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IX CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL (APDR)

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IX CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL (APDR)

TÍTULO: As implicações da ponderação da densidade populacional para as NUTE Alto Trás-os-Montes e Douro

AUTORES: Francisco Diniz* (fdiniz@utad.pt)

e Paulo Mourão** (paulom@eeg.uminho.pt)

Resumo:

Usamos indicadores para compreender o que nos envolve. Apesar de sugestões de realidades mais complexas, os valores oferecidos pe la vasta gama de indicadores actuais, no domínio da Economia Regional, necessitam de, em permanência, serem alvo de revisão.

Tal é o caso dos indicativos que, por exemplo, nos são sugeridos pelas Densidades Populacionais. Ainda que divulgados e aceites, na generalidade, os valores das tradicionais densidades populacionais, ao considerarem, num território, os efectivos populacionais absolutos sobre a área total em análise, encobrem diferentes ocupações que sub-regiões desse território ostentam.

Numa tentativa de tornearmos esse desfoque, optámos pelo recurso ao conceito de Densidade Populacional Ponderada, que calibra as diferentes ocupações dentro de um território, numa ponderação geométrica. As NUTE’s III Alto Trás-os-Montes e Douro foram os espaços contemplados neste trabalho, permitindo-nos a extrapolação de conclusões interessantes que apresentamos. Conclusões estas que reconhecem, entre outras assunções, a magnitude do fenómeno da perda populacional, a concentração nos pontos centrais dos municípios bem como a preferência por um número limitado de concelhos para a fixação das populações.

*

Professor Associado do Departamento de Economia e Sociologia (DES) da Universidade de Trás -o s-Montes e Alto Douro (UTAD)

**

Assistente Estagiário do Departamento de Economia da Escola de Economia e Gestão (EEG) da Universidade do Minho

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Introdução

Para melhor compreendermos o que nos envolve precisamos de conjugar as várias sensações que o mesmo facto desperta nos nossos sentidos. Também para melhor contemplarmos a realidade sócio -económica recorremos, com frequência, a indicadores.

Dada a complexidade dos fenómenos, o uso de indicadores isolados pode comportar percepções limitadas e enviesadas, pelo que, com recorrência, encontramos na utilização de indicadores combinados uma solução mais abrangente. Neste aspecto, para avaliarmos criticamente a situação demográfica das actuais NUTEIII Alto Trás-os-Montes e Douro, socorremo-nos da Densidade Populacional Ponderada (DPP), preterindo as convencionais Densidades Populacionais.

Apesar dos múltiplos estudos efectuados sobre o tema e sobre esta região, apesar do esforço de planeamento que, desde há duas décadas, tem focalizado esta área, apesar do apoio comunitário desagregado que Trás-os-Montes e Alto Douro (TMAD) tem recebido, a População transmontana tem respondido com a preferência na deslocação dos seus locais de fixação para a faixa atlântica do nosso país. Este movimento comporta, necessariamente, transformações, não só nas áreas emissoras, mas, também, nas regiões receptoras.

Internamente, TMAD assiste a um duplo fenómeno: a perda populacional e a concentração em freguesias identificadas.

Por estes motivos, a DPP proposta permite-nos uma clarificação destas duas forças, o que não acontecia com a densidade convencional.

Iniciaremos este trabalho com a apresentação da Metodologia sugerida, abordando, após, algumas extrapolações de base matemática operadas sobre o modelo. Avançaremos, então, para a contemplação da realidade demográfica actual da regiã o visada.

Recorremos à construção de quadros e gráficos demonstrativos da informação tratada bem como do suporte teórico, complementados pela bibliografia em anexo.

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A Metodologia usada : a densidade populacional ponderada pela

população

Média aritmética ponderada ou média geométrica ponderada?

Não raras vezes esta questão é colocada. Na realidade, devemos compreendê -la um tanto melhor, na medida em que a questão isolada e desprovida de um contexto sugerir -nos-ia respostas subjectivas.

Uma média aritmética pode ser generalizada pela fórmula:

i=n

x = (x1 + x2 + ... + xn) / n = n-1 *

Σ

xi i=1

Se ponderada por ai diferentes coeficientes, em que

i=n N =

Σ

ai

i=1

então a Média aritmética ponderada tem a formalização: i=n xai= N -1 *

Σ

ai xi i=1

Já quanto à média geométrica, tradicionalmente, compreendida como

G=(x1*x2*...*xn)(1/n)= (Πxi)(1/n)

Vem com as respectivas ponderações na forma:

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Desde já, podemos constatar a transitividade das duas médias ainda que, e aqui reside a grande diferença entre elas, a média aritmética ponderada tem subjacente a capacidade de uma multiplicação de expoente unitário e a média geométrica ponderada baseia-se na projecção dada aos valores pela eventualidade de uma exponenciação.

Concretamente, e ainda sem entrarmos em considerações relativas à densidade populacional, temos que uma média geométrica ponderada vai permitir-nos a obtenção de valores mais expressivos quanto ao factor de ponderação privilegiado, apesar de, tanto o senso comum como ainda um número significativo de índices, privilegiar a média ponderada aritmética, em especial, pela sua simplicidade e pela "democraticidade" emprestada às observações1.

Outras vantagens, no entanto, podem ser apontadas à média geométrica ponderada:

- possibilidade de avaliar diferentes efeitos concorrentes no fenómeno;

- a média geométrica tende a balancear o rácio dos desvios das observações, enquanto a média aritmética ponderada balanceia a soma dos desvios (na prática, a combinação de uma medida que duplica com outra concorrente que cai para metade anula o aspecto modular subjacente, na média geométrica ponderada);

- permite, naturalmente, a logaritmização dos valores que, debaixo de uma compreensão normalizada da distribuição estatística dos diferenciais em escala log, revela uma distribuição normal mais eficiente das taxas de variação;

- é mais interessante a utilização de uma média geométrica ponderada se pretendermos considerar um dos factores constantes (peso, rendimento, área, etc.)

No entanto, como desvantagens, a média geométrica ponderada apresenta as seguintes:

- dificuldade de abordar a sua utilidade ao "mainstream";

1

(5)

- privilegia as alterações em cada quota concorrente, em vez das alterações absolutas (como o faz, neste caso, a média aritmética ponderada);

- grandes oscilações absolutas nas observações podem provocar enviesamento desta medida;

- não pode ser generalizada para todos os casos, devendo ser sempre confrontada com objectivos maiores do enquadramento e com testes de significância estatística.

As densidades populacionais ponderadas

A tradicional densidade populacional [número de habitantes (hab.) por quilómetro quadrado (km2) ], aplicada a um espaço, por exemplo um concelho X, com freguesias tidas por rurais, semi-urbanas e urbanas2, é no fundo dada pela seguinte fórmula, que tem subjacente o princípio de uma média aritmética:

Σ

(pop. Rural + pop. Semi-urbana + pop. Urbana)

Densidade populacional de X =

Σ

(área rural + área semi-urbana + área urbana)

Certos concelhos, como o de Bragança, por exemplo, com cerca de 1175 km2 de área e 34689 habitantes em 2001, ostentam por isso uma densidade populacional de 30 hab/km2 que sendo das mais pequenas em TMAD acaba por não reflectir a importância de um núcleo urbano com bastante dinamismo.

Numa tentativa de anular esse enviesamento, optou-se por recorrermos, em alternativa, às chamadas densidades populacionais ponderadas, neste caso, à densidade populacional ponderada pela populaçã o.

2

Freguesias urbanas - freguesias que possuem densidade populacional superior a 500 hab./Km2 ou que integrem um lugar com população residente superior ou igual a 5000 habitantes.

Freguesias semi-urbanas - freguesias não urbanas que possuem densidade populacional superior a 100 hab./Km2 e inferior ou igual a 500 hab./km2, ou que integrem um lugar com população residente superior ou igual a 2000 habitantes e inferior a 5000 habitantes.

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A densidade populacional ponderada (DPP) permite uma leitura que se aproxima do real valor de cada micro-região no conjunto, em 'ceteris paribus' e no atendimento a um factor que se pretende considerar - isto é, no presente, a população.

Tendo por base uma lógica de média geométrica ponderada pode ser assim calculada:

DPP = (pr/ar)

(pr/px)

* (psu/asu)

(psu/px)

* (pu/au)

(pu/px)

Sendo pr, população rural, ar, área rural,

psu, população semi-urbana, asu, área semi-urbana, pu, população urbana, au, área urbana,

px, população do concelho X,

E DPP, densidade populacional ponderada pela população.

Deste modo, a densidade populacional ponderada pela população do concelho de Bragança, aproveitando os dados de 2001, é de 146 hab/km2.

São várias as vantagens na utilização da DPP. Entre elas figuram:

- podermos analisar os pesos das diversas sub-áreas no produto final, permitindo-nos um estudo segmentado do concelho, comparando-o com as outras sub-áreas de outros concelhos (comparação espacial) ou a evolução ao longo dos tempos (comparação cronológica);

- maior facilidade no tratamento de regressões, análises estatísticas e econométricas, em virtude de uma imediata logaritmização da fórmula (com as vantagens daí adquirentes);

- visualização dos movimentos de exponenciação subjacentes (isto é, fenómenos como a concentração em freguesias semi-urbanas ou urbanas são mais facilmente detectáveis);

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- tem uma utilidade especial se pretendermos observar os fenómenos ligados à população, pelo que as ciências demográficas e sociais deveriam dedicar à DPP especial atenção (na constatação à La Palice de que a área concelhia é um factor constante que - excepto por imperativos administrativos - não 'cresce')3.

A interdependência dos fenómenos migratórios internos a um território

Usando, por abstracção, um modelo que contemple só duas modalidades em termos de urbanidade de ocupação espacial (um sub-espaço rural e um sub-espaço urbano) a respectiva DENSIDADE POPULACIONAL PONDERADA PELA POPULAÇÃO (DPP) fica assim sugerida:

DPP = (pr/ar) [pr/(pu+pr)] * (pu/au) [pu/(pu+pr)]

Onde pr, é população rural, ar, área rural,

pu, população urbana, au, área urbana

logaritmizando a função DPP temos que

ln DPP = pr pu+pr * ln ( pr ar ) + pu pr+pu * ln ( pu au )

Derivando em ordem a todas as variáveis (pr, pu, ar, au) a função ln DPP temos que

3

Tentou-se esboçar um índice compósito para a região de TMAD, usando a metodologia do índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, recorrendo por isso a uma média aritmética de três índices sensíveis a domínios diversos da população: Saúde (Taxa de Mortalidade Infantil), Educação (Taxa de analfabetismo e Taxa de Frequência do Ensino Obrigatório) e Produtividade (Valor Acrescentado Bruto por residente no concelho). Na realidade, foi possível constatarmos que existe uma correlação mais forte entre os valores obtidos por esse índice e os valores da DPP, comparativamente aos valores da Densidade Conven cional (o coeficiente de correlação relativo aos valores da DPP e do índice era superior 1,5 vezes em relação ao coeficiente de correlação entre os valores do índice e os da densidade convencional).

(8)

δδ ln DPP

--- =

δδpr, δδpu, δδar, δδau

= -pu

au*(pr+pu) δδau - pr

ar* (pr+pu) δδar +

pr+pu+pr*ln(pu/au)-pr*ln(pr/ar) (pr+pu) 2

δδpu +pr+pu+pu*ln(pr/ar)-pu*ln (pu/au) (pr+pu) 2

δδpr

o que nos evidencia, nitidamente, os efeitos cruzados que se geram internamente ao espaço quando existe transferência de população entre os sub-espaços acarretando por isso alterações nas áreas urbanas e rurais.

No entanto, se só, por exemplo, houver imigração para um dos sub-espaços (entrada de pessoas oriundas de outros espaços, por exemplo, vindas de outro concelho ou de outro país, para o sub-espaço urbano), as transformações sentidas pela função ln

DPP podem ser assim enunciadas:

δδ ln DPP

--- = pr+pu+pr*ln(pu/au)-pr*ln(pr/ar)

(pr+pu) 2 δδpu

δδpu

o que continua a revelar-nos que um sub-espaço, sofrendo alterações da sua população, comporta nessa modificação alterações num indicador conjunto como o é a DPP, na dupla medida de constituinte desse espaço e de a função derivada incorporar as referências aos outros sub-espaços.

No entanto, a função derivada total comporta interesse especial se os diferenciais (δδpr, δδpu, δδar, δδau) tenderem a aproximarem-se de zero, o que em população não é assim tão frequente.

(9)

ln DPP = pr pu+pr * ln ( pr ar ) + pu pr+pu * ln ( pu au )

temos que a respectiva função acréscimo a um ponto de partida pode ser dada por

Função-Acréscimo de ln DPP = 1 pt*pt1 *

[

pr*pr1*ln( pr1*ar ar1*pr )+pu*pr1*ln( pr1*au ar1*pu )+pr*pu1*ln( pu1*ar au1*pr )+pu*pu1*ln( pu1*au au1*pu )

]

onde, pt=pr+pu (situação inicial) pr1=pr+∆pr pu1=pu+∆pu pt1=pr1+pu1 ar1=ar+∆ar au1=au+∆a u

A DPP em TMAD

Como já observado, a densidade populacional ponderada pela população é uma medida que consagra as proporções respectivas entre as áreas rurais, semi-urbanas e urbanas e as populações rurais, semi-urbanas e urbanas.

Em 1981, os valores mais elevados centravam-se na região do Douro em redor da área Lamego-Régua-Vila Real, e também em Mirandela, Chaves e Bragança, indiciadores de uma maior concentração populacional nestas áreas. Esboça-se desde então a tendência para a delineação de um corredor no sentido sudoeste-nordeste ao longo da região, deixando na periferia deste conjunto os concelhos ocidentais do distrito de Vila Real e os concelhos orientais do distrito de Bragança.

Relativamente a 1991, na generalidade, o espectro regional mantém-se. Já em 2001, condensam-se os valores do eixo Lamego-Régua-Vila Real, e também os de

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Chaves, Bragança e Mirandela, ficando um observador com a percepção de um estreitamento do corredor previsto que, no fundo, aproveita o sentido dos fluxos combinados das vias IP4, antiga Nacional 2 e IP3 (ver MAPAS A, B e C).

O QUADRO 1 permite -nos um agrupamento combina do dos concelhos analisados na consideração das duas medidas de densidades populacionais ponderadas, quer o sejam pela população, quer sofram uma atenção pela superfície (apresentando esta uma maior correlação com a densidade convencional – ver QUADRO 2 e ANEXOS). À medida que caminhamos para NE no QUADRO 1, vamos encontrando valores combinados maiores (nas duas variáveis). É o caso de Vila Real, por exemplo, respectivamente, em 2001, o 2º concelho em densidade populacional ponderada pela população e o 5º, quando ponderado pela superfície. No extremo SW, Alfândega da Fé sugere-nos os valores combinados mais baixos (29º pela ponderação sobre a população e 27º pela superfície).

QUADRO 1

Fonte: cálculos efectuados pelos autores; INE

Densidade populacional ponderada pela população - 2001

Alfândega da Fé Armamar

Bragança

Carrazeda de Ansiães Chaves Mesão Frio

Mirandela

Mogadouro Moimenta da Beira

Penedono Peso da Régua

Ribeira de PenaSabrosa

São João da Pesqueira Tabuaço

Tarouca Vila Flor

Vila Nova Foz Coa Vila Pouca Aguiar

Vila Real Vinhais 0 1 2 3 4 5 6 7

densidade populacional pond. área (escala log)

densidade populacional pond.

população (escala log)

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MAPA A - DPP em TM AD em 1981

Fonte: cálculos dos autores; OBERTAD

MAPA B - DPP em TMAD em 1991

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MAPA C - DPP em TMAD em 2001

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O MAPA D vem mostrar-nos a existência, na actualidade, de uma tendência já sugerida e que relembramos: há uma concentração crescente da população nos lugares centrais dos concelhos, visível pelo peso considerável que a população semi-urbana e urbana vai detendo em cada caso. Só os concelhos de Lamego, Peso da Régua, Mesão Frio, Vila Real, Chaves, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança detêm população localizada em freguesias urbanas. No entanto, casos como os de Bragança ou Mirandela, com população semi-urbana diminuta ou nula, recordam-nos a dupla necessidade de conciliar as dinâmicas inerentes às áreas urbanas com as superfícies envolventes rurais bem como a utilidade da presença de áreas de transição que facilitem o saudável (e potencial a vários níveis) equilíbrio entre o rural e o urbano.

MAPA D – População rural, semi-urbana e urbana em TMAD em 2001

(14)

QUADRO 2 – Densidades convencionais4 de TMAD em 3 momentos

Fonte: INE; cálculos dos autores

4

Densidade convencional = (Número de residentes do conce lho) / (área total do concelho) densidade convencional 1981 densidade convencional 1991 densidade convencional 2001 Alfândega da Fé 25 21 18 Alijó 63 55 48 Armamar 84 77 67 Boticas 27 25 20 Bragança 30 28 30 Carrazeda de Ansiães 41 33 27 Chaves 78 69 74

Freixo Espada Cinta 23 20 17

Lamego 197 181 168 Macedo de Cavaleiros 31 27 25 Mesão Frio 235 204 181 Miranda do Douro 20 18 17 Mirandela 44 38 39 Mogadouro 20 16 15 Moimenta da Beira 58 56 50 Mondim de Basto 58 55 50 Montalegre 24 19 16 Murça 45 39 36 Penedono 31 28 26 Peso da Régua 234 225 195 Ribeira de Pena 50 39 34 Sabrosa 58 48 45

Santa Marta de Penaguião 160 139 123

São João da Pesqueira 38 36 33

Sernancelhe 32 30 27 Tabuaço 63 58 50 Tarouca 92 94 81 Torre de Moncorvo 26 21 19 Valpaços 47 41 35 Vila Flor 37 33 30

Vila Nova de Foz Coa 28 22 21

Vila Pouca de Aguiar 46 39 35

Vila Real 124 122 132

Vimioso 18 13 11

(15)

Em QUADRO-ANEXO: A ESTRUTURA RURAL, SEMI-URBANA E URBANA DE TMAD EM 1981, EM 1991 E EM 2001, verificámos que no Alto Trás-os-Montes houve, entre 1991 e 2001, um crescimento da percentagem de população semi-urbana e urbana nos concelhos, em virtude, substancialmente, do duplo fenómeno (já apontado) da saída de população que, em 1991, era considerada rural para outros territórios e o movimento de acentuação do número de residentes nos lugares centrais dos municípios (que, na generalidade, aumentaram em quantitativo populacional). No entanto, dada a manutenção da primordialidade das áreas e das populações classificadas como rurais sobre as restantes, a diminuição do número de pessoas destas (mesmo com algum aumento populacional das áreas semi-urbanas e urbanas) comportou, na generalidade, a redução das densidades populacionais (ainda que a DPP apresente uma atenuação desses efeitos por força da incorporação, já abordada, dos movimentos positivos alcançados pelas áreas semi-urbanas e urbanas).

No Douro, em contrapartida, a percentagem de população a morar em áreas semi-urbanas e urbanas desceu, na generalidade dos concelhos (exceptua -se o exemplo de Vila Real, onde a população não rural cresceu 5%). Apesar de também nesta NUTE III a população se sentir particularmente atraída pelas freguesias sedes de concelho, a “fuga” populacional generalizada ao restante território municipal comportou a perda da categoria de semi-urbana ou urbana de freguesias que, em 1991, assim podiam ser referidas, tendo, portanto, aumentado virtualmente a área rural nestes concelhos, com as consequências inerentes nesta metodologia – as Densidades Populacionais Ponderadas decrescem na maioria dos casos.

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Conclusão

TMAD apresenta perdas populacionais desde a década de 1960. Apesar de alguns mecanismos de atracção desencadeados no sentido de promover a fixação populacional, desde então, TMAD perdeu um terço da população de há quarenta anos.

Em diversos concelhos, além da tendência apresentada, outra se tem vindo a avolumar: a concentração num número reduzido de freguesias, conotadas, em geral, com as sedes municipais.

Esta conclusão foi possível graças à utilização da DPP (Densidade Populacional Ponderada), indicador que, caracterizado pelas vantagens genéricas das médias geométricas ponderadas, permite uma melhor diferenciação dos espaços internos de um concelho, bem como uma contemplação mais sucedida dos fluxos populacionais evidenciados.

Assumindo-se, essencialmente, este trabalho como descritivo, não poderíamos deixar de constatar, por fim, a urgência de re-equacionar as medidas de incentivo que têm focado TMAD, em fóruns alargados a agentes promotores, a investidores, a entidades centrais, às instâncias descentralizadas, às vozes académicas e aos representantes das populações.

A magnitude compreendida do fenómeno da perda populacional desta região assim o exige.

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Bibliografia

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NUNES, RUI E ÉVORA, CÉSAR ; “Assimetrias internas e históricas sobrepõem-s e a discursos de conjuntura”; in Economia Pura, Outubro de 1998

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18

ANEXOS - Relação entre as três densidades populacionais, em TMAD, em 2001

dens.conv.2001 dens.pond.pop. dens.pond.sup

Peso da Régua 195,43 Peso da Régua 416 Mesão Frio 185,64

Mesão Frio 181,30 Vila Real 292,87 Lamego 125,72

Lamego 168,17 Lamego 220 Peso da Régua 122,2

Vila Real 132,08 Mesão Frio 190,55 Santa Marta de Penaguião 111,01

Santa Marta de Penaguião 122,50 Chaves 169,8 Vila Real 76,36

Tarouca 81,33 Bragança 145,8 Tarouca 67,85

Chaves 73,83 Santa Marta de Penaguião 130,3 Armamar 62,23

Armamar 66,78 Tarouca 103,96 Alijó 45,6

Moimenta da Beira 49,95 Mirandela 76,2 Chaves 45,35

Tabuaço 49,72 Armamar 70,15 Moimenta da Beira 43,4

Mondim de Basto 49,66 Mondim de Basto 62,5 Tabuaço 43,26

Alijó 48,10 Moimenta da Beira 60,3 Sabrosa 43,2

Sabrosa 45,08 Tabuaço 56,23 Mondim de Basto 41,87

Mirandela 39,22 Alijó 55,4 São João da Pesqueira 31,76

Murça 35,75 Macedo de Cavaleiros 49,4 Valpaços 31,5

Valpaços 35,03 Sabrosa 49,27 Vila Pouca de Aguiar 30,7

Vila Pouca de Aguiar 34,55 Murça 46,2 Murça 29,48

Ribeira de Pena 33,97 Vila Pouca de Aguiar 41,1 Vila Flor 27,01

São João da Pesqueira 32,60 Valpaços 40,6 Mirandela 26,53

Vila Flor 29,71 Ribeira de Pena 40,2 Sernancelhe 25,91

Bragança 29,55 Vila Flor 34,4 Ribeira de Pena 25,6

Carrazeda de Ansiães 27,17 Carrazeda de Ansiães 33,2 Penedono 25,02

Sernancelhe 26,81 São João da Pesqueira 32,03 Carrazeda de Ansiães 24,64

Penedono 25,92 Sernancelhe 27,64 Vila Nova de Foz Coa 18,55

Macedo de Cavaleiros 24,94 Penedono 26,5 Boticas 18,3

Vila Nova de Foz Coa 21,20 Torre de Moncorvo 24,19 Macedo de Cavaleiros 17,84

Boticas 19,91 Vila Nova de Foz Coa 23,96 Alfândega da Fé 16,53

Torre de Moncorvo 18,61 Boticas 22,2 Torre de Moncorvo 16,01

Alfândega da Fé 18,40 Alfândega da Fé 21 Freixo Espada Cinta 15,3

Freixo Espada Cinta 17,20 Mogadouro 20,3 Miranda do Douro 14,82

Miranda do Douro 16,57 Miranda do Douro 19,64 Montalegre 14,67

Montalegre 15,87 Montalegre 18,76 Vinhais 13,55

Vinhais 15,30 Vinhais 18,53 Bragança 13,36

Mogadouro 14,88 Freixo Espada Cinta 17,92 Mogadouro 12,3

Vimioso 11,08 Vimioso 11,5 Vimioso 10,47

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Referências

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