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O TRADUTOR: OPERÁRIO, ARTISTA E CONSTRUTOR

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Academic year: 2021

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LÍNGUA, LITERATURA E ENSINO, Outubro/2011 - Vol. VI

O TRADUTOR: OPERÁRIO, ARTISTA E CONSTRUTOR

Marcelo de Oliveira VIEITEZ Orientadoras: Viviane Veras Terezinha Maher

Vamos construir uma cidade e uma torre, cujo cimo atinja os céus.

Genesis 11:1-9

RESUMO: O que é traduzir? Qual é a função do tradutor? Através de uma letra de música e quatro

versões de sua tradução para a língua portuguesa, esse trabalho visa desenvolver uma breve noção dos conceitos de tradutor e do ato de traduzir, dos problemas e dilemas mais comuns durante um trabalho de tradução. Na primeira parte é feita uma pequena análise comparativa das versões, apontando e discutindo as soluções aplicadas e os problemas pertinentes. Na segunda parte há reflexões sobre a relevância de algumas teorias da tradução quando comparadas a esse processo prático.

Palavras-chave: Tradução inglês-português; teoria da tradução; música; interpretação.

INTRODUÇÃO

Como o próprio nome já diz, a disciplina é apenas uma introdução aos estudos da tradução, todavia, cursá-la foi o suficiente para determinar uma meta: a intenção de me tornar, pelo menos de um idioma, um tradutor com um mínimo de integridade e ética. Ao longo do semestre cursei paralelamente outra disciplina sobre o ato de traduzir. Essa, mais específica e de caráter prático, tinha por objetivo a tradução de textos do idioma inglês. A minha atividade consistiu em traduzir, no decorrer do curso, um texto técnico da área de educação com pouco mais de 20 páginas. Durante esse processo procurei dialogar, conforme a necessidade, com as teorias que me foram apresentadas no curso que concluo com este exercício. Sendo assim, tenho a sorte de este ser o meu segundo trabalho formal sobre o assunto e a experiência que adquiri no primeiro, apesar de pequena, me será muito útil, mesmo tendo sido uma proposta bem diversa da que irei apresentar aqui. Se este, por seu teor artístico, foi o que me inspirou a levar adiante o meu desenvolvimento como tradutor, aquele, justamente por seu teor técnico, foi o que deixou claro que tipo de tradutor devo ser em qualquer circunstância, justificando o que mencionei no início. Se em um âmbito mais árido e profissional traduzir já se revelou uma arte para mim, como poderei proceder com qualquer outro tipo de tradução? Aqui já deixo claro um dos ganhos com ambas as disciplinas: um ganho de perspectiva. Antes enxergava o ato de traduzir como

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algo estritamente técnico, que demandava apenas conhecimento das línguas envolvidas e de procedimentos adequados, os quais poderiam ser exercidos por alguém apenas calculista (não no sentido pejorativo) e atento. Algo quase matemático. Todos esses “apenas” caíram por terra. Um tipo não descartado, mas suplantado por um conceito mais adequado de tradutor. Porque, além de todas essas coisas, traduzir também exige de mim integridade, ética e uma tremenda sensibilidade.

PROPOSTA

Dado que já executei um trabalho técnico com um texto que procura ter o máximo de objetividade, proponho a tradução de algo artístico, um tanto mais subjetivo. A tarefa está toda apoiada em uma letra de música para a qual proponho duas traduções que podem ser obtidas na internet, mais duas traduções feitas por mim. Explicarei os objetivos de minhas traduções e comentarei as soluções aplicadas, que poderão ser comparadas com as provenientes da rede, sobre as quais também farei alguns comentários. Os conceitos teóricos que utilizarei serão apenas alguns que foram abordados por Solange Mittmann (2003) na primeira parte de seu livro “Notas do tradutor e processo tradutório”. É importante ressaltar que não li nenhum dos teóricos abordados por Mittmann e farei uso apenas do que pude entender da leitura que ela fez, e dos conceitos que decidiu expor. Não há intenção de desenvolver qualquer tipo de teoria a respeito do ato de traduzir, mesmo porque não há conhecimento suficiente para assumir tal tarefa.

O objetivo maior é analisar e registrar o processo tradutório, compará-lo com uma amostra do que é oferecido pela internet e refletir sobre a pertinência e a utilidade das teorias com as quais tive contato. Espero, com isso, concluir este exercício com uma opinião formada (mesmo que sofra muitas alterações no futuro) sobre o que é tradutor e o que é traduzir.

Não menos importante, e ainda parte da proposta, foi optar por um material do qual sou muito próximo emocionalmente. Há uma proximidade muito grande entre o tradutor, os autores e o material a ser traduzido. Essa escolha complementará meu primeiro trabalho, permitindo reflexões sobre a questão do distanciamento entre tradutor e obra, tradutor e autor, que são muito pertinentes do ponto de vista teórico.

ALGUMAS CONCEPÇÕES DE TRADUÇÃO

Listo abaixo, de forma bastante esquemática e talvez pouco compreensível, os teóricos presentes no texto de Mittmann, indicando sua presença neste ou naquele processo, servindo de referência. A autora divide os teóricos em dois grupos: aqueles que alinha a uma concepção tradicional, e outros cuja concepção é considerada contestadora. Exponho e mantenho essa divisão destacando apenas alguns tópicos que retomo por ocasião da análise das traduções coletadas e propostas (aos leitores deste trabalho, recomendo a leitura dos teóricos abordados).

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137 Concepção tradicional

Eugene A. Nida: mecanismo de transferência; flexibilidade para evitar artificialidade;

distanciamento do tema/assunto; empatia com o autor; busca das intenções do autor.

Paulo Ronái: reformulação; importância primordial do contexto (desambiguação); fidelidade

para com o sentido e a praxe da mensagem original. Concepção contestadora

Francis Henrik Aubert: tradução como expressão de uma leitura; ato comunicativo

considerando a mensagem pretendida (inacessível ao leitor), virtual e efetiva; fidelidade não realizável; tradutor intermediador, leitor especial; visão de mundo, conflitos em virtude da diversidade.

Lawrence Venuti: tradução de resistência; não domesticação do texto; “fidelidade

abusiva” para combater a ilusão de transparência do tradutor; promoção da diferença; autoria com objetivo de imitação; deslizamento de significado provocado pela conjuntura social (as escolhas materializam ideologias).

O MATERIAL ESCOLHIDO

1. A banda

Bad Religion é uma banda oriunda da Califórnia, EUA, em atividade desde 1981. Nesses 30 anos de existência compôs pouco mais de 270 músicas e teve um crescimento de ouvintes nunca digno de nota, mas constante. Pode-se dizer, com raras exceções, que sempre praticou o mesmo gênero musical, chamado hardcore. O estilo caracteriza-se por uma estrutura simples nas canções, engajamento político e ativismo presente nas letras. Há, portanto, um grande esforço por parte dos músicos em passar mensagens através das letras. Isto pode parecer contraditório por se tratar de um gênero pouco ouvido – se comparado com outros muito mais difundidos –, mas mantém um equilíbrio entre diversão e obrigação. A banda procura tocar o que gosta, cantando o que precisa. Sua música traz melodias de trabalhadores rurais para um estilo totalmente urbano e atuante, e fez com que a música de Bad Religion fosse designada por outro termo: working class music (trad. livre: música de classe operária).

2. A música

Bad Religion possui desde o início, salvo curto período, dois letristas. De maneira geral, as letras têm baixo teor poético e prezam um nível de objetividade considerável. Em contrapartida, trazem muitas referências históricas (principalmente da história estadunidense) e possuem um vocabulário bastante rico e complexo, levando em conta o tipo de público para o qual são direcionadas, em sua maioria, jovens abaixo de 30 anos. Em sites de fãs há até mesmo um pequeno dicionário chamado The Bad Religion Lexicon, que possui cerca de 600 termos, com explicações possivelmente úteis para a compreensão das letras em seu próprio contexto. Independentemente de serem mais ou menos poéticas, o intuito principal das letras é o transporte da crítica, da ideologia.

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138 3. A letra

Skyscraper foi escolhida por vários motivos. Sou um principiante, então se, por um lado, tem poucas referências históricas e vocabulário simples, por outro lado, faz um jogo interessante de metáforas e significados que me desafiam como tradutor. Também trata de um assunto que é extremamente recorrente em Bad Religion e um dos motivos pelo qual simpatizei com a banda desde o início. Como o próprio nome da banda já sugere (e o logo confirma), há aversão dos seus integrantes para com o cristianismo – o que faz da crítica a tal doutrina algo constante. Há uma proximidade especial para com a música, devido ao fator de espera. Ela só foi tocada na terceira vinda da banda para o Brasil, logo, a primeira audição ao vivo dessa música tem seu peso emocional na minha relação com o material a ser traduzido. E, por fim, também foi escolhida porque seu tema tem tudo a ver com tradução.1

4. As traduções

Antes de iniciar os comentários a respeito das traduções, duas observações. Entre a versão acústica e a primeira versão da música utilizada há a diferença de uma palavra na quinta estrofe, que está marcada em vermelho, correspondendo à segunda tradução, também marcada em vermelho. A segunda observação é que, certamente, nas minhas propostas – e arrisco-me a dizer que em todas utilizadas neste trabalho – o objetivo primeiro é o transporte de significados em maior ou menor nível de contextualização. Nenhuma delas pretende ser uma versão feita para ser cantada, seja sob a melodia original como em qualquer outra. Para entender as análises abaixo, é necessário estar com a letra original e a respectiva tradução à mão.

1 Uma versão acústica, para quem não está habituado ao gênero, está disponível no link: http:// www.youtube.com/watch?v=9sIlCTDIZ9I Nos anexos 1 e 2 temos a letra original acompanhada das traduções que são objetos de estudo.

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Fonte Tradução: tradutor Google Tradução: site http://letras.terras.com.br/ por Coyote

Skyscraper 1 Arranha-céu 1 Arranha-céu

Come let us make bricks and burm them hard 3 Venha, façamos tijolos e queimá-los duro Venha, nos deixe fazer tijolos e queimá-los bastante We’ll build a city with a tower for the world Vamos construir uma cidade com uma torre para o mundo Nós vamos construir uma cidade com uma torre para o mundo And climb so we can reach anything we may propose, E subir para que possamos chegar a alguma coisa que pode propor, E escalar pra podermos alcançar qualquer coisa que possamos propor Anything at all Nada Qualquer coisa mesmo

Build me up, tear me down Me constrói, derrubar-me Me construa, me despedace

Like a skyscraper Como um arranha-céu Como um arranha-céu

Build me up and tear down Construir-me e derrubar Me construa, e depois despedace These joining walls Estas paredes unindo Esses muros que se juntam So they cant’t climb at all Assim, eles não podem subir em todos os Então eles não podem mais escalar

Like a spoiled little baby who can’t come out to play, Como um bebezinho mimado que não consegue sair pra brincar Você teve sua vingança

Me construa, me despedace Como um arranha-céu Me construa, e depois despedace Esses muros que se juntam E então eles não podem mais escalar

Bem loucura reinou, e então o paraíso se afogou Bem, muros de Babel vieram quebrando-se Agora os ecos estrondoam por histórias escritas Que foi dificilmente entendida

E nunca nenhum bem

Me construa, me despedace Como um arranha-céu Me construa, e depois despedace Esses muros que se juntam E então eles não podem mais escalar You had your revenge Você teve sua vinganga

Build me up, tear me down Me constrói, derrubar-me Like a skyscraper Como um arranha-céu Build me up and tear down Construir-me e derrubar These joining walls Estas paredes unindo

So they can’t climb at all Assim, eles não podem subir em todos os

Well madness reigned and paradise fell/drowned Bem loucura reinou e o paraiso caiu When Babel’s walls came crashing down Quando as paredes de Babel desabou Now the echoes roar for a story writ Agora o rugido ecoa para uma história writ That was hardly understood Que foi mal entendido

And never any good E nunca nenhum bem

Build me up, tear me down Me constrói, derrubar-me Like a skyscraper Como um arranha-céu Build me up and tear down Construir-me e derrubar These joining walls Estas paredes unindo

So they can’t climb at all Assim, eles não podem subir em todos os

I know why you tore it down that day Eu sei porque você rasgou-lo naquele dia Eu sei porque isso despedaçou esse dia

You thought, that you got caugth we’d all go away Você pensou que, se você foi pego nós todos vão embora Você pensou, que se você fosse pego nós todos iriamos embora 2 2 3 4 4 5 5 6 7 6 7 8 9 10 11 12 12 13 13 14 15 16 17 18 19 20 19 20 21 21 22 23 23 24 24 25 26 26 27 27 28 28 29 30 29 30 31 31 32 32 33 33 34 34 35 35 25 22 15 16 17 18 14 10 8 9 11

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Fonte Tradução livre l: por Marcelo Vieitez Tradução livre ll: por Marcelo Vieitez

Skyscraper 1 Arranha-céu 1 Arranha-céu

Come let us make bricks and burm them hard 3 Venha, vamos fazer tijolos bem cozidos Venha, vamos, com tijolos bem temperados We’ll build a city with a tower for the world Construiremos uma cidade com uma torre para o mundo Construir uma cidade com uma torre em prol do mundo And climb so we can reach anything we may propose, E subir, então poderemos alcançar qualquer propósito Subir, e assim, alcançar qualquer propósito Anything at all Qualquer um Qualquer um

Build me up, tear me down Construa-me, derrube-me Construa-me, destrua-me então Like a skyscraper Como um arranha-céu Como um arranha-céu Build me up and tear down Construa-me e destrua Construa-me e leve ao chão These joining walls Esses muros aglomerado Esses muros tão coesos So they cant’t climb at all Para que eles jamais possam subir Para que jamais subam

Like a spoiled little baby who can’t come out to play, Como uma criancinha mimada que não suporta ser castigada Você teve sua vingança

Edifique-me, pulverize-me então Como um arranha-céu Construa-me e leve ao chão Esses muros tão harmônicos Para que eles jamais subam

Bem, a loucura reinou e o paraíso caiu Quando o muro de Babel abaixo vieram Ecos ressoam ainda em defesa da escritura-fábula Entendida de uma maneira patética

E que nunca foi benéfica

Eleve-me, derruba-me então Como um arranha-céu Construa-me e leve ao chão Esses muros tão coesos Para que eles jamais ascendam You had your revenge Você teve sua vinganga

Build me up, tear me down Construa-me, derrube-me Like a skyscraper Como um arranha-céu Build me up and tear down Construa-me e destrua These joining walls Esse muros aglomerados So they can’t climb at all Para que eles jamais possam subir

Well madness reigned and paradise fell/drowned Bem, a loucura reinou e o paraíso caiu When Babel’s walls came crashing down Quando os muros de Babel vieram abaixo Now the echoes roar for a story writ Agora os ecos ressoam a favor de uma escritura vaga That was hardly understood Que foi dificilmente entendida

And never any good E nunca de algum bem

Build me up, tear me down Construa-me, derrube-me Like a skyscraper Como um arranha-céu Build me up and tear down Construa-me e destrua These joining walls Esses muros aglomerados So they can’t climb at all Para que eles jamais possam subir

I know why you tore it down that day Eu sei porque você a destruiu aquele dia Sei porque você destruiu aquele dia

You thought, that you got caugth we’d all go away Você pensou que, se fosse pego, todos iriamos embora Você pensou que seu segredo ruiria e todos te deixariam 2 2 3 4 4 5 5 6 7 6 7 8 9 10 11 12 12 13 13 14 15 16 17 18 19 20 19 20 21 21 22 23 23 24 24 25 26 26 27 27 28 28 29 30 29 30 31 31 32 32 33 33 34 34 35 35 25 22 15 16 17 18 14 10 8 9 11

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141 Tradução do site Google

O tradutor Google é um programa que se propõe a traduzir palavras, frases e textos de muitos idiomas para vários outros. Considerando transposições do inglês para o português, pude verificar que é bastante útil para palavras isoladas, alguns tipos de frases (de estrutura mais óbvia e simples) e expressões idiomáticas (o programa parece ter um banco de dados interessante) que funcionam como uma palavra isolada, quando possuem um correspondente bem aceito na língua de chegada. No mais, o programa mostra o quanto pode ser ineficaz na tradução de um texto. No caso de um texto de formato específico, com estrofes, o mecanismo de escolhas usado pelo programa fracassa terrivelmente, gerando um texto incompreensível, às vezes cômico. Dada a ineficiência do processo, é possível demonstrar como ele falha pela abordagem de apenas quatro pontos, descritos abaixo:

1º Ponto: norma culta - Já na linha três há erros de concordância, e assim vai pelo documento todo (nem é preciso pontuá-los). A conjugação verbal é predominantemente incorreta, inclusive na aplicação de ênclises. Portanto, nem no nível dos versos a norma culta é respeitada, salvo em frases muito simples, como podemos constatar nas linhas quatro, nove e 17, para citar alguns exemplos.

2º Ponto: vocabulário - Neste caso, tudo depende do banco de dados. Se nele não consta um termo correspondente, mantém-se a palavra no idioma de partida, bagunçando ainda mais a tradução. Como podemos ver na linha 27, há uma palavra que o programa não reconheceu (writ) e que pode ser encontrada em dicionários comuns.

3º Ponto: contexto - Não há qualquer sinal de que o contexto oferecido pelo texto seja considerado pelo programa – premissa básica para se traduzir qualquer documento. Sem isso, a tradução pode virar uma “bola de neve” em que cada frase traduzida se torna cada vez mais distante do tema, principalmente quando não se trata de algo prosaico. 4º Ponto: neutralidade - Nunca há neutralidade. Sempre há uma decisão. O programa cria a ilusão de que, mesmo traduzindo mal, traduz de maneira totalmente neutra – o que não é verdade. O que podemos dizer é que o seu distanciamento é sempre muito maior que o de qualquer agente humano. É uma lógica simples: o programa se baseia em um dicionário. Este, por sua vez, bem ou mal, está repleto de decisões quanto à ordem dos significados de cada palavra; ordem que depende de uma série de estudos, pesquisas, estatísticas de uso, etc., e é decidida por quem criou o dicionário. O programa, seja lá qual critério use, acaba escolhendo um desses significados para inserir na tradução. Podemos ainda imaginar programas que traduzem suprimindo ou evitando termos de acordo com valores morais, políticos, etc., embutidos em sua programação. Em outras palavras, o programa faz uso das decisões de quem criou os dicionários utilizados e dos programadores envolvidos. Tradução do site Terra

Escolhi este website propositalmente por três motivos. É muito popular. O material traduzido possui autores. As traduções são horríveis (isso é demonstrado logo abaixo). No caso em questão, o tradutor da letra fornece algumas informações que não podemos confirmar: Apelido: Coyote; idade: 36 anos; nº de documentos traduzidos: 42. Logo, um tradutor anônimo, e um tanto cômodo para um site desse porte: não assume qualquer tipo de responsabilidade sobre seu conteúdo, e permite que ninguém se responsabilize.

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Devemos ser tolerantes com traduções problemáticas, mas esse caso dá margem à pergunta: qual é o limite de problemas para uma tradução deixar de ser útil? A intenção é questionar o que essa tradução traz de benefício para o intercâmbio cultural, para os fãs da banda que não sabem nada do idioma inglês. Segue a breve análise:

1º Ponto: falta de conhecimento do idioma de partida - Caso ele tenha lido a letra toda antes, provavelmente não entendeu do que se tratava, e fez opções – com a ajuda de um dicionário ou não – totalmente incorretas ou muito literais, sem levar em consideração o contexto. Linha 3: “Come let us make...”. Nem o Google errou aqui. O próprio “come” indica o convite. “Vem, vamos fazer”. Não está pedindo permissão. Linha 11: “joining” é um adjetivo. Os muros não “se juntam” e sim, estão juntos. Linha 14: “...you tore it down”. “Você despedaçou isso...” na pior das hipóteses. O agente da ação foi anulado. Linha 16: “conseguir” não é uma opção para “can”. O contexto social mais o contexto da frase deixam clara a conotação de castigo. Portanto, o bebê não pode sair, não tem permissão. Linhas 26 e 27: “When” traduzido com “bem” e “story writ” como “história escrita”. De acordo com qualquer dicionário, sem considerar contexto, estão incorretas.

2º Ponto: falta de conhecimento do idioma de chegada - O método, muito literal, usado por Coyote produziu expressões em português que, apesar de respeitarem as regras, demonstram falta de domínio do idioma de chegada. Ignorou um processo, necessário para traduzir, que podemos resumir através de uma simples reflexão sobre o material traduzido: a tradução está certa, mas não falamos isso dessa forma. Exemplos estão na linha 5; linha 12; linha 26.

Após verificar esses dois pontos – que considero um alicerce para qualquer tradutor – não vejo mais motivos para continuar a análise dessa tradução. Apenas concluo que ela não traz benefício para seus leitores.

Tradução livre I

Essa proposta de tradução, em vários aspectos, se contrapõe às duas traduções que foram brevemente analisadas. Todavia, o objetivo dessa tentativa não é simplesmente contradizer as traduções que considero ruins, falhas ou insuficientes, mas oferecer uma opção para o leitor brasileiro usando um conceito, ainda que polêmico, de fidelidade, que seria: cada termo da língua de partida possui um termo correspondente na língua de chegada com um número exatamente igual, nem mais nem menos, de significados, todos correspondentes também. Isso não é utópico. Existe na linguagem matemática, em que é possível uma decodificação-recodificação perfeita. Nas línguas que falamos, graças à mudança constante de contexto e significados, essa transposição se torna impossível. Resta-nos, como propõe Nida (citada por Mittmann, 2003), o ajuste.

O ajuste seria encontrar a solução mais próxima da fidelidade, procurando respeitar também todos os jogos de linguagem e ambigüidades encontrados na letra a traduzir. Essa decisão gera um número tão grande de possibilidades de escolha que acaba tornando cada tradução única. Salvo raras exceções, toda escolha implica perdas e ganhos, determinando a leitura do tradutor. Portanto, esta primeira solução que ofereço expressa uma de minhas leituras, sempre levando em conta a “fidelidade matemática”. Trata-se de uma tradução na qual favoreci o que considerei a mensagem principal em cada verso, em detrimento de qualquer outro recurso, de estrutura ou sonoridade, como rimas,

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143 paronomásias, etc. Sendo assim, posso resumir o método em duas etapas: (1) empreender a tradução mais literal possível; (2) ajustá-la à norma culta da língua de chegada e a um padrão aceitável de elegância, procurando minimizar o afastamento do resultado que foi obtido pela etapa um.

Dito isso, reduzo a análise ‘linha a linha’ a apenas três observações:

Linha 11: “Esses muros aglomerados”. Não considerei uma boa solução e ainda não encontrei alguma melhor. Mas o significado é válido.

Linhas 05 e12: optei por frases pouco elegantes, mas aceitáveis no meu conceito, e que se afastam menos do que foi obtido na etapa um.

Linha 27: “Story writ”, talvez a tradução mais desafiadora. Devido à contundência do substantivo “writ” no contexto do documento como um todo, considerei “story” um adjetivo e, dadas as opções para essa palavra em tal função, concluí que há nela um tom depreciativo, não muito forte e talvez um pouco ofensivo, considerando o número de pessoas que têm a Bíblia como uma expressão da verdade. Não fiquei muito satisfeito com o resultado. Considerando isso, vale observar o quanto uma tradução pode ser tornar perecível, mesmo para o próprio autor da tradução. Quando não é a mudança da linguagem no decorrer do tempo que torna uma tradução antiga, é o próprio olhar do tradutor que já não considera as melhores, as soluções que aplicou.

Tradução livre II

Nesta segunda proposta os objetivos mudam consideravelmente. O primeiro é oferecer um texto mais elegante e prazeroso para a leitura, procurando minimizar o afastamento do resultado mais literal. O segundo objetivo é ampliar as possíveis leituras através de mudanças arbitrárias, mas que estão dentro das opções de tradução que considerei válidas de alguma forma, nos versos que se repetem. Assim, o intento é provocar nos leitores da tradução uma impressão mais bonita e poética da letra, buscando interpretações que considero possíveis, tanto quanto enriquecedoras. Um terceiro e último objetivo, complementar ao segundo, foi a inclusão de rimas, às vezes em locais correspondentes ao documento inicial. Isso foi feito na medida do possível e nunca esteve em primeiro plano.

Devido às mudanças, segue uma análise linha a linha, com observações importantes: Linha 03: “Temperados”. O termo em inglês traz a conotação de tijolos, não excessivamente cozidos, mas bem feitos, que irão agüentar a tarefa e durar muito.

Linha 04: “em prol do mundo”. Opção possível e concorda com o tema. É importante notar que a primeira estrofe é uma referência direta ao mito da torre de Babel, e tem frases similares às bíblicas. É possível interpretar, em alguma versão da Bíblia, que essa torre traria benefício para a humanidade.

Linha 05: a frase ficou um tanto resumida, mas acredito que a extensão na fonte não é tanto pelo significado e sim pelo encaixe do verso na melodia.

Linha 15: “if you got caught”. Esse trecho conota a descoberta de um segredo. No caso, a criação divina. Como não recuperei as rimas nos mesmos lugares, acabei por usar as que consegui em outros, acrescentando melodia à leitura. “Ruiria” rima com “dia”, no verso anterior e faz paronomásia com “deixariam” no fim do verso.

Linha 16: “bebezinho” não é usual aqui. Há a conotação clara de castigo, então criei uma rima e o “não suporta” é sustentado pelo verso posterior. Se suportasse, não haveria vingança.

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Linha 26: considerei a pequena inversão sonoramente melhor, mas fiquei na dúvida. Linha 27: no início do verso procurei acrescentar sonoridade. O problema oferecido por “story writ” continua, mas ofereci outra solução, que também considero insatisfatória, mas que forma um conjunto sonoro de proparoxítonas com os dois versos posteriores. Linha 28: “patética” foi uma escolha meio acidental que acabou se mostrando muito interessante. Além de completar a rima, carrega uma ambigüidade muito útil. Apesar de seu sentido mais comum (coisa ridícula) deixar o tom da frase um tanto mais agressivo que na fonte, traz também a conotação de algo que comove, ou que suscita dó, piedade. Isso me permite facilmente três leituras: a Bíblia é entendida de uma maneira ridícula; a Bíblia é entendida de uma maneira comovente; a Bíblia é entendida de uma maneira errada, provocando pena e tristeza. Nesse caso, tenho plena consciência de estar possibilitando ao leitor da minha tradução leituras que eu não vejo na fonte. A única coisa que me permite causar essa mudança tão arbitrária é o nível de conhecimento que tenho da banda, sua história e, principalmente, seu repertório.

Linhas 8, 10, 19, 21, 31 e 33: “Build me up and tear me down” é uma construção muito sagaz no contexto da letra, e a interpretei de várias formas. Primeiro, há uma multiplicidade de significados em ambos os verbos, que pode ser combinada e recombinada de várias maneiras com as vozes que se alternam nas estrofes. A princípio, os três refrãos expressam a voz da própria torre, as estrofes um e três expressam vozes humanas e a estrofe cinco, um narrador onisciente. Na estrofe um, uma conversa entre humanos, mas na estrofe três e nos refrãos a conversa é diretamente com Deus. Considerando as possibilidades de significados literais e figurados que as estruturas permitem, e a alternância de vozes na seqüência da leitura, a letra deixa espaço para que façamos uma confusão sobre de quem é a voz no refrão, mesmo com o último verso do refrão sugerindo uma certeza para que a voz seja da torre. Outro fato é que a torre teria sido construída pelos humanos, então ela não diria para Deus “construa-me”. Por outro lado, Deus é o “construtor” dos humanos. Isso abre margem para que, pelo menos em sentido figurado, consideremos as quatro primeiras linhas do refrão uma voz humana. Posto isso, justifico as escolhas desta forma: aproveitando-me das repetições, optei por preencher cada uma com significados que servem, de maneia literal ou alegórica, para ambas as vozes, torre e humano. Isso me permitiu leituras que não consegui oferecer com apenas um termo.

Relações entre resultado e teoria

A partir das duas traduções que propus, apresento algumas reflexões sobre as teorias que indiquei no início. Não levei em consideração o embate entre as duas concepções, apenas cada teórico e os conceitos que pude verificar nos resultados.

Os conceitos de Nida permeiam todo o meu esforço de tradução. Tanto a “fidelidade matemática” que ele sugere, como a flexibilidade para evitar artificialidade, são ambas constantes na Tradução livre I. A empatia com o autor da letra é intensa, dada a importância que a banda e seu trabalho, porém, mantive o devido distanciamento da minha opinião a respeito do tema tratado na letra, em prol das intenções que julguei existirem no texto. Para citar um exemplo, com relação às linhas 28 e 29, concordo que a Bíblia foi “dificilmente entendida”, no entanto, discordo que a escritura ou suas interpretações “nunca” foram

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145 benéficas. Em outras palavras, empatia e distanciamento pareceram funcionar da seguinte forma: a paixão pelo objeto de estudo me provoca a necessidade de entendê-lo da melhor

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orma.O medo de desrespeitar o autor gera uma responsabilidade não apenas racional, mas emocional, que regula o meu distanciamento no sentido de minimizar os efeitos da minha própria ideologia na interpretação.

‘Esquecer as palavras para reformular’ foi um conselho de Paulo Rónai que tentei aplicar na Tradução livre II, mas houve certa dificuldade porque fiquei muito “preso” ao primeiro resultado. O contexto, do qual já assinalei a extrema importância, promoveu desambiguação e me levou a decisões cruciais, já abordadas.

Considerei os conceitos de Aubert quanto aos tipos de mensagens que formam o ato comunicativo e a tradução como (tentativa de) expressão de uma leitura mais precisos que os conceitos de transferência e reformulação. No entanto, discordo quanto à afirmação de que a mensagem pretendida pelo autor seja sempre inacessível ao leitor. Julgo totalmente possível haver a ocorrência, com maior ou menor freqüência, de a mensagem pretendida coincidir com a mensagem efetiva e de isso ocorrer também entre o tradutor e o leitor da tradução. Se exagero na tradução de resistência, como proposta por Venuti, provoco artificialidade no texto, algo que não queria. Por outro lado, procuro favorecer, caso exista, o impacto oferecido pela cultura estrangeira. Quanto ao fato de o tradutor ficar mais ou menos transparente no resultado, não considero isso relevante, apenas uma conseqüência que não tento controlar, mas considero obrigatório revelar quando um texto é tradução intencional de outro. Isto leva a outro conceito importante. O tradutor como autor. Concordo totalmente, mas sinto a necessidade de especificar um pouco mais. O tradutor não deve ser um autor por desejo, mas por inevitabilidade. A autoria deve ser modelada pelos aspectos que ele percebeu no texto de partida e pretende transportar para o texto de chegada. Dessa forma, se mantém sempre preso à fonte, sempre com a intenção de imitar algo, seja um significado, uma estrutura, uma sonoridade, etc.

CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS

Como havia previsto, a pouca experiência que obtive e as dificuldades que enfrentei no primeiro trabalho foram de grande ajuda para este exercício. Há uma sensível mudança no método prático, uma espécie de lapidação, que provavelmente estará sempre presente, mas é mais intensa agora, no início. A mudança de um texto técnico e objetivo para um texto artístico e mais subjetivo demandou mais sensibilidade nas interpretações, mais testes de vocabulário e um conhecimento, de certa forma, mais amplo. Só um bom domínio das línguas envolvidas não seria suficiente para chegar a um resultado que eu não considerasse um completo fracasso. Neste caso, uma noção mínima de um mito bíblico; mecanismos de interpretação poética que tenho aprendido aos poucos foram de grande utilidade; largas noções do que é o cristianismo, tanto no Brasil como nos EUA; o apreço e o interesse que tenho pela banda e seu produto artístico no decorrer de muitos anos. Todos esses fatores me colocam em um contexto mais adequado e confortável para compreender o texto e encontrar soluções, assim como alimentam o que chamo de sensibilidade, algo tão complexo quanto abstrato.

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Os esquemas teóricos foram de fundamental importância no processo, mesmo que meu contato com os sete que utilizei tenha sido indireto e muito superficial. Procurei entendê-los livre de preconceitos e não me filiei a nenhum. Em cada momento recorria a uma proposta teórica que considerava mais adequada, tanto que, em um nível de intensidade maior ou menor, fiz uso de todas. É claro, há pontos de discordância, mas a lição valiosa foi perceber que todos ofereceram argumentos pertinentes, constatados na prática. Concluo, então, que quanto mais esquemas teóricos forem desenvolvidos, tanto melhor. Juntos, eles funcionam como uma caixa de ferramentas. O tradutor aprende a usá-las com o tempo.

Traduzir algo apenas para si não é interessante. Sempre devemos traduzir para outros. Essas afirmações podem parecer bobas se pensarmos que, tendo o domínio da língua de partida, podemos consumir o texto no idioma em que foi concebido, não havendo necessidade de traduzi-lo, senão para outros. Mas tentarei expor um efeito. Ao traduzir essa letra de música com o objetivo de gerar um texto destinado a qualquer fã brasileiro dessa banda que não soubesse o idioma inglês, me senti pressionado por uma responsabilidade de transpor significados que forçou ao máximo o meu poder de ajuste e interpretação. Nesse momento, a personalidade do tradutor entra em ação. Não é mais o fã lendo o texto em inglês. É o tradutor perscrutando todas as leituras que puder: ele pesquisa, adquire o conhecimento que lhe falta, experimenta outras perspectivas, apura a expressão. Feito isso, eu, como fã da banda, adquiro uma proximidade e compreensão da letra que nunca tive como mero leitor. Traduzi-la apenas para mim seria improvável, e mesmo se o fizesse, a tradução não teria tanta força. Logo, traduzir compreende os atos de evoluir e propagar cultura.

Finalmente formo uma opinião sobre o que é traduzir e ser tradutor através de algum estudo e prática. Não enxergo o tradutor de forma depreciativa (como fazia antes), como alguém cujo trabalho implica perda, mesmo que haja perda. Tampouco o vejo como autor, no sentido pleno da palavra, como já foi observado. Quando se anula no papel de operário, tornando-se transparente em traduções burocráticas e repetitivas, ou quando se destaca no papel de artista, por ter traduzido de maneira eficiente uma obra de arte, não o vejo como coitado, muito menos como herói. Considero-o necessário, e a impressão mais forte que fica a respeito do ato de traduzir é a de altruísmo. Então é possível organizar o ato de traduzir dessa forma: gera muito trabalho – dominar idiomas, ter conhecimento mínimo das culturas envolvidas, ler muitas vezes o texto e entendê-lo das mais variadas formas, fazer muita pesquisa; gera muito desenvolvimento – há aperfeiçoamento na prática dos idiomas, a pesquisa acumula conhecimento, há aumento das capacidades de interpretação e expressão, há ganho de sensibilidade, faz-se necessária a elaboração de uma ética e a eliminação de preconceitos; possui um tipo de altruísmo intrínseco – independente das intenções, traduzir multiplica informação e cultura; é sempre direcionada para alguém; demanda conquista – seja para ganhar dinheiro, manter um emprego ou se reconhecido, a tradução deve conquistar adeptos, gente que a considera uma boa tradução ou que, pelo conteúdo, faz com que os leitores busquem mais cultura ou decidam aprender um idioma; por fim, é necessário paixão – pois é algo que faz tudo funcionar melhor, a paixão pode aumentar, e muito, todos os itens já citados, ajuda a tirar da palavra ‘trabalho’ o que ela tem de ruim, para manter apenas o que ela tem de necessário, a paixão conserva um medo saudável de não estarmos sendo bons o suficiente e traduzir com paixão, no limite, pode causar em outras pessoas algum tipo de paixão. Em um bom tradutor, operário e artista se confundem.

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147 E fazendo uso do tema, talvez em desacordo com a banda de que tanto gosto, e a despeito da aversão que tenho pelo cristianismo, cito uma frase bíblica que define bem o que significa a arte de traduzir, principalmente quando a usamos para traduzir arte. Eu não interpretava dessa forma e se trata de uma tradução que nem encontro mais, todas que consultei são diferentes, mas foi esta que marcou minha infância. E, de certa forma, ela resume tudo que um tradutor deve fazer: “crescei e multiplicai-vos”.

O tradutor, levando em consideração tudo o que foi dito, é quem traduz. Voltando ao mito de Babel, a torre é uma metáfora muito forte, e permite muitas interpretações. Uma é que ela é algo possível apenas enquanto a espécie humana, não que fale a mesma língua, mas que se entenda e seja harmônica. E a torre em si pode significar muitas coisas, conhecimento, sabedoria, evolução, mas pode significar também, caso tivesse sido concluída, a capacidade dos humanos alcançarem o paraíso antes de morrer. Chegar aos céus com o trabalho coletivo das nossas próprias mãos.

Os tradutores são vários e sua função subdivide-se, permeando muitas áreas da atividade humana, são necessários, muitas vezes, imprescindíveis. Todavia, arrisco-me assumindo uma atitude, talvez ilusória e deveras romântica, que coloca todos eles sob a mesma condição: a de operários, artistas e construtores. Encerro este trabalho dizendo que vivo em um tempo no qual, bem devagar, estamos nos reconhecendo, nos reencontrando como espécie, estreitando os laços de comunicação, e isso me causa uma leve esperança de que depois de superar muitas dificuldades, cedo ou tarde, nós vamos nos entender, não sei se novamente, ou pela primeira vez. Nesse sentido, o tradutor é a figura que diz, não através do que fala ou escreve, mas do que faz: “Vamos crescer um pouquinho? Aprender novas línguas, compreender e tolerar outras culturas?. Vamos multiplicar, com respeito, tolerância e empenho, esse conhecimento, essa sabedoria?”. Ainda que de maneira indireta e sutil, o tradutor é a figura que diz em todas as línguas, e sem problemas de tradução: “Vamos construir essa torre.”

REFERÊNCIAS

MITTMANN, S.. (2003) “Resgatando pontos de vista sobre a tradução” em: Notas do tradutor e

processo tradutório. Porto Alegre: Ed. da UFRGS.

Torre de Babel - Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_de_Babel. Acesso em: 29 jun.

2 0 1 1 .

Bad Religion Lexicon. Disponível em: http://www.thebrpage.net/lexicon/. Acesso em: 29 jun. 2011.

APÊNDICE

Processo prático e material utilizado

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1. Obtenção do texto fonte e conferência com a música; 2. A leitura do texto todo, várias vezes;

3. Pesquisa dos pontos obscuros do tema (no caso, o mito de Babel); 4. Obtenção da versão do site Google;

5. Obtenção da versão do site Terra; 6. Uma leitura atenta de ambas; 7. Tradução livre, verso a verso;

8. Resolução de dúvidas de pesquisa de vocábulos; 9. Verificação e correção da norma culta;

10. Verificação e eliminação de deselegâncias inaceitáveis (critério pessoal); 11. Segunda tradução livre, procurando “esquecer” as demais, mantendo o foco no idioma de partida;

12. Ajustes de elegância e beleza (critérios pessoais);

13. Reflexões e pesquisas intensas, em busca por melhores opções; 14. Inclusão de idéias e mais ajustes (esses nunca cessam); Material utilizado:

• 3 dicionários de português (1 online, 1 offline e 1 de papel);

• 2 dicionários bilíngues (1 online e 1 offline);

• 1 dicionário de inglês;

• 1 conjugador de verbos online;

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