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Outras pin-ups: uma série de ilustrações para tatuagem produzidas a partir de uma releitura das pin-ups de Gil Elvgren

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CURITIBA – SEDE CENTRAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL CURSO TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

ELOIZA LOPES MONTANHA

OUTRAS PIN-UPS: Uma série de ilustrações para tatuagem produzidas a partir de uma releitura das Pin-Ups de Gil Elvgren.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2018

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ELOIZA LOPES MONTANHA

OUTRAS PIN-UPS: Uma série de ilustrações para tatuagem produzidas a partir de uma releitura das Pin-Ups de Gil Elvgren.

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial – DADIN - da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo.

Orientador: Profa. Marina Moraes Araújo.

CURITIBA 2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 085

Outras pin-ups: uma série de ilustrações para tatuagem produzidas a partir de uma releitura das pin-ups de Gil Elvgren

por

Eloiza Lopes Montanha – 1720716

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 03 de dezembro de 2018 como requisito parcial para a obtenção do título de TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO, do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A aluna foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que após deliberação, consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora: Profa. Marinês Ribeiro dos Santos (Dra.) Avaliadora Indicada

DADIN – UTFPR

Profa. Lindsay Cresto (MSc.) Avaliadora Convidada

DADIN – UTFPR

Profa. Marina Moraes de Araujo (Esp.) Orientadora

DADIN – UTFPR

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”. Diretoria de Graduação e Educação Profissional

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Dedico este trabalho à todas as mulheres que por séculos são submetidas a padrões e estereótipos de beleza pela sociedade e seguem firmes, resistentes e belas à sua maneira.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que participaram da minha graduação, seja como professor, colega de sala, amigos de experiências extracurriculares, família e irmãos por escolha.

Um agradecimento muito especial à minha orientadora Profa. Marina Moraes Araújo por sua paciência e mentoria neste trabalho.

Por último, gostaria de agradecer a todos que participaram desse processo interagindo pela plataforma do Instagram. Vocês foram essenciais.

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"Nada é absoluto. Tudo muda, tudo se move, tudo gira, tudo voa e desaparece".

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RESUMO

MONTANHA, Eloiza. Outras Pin-Ups: Uma série de ilustrações para tatuagem produzidas a partir de uma releitura das Pin-Ups de Gil Elvgren. 2018. Trabalho de conclusão de Curso - Curso superior de Tecnologia em Design Gráfico,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018.

Esta pesquisa apresenta os dados e resultados do projeto intitulado “Outras Pin-ups: Uma série de ilustrações para tatuagem produzidas a partir de uma releitura das Pin-Ups de Gil Elvgren” que teve como propósito produzir novas formas de

representação da figura feminina nas ilustrações para tatuagem, propondo uma naturalização do corpo da mulher. A pesquisa, classificada como exploratória, utiliza-se de um procedimento de revisão bibliográfica assistemática para a parte teórica e baseia-se no método de do autor italiano Bruno Munari para a releitura das obras originais nas ilustrações para tatuagem.

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ABSTRACT

MONTANHA, Eloiza. Other Pin-Ups: A tattoo illustrations serie produced from a re-reading of Gil Elvgren's Pin-Ups. 2018. Completion of course work - Advanced Course in Graphic Design Technology, Federal Technological University of Paraná. Curitiba, 2018.

This research presents the data and results of the project entitled "Other Pin-ups: A series of illustrations for tattooing produced from a re-reading of Gil Elvgren's Pin-Ups," whose purpose was to produce new forms of representation of the female figure in the illustrations for tattooing, proposing a naturalization of the woman's body. The research, classified as exploratory, uses an unsystematic bibliographical review procedure for the theoretical part and is based on the method of the Italian author Bruno Munari for the re-reading of the original works in the illustrations for tattooing.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Suzana e os velhos – Jacopo Tintoretto... 24 Figura 2 - Suzana e os velhos – Artemísia Gentileschi... 24 Figura 3 - Pin-Up de Gil Elvgren... Figura 4 - Objetificadas pela Indusmentária ... Figura 5 - Incapazes... Figura 6 - Glamour... Figura 7 - Nude... Figura 8 - Híbridas... Figura 9 - Desenhos de Sailor Jerry 1... Figura 10 - Desenhos de Sailor Jerry 2... Figura 11 - Suicide Girl 1 ... Figura 12 - Suicide Girl 2 ... Figura 13 - Suicide Girl 3 e 4 ... Figura 14 - Pin-Ups na Tatuagem... Figura 15 - Girassol... Figura 16 - Estátua... Figura 17 - Flores... Figura 18 - Referência 1... Figura 19 - Referência 2... Figura 20 - Preferências de Estilo... Figura 21 - Avaliação de Estilos... Figura 22 - Fluxograma... Figura 23 - Hilda - Duane Bryers... Figura 24 - Livro "Outras meninas" de Manu Cunhas... Figura 25 - Men-Ups – Rion Sabean... Figura 26 - Yara Floresta... Figura 27 - Pétala Cavalcanti... Figura 28 - Análise “A Fast Takeoff” ... Figura 29 - Análise “Cold Feed” ... Figura 30 - Análise “Confidentially, it sticks” ... Figura 31 - Análise “Did Someone Whistle” ... Figura 32 - Análise “Handle with care” ... Figura 33 - Análise “Hard to Handle” ...

28 34 34 35 36 36 38 38 41 41 42 42 47 48 49 51 51 54 55 56 60 61 62 64 65 68 69 69 70 70 71

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Figura 34 - Análise “Adoration” ... Figura 35 - Análise “Vision of Beauty” ... Figura 36 - Análise “Golden Beauty” ... Figura 37 - Análise “Shell Game"... Figura 38 - Análise “Perfection” ... Figura 39 - Análise “Cee bee (to have)" ... Figura 40 - Análise “Charmaine” ... Figura 41 - Rascunho 1... Figura 42 - Rascunho 2... Figura 43 - Geração de Alternativas 1... Figura 44 - Geração de Alternativas 2... Figura 45 - Geração de Alternativas 3... Figura 46 - Geração de Alternativas 4... Figura 47 - Exemplos de flashes de Sailor Jerry... Figura 48 - Obras escolhidas para releitura 1... Figura 49 - Obras escolhidas para releitura 2... Figura 50 - Rascunho das releituras "Perfection" ... Figura 51 - Rascunho das releituras "Vision of Beauty"... Figura 52 - Protótipo "Sheel Game" ... Figura 53 - Justificativa "Sheel Game"... Figura 54 - Protótipo "Perfection" ... Figura 55 - Justificativa "Perfection" ... Figura 56 - Protótipo "Cee Bee (to have)" ... Figura 57 - Justificativa "Cee Bee (to have)"... Figura 58 - Protótipo "Charmaine" ... Figura 59 - Justificativa "Charmaine"... Figura 60 - Protótipo "Vision of Beauty" ... Figura 61 - Justificativa "Vision of Beauty"... Figura 62 - Protótipo "Golden Beauty" ... Figura 63 - Justificativa "Golden Beauty"... Figura 64 - Validação com público-alvo “Perfection"... Figura 65 - Validação com público-alvo “Vision of Beauty"... Figura 66 - Validação com público-alvo “Sheel Game"... Figura 67 - Validação com público-alvo “Golden Beauty"... Figura 68 - Validação com público-alvo “Charmaine"...

71 72 72 73 73 74 74 76 76 76 78 78 79 81 82 83 84 84 86 87 87 89 90 91 92 93 94 95 96 97 99 100 101 102 103

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Figura 69 - Validação com público-alvo “Cee Bee"... Figura 70 - Feedbacks... Figura 71 - Pasta de portifólio... Figura 72 - Tatuagem de releitura aplicada na pele...

104 105 106 107

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SUMÁRIO 1 Introdução... 15 1.1 Objetivo Geral... 17 1.2 1.3 1.4 Objetivos Específicos... Justificativa... Procedimento Metodológicos... 17 18 22 2 Referecial Teórico... 23 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8

Representação de Imagens Femininas... Representação Gráfica das Pin-Ups e sua Valorização

Cultural... Contexto Histórico das Pin-Ups... Gil Elvgren... As Pin-Ups na Tatuagem... Expansão da Tatuagem no Mercado Nacional e sua Importância como Signo Identitário... Estilos de Tatuagem que serão Aplicados no Produto Final

Público-Alvo... Projeto: Releitura... Metodologia do Projeto... Análises de Similares... Análise Individual das Imagens... Geração de Alternativas... Obras Selecionadas... Prototipação das Releituras... Validação com Público-Alvo... Produto... 23 25 30 32 36 42 45 51 55 56 58 65 74 78 84 96 104 Considerações Finais... 107 Referências... 110

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo produzir releituras de Pin-Ups do artista ilustrador Gil Elvgren para ilustrações destinadas à tatuagem.

Pin-ups são representações femininas voluptuosas e atraentes, cujas imagens sensuais produzidas em grande escala exercem um forte atrativo na cultura

pop e são utilizadas para vender produtos.

Segundo dados do SEBRAE, - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas- divulgados em junho de 2016, entre os anos de 2009 a 2012, às áreas dedicadas aos serviços de tatuagens e piercings aumentaram 413%, e desde 2004, o crescimento esteve próximo a 20% ao ano, constatando-se uma relevância deste serviço para o mercado nacional. As releituras serão interpretações das Pin-Ups, que são representações femininas ditas objetificadas e padronizadas esteticamente, para mulheres diversas, reconhecendo a importância da representatividade das mulheres que não são o padrão convencionado midiaticamente.

Existe uma lacuna no que diz respeito à representatividade dos mais variados tipos de mulheres - em seus tamanhos, formas, etnias e idades - nas ilustrações para tatuagem, recorte em que o presente trabalho busca tratar especificamente, visto que a forma em que as mulheres são representadas nestes desenhos ocorre de maneira semelhante como na TV e os impressos em geral.

Muitas mulheres representadas na mídia não condizem com as mulheres da vida real. No documentário “Mulheres brasileiras: do ícone midiático à realidade” criado pelas organizações Paz com Dignidade e Revista Pueblos, são expostas as relações que esse padrão veiculado tem com a própria mídia e com as mulheres “reais”. Vemos então, que as representações constroem formas de interpretar, ler e entender a sociedade, uma vez que não são coisas separadas e uma constitui a outra. Sendo assim, maior problema é que a forma como as mulheres são retratadas na mídia influencia diretamente em como a sociedade e as mulheres veem a si próprias. O fenômeno da corpolatria – o culto ao corpo - é construído e reconstruído por meio da mídia e pelo mercado da beleza. Ambos agentes criam e reforçam valores, padrões e tendências relativas ao corpo, estimulando os indivíduos a consumir, intensamente, bens e serviços destinados ao corpo (OLIVEIRA;

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TROCCOLI; ALTAF, 2012). Pode-se dizer que ao falar sobre a imagem midiática das mulheres, fala-se também sobre a sua condição na sociedade.

Este trabalho foi basicamente dividido em duas partes: A fundamentação teórica e a parte prática, a primeira parte contando com 8 subcapítulos em ambas as partes.

A fundamentação teórica, formada de 8 subcapítulos, corresponde ao segundo capítulo do trabalho está inicia-se brevemente acerca da representação da imagem da mulher, como isso se deu historicamente no mundo ocidental a partir do renascimento, e também como isso afeta as questões estéticas e os estereótipos vinculados midiaticamente na atualidade. Em seguida é dissertado sobre a representação gráfica das Pin-Ups e sua valorização cultural, apresentando brevemente o contexto histórico do American way of life, o surgimento das Pin-Ups e sua importância para aquele dado momento histórico;

Em seguida, é apresentado sobre Gil Elvgren, o autor das obras que serão analisadas, justificando por quê ele é o artista que está sendo contemplado e contextualizando de forma breve sua carreira profissional e categorizando em 4 grupos as Pin-Ups por ele criadas. Estes grupos servirão como base para as análises posteriores na parte prática do projeto;

Os seguintes capítulos tratam todos sobre a tatuagem, começando com a relação das Pin-Ups e a tatuagem para em seguida dissertar um breve histórico até chegar no momento da tatuagem Old School, que é quando a representação das Pin-Ups toma força. Os últimos subcapítulos ainda tratam das questões mercadológicas e da tatuagem como signo identitário, finalizando com uma breve introdução nos estilos que serão aplicados nas releituras e a justificativa destas escolhas.

A parte prática do projeto começa com o público alvo, em que a apresentação desse público justifica as escolhas nos estilos das releituras. Em seguida, é introduzido os conceitos sobre o que é uma releitura para em seguida, abordar a metodologia que será utilizada, que é a de Munari, baseando-se principalmente no afunilamento de informações - das mais amplas até as mais específicas;

Em seguida é feita uma análise de similares, para coletar algumas referências que serão utilizadas como inspiração na produção das releituras. Depois, uma análise individual de imagens já pré-selecionadas - das décadas de 40 e 50 e já classificadas nos grupos criados no capítulo “Gil Elvgren”. Essa análise estuda,

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dentre outros quesitos, a viabilidade de tornar o desenho uma ilustração destinada à tatuagem, considerando questões como o tamanho, quantidade de detalhes, composição, etc;

Em seguida, tem-se uma geração de alternativas, mostrando as alternativas que não deram certo e justificando os motivos, para em seguida mostrar as obras selecionadas para a releitura e a justificativa das escolhas;

Adiante, a prototipação das releituras, em que são apresentados quadros de comparação com a figura da obra original e da releitura, com uma tabela comparativa entre os dois desenhos, indicando o quê mudou e por quê; a validação com o público alvo, problematizando questões de por quê certas releituras tiveram preferência, realizando uma análise do público até, finalmente, discorrer sobre o produto final, que é uma pasta catálogo com as releituras expostas e tabelas com justificativas e textos, além de um comparativo com a obra original. Nesse capítulo encontra-se fotos do produto final.

Em seguida, as considerações finais e as referências bibliográficas do trabalho.

1.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma série de ilustrações para tatuagem de desenhos de figuras femininas. Essas figuras serão releituras das Pin-ups da década de 40 e 50, do artista Gil Elvgren, redesenhadas em outro contexto histórico e político. O objetivo é trazer outras características para os desenhos de Pin-Up, como outras etnias e formatos de corpos, produzindo uma releitura do padrão de beleza do American way of life para o contexto diversificado das mulheres no século XXI, produzindo imagens do corpo nu dessexualizado e naturalizado. As Pin-Ups foram escolhidas como objetos de pesquisa pois representam um tipo único de representação de mulheres e um padrão de beleza normativo.

1.2 Objetivos Específicos

Relatar o contexto histórico das Pin-Ups;

● Apresentar um breve relato sobre a importância da tatuagem no mercado, como signo identidário e linguagem artística;

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● Analisar quais são as representações recorrentes da imagem da mulher nas ilustrações das Pin-Ups e na tatuagem;

Analisar a forma como a imagem das Pin-Ups de Gil Elvgren são representadas;

● Interpretar 6 obras de Gil Elvgren, das décadas de 40 e 50, para realizar a análise e releitura;

● Reunir em uma pasta catálogo as ilustrações prontas, para tatuagem. 1.3 Justificativa

As motivações para a execução do projeto partem de alguns fatores. Relacionar esse projeto com a tatuagem, é motivado pelo fato da autora do presente trabalho atuar no mercado da tatuagem e presenciar no seu ofício a carência de representação de figuras femininas diversas, que fogem do padrão estético convencionado pela mídia. Além disso, vislumbra-se uma grande importância mercadológica, inclusive em ascensão. De acordo com um estudo do SEBRAE, realizado entre janeiro de 2016 e de 2017, houve um crescimento de 24,1% no número de estúdios de tatuagem abertos no país. Os números chamam a atenção principalmente devido ao momento de crise, o que aponta um real interesse da população pelo setor. Ainda de acordo com o SEBRAE, ao se considerar apenas Microempreendedores Individuais (MEI), o aumento é de 24,3% a mais do que o valor registrado em 1º de janeiro de 2016, quando passou de 9.151 para 11.380 negócios de tattoo e body piercing no País.

As Pin-Ups foram escolhidas como o objeto de pesquisa pois a forma como são retratadas ainda é muito utilizada na representação de mulheres atualmente. A Pin-Up possui características muito marcantes e específicas em relação às suas formas, expressões corporais, faciais e etnias, e é justamente isso que a caracteriza como Pin-Up, tendo essas características justificadas pelo momento político e contexto histórico distintos, referentes à década de 50 e ao American way of life ou seja, a produção e exportação em larga escala de produtos domésticos, pessoais, alimentícios, etc. americanos, na qual a publicidade foi amplamente usada, e com ela vieram as ilustrações, ou seja, a arte puramente americana (SCHUSSEL; VARANI, 2010).

A questão que deve ser levada em consideração é que a Pin-Up é vista como um símbolo quando se pensa em objetificação feminina e até então sendo

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considerada como um padrão e uma figura idealizada, a qual muitas mulheres ainda buscam ser. Além disso, permanece sendo um tema presente nas ilustrações destinadas à tatuagem e na moda, como veremos adiante no trabalho.

As Ilustrações das Pin-Ups de Gil Elvgren foram retratadas com pintura à óleo, porém a releitura será feita utilizando a técnica mista - que mistura pontilhismo, hachuras e traços - apenas em tinta preta. A justificativa para tal escolha se dá pelo fato da autora deste trabalho, utilizar essa técnica de representação na tatuagem e presenciar o crescimento do estilo no mercado de tatuagem, como também será abordado posteriormente.

Uma outra motivação é a questão da representação feminina. As imagens da arte e da mídia influenciam na construção de um imaginário do corpo feminino. Para as mulheres, que nascem e crescem bombardeadas de informações normativas e estereotipadas, é de suma importância que as que não se encaixam nos padrões naturalizados e convencionados como os corretos, se sintam representadas, pois a perpetuação de tais estereótipos inatingíveis, que atendem aos interesses da indústria e das cirurgias plásticas contribuem para promover irremediáveis prejuízos à autoestima das mulheres. É de todas as mulheres o direito de ser reconhecida e valorizada socialmente, e de se desenvolver plenamente sendo quem se é, uma vez que a problematização do tema contribui para a desnaturalização de padrões vigentes, fazendo ser necessária a existência de uma polissemia discursiva, que segundo a autora Loponte (2002), é a existência de vários significados sobre os discursos, afinal, segundo a mesma autora, as imagens são pedagógicas, por isso a importância de subverter os olhares canônicos promovidos pelas imagens

Castro (2004) aponta o culto ao corpo como uma dimensão do estilo de vida, que é adotado pelos indivíduos nas sociedades contemporâneas através de suas escolhas para construir identidades. Atualmente, encontra-se disponível uma gama de práticas voltadas para a transformação ou para a modificação do corpo, e o autor exemplifica este fenômeno pela aproximação feminina com o tipo magro e pela prática de consumo de cosméticos e de alimentos diet, ambos estimulados pela mídia. (OLIVEIRA; TROCCOLI; ALTAF, 2012)

Segundo Leitão (2004), tais práticas vão de encontro à ideologia de anulação do corpo como cultura, visto que o corpo, que é a matéria original, pode ser moldada de acordo com as normas e com os padrões culturais, podendo então, se tornar uma

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mercadoria-signo, um veículo por meio do qual os indivíduos criam vínculos e estabelecem distinções sociais (Apud. OLIVEIRA; TROCCOLI; ALTAF, 2012).

Segundo Trinca (2008), A lacuna no que diz respeito à representatividade dos mais variados tipos de mulheres - em seus tamanhos, formas, etnias e idades - na mídia é exemplificada por uma pesquisa “Representações das mulheres nas propagandas na TV”, realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão (2013), revela que para 65% dos entrevistados o padrão de beleza nas propagandas está muito distante da realidade das brasileiras e 60% consideram que as mulheres ficam frustradas quando não se veem neste padrão. Por outro lado, a maior parte dos entrevistados deseja que a diversidade da população feminina brasileira esteja mais representada: 51% gostariam de ver mais mulheres negras e 64% gostariam de mais mulheres de classe popular nas propagandas.

É por meio da incessante corrida em busca da beleza ideal, ditada pela supremacia da aparência, que os sujeitos, marcados especialmente pela insatisfação com o próprio corpo, procuram construir suas identidades e autoimagens particulares. Estimulada por um aumento da segurança médica, pelo parcelamento financeiro (a perder de vista) e pela “facilidade” em alcançar modelos estéticos corporais diferentes do determinado pelo biótipo. (Apud. OLIVEIRA; TROCCOLI; ALTAF, 2012)

Essa necessidade de uma representação mais coerente evidencia-se com casos de mulheres como a historiadora Karla Alves, ativista negra do grupo de Mulheres Negras do Cariri, que não encontrava, nem nos meios tradicionais de cultura, tampouco nos conteúdos escolares, referências negras positivas e legítimas. “Isso provocou um estigma ainda pior: a solidão existencial que, naquele momento, não me deixava contar nem comigo mesma”, diz. (ANJOS; ARRAES, 2015)

Clélia Prestes (Apud ANJOS; ARRAES, 2015, p.1), mestre e doutoranda em Psicologia Social pela USP e psicóloga do Instituto AMMA Psiquê e Negritude diz que:

Desde o nascimento e ao longo do processo identitário, a autoestima é influenciada pelos referenciais coletivos de beleza, nos quais as mulheres negras praticamente não estão representadas,

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apesar da maioria da população brasileira ser negra. Como resultado, no imaginário social e em concepções pessoais, pensamentos e sentimentos que tratam a diversidade com hierarquia de valores, prejudicando drasticamente a forma como mulheres negras são vistas e, consequentemente, sua autoestima e relações afetivas.

Ainda se tratando das mulheres que não fazem parte do padrão corporal convencionado pela mídia, um estudo do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP afirma que as imagens representadas midiaticamente podem influenciar na satisfação corporal dos indivíduos. Portanto, quando um corpo magro é exaltado ao mesmo tempo em que os corpos gordos são ridicularizados e não são representados, há uma colaboração para que as pessoas odeiem seus próprios corpos e recorram a dietas perigosas ou que desenvolvam um distúrbio alimentar somente para agradar uma expectativa de beleza que elas nunca quiseram, mas que foi imposta. (FRANCISCHI, 2016)

As imagens são pedagógicas e portanto, muito importantes para a construção de sentidos, significados e formação de estereótipos (LOPONTE, 2002)

Quando uma imagem se repete indefinidamente até se tornar parte do imaginário social a fim de que este se torne um ideal (um dos exemplos sobre isso são as Pin-Ups na década de 50 com a repetição do American way of life), a forma como as mulheres são representadas nas ilustrações para tatuagem é muito importante - levando em consideração a importância da tatuagem na atualidade.

O autor Gil Elvgren foi escolhido como o ilustrador de Pin-Ups que a autora do presente trabalho pretende analisar pois, segundo Martignette (2013) e Lages (2016), foi um dos nomes que mais produziu material e obteve reconhecimento nessa área. O artista possui uma vasta quantidade de obras, então busca-se analisar apenas as obras datadas da década de 40 e 50, as imagens produzidas para a Indústria de calendários Brown and Bigelow. Ainda em concordância com Martignette (2013), essas décadas marcam a maturidade no trabalho do artista e a ampla produção de ilustrações, as quais ele produzia especificamente para esta indústria de calendários.

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1.4 Procedimento Metodológicos

A presente pesquisa classifica-se como exploratória, em conformidade com o que leciona Gil (2008), com vista a identificar o problema na representação da figura feminina nas ilustrações das Pin-Ups, a fim de construir hipóteses com possíveis soluções para que sejam aplicadas na releitura dessas ilustrações, voltadas para a tatuagem. Utilizou-se como método de pesquisa a revisão bibliográfica assistemática, baseando-se em alguns autores principais, como Loponte (2002), que irá fundamentar a questão da forma como as figuras femininas são representadas e como essas representações interferem e dialogam com a realidade; Os autores Oliveira et. al (2012), que irão basear a questão da tatuagem como signo identitário, Os autores Seles et. al (2016), que servirão de base para fundamentar as escolhas estilísticas que irão permear as releituras; O autor Martignette (2013), que será usado como respaldo sobre a vida e obra de Gil Elvgren. Os conceitos de Pin-Up serão fundamentados principalmente pelas autoras Schussel e Varani (2010) e o contexto histórico - a guerra fria, o American way of life e a sociedade norte-americana capitalista pós segunda guerra mundial - serão abordados por Cunha (2017).

Em paralelo, pretende-se fazer uma análise de similares como procedimento metodológico para a parte prática do projeto, que será fundamentada pela metodologia de Munari (1983), com o livro “das coisas nascem coisas”.

De acordo com Munari, o projeto será feito de forma a afunilar as especificações, começando de forma abrangente e recortando até chegar em algo específico. A estrutura da fundamentação teórica deste trabalho se apropria deste método de afunilamento.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este referencial teórico foi utilizado para dar embasamento ao projeto prático das releituras. A seguinte fundamentação se inicia falando sobre a representação gráfica da imagem das mulheres, para em seguida discorrer brevemente sobre a representação gráfica das Pin-Ups e sua valorização cultural, assim como o seu contexto histórico, o american way of life.

Em seguida, abordará sobre o autor Gil Elvgren, com a justificativa deste ter sido escolhido como o artista estudado nesse trabalho. Por ultimo, a fundamentação teórica irá abordar o universo da tatuagem, apresentando inicialmente qual é o

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relacionamento da Pin-Up com a tatuagem, depois apresentando um breve histórico, a expansão da tauagem no mercado nacional e finalizando com os estilos e temáticas que serão aplicados nas releituras com as justificativas para tais escolhas.

2.1 Representação de Imagens Femininas

De acordo com Lipovetsky (2000), é a partir da renascença europeia que surgem os critérios da beleza feminina, com a idolatria do “belo sexo”, porém com os passar dos séculos XV e XVI a mulher branca europeia é alçada ao pináculo como personificação suprema da beleza. O renascimento produz a ideia do belo sexo, sacraliza a beleza feminina, exalta as qualidades da mulher como deusa e musa inspiradora. A beleza das mulheres transforma-se em temática e representação principal das obras artísticas do período. (SILVA; BELARMINO, 2012)

Com o patamar de exaltação que o “belo sexo” eleva as mulheres, por um lado ela se vê valorizada por seus atributos físicos, por outro é confrontada com o reforço de estereótipos gradativamente endossados e aceitos socialmente.

Segundo a autora Loponte (2002), na história da arte ocidental os corpos femininos são um tema recorrente, construindo e consolidando através de pinturas e esculturas um olhar masculino sobre a imagem das mulheres. Embora o corpo feminino na arte ocidental estivesse em evidência, isto necessariamente não queria dizer que a própria mulher (como um sujeito e com vontade própria) também o estivesse.

Berger (1999) por exemplo, argumenta o quanto a passividade e a submissão a um olhar masculino - tanto do artista quanto do espectador - é constitutiva da imagem feminina na arte ocidental, pois o corpo feminino foi representado através da arte, que por sua vez era produzida a partir de um olhar masculino hoje considerado patriarcal e controlador (apud BARRETO, 2013).

Segundo Loponte (2002) a proliferação de representações do corpo nu feminino, que se manifestam através de olhares para um fictício espectador a submissão ao próprio artista e ao proprietário da obra, ocorre em especial na história da arte ocidental, principalmente a partir do Renascimento, como por exemplo com a obra intitulada “Suzana e os velhos”, de Jacopo Tintoretto (1557), em que se percebe uma diferença entre a representação que foi executada por um homem – Tintoretto – e por uma mulher, quando a mesma narrativa foi executada pela pintora Artemísia Gentileschi (1610), segundo ilustram as figuras em comparação abaixo:

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Figura 1: Suzana e os velhos – Jacopo Tintoretto

Fonte: www.viciodapoesia.com1

Figura 2: Suzana e os velhos – Artemísia Gentileschi

Fonte: www.viciodapoesia.com2

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Apesar disso, a fim de não cometer generalizações, Berger (1999) acrescenta que em tradições não-europeias, como nas artes indiana, persa, africana, pré-colombiana, a nudez feminina não é vista da mesma forma. Nas representações do amor sexual, a mulher aparece tão ativa quanto o homem (Apud. BARRETO, 2013)

Segundo a psicóloga e coordenadora do Observatório da Mulher, Rachel Moreno, a atual forma de representação da figura feminina, em um cenário de concentração da mídia, é absolutamente estreita, e falta diversidade e pluralidade.

A mulher é sempre representada como branca, jovem, magra, cabelos lisos etc quando, na verdade, a mulher brasileira é branca, negra, jovem, velha, magra, gorda, de uma diversidade que, simplesmente, não se veem representadas. (MORENO, 2015,p.1)

Vale salientar sobre a estreita relação entre a visão e o poder, como forma de justificar a importância da representação das mulheres na tatuagem. Segundo Loponte (2002), o nosso olhar foi fabricado em diálogo com cultura visual do final do século XX e parece acostumado com os corpos femininos que vendem produtos, lugares e modos de ser. Silva (1999) diz ainda que a visão é, de todos os sentidos, a que mais expressa a presença e eficácia do poder, visto que muitas das operações próprias do poder foram realizadas e efetivadas no olhar e por meio dele. Sendo assim, é pelo olhar que o homem transforma a mulher em objeto: por meio das representações artísticas, são imobilizadas e disponíveis para seu desfrute e consumo. (Apud LOPONTE, 2002)

Concluindo sobre a importância que o poder se produz a partir dessas imagens, que são vistas de forma inofensiva, Foucault (1999) alerta que nossa tarefa, não é encontrar “um” sujeito do poder, ou uma oposição fixa dominador– dominado, mas sim entender como o poder opera, como se dissemina e que relações constitui. (LOPONTE, 2002)

2.2 Representação Gráfica das Pin-Ups e sua Valorização Cultural

A arte genuinamente estadunidense demora para aparecer. Existem dois possíveis argumentos para essa questão, segundo Tashjian (1996):

2

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A primeira tem como linha de raciocínio um argumento funcionalista: a arte americana foi adiada porque, como disse Adams, às demandas práticas exigiam mais urgência numa sociedade que ainda não estava seguramente estabelecida. O segundo argumento tem uma linha de raciocínio religiosa: a herança puritana. O Segundo Mandamento proíbe a adoração de falsos ídolos. Quando os puritanos migraram para a Nova Inglaterra, tiveram a oportunidade de construir uma sociedade baseada em seus próprios valores e a iconoclastia dos puritanos manteve a arte fora da Nova Inglaterra e – em combinação com imperativos práticos – quase fora da cultura americana muito depois que o puritanismo havia acabado”. (apud SCHUSSEL; VARANI, 2010, p.5)

Com o tempo, os editores das revistas estadunidenses – em concordância com um fenômeno relacionado ao incremento da indústria gráfica que aconteceu em muitos países - perceberam que as pessoas se interessavam muito mais pela leitura e compravam o produto quando havia uma ilustração em seus artigos ou na capa da revista. A década de 1920 marcou as disputadas competições das revistas por leitores e trouxe a Era Dourada da ilustração americana, que durou até os anos 1970. São as Pin-Ups que representam o ápice das artes gráficas estadunidenses e sua maior difusão, ilustrando comerciais, propagandas, calendários, cadernos, e inclusive aviões da Segunda Guerra Mundial (SCHUSSEL e VARANI, 2010). Conforme a autora Miranda (2014, p.149) sobre a definição de Pin-Up:

Modelos da beleza ideal, as pin-ups foram, originalmente, garotas propagandas de bens, serviços e ideais norte-americanos do segundo terço do século XX, que ao serem compreendidas como representação da all american girl, ou seja, de toda garota americana, constituíram-se como parte da cultura do país.

Ou seja, compreendemos as Pin-Ups pelo imaginário relativo ao ápice do gênero: fotografias e ilustrações produzidas entre 1940 e 1950, em que jovens mulheres brancas, magras e jovens de boa aparência – bem vestidas, penteadas e maquiadas – são retratadas em situações, normalmente no espaço privativo do

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doméstico, que as fazem revelar sua lingerie, ou partes do corpo que supostamente deveriam estar cobertas por sua indumentária. (MIRANDA, 2014)

No final dos anos 1930 e início dos anos 1940, enquanto os Estados Unidos trabalhavam para sair da Grande Depressão, a situação na Europa indicava que os Estados Unidos poderiam entrar em guerra a qualquer momento, instaurando uma preocupação a mais nas vidas dos civis estadunidenses, trazendo a todos uma onda de ansiedade. Como um dos recursos utilizados para aliviar a ansiedade, a tensão e a preocupação, o entretenimento e as artes ocuparam um enorme lugar na vida dos americanos. Por este motivo, a indústria de calendários, revistas e ilustrações de Pin-Up cresceu ainda mais. A revista americana Esquire foi uma das responsáveis pela popularidade das Pin-Ups. Em 1943, a revista foi processada em razão de uma figura pintada por Alberto Vargas – junto com Elvgren, Vargas foi um dos ilustradores de Pin-Ups. A testemunha disse que as imagens “humilhavam as mulheres” (SARDENBERG, 2016). Em contraponto, as autoras SCHUSSEL (2010) e VARANI (2010), afirmam que foi com a revista Esquire que as Pin-Ups ganharam enorme qualidade e notoriedade, passando a ser aceitas no seio das famílias americanas, não apenas nas garagens e quartos masculinos (SCHUSSEL; VARANI, 2010). Apesar de existir uma popularização dos corpos femininos sexualizados nessa época, é importante salientar que imagens de corpos femininos sexualizados já existiam antes desse período. De acordo com Ribeiro (2007), o corpo feminino é, há muito tempo, tema recorrente tanto nas artes plásticas quanto nas produções da cultura industrializada. Porém, no período posterior à Segunda Guerra Mundial, com a consolidação das mídias de circulação de massa, a visibilidade destas representações aumentou consideravelmente.

De acordo com Silva (2012) e Belarmino (2012), “O conceito de beleza feminino e os cuidados estéticos colocavam-se enquanto atributo de classe até a Primeira Guerra Mundial.” O termo Pin-Up foi estabelecido na época da Segunda Guerra mundia):

A palavra aparece, segundo testemunhos e documentos da época, exatamente no meio da guerra, em 1942, momento em que uma série de expressões em inglês, curtas e sonoras, como black-out, se consagraram em âmbito mundial. Pin-Up , neste momento designa as figuras femininas que os combatentes rasgam das páginas de

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revistas para pendurar nas paredes e tapumes de seus alojamentos. (MARY, 1983, p.4)

As Pin-Ups desenvolveram-se nos dois lados do Atlântico, antes, durante e depois da Primeira Guerra Mundial. No final da Primeira Guerra Mundial, os soldados estadunidenses voltaram para sua nação trazendo cartões postais de mulheres francesas nuas ou “extremamente provocantes”. Foi a partir disso que as empresas de calendários, como a Brown and Bigelow, criaram novas Pin-Ups baseadas nessas novas imagens liberais que vieram da Europa. Essas flappers, como eram chamadas, inauguraram a década de 1920. (SCHUSSEL; VARANI, 2010).

Figura 3 - Pin-Up de Gil Elvgren

Fonte: Martignette (2013)

Apesar de seu sucesso nos Estados Unidos e posteriormente no mundo todo, a forma como a figura feminina foi representada como Pin-Up gerou muitas críticas de feministas como Andrea Dworkin (2000) e Abigail Solomon (1996). O feminismo contemporâneo analisa o imperativo da beleza como um entrave para ascensão feminina, um freio de potencialidades em outras áreas que não aquelas relacionadas

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à estética. Percebe o ‘belo sexo’ como um dispositivo de dominação social. (COSTA; BELARMINO, 2012)

Segundo Dworkin (2000, p.1), que inclusive produziu um estudo na Universidade do Kansas sobre as Pin-Ups de Alberto Vargas (1896 – 1982), um dos pintores mais influentes de Pin-Ups, define suas representações femininas de “protopornográficas”:

Os desenhos são valorizados porque a masturbação masculina é reação generosa ao vazio feminino, em qualquer de suas expressões ou articulações. Se existissem mulheres nesses desenhos, ficariam os homens excitados, ou é na ausência delas que eles se ligam?

Na época da ascensão das Pin-Ups, a beleza é massificada e pode ser facilmente descrita, quantificada e, acima de tudo, consumida, segundo afirma o autor Lipovestsky (2000):

O pós-guerra apresenta um período de supervalorização e popularização da beleza. O desenvolvimento da indústria cosmética e farmacêutica, as mudanças na moda e a evolução das mídias de massa fixam a beleza como parte indissociável do feminino. O desenvolvimento da cultura industrial e midiática permitiu o advento de uma nova fase da história do belo sexo, sua fase mercantil e democrática. (LIPOVETSKY, 2000, p 128).

A invenção e história das Pín-Ups faz constatar que estas são consideradas como “O belo sexo”, e que, apesar de a beleza ter mudado de forma, e ter sido reconhecida de maneiras distintas, permanece como um traço marcante da imagem feminina. A relação das Pin-Ups com a atualidade se dá de diversas formas, exemplificando como estas ilustrações corroboram um determinado modo de representar e ver a mulher atual e como foram determinantes para o imaginário social. A autora Miranda (2014) analisou as imagens das Pin-Ups do século XX e da atual pin-upisação de celebridades brasileiras, que vem se estabelecendo, e se atualizando, como uma importante referência para a estetização da aparência feminina, de modo a enquadrar as performances de mulheres famosas ao compromisso do gênero com a beleza, o que significa cada vez mais ser/parecer jovem, magra (Lipovetsky, 2000), e também branca.

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Logo, a atual convocação deste imaginário tradicional no contexto brasileiro gera, necessariamente, novas significações e reapropriações, além de suscitar questionamentos acerca das motivações envolvidas na eleição recorrente e privilegiada de um imaginário pré-feminista para a estetização de corpos contemporâneos. (MIRANDA, 2014, p.159)

2.3 Contexto Histórico das Pin-Ups

Na segunda metade do século 20, com o fim da Segunda Guerra mundial, tem-se o início da Guerra Fria, um evento mundial que perdurou até a década de 90. A Guerra Fria tomou proporções distintas, com a corrida armamentista, que visava a construção de um grande arsenal bélico nuclear e foi um dos motivos centrais para o início do confronto indireto. De um lado, os norte-americanos queriam manter a sua soberania, do outro lado, a União Soviética queria implantar o socialismo e acabar com a hegemonia norte-americana.

Para Chomsky (1996), o fim da Segunda Guerra Mundial possibilitou que os Estados Unidos tomassem o lugar das velhas e desgastadas potências européias, mas com os propósitos de evitar o surgimento de países que seguissem um modelo político e econômico independente. Por conta disto, a Guerra Fria tornou-se necessária: ao colocar o expansionismo comunista como inimigo maior, os Estados Unidos poderiam intervir em quase todos os lugares do mundo não apenas para “conter” o comunismo, mas, principalmente, para impedir o desenvolvimento de economias fora da dinâmica capitalista. (apud. BIAGI, 2001)

O historiador francês Pierre Melandri (2006) aponta que o esforço industrial, bélico e financeiro dos Estados Unidos foi o fator preeminente para a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial e a posterior reconstrução da Europa e do Japão. Foi desse modo que dissiparam-se as sombras criadas com a crise gerada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, arduamente vivenciada ao longo da década de 1930 pelos norte-americanos. Com o ânimo revigorado, o país consolidou sua proposta de nação defensora dos bastiões da democracia liberal, que deveria expandir seu sistema econômico e social para o mundo (Apud. CUNHA, 2017)

De forma concomitante e complementar, a fim de mostrar e reforçar a superioridade norte-americana e capitalista, na década de 50 - período qual esse

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trabalho busca analisar - as campanhas e ilustrações publicitárias - incluindo as imagens das Pin-Ups - chegaram ao seu auge, sempre representando o melhor do

American way of life.

A partir do reconhecimento do contexto internacional e dos Estados Unidos na década de 1950, marcado pelo expansionismo pós-Segunda Guerra Mundial, o crescimento econômico alavancando a reconstrução de parte do mundo envolvido no conflito e a pujança derivada de tamanha injeção financeira, especificamente, no referido país, que gerou maior consumo de bens e de serviços e, também, o desenvolvimento de tecnologias que permitiram, por sua vez, mais ampla disseminação dos produtos midiáticos lá produzidos. Postulados importantes para esquadrinhar o imbricamento das relações entre imagem, representações, estilo de vida, midiatização e cultura de massa. (CUNHA, 2017, p.10)

De acordo com Melandri (2006) a década de 1950 oportunizou para os Estados Unidos um estado de euforia e um visível impacto social, atrelado ao fenômeno baby boom: A população americana passou de 140 milhões para 180 milhões de habitantes. Aumento notável que, no entanto, é apenas uma das explicações para o crescimento econômico contemporâneo da nação. (CUNHA, 2017).

E foi esse vigor que não se tornou despercebido aos olhos do mundo que tentava se reorganizar diante de tantas e rápidas transformações nas capacidades de funcionar, de se relacionar e de existir, fazendo com que os Estados Unidos se tornassem alvo projetivo do interesse e da admiração dos demais países. O modelo americano de viver – em que operários iam para o trabalho em seus próprios carros; em que as casas não possuíam muros e que dispunham de diversos aparelhos eletrodomésticos para a maior comodidade de seus moradores; que disponibilizava para a sociedade cerca de duas mil instituições de Ensino Superior; em que, à época, 90% das residências já contavam com televisores, com o mercado editorial interno aquecido - foi possibilitado graças à produção industrial, ao vigor econômico e ao desenvolvimento tecnológico, que também permitiu a aproximação daquele contexto ao “sonho americano”. (CUNHA, 2017)

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Vale introduzir então um paralelo entre a história do “belo sexo” e da relação da mulher e a beleza com o contexto histórico pertinente ao american way of life e do período Pós-guerra, com o desenvolvimento de uma sociedade consumista e de uma ávida publicidade que motiva este consumo, ajuda a criar desejos e a ressaltar necessidades.

O consumo de cosméticos aumenta moderadamente até a Grande Guerra e se acelera nos anos 20 e 30. O batom faz imenso sucesso a partir de 1918; os bronzeadores e os esmaltes de unhas fazem furor nos anos 30. Mas o pleno impulso do consumo de massa dos produtos cosméticos data da segunda metade do século. (LIPOVETSKY, 2000, p.130 apud. SILVA; BELARMINO, 2012).

Foi nesse contexto em que as representações das Pin-Ups tomam força, mesmo depois da guerra. As Pin-Ups eram a representação da beleza genuína americana, na maioria das vezes exibindo artefatos domésticos em cenas cotidianas, reforçando sempre o estilo de vida e consumo norte-americano da década de 50, não por acaso, a década de maior produção do ilustrador Gil Elvgren na empresa de calendários Brown and Bigelow.

Em concordância com Cunha (2017), as caracterizações do consumo – como exemplos percebidos desta forma de vida – tomaram força e alento, além de demonstrarem para o mundo todo o progresso, as vantagens e a benesse em ser um cidadão norte-americano, sinônimo implícito de bem-sucedido. Portanto, compreende-se que estas representações, como as Pin-Ups, tornaram-se imprescindíveis sinalizadores de um modo de viver triunfante.

2.4 Gil Elvgren

Gil Elvgren (1914 - 1980) foi escolhido como objeto de pesquisa devido à preferência da autora do presente trabalho, afinal, não há como provar que ele foi o mais importante dentre Vargas e todos os outros ilustradores de Pin-Ups

Apesar disso, segundo Martignette (2013) ele foi o artista ilustrador mais importante do século 20 no que diz respeito às Pin-Ups.

O desenvolvimento das Pin-Ups está intimamente ligado ao desenvolvimento da indústria de calendários nos Estados Unidos. Uma das maiores fábricas desse

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ramo era a Brown and Bigelow, nascida em fevereiro de 1896. (SCHUSSEL, 2010; VARANI, 2010)

Elvgren trabalhou por 30 anos na agência Brown and Bigelow, localizada em Saint Paul, Minnesota, onde realizou diversas pinturas à óleo das Pin-Ups que seriam destinadas a calendários que eram produzidos e distribuídos por essa empresa. Apesar de ter clientes importantes, como a Coca-Cola, optou por dar enfoque na sua produção de Pin-Ups para a agência Brown and Bigelow, especificamente na década de 50, visto que foi a década de maior produção do artista e de uma visível maturidade no seu trabalho. “Então 1945 foi um ponto decisivo na longa carreira de Elvgren: O acordo com a Brown and Bigelow marcou o início de sua fase mais importante, durante até a sua aposentadoria, em 1972”.

3

(MARTIGNETTE, p.15, 2013)

Desta forma, as obras de Elvgren, presentes no livro de Martignette (2013) - que será a publicação utilizada para análise - datadas das décadas de 40 e 50 foram selecionadas e separadas em 3 grupos: Incapazes, objetificadas pela indumentária, nudes ou glamour.

As categorias foram criadas de acordo com o que se pôde observar no que mais era comum entre as imagens das décadas de 40 e 50. Quatro categorias foram criadas para separar as imagens em grupos e uma categoria “híbrida” para representar as imagens que fazem parte de mais de um grupo (geralmente juntando o grupo das incapazes com as objetificadas pela indumentária).

Para esta pequena análise, foram coletadas 29 imagens no total4, que datam do final da década de 1940 até o final da década de 1950, e posteriormente separadas nos grupos.

1

And so 1945 was a turning point in Elvgren’s long career: The Brown and Bigelow deal marked the beggining of its most important phase, lasting until his retirement in 1972.

2

As imagens coletadas partem da numeração de 215 até a de 406 no livro de Martignette (2013), em que as imagens são enumeradas, entretanto, durante este intervalo numérico, foram selecionadas apenas 28 imagens, que se destacavam com características: As mais plausíveis de releitura. As imagens selecionadas foram: A fast takeoff (1954); Cold Feed (1959); Confidentially, it sticks (1948); Did someone whistle (1949); Double Trouble (1951); Fire Belle (1956); Going up (1955); Handle with care (1952); Hard to Handle (1957); He kept me pressing for details (1948); He thinks I’m too good to be true (1947); Help wanted (1956); I have him the brush off (1947); I’ve been spotted (1949); On the fence (1949); Out in the cold (1954); Parting company (1950); Shaping up (1959); Sitting Pretty (1953); Skirting the issue (1956); Success (1958); Whats up (1957).

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Estes grupos foram criados de forma a selecionar e agrupar as obras com características em comum. Algumas obras entravam em dois grupos ao mesmo tempo: Incapazes e objetificadas pela indumentária. Vale explicar do que se trata cada grupo individualmente:

Figura 4 - Objetificadas pela Indumentária

Fonte: Autoria Própria

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Figura 5 - Incapazes

Fonte - Autoria Própria Figura 6 - Glamour

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Figura 7 - Nude

Fonte - Autoria Própria Figura 8 - Híbridas

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Vale ressaltar que ao mencionar as indumentárias descontextualizadas com a ação da personagem e o contexto do cenário, não pretende-se ser moralista ao ditar o que deve ser vestido em cada ocasião, mas sim, apontar que esta é uma característica presente em muitas imagens das Pin-Ups , que utilizam a vestimenta como forma de mostrar o corpo da mulher, objetificando-a e sexualizando-a.

Depois de separados os grupos, cada qual com uma quantidade de imagens - Incapazes com 12 imagens, objetificadas pela indumentária com 13 imagens (dentre estas, imagens híbridas que constavam também no grupo das Incapazes) nudes com 6 imagens, e glamour com 1 imagem, foi constatado que geralmente o grupo das “Incapazes” e “objetificadas pela indumentária” abrangiam as mesmas figuras5.

2.5 As Pin-Ups na Tatuagem

Pode-se dizer que a tatuagem moderna – a tatuagem executada com máquinas de bobina e tinta - teve seu início através da exploração europeia e virou um fenômeno de massa durante a guerra civil. Na primeira década, era comum encontrar um tatuador a bordo de um navio da Marinha Americana. A moda das tatuagens de Pin-Ups entre os marinheiros era tão grande que em 1909 uma lei procurou regulamentar a prática da tatuagem, rejeitando as candidaturas no alistamento dos marinheiros que possuíssem tatuagens obscenas (GUSSO, 2016);

Para essa pesquisa é importante salientar o trabalho de um tatuador pioneiro, Sailor Jerry Collins (1911-1973), ex-marinheiro, cujas tatuagens fundiram os estilos da tatuagem oriental com as tradicionais tatuagens clássicas americanas. (GUSSO, 2016) Sailor Jerry, como era conhecido, representou muito as Pin-Ups em seus desenhos, os quais inauguraram um estilo até atualmente muito disseminado, as tatuagens Old School. Tornou-se até hoje um dos maiores representantes da tatuagem moderna.

As imagens abaixo mostram a íntima relação entre a tatuagem e as imagens de Pin-Ups:

5

Como nos exemplos: A fast takeoff (1954); Confidentially, it sticks (1948); Hard to handle (1957); Parting Company (1950); Shaping up (1959).

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Figura 9 - Desenhos do Sailor Jerry 1

Fonte: Don Ed Hardy (2007)

Figura 10 - Desenhos do Sailor Jerry 2

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Tradicional Americano, tradicional ocidental, marinheiro ou estilo marinheiro Jack. Diz-se ser gerado por Sailor Jerry, um ícone dentro da comunidade da tatuagem. O estilo da tatuagem tradicional começou a ser desenvolvido em meados de 1940 e 1950 em lojas perto das bases militares. [...] Um design particularmente popular era o das garotas Pin-Up. A garota Pin-Up retratava a forma humana com o mínimo de linhas e cores. Esses designs não eram retratos de mulheres nuas, mas de mulheres sexualmente atrativas, usando pouca roupa e em posições provocantes.6 (ELLIS, 2009)

Como pode ser observado nas imagens 9 e 10, as tatuagens Old school, são segundo Kosut (2013) “Também chamadas de tradicionais, contam com uma paleta de cores limitada - verde, preto e vermelho - e temáticas também limitadas: Corações, adagas, esqueletos, âncoras, Pin-Ups e imagens patrióticas. Tatuagens Old School ou tradicionais são geralmente encontradas nos militares que serviram durante a primeira e segunda guerra mundial, mas têm se tornado cada vez mais populares entre os entusiastas da tatuagem da geração x”5.

De acordo com Fisher (2002), a prática da tatuagem passou por várias ressignificações ao longo da história:

“A palavra tatuagem vem da palavra grega que significa estigma, ou sinal associado a algo ruim ou mau. Inicialmente, a tatuagem era usada pelos gregos como uma punição ou para identificar criminosos e escravos, e os sinais eram feitos com cortes ou com fogo no corpo. Essa prática também foi verificada na civilização romana e durante a

6

Tradução do original: “It is called traditional American, traditional western, sailor, or Sailor Jack style..

It is said to be fathered by Sailor Jerry, an icon in the tattoo community.98 Traditional tattoo style was first developed in shops in the 1940s and 1950s near military bases. [...] One particularly popular design was that of the Pin-up girl. The pin-up girl portrayed the human form with minimum lines and few colors. These designs were not nude portrayals of women, but sexually attractive women, in minimal clothing, in provocative positions.” 5 old school tattoos (also called traditional) rely on a limited color palette – green, black, and red – and limited subject matter: hearts, daggers, skulls, anchors, pin-up girls, and patriotic images. Old school or traditional tattoos were likely to be found on servicemen tattooed during the First and Second World Wars, but have becoming increasingly popular among generation X tattoo enthusiasts.

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Idade Média na Europa. Como resultado, a tatuagem veio a ser geralmente associada a um comportamento criminoso ou desviante e trazia consigo um estigma social”. (apud OLIVEIRA; TROCCOLI; ALTAF, 2002)

Este panorama começou a mudar em 1769 quando foram publicadas as memórias de James Cook, referentes às suas viagens às Ilhas Polinésias. A palavra tatau do idioma polinésio foi rapidamente introduzida no idioma inglês e se modificou para tatoo, que significa a prática de inscrever a pele com tinta indelével. O termo posteriormente se espalhou pela Europa, tendo sido igualmente incorporado aos idiomas francês e espanhol (FISHER, 2002).

Entretanto, foi apenas a partir da Guerra Civil estadunidense que a tatuagem propagou-se com mais intensidade, conforme os soldados sistematicamente se tatuavam com símbolos militares. Já no final da década de 1880 as tatuagens tornaram-se moda e foram adotadas por indivíduos de classe alta da Inglaterra e dos Estados Unidos. Foi também nessa época em que Samuel O’reilly criou a primeira máquina de tatuagem. Assim permaneceu nas décadas seguintes, quando, devido à influência da cultura japonesa, observou-se evolução tanto em nível dos modelos, bem como em relação à técnica propriamente dita (FISHER, 2002).

Foi durante este contexto histórico que nasceu a relação entre as Pin-Ups e a tatuagem. Segundo Gusso (2016) a moda das tatuagens de Pin-Ups entre os marinheiros era tão grande que em 1909 uma lei procurou regulamentar a prática da tatuagem. O documento proibia qualquer pessoa que possuísse tatuagens obscenas e indecentes de se alistar, sendo motivo para rejeição à candidatura ao regimento. A relação entre as Pin-Ups e a tatuagem não permaneceu atrelada somente a esse contexto histórico e ao Old School. Assim como a imagem da figura feminina foi largamente representada na arte ocidental, também aconteceu com a tatuagem que sucede a época do surgimento do estilo Old School.

Outra relação entre a tatuagem e a Pin-Up, porém em um cenário atual, é a existência das suicide girls. Segundo a própria descrição do site, Suicide Girls é um site de assinatura que contém fotos eróticas de estilo Pin-Up com modelos exclusivamente do sexo feminino e que obrigatoriamente possuem diversas tatuagens no corpo.

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Figura 11 - Suicide Girl 1

Fonte: www.suicidegirls.com

Figura 12 - Suicide Girl 2

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Figura 13 - Suicide Girl 3 e 4

Fonte: www.suicidegirls.com

A seguir algumas imagens que mostram a representação de Pin-Ups em tatuagens que não são necessariamente do estilo Old School.

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Fonte: Pinterest

Posto que as Pin-Ups faziam parte das figuras mais tatuadas no estilo Old School, é importante salientar que esse trabalho tem como objetivo fazer uma releitura das Pin-Ups de Gil Elvgren para ilustrações de tatuagem, porém transpondo-as para um estilo individual, que irá abranger o estilo de traços e de pontilhismo e modificando o público alvo: As tatuagens das Pin-Ups na época que surgiu o Old School – ou qualquer tatuagem de modo geral – tinham como seu maior público alvo os homens, entretanto para este trabalho, as tatuagens das Pin-Ups são destinadas ao público feminino, portanto, representando um outro olhar sobre a figura das mulheres.

2.6 Expansão da Tatuagem no Mercado Nacional e sua Importância como Signo Identitário

De acordo com Medeiros (2010), a crescente popularidade da modificação corporal têm feito o Marketing vislumbrar a tatuagem como partícipe do desenvolvimento de uma indústria global multibilionária trazida pelo crescimento dos mercados de cosméticos e de cirurgia plástica (Apud. OLIVEIRA; TROCCOLI; ALTAF, 2012).

A mudança na forma de ver a tatuagem é recente e vem ocorrendo em nível coletivo, com muitas celebridades, por exemplo, que passaram a adotá-las e a mostrá-las publicamente. Entretanto, Leitão (2004) ressalta que, apesar de a tatuagem não estar mais associada à exclusão econômica, ela permanece ligada a propostas políticas, éticas e estéticas, e, portanto, contrária à norma social. Uma comprovação deste fato pode ser encontrada em sua pesquisa, feita em 2004, com mulheres de 25 a 35 anos: o uso de tatuagens foi observado em conjunto com outras práticas de modificação corporal, tais como cirurgias plásticas, todas justificadas pelo desejo de sentir-se bem consigo mesma.

A autora Reis (2018), focou parte de sua pesquisa nas convenções de tatuagem, e constatou um crescimento destes eventos que tendem a reforçar esta área em plena expansão. Tendo em vista a história e expansão recente da tatuagem, a região Sul do Brasil, por exemplo, só cadastrou eventos a partir de 2015, porém em 2017, apresenta um número considerável de eventos cadastrados comparados com os anos anteriores.

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De acordo com a constatação do crescimento desta área no mercado, vale enfatizar as pressuposições de Belk (1988) e Wattanasuwan (2005) acerca do produto que é a tatuagem: Escolhido devido ao seu significado simbólico e não em função de utilidade - afinal, na sociedade contemporânea, o mercado encontra-se repleto de signos e de imagens. O corpo é então uma mercadoria-signo. (OLIVEIRA; TROCCOLI; ALTAF, 2012)

A reboque das constatações de que a tatuagem têm se fortalecido no mercado, sendo também ressignificada e deixando de representar apenas grupos marginalizados, é importante ressaltar sua importância não só mercadológica, mas também como signo identitário e linguagem artística. Porém antes disso, é válido fazer alguns apontamentos acerca do consumo e seu significado simbólico:

Segundo Pereira (2009),

O consumo não está relacionado apenas ao ato de compra, ao usufruto e ao descarte de bens. Antes, ele tem significado simbólico para o indivíduo. [...] Em outras palavras, as posses veiculam informações a respeito de nós mesmos, do grupo ao qual pertencemos e de nossas relações com a sociedade. O indivíduo pode usar suas posses para comunicar, de forma não verbal, sua identidade, ao mesmo tempo em que elas também são instrumentos para a expressão e ou para a transformação de identidade. (apud OLVEIRA; TROCCOLI; ALTAF, 2012)

É neste contexto que se insere o consumo de tatuagens, iniciativa que pode ser vista como uma estratégia de construção do corpo tanto para criar a identidade de um subgrupo (PERES, 2005; PHILLIPS, 2003) quanto como um exercício do controle individual sobre o corpo (LEITÃO, 2004).

A partir do raciocínio de que o indivíduo também compra a sua identidade, definindo a si mesmo por meio de posses, a tatuagem faz parte da construção identitária do consumidor por meio do seu corpo. Afinal, segundo Malysse (2007), o corpo não é formado por algo que possui apenas massa, mas sim um espaço visual onde são construídas e reconstruídas as identidades sexuais, culturais e sociais (OLIVEIRA; TROCCOLI; ALTAF, 2012). Enquanto que para Ferreira (2005), a tatuagem hoje, representa um prolongamento da mente. O indivíduo que a adquire transfere para ela a memória de um fato ou de uma situação. A lembrança que antes habitava na memória ou em determinados objetos externos ao corpo, agora é

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incrustada na pele. (GUSSO, 2016) Ambos autores defendem a ideia de que a tatuagem é um prolongamento do ser.

De acordo com Solomon (2011) as práticas de adornação e de alteração do corpo são amplamente distribuídas em diversas culturas e servem a uma série de propósitos, dentre os quais se destacam: identificar membros de um grupo, situar o indivíduo numa organização social ou numa categoria de gênero, promover a identificação de papéis sexuais, indicar conduta social desejada, indicar status ou classe superior e dar sensação de segurança. (Apud OLIVEIRA;TROCCOLI; ALTAF; 2012.)

A pesquisa realizada por Leitão (2004), elaborada à luz da antropologia, discute que as técnicas corporais reforçam os fundamentos culturais de uma sociedade, sendo transmitidas de geração a geração. A tatuagem, assim como outras práticas de caracterização corporal, estaria encaixada na sociedade contemporânea conforme o corpo representa papel central na vida das pessoas. Nesta pesquisa, a tatuagem foi referida pelas mulheres entrevistadas como sendo:

[...] expressão de uma individualidade e subjetividade, e como sendo capaz de marcar, no mundo de fora, aos olhos dos outros, uma diferenciação interna dos sujeitos. Ela funcionaria como promessa de representar as singularidades e particularidades individuais, estampadas à flor da pele. (LEITÃO, 2004, p.7).

Ou seja, a mensagem ou o simbolismo de uma tatuagem, com suas respectivas formas, cores, tamanhos e estilo, podem estar intimamente associados à identidade do indivíduo.

2.7 Estilos de Tatuagem que serão Aplicados no Produto Final

Segundo Reis (2018), a tatuagem pode ser categorizada a partir da imagem que é representada sobre a pele. Diversos temas podem ser criados a partir do relacionamento com outros temas, formando um conceito relacionável com outros, contudo, mantendo uma unicidade na mensagem e assim categorizando-a. As técnicas que serão contempladas nas releituras serão o pontilhismo e o traço. Os estilos de tatuagem que serão aplicados no produto, utilizando apenas a tinta preta, são o traçado simples e o pontilhismo, que será abordado logo a seguir.

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A origem da técnica de tatuagem chamada de pontilhismo advém da técnica de pintura chamada Impressionismo, que gerou algumas ramificações, geralmente caracterizadas como Pós-Impressionismo. Seurat (1859-1891) levou ao extremo os experimentos científicos relacionando cor e luz ao desenvolver uma técnica conhecida como “Pontilhismo” na pintura — uma técnica no qual pequenos pontos de cores primárias são usados para gerar cores secundárias, — de grande repercussão na Europa, influenciando inclusive artistas brasileiros que lá estiveram. (MELLO 2016; ALMEIDA 2016)

Na tatuagem, o pontilhismo - feito geralmente com tinta preta apenas, consubstanciando-se ao estilo blackwork - é caracterizado pela palavra “dotwork”. De acordo com Guy (2011), é um dos estilos mais recentes - tendo em vista que a história da tatuagem moderna é também recente - e emprega muitos pontos pequenos em áreas onde normalmente poderia se usar sombra, criando formas com esses pontos. Quando a tatuagem mescla pontos - dotwork - e traços ou hachuras, o que têm sido muito comum ultimamente entre os artistas, é mais fácil denominar como “estilo individual” (Apud. LEITÃO, 2004).

Segundo Marques (1997), a técnica do pontilhismo na tatuagem surgiu depois da primeira convenção internacional de tatuagem, em 1976, no Texas, juntamente com outras técnicas, diferentes das tradicionais norte americanas, que começavam a ser divulgadas. O pontilhismo foi a primeira grande influência pós Japão na tatuagem americana e mundial. (LEITÃO, 2004)

O traço na tatuagem é um elemento de difícil dissociação temporal e reconhecimento de origem, pois as primeiras tatuagens já contavam com o traçado simples. O traço é a base de qualquer desenho.

A seguir, alguns exemplos de como o estilo pontilhismo, traço e blackwork serão abordados nas releituras segundo tatuagens realizadas pela autora do presente trabalho – tatuagens da autora foram selecionadas como exemplo pois já seguem o estilo de desenho que será aplicado nas releituras.

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Figura 15 - Girassol

Fonte: Autoria Própria

Na figura acima, o girassol, as folhas e a abelha possuem um traçado, que compreende o estilo de “traço”. O pontilhismo é manifestado nas sombras das pétalas e das folhas, além dos pequenos detalhes no corpo da abelha. O blackwork representa toda a tatuagem que é construída utilizando apenas a tinta preta, sem outros pigmentos.

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Figura 16 - Estátua

Fonte: Autoria Própria

Na figura acima percebe-se a presença do traço no contorno da estátua e nas linhas que compõe as folhagens. O pontilhismo é utilizado para demarcar sombras e volume no rosto e no pescoço da estátua. O estilo blackwork é presente pois a tatuagem foi feita inteira utilizando apenas pigmento preto.

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Figura 17 - Flores

Fonte: Autoria Própria

Como pode-se notar pelas figuras 15 e 17, o floral é um tema muito recorrente nas tatuagens executadas pela autora do presente trabalho, que percebeu uma grande demanda no ano de 2017 e 2018. E por isso, serão utilizados na composição de fundo das releituras das Pin-Ups. A justificativa é mercadológica, ou seja, já existe um público alvo – os clientes da autora deste trabalho – que espera a presença de florais nas composições criadas.

O quadro a seguir, retirado de uma pesquisa da autora Patrícia Reis (2018) mostra uma relação da quantidade de categorias presente em 42 eventos de tatuagem no Brasil em 2017, sendo notória a popularidade do estilo pontilhismo. Foi representado no quadro a seguir apenas os estilos que obtiveram mais pontuação na pesquisa de Reis (2018), sendo notória a importância do estilo Pontilhismo.

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Fonte: REIS, Patricia (2017)

Para melhor contextualizar, segue abaixo duas tabelas que exemplificam com uma imagem as categorias mais presentes nas convenções de tatuagem, segundo o gráfico acima da autora Reis.

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Figura 18 – Referência 1

Fonte: Pinterest

Figura 19 - Referência 2

Referências

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