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5°CELSUL2003-CuritibaPR

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A DISSEMINAÇÃO DA LINGÜÍSTICA TEXTUAL NO BRASIL: TRABALHOS PUBLICADOS NO GEL

Luciana Pereira da SILVA (CEFET-PR / UEL / UFPR)

ABSTRACT: Textual Linguistics (TL) in Brazil is little or just partially known. With the exception of a more pedagogical appropriacy (which deals with text teaching), TL may offer important contribution to language study on verbal and interactional approaches. This paper aims at making an inventory of this sort of contribution by analysing papers published by the ‘Journal of Linguistic Studies’, which from GEL seminars from 1991 to 2000.

KEYWORDS: Textual Linguistics, research, GEL seminars

Apresentação

As ciências da linguagem vêm apresentando um desenvolvimento considerável no Brasil. Proliferam os cursos de pós-graduação, os grupos de pesquisas, os congressos e as revistas científicas. Esse aumento na produção de trabalhos deve ser acompanhado de uma melhoria na qualidade. Para tanto se faz necessário um certo distanciamento por parte dos pesquisadores para avaliar os rumos tomados por uma certa área da ciência e seus reflexos na sociedade. Tais observações prestam-se ao estágio atual dos estudos lingüísticos no Brasil. Essa tarefa está sendo realizada eficazmente em vários níveis e por vários profissionais, como comprovam os trabalhos de Altman (1998), Bentes (2001) e o número especial da revista D.E.L.T.A. (1999).

Para tal empreitada, servem-se de artigos publicados em revistas específicas, obras de divulgação, principais grupos de pesquisas e instituições. A catalogação desses trabalhos orienta os acadêmicos e pesquisadores numa balização de sua área de pesquisa em relação às outras da Lingüística numa relação diacrônica e sincrônica. Dentre essas áreas há uma, nascida nos anos 70, que tem no texto seu objeto de estudo. Trata-se da Lingüística Textual (LT).

Esta comunicação propõe-se a recuperar as pesquisas em Lingüística Textual realizadas no Brasil nos últimos dez anos. Para tanto utiliza-se de um corpus modesto: os trabalhos publicados na revista Estudos Lingüísticos, resultado dos Seminários do Grupo de Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo (GEL), entre os anos de 1991 e 2000.

Primeiramente será feito um levantamento quantitativo e, em seguida, uma breve análise das direções seguidas pelos pesquisadores na Lingüística Textual. Na exposição deste trabalho, optou-se pela seguinte distribuição: num primeiro momento situa-se, sucintamente, a LT como ciência da linguagem; na seqüência, comenta-se a forma de constituição do corpus analisado, para, em seguida, apresentarem-se os dados obtidos com breve comentário; finalmente, apontam-se possíveis justificativas para esses dados.

Assim espera-se detectar a preferência em relação à área de estudo daqueles que se dedicam à LT no Brasil e que se utilizam do GEL como veículo de divulgação de suas

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pesquisas.

1. Lingüística Textual

Desconhecida de muitos que se graduaram até o final dos anos 60, a Lingüística Textual é apresentada por Marcuschi (apud Bentes, 2001) como “uma disciplina de caráter multidisciplinar, dinâmica, funcional e processual, considerando a língua como não-autônoma nem sob seu aspecto formal”.

Bentes situa seu início no começo da década de 70, como

(...) parte de um amplo esforço teórico, com perspectivas e métodos diferenciados, de constituição de um outro campo (em oposição ao campo construído pela Lingüística Estrutural), que procura ir além dos limites da frase, que procura reintroduzir, em seu escopo teórico, o sujeito e a situação da comunicação, excluídos das pesquisas sobre a linguagem pelos postulados dessa mesma Lingüística Estrutural ¾ que compreendia a língua como sistema e como código, com função puramente informativa. (2001,245)

Ou seja, a LT surge, juntamente com a Sociolingüística, a Análise do Discurso, a Pragmática, entre outras, num momento de mudança de paradigma nos estudos da linguagem, quando são considerados, na cena lingüística, outros “atores”, tais como a subjetividade, a dimensão espaço-temporal e as interações de fala.

No Brasil, os primeiros trabalhos que tem o texto como objeto datam do final dos anos 70, aproximadamente dez anos depois do início da LT. Koch (1999) acredita que a gênese desses trabalhos encontre-se em dois pontos: por um lado, na divulgação de três obras, Semiótica Narrativa e Textual (Chabrol et al.), Lingüística e Teoria do Texto (Schmidt) e Pragmática Lingüística e o Ensino do Português (Fonseca & Fonseca); por outro, nas pesquisas desenvolvidas na Unicamp na área do discurso e da Semântica Argumentativa. Mas é na década de oitenta que os estudos da então nomeada Lingüística Textual se expandem, principalmente depois da publicação do artigo Por uma Gramática Textual, de Ignácio Antônio Neis (1981).

Koch apresenta a Lingüística Textual, no Brasil, em três momentos. Até a metade da década de 80, quando são publicadas as obras introdutórias desse novo ramo da Lingüística, culminando na 1ª mesa-redonda da área Coerência e coesão na Teoria do Texto (1984), no encontro anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) da qual participaram Marcuschi, Neis e Koch. Já nesse momento inicial, o tema que mais recebeu atenção dos pesquisadores foi a coesão. Com o passar da década, ocorre uma mudança na preferência dos pesquisadores por temas da LT: da coesão para a coerência.

Essa mudança no objeto de estudo intensifica-se no início dos anos 90 ¾ segundo momento da Lingüística Textual no Brasil.

Atualmente a LT promove um intercâmbio com outras áreas das Ciências Humanas, adotando uma perspectiva sócio-interacional no estudo da linguagem e, portanto, do texto. Nesse período, o processo de referenciação e seus recursos anafóricos voltam a receber atenção dos estudos da Lingüística Textual

É para verificar esse terceiro período que será feito o levantamento dos trabalhos apresentados no GEL.

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2. Constituição do corpus

A escolha para a seleção do corpus poderia recair sobre muitas revistas (D.E.L.T.A., Cadernos de Estudos Lingüísticos, Alfa, Cadernos PUC, Letras de Hoje) ou Seminários (Abralin, ANPOLL) mas acredita-se que os seminários do Grupo de Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo (GEL) representam bem a dinâmica das pesquisas lingüísticas no Brasil, entre elas a Lingüistica Textual, realizadas tanto por graduandos, quanto por pós-graduandos e docentes das Instituições de Ensino Superior (IES).

O GEL foi criado na Universidade de São Paulo, em 1968, por iniciativa do professor Ataliba Teixeira de Castilho, seu primeiro presidente. Tem diretoria itinerante e promove regularmente seminários pelo estado de São Paulo. Publica seus Anais ininterruptamente, desde 1978 (Altman, 1998-270). Por ter nascido concomitante ao surgimento da LT, a análise dos trabalhos publicados em suas revistas pode configurar-se num painel das pesquisas desenvolvidas nessa área.

Na seleção do corpus, optou-se pelo recorte dos últimos dez anos (1991-2000). Nesse período, a publicação dos trabalhos apresentados no Seminário sofreu algumas modificações: até o volume XXIII era denominada Anais dos Seminários; a partir do volume XXIV, passou a ser uma revista, com corpo editorial e indexação em organismos internacionais. O volume XXX saiu em CD-ROM.

Em 2001, no Seminário realizado em Marília, foi publicado um Índice de Autores correspondente aos volumes XXI a XXX. Nesse índice os trabalhos entram por autor, seguido do título, volume dos anais/da revista e os números de página, como no exemplo abaixo:

ABAURRE, Maria Bernadete Marques

Explorando os limites da sistematicidade: indícios da emergência de traços estilísticos na escrita infantil

XXII: 196-201

Foram escolhidos quatro itens de entrada representativos das principais linhas de estudo da Lingüística Textual (textualidade, coerência, coesão, tipologia) para considerar um trabalho como pertecente à LT. Esses quatro itens representam os grandes eixos de estudo da LT: a textualidade, responsável pela própria constituição desse desmembramento da Lingüística, a coesão e a coerência, responsáveis por essa textualidade e a tipologia que vem, nos últimos tempos, recebendo uma considerável atenção por parte dos estudiosos do texto. Observe-se, também, como esses itens de entrada podem ser localizados através de algumas lexias:

as lexias referência, anáfora(s), anafórico(s), elementos anafóricos, referente, referências, relações de referência, referência nominal, procedimento de referencialização, referenciação entram como coesão.

as lexias superestrutura dos textos, marcas textuais, subtipos de textos entram como tipologia.

as lexias tópico, inferência, conhecimento entram como coerência.

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textualidade.

Após tabulação, constatou-se que esse Índice conta com um total de 1506 trabalhos. Desses, somente 49 tratam da Lingüistica Textual, ou seja, 3,25% do total, uma porcentagem extremamente pequena. A inclusão ou não do trabalho nessa listagem levou em consideração palavras ou expressões constantes no título. É claro, portanto, que a análise integral do texto da comunicação poderia incluir artigos nessa tabulação ou descartá-los.

3. Apresentação dos dados

Nas tabelas deste tópico deve-se observar que os termos sublinhados sinalizam a distribuição do trabalho quanto à área de estudo.

Volume XXI

Em 1991 foram apresentados no GEL de Franca 14 trabalhos de LT. Esses trabalhos foram publicados nos Anais de 1992, distribuídos em Jaú. Foi o ano, na última década, em que mais se apresentaram/publicaram trabalhos nessa área.

A anáfora temática ou contextual em textos conversacionais A coerência e o texto visual

A coesão revisada

A coesão textual em “Decerto ela tinha muito pecado”, uma das Histórias populares de Jaraguá-Tereza Bicuda

A leitura e o referente

Algumas considerações sobre coesão e coerência nas narrativas de crianças aos 5; 0

As mudanças de tópico

A superestrutura dos textos injuntivos Coesão e coerência no texto falado

Digressão: um fenômeno construindo a textualidade Reanálise de estruturas nominais referenciais

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polêmica

Referência dêitica e interação verbal algumas considerações preliminares

Repensando a questão da textualidade da cartilha

Nesse grupo encontram-se dois trabalhos sobre a textualidade ¾ um que se aproxima do ensino “Repensando a questão da textualidade da cartilha” e outro na fronteira com a coerência, pois trata da digressão. Um dos trabalhos trata da tipologia textual, área que vem sendo reabilitada pela LT. Dois trabalhos analisam tanto a coesão quanto a coerência, em textos orais e em narrativas infantis; e dois tratam especificamente da coerência. O maior número de trabalhos, no entanto, tem como tema a coesão (07 trabalhos), e mais especificamente a referência (04) e a anáfora (01).

Volume XXII

O volume XXII dos Anais do Gel ¾ publicado em Ribeirão Preto, 1993 ¾ corresponde ao Seminário realizado no ano anterior, em Jaú, na Fundação Educacional “Dr. Raul Bauab”.

A coesão em textos proverbiais bíblicos As relações intertextuais da charge jornalística

“Frame” como elemento de coerência nas perguntas e respostas Função coesiva do artigo genitival em romeno

O conceito de texto na escola

O mau emprego das marcas lingüísticas e possíveis reflexos no estabelecimento da coerência no texto escrito

O papel do conhecimento prévio no processo de inferência lexical Tópico como elemento de coerência nas perguntas e respostas Uso anafórico dos classificadores nominais em Baníwa do Içana

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Nesse volume há 04 trabalhos sobre coerência, 03 sobre coesão e 02 sobre textualidade, totalizando 09 comunicações.

Volume XXIII

O volume XXIII dos Anais do Gel ¾ publicado em São Paulo, 1994 ¾ corresponde ao Seminário realizado no ano anterior. Identificaram-se 06 trabalhos de LT: 02 sobre coesão e coerência e 04 sobre coesão.

A propósito da questão da referência

Coesão e coerência : fatores de sustentação da textualidade na conversação

Discutindo a questão da leitura através de elementos da coesão e da coerência

Grupos nominais do português: um mecanismo de coesão textual Pretéritos dêiticos e anafóricos no português falado no Brasil Um estudo de coesão textual: tentativa de aplicação a textos de

alunos

Volume XXIV

No volume XXIV dos Estudos Lingüísticos do GEL ¾ publicado em Ribeirão Preto, 1995 ¾ referente ao Seminário realizado no ano anterior em São Paulo, na Universidade de São Paulo, há somente um trabalho em LT e este trata da coesão.

Referência e anáfora pronominal exofórica

Volume XXV

O volume XXV dos Estudos Lingüísticos do Gel ¾ publicado em Taubaté, 1996 ¾ corresponde ao Seminário realizado no ano anterior em Ribeirão Preto, na UNAERP. Foram encontrados 03 trabalhos de coesão, 01 de coerência e 01 de textualidade.

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Do texto estímulo à premissa: um aspecto da textualidade dissertativa escolar

Estudos sobre elementos anafóricos no português do Brasil (apresentação)

Relações de referência no texto escrito: como a criança as estabelece e as compreende

Sobre anáforas e pronomes: ele mesmo/ si mesmo

Volume XXVI

O volume XXVI dos Estudos Lingüísticos do Gel ¾ publicado em Campinas, 1997 ¾ corresponde ao Seminário realizado no ano anterior em Taubaté, na UNITAU. Neste volume, os três trabalhos referem-se à coesão.

Procedimentos de referencialização do texto Prolog e a referência nominal

Referência, signo e discurso

Volume XXVII

No volume XXVII dos Estudos Lingüísticos do Gel ¾ publicado em São José do Rio Preto, 1998 ¾ correspondente ao Seminário realizado no ano anterior, na Universidade de Campinas, há um trabalho de coesão.

Discurso na imprensa escrita: elementos e mecanismo de coesão

Volume XXVIII

O volume XXVIII dos Estudos Lingüísticos do Gel ¾ publicado em Bauru, 1999 ¾ corresponde ao Seminário realizado no ano anterior, em São José do Rio Preto, na

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Universidade Estadual de São Paulo. Encontrou-se, também, somente um trabalho, sobre textualidade.

A reformulação textual na interação adulto-criança

Volume XXIX

Em 1999 foram apresentados no Gel de Bauru 02 trabalhos sobre coesão. Esses trabalhos foram publicados nos Anais de 2000, distribuídos em Assis.

A expressão do complemento dativo anafórico no português brasileiro:

o papel de um fator discursivo

Coesão referencial em histórias em quadrinhos

Volume XXX

O volume XXX dos Estudos Lingüísticos do Gel ¾ publicado em Marília, 2001 ¾ corresponde ao Seminário realizado no ano anterior, em Assis, na UNESP.

A coesão textual no texto acadêmico

A relação entre as marcas textuais das bulas de medicamentos e a identidade do leitor

A relação conhecimento e competência comunicativa em redações de vestibulandos

Coesão e coerência nos textos da educação de jovens e adultos Da distinção entre tipos, gêneros e subtipos de textos

Quando a referência é uma inferência Referenciação e a escrita de C.

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Foram apresentados sete trabalhos assim distribuídos: um sobre coesão e coerência, um sobre coerência, dois sobre tipologia e três sobre coesão. O número de trabalhos de LT, que caía desde o volume XXIII, volta a crescer.

O quadro abaixo procura sintetizar os trabalhos apresentados por volume e por tema.

TEMA VOLUME TOTAL

XXI XXII XXIII XXIV XXV XXV

I XXVII XXVIII XXIX XXX textualid ade 02 02 ¾ ¾ 01 ¾ ¾ 01 ¾ ¾ 06 coerênci a 02 04 ¾ ¾ 01 ¾ ¾ ¾ ¾ 01 08 coesão 07 03 04 01 03 03 01 ¾ 02 03 27 coesão/ coerênci a 02 ¾ 02 ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ 01 05 tipologia 01 ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ 02 03 TOTAL 14 09 06 01 05 03 01 01 02 07 49 Considerações finais

A amostragem dos títulos de artigos levou a alguns equívocos, pois algumas das lexias escolhidas podem estar presentes em outras áreas da Lingüística com acepções diversas das apresentas na Lingüística Textual. Esse problema é mais flagrante em relação a duas lexias ¾ referência e anáfora ¾ , que ocorrem também com certa freqüência em outras áreas da Lingüística, com enfoque diverso dos estudos textuais. Na sintaxe chomskyana, ‘anáfora’ tem uma definição formal, bem diferente da LT. Os estudos sobre a referência muitas vezes se encaixam no domínio da semântica formal, como exemplificam os títulos Reanálise de estruturas nominais referenciais, A propósito da questão da referência, Prolog e a referência nominal. Da mesma forma, alguns textos que tratam da anáfora podem ser estudos de sintaxe: Uso anafórico dos classificadores nominais..., Sobre anáforas e pronomes: ele mesmo/ si mesmo, A expressão do complemento dativo anafórico no português brasileiro.

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hesitantes. A maior parte dos títulos que entram por textualidade, por exemplo, podem ser considerados como coerência, por ser esta o principal critério daquela. Pelo mesmo motivo, pode-se afirmar que o título “As relações intertextuais da charge jornalística” poderia entrar, também, como coerência. A inclusão do título “A reformulação textual na interação adulto-criança” como textualidade é extremamente duvidosa, poder-se-ia situá-lo, também, como psicolingüística. O mesmo se atribui ao título “A relação conhecimento e competência comunicativa em redações de vestibulandos” , que pode sinalizar para a Lingüística Aplicada.

Pretende-se, na seqüência dessa pesquisa, realizar a leitura integral dos artigos; assim tanto o problema da hesitação quanto o de definição de área serão dirimidos; a análise, portanto, se tornará mais acurada e precisa. Mesmo assim, alguns dados interessantes já se configuram.

A coesão, por exemplo, foi indubitavelmente o campo de estudo mais produtivo nos últimos dez anos (27 trabalhos - 55%), seguido da coerência (08 trabalhos) e da textualidade (06). Se se considerarem os trabalhos que analisam conjuntamente coesão e coerência (05), a porcentagem referente à coesão sobe para 65%.

A preferência pelos estudos da coesão deve-se, entre outros motivos, ao fato da mesma ter sido estudada desde o primeiro momento da Lingüística Textual no Brasil. Deve-se, também, à própria constituição da Lingüística Textual como Ciência. Num momento em que o limite de análise era a frase, quando se utilizavam teorias sintático-semânticas, muitos fenômenos não conseguiam ser explicados por esse tipo de análise, como por exemplo a co-referenciação. Nessa conjuntura, propôs-se a análise transfrasal, em que se parte da frase para o texto. Os mecanismos de coesão seriam os responsáveis por essa co-referenciação.

Outra justificativa é o caráter “palpável” da coesão, observada no texto, através de marcas lingüísticas; bem como sua imediata aplicação pedagógica.

Vale lembrar, ainda, que a predominância de trabalhos sobre anáfora e referência observados no corpus analisado está em consonância com pesquisas feitas na década de 90, na França e na Suíça, coordenadas por Charolles, Kleiber, Mondada, Dubois, Apothéloz, entre outros.

Essas considerações encerram-se com algumas comprovações, mas muito mais questionamentos. Se se sabe qual a área mais profícua nos estudos de LT no Brasil, resta saber qual a orientação teórica adotada por esses pesquisadores e a leitura que esses fazem de tais teorias. Para tanto seria necessária a leitura atenta das comunicações citadas nesse artigo e um levantamento do referencial bibliográfico utilizado.

RESUMO: A Lingüística Textual no Brasil ainda é pouco ou apenas parcialmente conhecida. Excetuando uma apropriação mais pedagógica (voltada para o ensino de textos), a LT pode apresentar importantes contribuições para o estudo da língua em suas manifestações verbais e interacionais. Este artigo visa a catalogar e discutir a materialização dessas contribuições através do exame dos trabalhos publicados na revista Estudos Lingüísticos, resultado dos Seminários do GEL, no decênio 91-00.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTMAN, Cristina. A pesquisa lingüística no Brasil (1968-1988). São Paulo: Humanitas/ FFLCH/USP, 1998.

BENTES, Anna Christina. Lingüística Textual. in.: Mussalin, Fernanda; Bentes, Anna Christina (orgs.) Introdução à lingüística: domínios e fronteiras,v.1. São Paulo: Cortez, 2001.

FÁVERO, Leonor Lopes; Koch, Ingedore G. Villaça. Lingüística textual: introdução. 3.ed. São Paulo: Cortez, 1994.

KOCH, Ingedore G. Villaça. O desenvolvimento da Lingüística Textual no Brasil. D.E.L.T.A., v.15. nº especial, 1999. (167-182)

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