Pontos
de
Vista
OD'~~
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"
I .1
1
,
U~
ICA EM QUESTÃO OU DIDÁTICA
-O? UM RELATO DE EX
P
ERIÊNCIA
I enise Balarine Cavalheiro Leite (*)
II
1111)('til o início dos anos 80 a Didática, universitária em espe -111 I1U colocada na berlinda. A Didática em Questão foi o
,
I
i
.
"
eminário de Didática realizado em 1980, do 2.0 Semi-1 ilizudo na PUC do Rio de Janeiro em 1984, do 3.0 Semin á-, á-,Izud na USP, São Paulo em fevereiro de 1985. O debate 11 I >ldútica nos anos 80 não se restringiu porém a estes semi
-O tema tem sido alvo de publicações nas revistas de Educa
-,
1
11
pl
fs
e vem sendo discutido nas Conferências Brasileiras de 111 1 10. nas Reuniões da SBPC, nos encontros de Didática e Prá -d Ensino e, em especial, no GT Metodologia Didática da "1'11 (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação).I ta discussão a nível nacional vem se ampliando, suas
re-" \I cs a nível do fazer docente traduzem-se em uma sobrecarga 1" () .upação para o professor universitário.
T' ria e prática sempre foram alvo de discussão em qualquer
" i
lpllna.
As questões epistemológicas, a reflexão sobre a pesquisa uulo o conhecimento válido e verdadeiro, também o são. Pois I••til, a Didática, inegavelmente, defronta-se hoje com a sua maior , 1 de auto-afirmação no campo do conhecimento necessário àfor-""~ I do educador brasileiro. Questões epistemológicas, questões
I'mf ssora Adjunto, Departamento de Ensino e Currículo, Faculdade de hlucação/UFRGS, Doutoranda PGEDU/UFRGS.
sobre sua ligação com a prática docente encabeçam esta crise. Porém,
estes dois pólos não concentram toda a crítica. Argumentos de toda
ordem vêm sendo levantados nesta verdadeira "ciranda". Alguns
che-gam a negar a necessidade de existência dessa disciplina nos
cur-rículos universitários. Os partidários desse argumento alegam sua
inespecificidade, sua não qualificação para a inclusão nos currículos
dos cursos de formação de professores (Soares,
1985,
p.1).
Outrosem linha de pensamento similar, comprovam pela pesquisa que os
"conteúdos" trabalhados pela Didática comportam-se com ingênua
neutralidade. As bibliografias recomendadas e utilizadas pelos
pro-fessores não contribuem para desenvolver o pensamento crítico do
aluno, sendo politicamente neutras. E, apesar dos objetivos dos
Planos de Ensino fazerem referência à transformação social, os
con-teúdos propostos, as leituras e atividades previstas certamente não
vão além do discurso retórico ou do
"novidadismo"
(Osowski, C. eScheibel,
1985;
Parra, s/d, p.5).
Outros argumentos dizemrespei-te- a ausência de um "mínimo de concordância" entre os termos
chave, as definições e conceitos empregados pela Didática (Parra,
s/d, p. 2). Neste sentido, as discordâncias parecem apontar para
uma questão de extraordinária gravidade.
Se esta concordância não existe, a disciplina possuiria um
cor-po teórico que abrangeria uma área do conhecimento que
justifica-ria sua existência? Seria possível construir uma Didática reunindo
teoria e prática?
Quando o corpo teórico, por outro lado, está presente e até
cla-ramente definido, a ação pedagógica se caracteriza por
"treina-mento". Definir objetivos comportamentais, selecionar conteúdos,
recursos, materiais, instrumentos e procedimentos de avaliação
qua-litativa fazem parte desta ação. O apoio teórico seguramente
fun-da-se no tecnicismo, modalidade que reune comportamentalismo,
análise de sistemas e tecnologia educacional (Saviani, D.,
1983,
p.33).
Assim, a forma do "treinamento" adotado pela Didáticaduran-te anos também recebe críticas. Os Manuais de Didática e grande
parte das publicações disponíveis nos anos 70 apoiaram-se nesta
ver-tente que têm suas origens no pensamento de educadores e analistas
americanos. Mesmo porque, a Didática ao adotar a forma
"treina-mento" mais uma vez invadia outras áreas do conhecimento, o que
já acontecera aos anos 50 e 60 quando a Psicologia foi "adotada"
pela Didática e que hoje, nos anos
80,
parece acontecer com aver-são "sociologista" da referida disciplina.
Enfim, o "desânimo pedagógico" atingiu seu ápice quando
Zaia Brandão levantou a questão sobre o que aconteceria com a
for-mação de professores se a Didática fosse eliminada do currículo e
,
174 Educação em Debate, Fort. 17_18 jan./dez. 1989
'"11111I resposta esperada: nada. "Ou seja. em nada se modi-, II Iwr] il da prática pedagógica da maioria dos professores"
I ) .
I I l 11Didática que eu ensinava? Refletindo sobre estas
1111 II'UV S venho procurando encontrar a necessária relação
1111 1'1
:I,kn,
e resgatar a Didática Brasileira construída para o11 rqui de nosso país. Uma didática que reflita sobre o ensino
I
.
t
""V
lve,
que trabalhe com a contribuição de outras áreas do11111I 1111'''' , mas que critique as diferentes "visões de mundo",
Ii I li conhecimento até suas origens, e onde o aluno com
com-111I,
tenha
autonomia de escolha, é a tentativa que esboço. Ao11111I I • m os estudantes da Área
da
Saúde aquela que denominoI
II IAçu
foi possível verificar que existem muitas formas deI 11111
lu
e prática. O relato a seguir examina como se deu esta" ti
uciu.
I 11)
TI -AÇÃO: RELATO DE UMA EXPERIENCIA", . a Didática no contexto de uma pedagogia atenta à
=:
I
"''''ft/O
terá que ser forjada na prática, ou seja, o. modoA de.ensi-"" 1/110 será gratuito, mas formulado dentro das circunstãnctas de , /'III'ho .om o auxílio de informações e princípios já estabelecidos
"1/ vcrsalizados", (LUCKESI,
1984).
xperiência começa há mais de
10
anos atrás.I
I ..bo
uma proposta para trabalhar com operários. .N
10 sei o que fazer. Começo a ler Preire, até então proibido11 11 '
istcnte
em nossas bibliotecas. Compro meu primeiro livro111
I
lid
Janeiro. Estudo e discuto com outro profissional.Vislum-I
I plIsibilidades
de acão. Partimos para a organização de Grupos1 J{I
Ilcxão
com osoperários.
Começamos com a sua representaçãoI 1I1111lCloe discutimos todos os assuntos que esta representação
I lhlllta. A experiência é bem sucedida e o trabalho se amplia. A
'111pl
também
-
de duas pessoas, passamos a cinco, entre eles1111I
enfermeiro,
que passamos a chamar Enfermeiro Social. Aequi-I'
üunh
m aprende - ela tambémpassa
a ser um Grupo deRefle-ti
multidisciplinar.
A recessão extingue o trabalho.hntro oficialmente na Universidade. Como professora "nova"
(, IIlhI
ti
z
anos de convênio e quatro de concursada e nãoadmiti-til)
ti
vo passar pelo teste de fogo do Departamento: dar aulas nas'I
nela
Sociais, no então recém-instalado Campus, onde os pro-I 01' de Didática eram soberanamente rejeitados. Com muito
111 10 entro na aula! Todos me olham, botam os pés em cima das
cadeiras, passam cigarros (ou baseado?) e, logo a seguir começam
a conver~ar ~ntre si. Explico o que vim fazer. Uma das moças me
~lha e ~IZ:
Olha
aquiacho que tu não tem nada prá fazer aqui".
=:
e a. tua competência prâ ser nossa professora?".
Respondoque nao ~el exatamente qual é a minha competência, mas sim o meu
compromisso e o meu desejo de aprender tanto quanto o deles.
Estes dois desafios me incentivaram.
Aquilo que é se considerava o programa de Didática da
épo-ca pouco tinha a ver com os alunos, com seus interesses e
desinte-resses, com suas necessidades percebidas ou não, com seus
este-reótipos e preconceitos. Daí a emergência da tarefa de construir
com os alunos, a exemnlo do que havia feito com os ooerários uma
Didática viva, uma Didática-Ação. (Não se falava ainda em
plane-jamento participativo) experiência que retomo quando começo a
trabalhar com o primeiro grupo de alunos de enfermagem, no
mes-mo ano. Já então dentro do meu campo, pois, enfermagem,
nutri-ção, higiene, desenvolvimento da criança entre outros, faziam parte
do meu currículo de graduação.
A DIDÁTICA-AÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE
Thiollent (1985, p. 14) diz que a pesquisa-ação - de onde
retiro o termo
Didática-Ação -
tem base empírica, é concebida erealizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução
de um problema coletivo e no qual os participantes representativos
da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo. Esta
"ação"
encontra seu espaço no projeto detrans-formação da realidade social. "Visando a mobilizacão das
popula-ções", como .refere 01iv~ira (1980, p. 10.3) "a sua organização para
que se engajem em projetos de ação transformadora do seu meio
a ação cultura deve partir de um conhecimento preciso das
condi-ções deste meio, de um conhecimento das necessidades sentidas das
populações, de que a razão de ser mais profunda nem sempre já foi
percebida e claramente destacada por elas."
Se isto é verdade para a ação cultura na comunidade também
0.é para a ação-ensino ?a sala de aula -
a minha realidade
projis-sz?,!al, o m~u compromisso dentro de um determinado contexto
his-tO:I~O.e SOctll~,no n;eu país.
Estes pressupostos iniciam a questão daDidática Aplicada a enfermagem, cuja primeira fase costuma
cha-mar de: .
176 Educação em Debate, Fort. 17_18 jan./dez. 1989
I
I"
PLORATÓRIAprlm ira realidade a ser lida é a dos meus alunos. Quem são
(I qu querem? O que trazem? O que pensam da educação?
II
rude?
Nesta fase, onde vamos nos conhecendo aos poucos,le-di .utimos leituras em seminários. As leituras são opcionais.
1111 II lima listagem de autores brasileiros desde Anísio Teixeira
"IIIIII! 1'1' ire e Darcy Ribeiro em Educação e de Gentille de Mello
1111111dois do IBASE ou
à
Raimunda Germano e Landman, ouI
I .
p' quisas sobre a condição de trabalho da mulher ou ainda,I I
IIdl 11<1 do momento - Diretas, Plano Cruzado, Constituinte,IIp l não são exclusivas, Os alunos trazem as leituras que
1111
Inz
r dentro de Educação e Saúde. Via de regra os assuntos11111I l para os determinantes políticos, sociais ou históricos da
111
I
da
Educação no país. Freqüentemente preciso fazer umaI liI dos principais fatos da nossa história política que ficaram
11111 Ido ou de cujas relações com o presente não se tem noção
111
cluru.
Já
construímos inclusive, Linha de Tempo sobre aEnfer-I "11
a
Saúde no Brasil. Analisamos desta forma a herançaco-I
II
qn atrela a problemática da Saúde ao Estado econseqüen-111 conseqüen-111 l rna o assistencialismo a forma predominante de ação dos
I II ionnis.
reflexões desta fase conduzem ao planejamento da
discipli-I
li
II je retomo a questão do planejamento racional e dopar-I ""!Iv r: que vamos fazer? O que queremos aprender? O que
1"
I 1110 fazer com o que aprendemos? Estas aprendizagens terão111dll P Ira nossa sociedade? Qual o nosso compromisso?
"r .nder a fazer fazendo, velho princípio Escolanovista, ao
1" 11
I r'reemo, "aprender a jazer fazendo e refletindo sobre o que
1II ", perpassa o aprendizado didático p.
d.
que se dá naquelacaracterizo como a:
DA
AÇÃO• uo problemas percebidos pelos alunos, a partir das
discus-leitura
anteriores e/ou a partir de suas próprias experiências,pu Ilr d nam esta fase. O grupo decide a ação e esta pode se dar
IlIp
11
uu coletivamente. As mais variadas atividades integrandoI.111 It.; 10' aúde já foram experienciadas nestes anos. Entre elas
I
IIIIIIU:11
I'
de adolescentes de Vilas Periféricas
de adolescentes engraxates
'rllJ , IllJ
(3 ) gt;I~os de bandeirantes/grupos de jovens em academia de gi-nastíca
(4 ) grupos de jovens - igrejas de confissões diversas (5 ) adolescentes de escolas do sistema
(6 ) cri.anças, pais e professores de escolas de periferia (7 ) pais e professores de escolas do sistema
(8 ) pré-escolas de periferia ou Centros de Comunidade (9 ) mães de hospital infantil
(10) mães da comunidade
(11) posto-avançado da Secretaria da Saúde - Grupos de Adultos diversos
(12) grupos de moradores de blocos do BNH
(13) gr~pos de ref1e~ão com equipes de atendimento em hospital (14) tremame?to equipes de hospital psiquiátrico, de traumatologia
matemo-mfanhl '
(15) treina!llento primeiros socorros na Construção Civil (16) pesqUl.sa sobre a atuação do Enfermeiro na Empresa
(17) pesquisa sobre as Atividades do Enfermeiro na Escola de 1."
Grau
(8) pesquisa sobre os problemas de Saúde percebidos pelos escola-res/ professoescola-res/pais
(19) pesqui.sa sobre as atividades do Enfermeiro nos Centros de Atendimento ao Estudante
(20) estu~o e~ profundidade ou leitura crítica de um tema ou autor ;elahv~ a atuação em comunidade, processo participativo ou IdeologIa no ensino da enfermagem.
. Uma experiência de ação pedagógica, se possível transforma-cora, é então desenvolvida. O que se busca?
Aliar o saber prático ao te6rico, o saber do profissional ao sa-ber das pessoas para construir. novos saberes com estas pessoas, c?~ os grupos e com as comunidades. O desenvolvimento da sensi-bilidads para a descoberta de problemas e necessidades das pes-s?as, o deparar-se com uma situação humana totalmente desconhe-cida ~ara a qual não se tenha uma solução pronta, são aprendiza-gens Importantes com esta fase. Nela surge a grande questão.
-
Transformar ou reproduzir?
~'Se saúde
e
doença são fenômenos do viver que decorrem das
relaçoes do h!!m~m cor:z o meio,
com os grupos sociais com os quais
l~ter~ge,
entãoe
precisoconhecer este homem,
este meio
e este
viver"
(MelIo, 1976).178
Educação em Debate, Fort. 17_18 jan./dez. 1989
.
d
,
-
?O
.IIIU I C' nccbemos este homem? A partir e pressuposrçoes . e 111 1'11 uivi ta, como observadores dos fenôn:enos. do viver, esc~
-I
"I 11.utralidade científica e no fazer racionalizado deproÍl~-I I Cone bemos este homem como alguém que pode ser
ma~l-1,,1
.
.
.
uh] t de nossa ação, alguém cujos comportamentos poderaoI III1Hltlic Idos através de nossa educação? Ou, concebemos o
ho-I 111 1111110 r concreto, como sujeito, participante, capaz de deter-11 I o u viver, cuja natureza também mutável, mas também
de-1111 II11Vl: I.
é
capaz de produzir transformações? Seu viveré
ques-I
'"11
.
10
'
1
S
causas e determinações dos problemas deste homem,11 111 qu tidiano, são desveladas? São objeto de reflexão; de
bus-.I r cimento e de justiça?
I ação conseguir desencadear algumas destas indagações
IllIpl •-ndernos que ela é uma -
intervenção social -
e, c~moAta~,1I
desenvolver em dois planos que. aparentemente dicotômi-I uurdarn na verdade uma relação de movimento entre si
-//1 ,,/111/0
obietivo ao plano subjetivo -
da ação. Nesta ação pela111 I 1<;11 entre os planos, pelo processo de movimento ent~e eles,
I"
I I • melhorar a saúde, ou tratar a doença em um dos vértices; !!O outro, busca-se a conscientização. A educ~çã<? é o instrume?toI "
viabilizar e a saúde é a meta.eT?
um~dire
çã
o:
na _ou~radire-ti, ti
saúde
éo instrumento de viabilização e a educaçao e a "!eta
{( 11valho, 1980. p. 61). Na interação dos planos, corre-se o Z;~co
dI privilegiar apenas um dos pontos de partida ~.raz~~. ~~a pra~lca ou crvadora, ou o que
é
pior ainda uma práticatn
conscien-I , onde o objetivo do profissional passa a ser aquilo. ~ue
cha-11I11 de
"enlatamento"
-
a virtude de convencerhabilidosamen-11 IIS pessoas. Nesta forma, os indivíduos, os grupo~ e as com~
-, 111
rd
s permanecem atrelados ao pr?fissional de saud~ e a açao I ivindicatória que se estabelece, termina na força possível dopró-" 10
enfermeiro que passa a ser visto como o único competente paraI
lvê-la.
E a co-relação entre os planos objetivos e subjetivos que per
-uutir
á
a compreensão do todo. Neste movimento constante de idas vindas, a intervenção social transformadora do profissionaldar-t' , pela compreensão dos problemas, do: valores, da: crenças .e da cultura próprias das pessoas. Com as qUaJS, e pela açao em conjunto II cura-se resolver os probleI?a~ - combater as doe;lÇ~s, em um
o planos, mas também, e principalmente, no outro vert~ce do .mes-JIIO plano, manter a saúde dentro das propostas do caminhar inde-pendente, não atrelado.
"Nesta no
v
a p
e
rspectiva,
lieducação deixa de ser
u
m
a ati
v
idad
e es
p
ec
iali
z
ada, separada da vida e da pro
-du
çã
o
,
para tran
s
jorm
a
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numa
atividade' permanent
e
voltada para a
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ransforma
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ão da realidade. Ela d
e
ixa tam
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é
m de ter lu
ga
r e
x
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lusiv
a
mente dentro do recinto esco
-l
a
r
,
sob o controle de prof
e
ssores e educadores
,
para tran
s-formar-se em tarefa e responsabilidade do conjunto da
comunidade. Ela d
e
i
x
a de ser uma empresa individualista
para transformar-s
e
num
vasto esforço
cooperativo em
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e
,
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c
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o ponto, to
d
o
:
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empenham o pap
e
l de ed
u
-cado
re
s
,
educan
d
o
s e
tr
a
b
a
lha
d
ores"
(Oliveira, R. 1980,p, 105).
A FASE DA TEORIZAÇÁO OU DA DÚVIDA PERMANENTE
A ação realizada ou a realidade observada, são discutidas.
Igual-mente, os planos em que ela se deu. Razões e motivos são
analisa-dos. Sínteses escritas podem ou não ser produzidas neste momento.
Replanejamentos também ocorrem. Procuro levar informações
perti-nentes que expliquem melhor os fenômenos ou permitam uma
aná-lise mais aprofundada das suas causas. Novas leituras às vezes são
solicitadas. Questões sobre
"
t
é
c
n
icas
"
de ensinar são levantadas. Àsvezes, o desânimo é a tônica. Por vezes, a disciplina já encerrou
ofi-cialmente e dois, ou três. ou mais alunos, continuam desenvolvendo
a sua ação ou discutindo e reescrevendo suas impressões.
Na Didática-Ação, em verdade, não existe um final. A Fase
de Teorização, pela dúvida que pode desencadear, é um começo,
um momento de questionamento vital. Nela a realidade social é
sen-tida na sua concretude, na sua circularidade, nos seus diferentes
planos e correlações. As reflexões que se propiciam estimulam a
busca de caminhos onde prática e teoria se completam. Onde muito
freqüentemente aquilo que mais se aprende é que não existe um
en-sino melhor ou exclusivo para a promoção da saúde. Mas que, é
na ação, associando sensibilidade e reflexão que se constroem os
caminhos. CONCLUSÃO
Enfim, quer-se hoje uma Didática brasileira, não conservadora
e/ou reprodutivista como a sua história mostra, (1) porém crítica
e coerente, não apenas uma
"Didática em Questão"
mas, umaDidá-tica em Ação, um corpo de conhecimento útil para a finalidade a
(1) A este respeito veja-se LEiTE, D. et alii, 1987, e VEIGA, I. 1987.
180 Educação em Debate, Fort. 17.18 jan./dez. 1989
propõe: uma prática articulada e coerente que. sé expresse
no
n hoje sem esquecer seu passado tendencialmente depeno
I
1111 Parece haver consenso entre educadores e, pesq~isadores ~e1"1 I pr ciso investir na saída da cris~; de. q~e. e preciso constrUl.r
111 novn Didática a partir de um projeto histórico clarame?t~
defi-II dll (Frcitas, 1987) onde o professor seja um dos pa~"ticlpantes
1"
t
i
.
envolve uma ação educativa com os aluno~ a p~rh; .de umaI,li l
n
c
ia
social desenvolvida, de um compromisso histon~o comII j xlude brasileira que deseja ser transformada no sentido da
1,"t I da justiça social e de liberdade.
O relato da experiência de Didática·Ação c?nfirma e~pi~i~a.
111 111 fi existência de uma possibilidade, que esta aberta a crítíca
\lI I bate.
I \ \
,
\
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