amsterdan):

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No site do Van Gogh Museum encontramos a imagem anterior, além do memorial descritivo:

Van Gogh based this painting on a woodcut by the Japanese artist Kesai Eisen. The print had been reproduced on the cover of the magazine Paris illustré in 1886. Van Gogh used a grid to copy and enlarge the Japanese figure. […] We can tell the woman is a courtesan by her hairstyle and the belt (obi) that she is wearing, which is tied at the front of her kimono rather than at the back. Van Gogh framed her with a pond full of water lilies, bamboo stems, cranes and frogs. This scene has a hidden meaning: grue (crane) and grenouille (frog) were French slang words for 'prostitute.

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Figura 2. Pintura de Van Gogh - Père Tanguy - (1887)

Fonte: Museé Rodin (Paris): < http://www.musee-rodin.fr/en/collections/paintings/pere-tanguy>.

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Figura 3. Pintura de Claude Monet - La Japonaise (1876)

Fonte: Museum of Fine Arts (Boston):

<

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Figura 4. Pintura de Claude Monet - Bridge over a Pond of Water Lilies

Fonte: The Metropolitan Museum of Art (New York) <https://www.metmuseum.org/art/collection/search/437127>

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A arte japonesa, em especial a pintura ukiyo-e (uky-flutuante/yo-mundo/e- retrato), serviu como grande motivação para célebres artistas

europeus, como Vincent Van Gogh, Claude Monet, Edouard Manet, entre outros.

Max Henríquez Ureña (1962, p. 20-22) analisa o fenômeno do japonismo, elencando seus muitos partidários na França que serviram de inspiração para autores modernistas hispano-americanos. Cita Edmond de Goncourt, com obras sobre pintores japoneses: Art japonais de XVIIIe siècle: Outamaro (1891) e Hokusai (1896), que inspiraram e influenciaram fortamente o japonismo de Tablada.

Além de Edmond Goncourt, convém destacar Pierre Loti que com Madame Chrysanthème, de 1887, alcança o status de japonista reconhecido, embora seja duramente criticado por Tablada e outros autores que o consideraram superficial e incapaz de compreender a essência japonesa.

Outras importantes influências para Tablada, e para quaisquer autores e artistas que se interessavam pelo Japão, são os consagrados japonistas: Basil Hall Chamberlain, da Inglaterra, o grego Lafcadio Hearn e o português Venceslau de Morais, todos com relevantes trabalhos sobre o país do sol nascente.

No Brasil, o Japão também despertou interesse literário e temos o caso de Aluísio Azevedo que escreveu, na mesma época de Tablada, um livro denominado O Japão. Esta obra não chegou a ser concluída pelo autor, que foi vice-cônsul brasileiro em Yokohama entre 1897 e 1899. O manuscrito encontra-se na Fundação Biblioteca Nacional. Em 2011, a Fundação Alexandre de Gusmão, fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, publicou o fragmento existente da obra com cinco capítulos, acompanhado de um riquíssimo aparato paratextual escrito por Luiz Carlos da Silva Dantas, que em sua tese de doutorado analisou essa obra inédita de Aluísio de Azevedo. Dantas faz uma reflexão sobre o japonismo na apresentação dessa edição:

Escrever sobre o Japão no final do século XIX implicava aderir a uma tendência artística, a um gosto, cuja primeira característica era a de ser cosmopolita. Europeus, americanos do norte e do sul, homens de letras ou artistas plásticos, o público cultivado em geral, achavam-se sensibilizados, fascinados, pela última grande descoberta do Ocidente, por sua última grande viagem – o Japão. E a reação a esse encontro, que vai da Madame Butterfly de Puccini aos escritos

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de Lafcadio Hearn, da decoração dos interiores “fin de siècle” à grande revolução da pintura, que é o impressionismo, é o que se poderia chamar de japonismo. (DANTAS, 2011, p. 20).

Ruedas de la Serna (2006, p. 54) sugere que uma investigação comparativa entre as crônicas escritas por Tablada e por Aluísio Azevedo poderia ser de grande valor acadêmico. Analisar o corpus sobre a literatura japonesa escrita na virada do século XIX para o XX, no Brasil e no México, e contrastar as diferentes visões destes autores que foram contemporâneos, poderia ser, então, uma opção de pesquisa futura para quem trabalha com essa temática.

Aluísio Azevedo nos relata na introdução do que seria sua obra inacabada, sua visão do Japão e sua intenção ao escrever as crônicas. Classifica seus textos como “singela obra de impressões pessoais” e desde a introdução é possível notar um teor bem menos poético do que os textos japoneses de Tablada e uma preocupação muito mais direcionada aos fatos políticos representativos do contexto vivido pelos autores no Japão nessa mesma época:

Graças à recente vulgarização das crônicas japonesas, dantes inacessíveis a todo e qualquer estranho, poucos segredos haverá de virgindade inteira sobre o Japão remoto, e nenhum absolutamente a respeito dos fatos políticos que no moderno determinaram a restauração micadoal, podendo-se num punhado de capítulos despretensiosos dar exata notícia do que foi aquele passado, outrora tão misterioso e sem fundo, e do que vem a ser ao justo essa famosa revolução que num momento de frenesi histórico derrocou, em nossos dias, um mundo insondável de tradições acumuladas durante vinte e dois séculos de sigilo nacional. Isto, conquanto um pouco fora do meu programa, faz-se indispensável para clareza do resto desta singela obra de impressões pessoais; sem contar que o caso é de si bonito e novo, pois começa poeticamente por uma lenda maravilhosa e risonha, palpitante de quimeras e ficções divinas, e acaba na mais engravatada e burocrática monarquia constitucional, com os seus ministérios de casaca bordada, com as suas secretarias de Estado e os seus competentes amanuenses de

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calças puídas, e até, acreditai se quiserdes! com o pálido bacharel apenas desabrochado da academia sem outro ideal na vida além de apanhar por empenho qualquer emprego público. (AZEVEDO, 2011, p. 39).

A partir da leitura de El japonismo de José Juan Tablada, de Atsuko Tanabe (1981); (obra indispensável para pesquisadores sobre Tablada) é possível reconstruir todo o caminho percorrido pelo autor, desde seus primeiros artigos sobre o Japão, seu contato ainda muito jovem com o japonismo, até sua maturidade intelectual durante a qual retrata um Japão profundo.

Tanabe (1981) divide o japonismo de Tablada em três etapas. A primeira delas começa em 1890, quando o autor publica seus primeiros textos no periódico mexicano El Universal e se estende até sua viagem ao Japão, em 1900. A próxima fase abarca a viagem de 1900 e segue até 1902, quando Tablada publica um artigo chamado “Las Máscaras”. É justamente esta segunda fase que mais interessa à pesquisa, já que nesse mesmo período vieram à luz quase a totalidade das crônicas da série que retrata o Japão (vivido e vivenciado pelo autor), publicada de forma majoritária na Revista Moderna, entre 1900 e 1901. A última fase proposta por Tanabe trata do retorno do autor mexicano ao mundo japonês (das artes e literatura) após um grande período de afastamento. Essa fase tem início em 1911 com uma viagem do autor a Paris e termina em 1920 com a publicação de um livro de poemas ideográficos.

Segundo Tanabe, na fase inicial dos escritos de Tablada sobre o Japão existe uma inclinação do autor em tratar o Japão como exótico e idílico tal como faziam os europeus, mais especificamente os franceses. Tanabe critica de maneira implacável essa visão superficial sobre o Japão, como podemos comprovar neste excerto:

[…] para los franceses del siglo XIX la imagen del Japón era frívola, decorativa, superficial, decadente y erótica […] la visión de los modernistas hispanoamericanos acerca del Japón adolece de superficialidad, ya que simplemente adoptaron los aspectos epidérmicos y aparentes de la cultura japonesa, que los precursores franceses habían enfatizado por gusto. (TANABE, 1981, p. 22-28).

Referências

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