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Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 8306

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Absorção de água por sementes de pimenta malagueta submetidas a diferentes

temperaturas.

Cézar Augusto Mafia Leal1; Haynna Fernandes Abud1; Roberto Fontes Araujo2; Alisson Vinicius Araujo1; Martha Freire da Silva1; Eduardo Fontes Araujo1; Cleide Maria Ferreira Pinto2.

1Universidade Federal de Viçosa, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Fitotecnia.

Avenida P.H. Rolfs s/n, Centro, CEP: 36570-000 - Vicosa, MG – Brasil.

2Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) - Unidade Regional Zona da Mata. Vila Gianetti -

Casa 46, Centro, CEP: 36570-000 - Vicosa, MG – Brasil.

mcezaraugusto@yahoo.com.br, hfabud@gmail.com, rfaraujo@ufv.br, alisson.araujo@ufv.br,

marthafreire86@yahoo.com.br, efaraujo@ufv.br, cleide.pinto@epamig.ufv.br

RESUMO

Objetivou-se caracterizar as fases de absorção de água de sementes de Capsicum frutescens submetidas a diferentes temperaturas. As sementes utilizadas foram extraídas de frutos maduros, coletados em março de 2012, de plantas cultivadas em casa de vegetação. Foi realizada a determinação do teor de água das sementes seguindo o método da estufa a 105 ± 3 °C, por 24 horas. A embebição das sementes ocorreu em caixas gerbox, entre papel germitest, umedecidos com solução KNO3 a 0,2%, submetidas às temperaturas constantes de 25 e 30 °C, e temperatura

alternada de 20-30 °C, em BOD. Antes do início da embebição as sementes foram pesadas, e durante as 12 horas subsequentes, a pesagem ocorreu a cada duas horas. A partir deste momento, realizou-se a pesagem das sementes a cada 12 horas, até que fosse observada a protrusão radicular de no mínimo 50% em cada repetição. Os dados foram analisados segundo um delineamento inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo, com três repetições de 50 sementes. Para delimitar o início e a duração de cada fase da curva de embebição realizou-se a derivação da equação e, consequentemente, os pontos de inflexão das curvas. A curva de embebição para as sementes de pimenta malagueta exibe um modelo trifásico. A temperatura de 30 °C proporciona uma fase II de absorção de água mais rápida pelas sementes e, consequentemente, a protrusão radicular ocorre mais rapidamente quando comparadas as temperaturas de 25 e 20-30 °C.

PALAVRAS-CHAVE: Capsicum frutescens, germinação, embebição. ABSTRACT

Water absorption by seeds of chili peppers under different temperatures

The objective of this work was to characterize the phases of water absorption curve in the seeds of Capsicum frutescens subjected to different temperatures. Seeds were collected from mature fruits collected in March 2012 and these plants were grown in a greenhouse. It was performed to determine the water content of the seeds using the method at 105 ± 3 ° C for 24 hours. The imbibition of seeds occurred in gerboxes, between germitest paper, moistened with 0.2% KNO3 solution, subjected to constant temperatures of 25 and 30 ° C and alternating temperature of 20-30 ° C in BOD. Before starting of imbibition process, the seeds were weighed, and during the subsequent 12 hours, weighing occurred every two hours. After this time, the seeds were weighed every 12 hours until the root protusion at least 50% in each repetition. The data were analyzed using a completely randomized design with repeated measures, with three replicates of 50 seeds. The derivation of the equation was used to define the beginning and duration of each phase and the points of inflexion of the curves. The imbibition curve to the chilli pepper seeds displays a triphasic pattern. The temperature of 30 ° C provides a faster water uptake by seeds in the phase II, and, consequently, the radicle protrusion occurs more quickly when compared to 25 and temperatures of 20-30 ° C.

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A produção de pimenta na agricultura familiar do Brasil é um dos melhores exemplos de integração do pequeno agricultor com a agroindústria (Reifschneider, 2000), sendo realizada em todas as regiões do país. Os cultivos concentram-se principalmente em regiões de clima subtropical, como no Sul, e tropical, como no Norte e Nordeste, com destaque para os estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul (Pinto et al., 2006). A produção da pimenta malagueta (Capsicum frutescens) é destinada tanto para o consumo in natura, quanto para a fabricação de molhos e conservas. A produção de pimenta perpassa pela produção de sementes de qualidade, o que depende de maiores pesquisas para elucidar alguns eventos, como o processo de absorção de água durante a germinação.

Durante o processo de embebição das sementes observa-se comumente um padrão trifásico de absorção de água (Bewley & Black, 1994). A caracterização de cada fase desta curva pode auxiliar nas pesquisas sobre envigoramento de sementes ou pré-hidratação, sendo imprescindível o conhecimento sobre a duração da fase II da espécie estudada (Bradford, 1995; Rodrigues et al., 2008).

A fase I ocorre em sementes que não apresentam impedimento a permeabilidade e em materiais vivos ou mortos, tendo em vista que a absorção ocorre por meio de um processo físico dirigido pelo potencial matricial da semente (Bewley & Black, 1994).

A fase II é caracterizada por drástica redução da velocidade de hidratação e uma intensificação da respiração. Bewley & Black (1994) afirmam que esta diminuição é necessária para que haja mobilização das substâncias que foram desdobradas na fase I da região de reserva para os tecidos meristemáticos. A ocorrência e duração da fase II são variáveis de acordo com a espécie (Marcos Filho, 2005), além da temperatura do ambiente, que interfere na velocidade de absorção de água e atua sobre as reações bioquímicas do processo (Castro et al., 2004). Alguns trabalhos têm elucidado a importância da temperatura durante a embebição de sementes, tais como Albuquerque et al. (2000) para sementes de Crotalaria spectabilis, Posse et al. (2001) para sementes de Capsicum

annum e Rodrigues et al. (2008) para sementes de salsa (Petroselinum sativum).

Em decorrência do aumento da expansão de células e do número de divisões celulares, pelo alongamento e protrusão radicular, observa-se que, durante a fase III, ocorrem novos incrementos na quantidade de água absorvida.

Tendo em vista a representatividade do gênero Capsicum para a família Solanaceae e a falta de informações sobre o comportamento germinativo das suas sementes, objetivou-se caracterizar a curva de absorção de água para as sementes de Capsicum frutescens submetidas a diferentes temperaturas.

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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Pesquisas em Sementes da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. As sementes foram extraídas de frutos maduros, coletados em março de 2012, de plantas cultivadas na casa de vegetação da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – Unidade Regional Zona da Mata (EPAMIG), em Viçosa. Foi realizada a determinação do teor de água das sementes seguindo o método da estufa a 105 ± 3 °C, por 24 horas (Brasil, 2009). Foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes e os resultados foram expressos em porcentagem. A embebição das sementes ocorreu em caixas gerbox, entre papel germitest, umedecidos com solução de nitrato de potássio (KNO3) a 0,2% (Brasil, 2009). As sementes foram submetidas às

temperaturas constantes de 25 e 30 °C, e temperatura alternada de 20-30 °C, em BOD. Durante as avaliações as sementes foram retiradas das caixas gerbox e secadas superficialmente de forma criteriosa, com o auxílio de papel toalha. Posteriormente, foram pesadas em balança digital com precisão de 0,001g e repostas para embeber. Antes do início da embebição as sementes foram pesadas, e durante as 12 horas subsequentes a pesagem ocorreu a cada duas horas. A partir deste momento, realizou-se a pesagem das sementes a cada 12 horas, até que fosse observada a protrusão radicular de no mínimo 50% em cada repetição.

Os dados foram analisados segundo um delineamento inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo, com três repetições de 50 sementes cada. Para tanto, utilizou-se o procedimento MIXED do SAS 9.0 para ajustar aos dados ao seguinte modelo estatístico: , onde µ = constante geral; αi = efeito fixo das temperaturas; βj =

efeito fixo dos tempos utilizados; αβij = interação entre efeito de temperaturas e tempo; eijk = erro

aleatório assumido como normal com média zero e variância constante, entretanto, com dependência entre as medidas tomadas na mesma unidade experimental (caixas gerbox) através do tempo. Para acomodar esta dependência, adotou-se estrutura da matriz de covariância do tipo espacial (SP(SPHERICAL)) devido a não equidistância entre as medidas e por apresentar menor critério de informação de Akaike (Littell et al. 2006). Foi realizada a decomposição do efeito tempo em polinômios ortogonais de grau linear, quadrático e cubico e testou-se a interação destes com o efeito temperatura (decomposição da interação temperatura x tempo). Quando a interação entre algum polinômio ortogonal e o efeito temperatura apresentou-se significativo, ajustaram-se equações para as três temperaturas individualmente através da opção SOLUTION (SAS 9.0). Em seguida, testaram-se a igualdade entre os parâmetros das equações através da opção CONTRAST (SAS 9.0). Adotou-se probabilidade de 5% para o erro Tipo I.

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Para delimitar o início e a duração de cada fase da curva de embebição, realizou-se a derivação da equação e consequentemente os pontos de inflexão das curvas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teor de água das sementes de pimenta malagueta, antes da embebição, foi de 9%.

Houve efeito significativo da interação entre o efeito cúbico e temperatura (P<0,001), desta forma, ajustou-se equações individuais para cada temperatura individualmente. Testando a igualdade dos parâmetros da equação, observamos diferença significativa entre estas (P<0,01). Para todas as temperaturas testadas, às curvas de embebição apresentaram efeito cúbico significativo, exibindo, portanto, um padrão trifásico de absorção de água (Figura 1), conforme prescrito por Bewley & Black (1994).

A derivação das equações possibilitou a caracterização de cada fase da curva de embebição das sementes, a partir dos pontos de inflexão. De acordo com a Tabela 1, infere-se que a temperatura de 25 °C proporcionou uma menor duração da fase I, com aproximadamente 58,586 horas, enquanto para as temperaturas de 30 ºC e 20-30 °C a duração da fase I foi mais longa, com aproximadamente 61,884 e 75,741 horas, respectivamente. Entretanto, para sementes de Petroselinum sativum (Rodrigues et al., 2008) e de Crotalaria spectabilis (Albuquerque et al., 2000), a temperatura mais

elevada proporcionou menor duração da fase I.

As curvas de embebição das sementes de pimenta malagueta para as três temperaturas avaliadas podem ser observadas na Figura 1. Verifica-se que a fase I caracteriza-se como uma fase de incrementos de massa em relação ao tempo de embebição, independentemente da temperatura avaliada.

A fase II da curva de embebicão nas três temperaturas avaliadas exibiu um nível de platô, mantidos relativamente constantes, ou aumentando lentamente, desta forma, seguindo o modelo trifásico. Verifica-se na Tabela 1 que a temperatura de 30 °C proporcionou uma menor duração da fase II em relação às outras temperaturas avaliadas, com aproximadamente 45,374 horas, apesar de não ter sido a melhor condição para o início desta fase. Sob as temperaturas de 25 e 20-30 °C, a fase II foi mais prolongada, sendo, respectivamente, de 95,141 e 117,118 horas. A fase II, também conhecida como intervalo de preparação e ativação metabólica, pode ter sua duração drasticamente afetada pela temperatura, onde baixas temperaturas podem prolongar esta fase (Puteh et al. 1995; Castro et

al., 2004).

Incrementos de massa nas sementes são observados após este período de reduzida absorção (fase II), culminando com a protrusão radicular, o que caracteriza a fase III da curva de embebição. Para sementes de pimenta malagueta observou-se que, sob a temperatura de 30 °C houve protrusão

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radicular mais rapidamente (107,258 horas), e pelo menos 50% das sementes emitiram radícula com 168 horas após o início da embebição. Nas temperaturas de 25 e 20-30 °C, a emissão radicular ocorreu com 153,727 e 192,859 horas de embebição, sendo observado que 50% das sementes emitiram a radícula com 192 e com 228 horas após o início da embebição, respectivamente.

Desta forma, a curva de embebição para sementes de pimenta malagueta obedece a um modelo trifásico. A temperatura de 30 °C proporciona absorção de água mais rápida pelas sementes e, consequentemente, a protrusão radicular ocorre mais rapidamente quando comparada às temperaturas de 25 e 20-30 ºC.

AGRADECIMENTOS

À FAPEMIG, pela concessão de bolsas de graduação à primeira autora e pelo apoio financeiro; à CAPES e ao CNPq, pela concessão de bolsas de doutorado para a segunda e quarto autores, respectivamente.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE MCF; RODRIGUES TJD; MENDONÇA EAF. 2000. Absorção de água por sementes de Crotalaria spectabilis Roth determinada em diferentes temperaturas e disponibilidade hídrica. Revista Brasileira de Sementes 22:206-215.

BEWLEY JD; BLACK M. 1994. Seeds: Physiology of Development and Germination. 2ed. New York: Plenum Press, 445 p.

BRADFOR KJ. Water relations in seed germination. 1995. In: KIGEL J.; GALILI G. (eds.). Seed

development and germination. New York: Marcel Dekker Inc., p.351- 396.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 2009. Regras para análise de

sementes. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.

Brasília, DF: Mapa/ACS, 399p.

CASTRO RD; BRADFORD KJ; HILHORST HWM. 2004. Embebição e reativação do metabolismo. In: Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed. 323p.

LITTELL RC; MILLIKEN, GA; STROUP WC; WOLFIGER RD; SCHABENBERGER O. 2006.

SAS for mixed models. 2. ed. Cary: SAS Institute Inc., 814p.

MARCOS FILHO J. 2005. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. Piracicaba: FEALQ, 495p. MOREIRA GR; CALIMAN FRB; SILVA DJH; RIBEIRO CSC. 2006. Espécies e variedades de pimenta. Informe Agropecuário 27:16-29.

PINTO C. M F.; PUIATTI, M.; CALIMAN, F. R. B.; MOREIRA, G. M. R.; MATTOS, R. N. 2006. Clima, época de semeadura, produção de mudas, plantio e espaçamento na cultura da pimenta.

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PUTEH AB; TEKRONY DM; EGLI DB. 1995. Influence of temperature and water uptake on the expression of cotyledon necrosis in soybean (Glycine max (L.) Merrill). Seed Science & Technology 23:739-748.

REIFSCHNEIDER FJB. 2000. Capsicum. Pimentas e pimentões no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia/Embrapa Hortaliças, 113p.

RODRIGUES APDC; LAURA VA; CHERMOUTH KS; GADUM J. 2008. Absorção de água por semente de salsa, em duas temperaturas. Revista Brasileira de Sementes 30:49-54.

Tabela 1. Pontos de transição e duração de cada fase da curva de embebição de sementes de

Capsicum frutescens sob diferentes temperaturas (T). (Transition point and durations of each phases

of water imbibition, in hours, of seeds of Capsicum frutescens subjected to different temperatures (T). UFV, Viçosa, MG, 2012.

T (°C) Transição fase I-II (horas)

Transição fase

II-III (horas) Fase I (horas) Fase II (horas) Fase III (horas)*

20-30 75,741 192, 859 75,741 117,118 110,881

25 58,586 153,727 58,586 95,141 96,858

30 61,884 107,258 61,884 45,374 122,625

*Realizou-se a pesagem até que fosse observada a protrusão radicular de no mínimo 50% das sementes em cada repetição, sendo 228 horas para a temperatura alternada de 20-30 °C, 192 horas para 25 ºC e 168 horas para 30 °C.

Figura 1: Curva de embebição de sementes de Capsicum frutescens submetidas a diferentes

temperaturas. (Seeds’ imbibition curve of Capsicum frutescens subjected to different temperatures). UFV, Viçosa, MG, 2012. M as sa ( g) Tempo (horas) R² = 0,31 R² = 0,27 R² = 0,76

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