Departamento de Medicina Veterinária Preventiva
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva
VPS 422:Epidemiologia das Doenças Infecciosas dos
VPS 422:Epidemiologia das Doenças Infecciosas dos
Animais Domésticos
Animais Domésticos
LÍNGUA AZUL
Cíntia M.
Cíntia M. Favero
Favero
E
DEFINIÇÃO
DEFINIÇÃO
Doença infecciosa, não contagiosa, causada pelo vírus da língua azul que é
transmitido por um vetor artrópode do gênero Culicoides spp. e
caracterizada por inflamação das mucosas, hemorragia e edema
generalizados.
Sinônimo: febre catarral dos carneiros.
Espécies acometidas:
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
Perdas diretas
Mortalidade 40%
Problemas reprodutivos
Queda produção leite, carne, lã
Perdas indiretas
Restrições ao comércio de animais e subprodutos
Gastos com tratamentos
EUA: restrição de exportação de ruminantes para Austrália,
Nova Zelândia e CE, perdas de US$ 3 bilhões/ano
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
HISTÓRICO
HISTÓRICO
Report of the Cattle and Sheep Disease 1876
(Henning, 1956)
Hutcheon (1902) Spreull 1905: primeira
descrição da doença (Língua Azul) na África do
Sul
Theiler (1906): demonstrou a etiologia viral
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
HISTÓRICO
HISTÓRICO
Até 1998: infecção pelo VLA Europa esporádica
Após 1998: Surtos em ilhas gregas, espalhamento para bacia do
mediterrâneo e Europa
2006: primeiro relato do VLA-8 na Europa
2007/2008: novos sorotipos (2 e 7) identificados no nordeste da
Austrália
2008: identificado sorotipo 25 em caprinos na Suíça
2009: vários sorotipos invadiram o sudeste dos EUA
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
HISTÓRICO
HISTÓRICO
DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIÇÃO
40°N 35°S LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZULDISTRIBUIÇÃO DO VLA
EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
Transmissão
Culicoides sp.
Nome Popular: maruim, mosquito-pólvora,
mosquito-do-mangue
Preferência por hospedeiros
> de 1000 espécies conhecidas
< de 20 espécies identificadas competentes
Sêmen
Congênita
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL Temperatura Umidade Alguns sorotiposAmostra vacinal atenuada Baixo Risco
Distribuição mundial dos sorotipos de VLA e as espécies de vetores Culicóides
Tabachnick W J J Exp Biol 2010;213:946-954
EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
Área endêmica
Área epidêmica
Área livre
Ausência de animais soropositivos
Ausência de vetores/vírus
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL FREQUÊNCIA DE INFECÇÃO TÍTULOS DE ANTICORPOS FREQUÊNCIA DE INFECÇÃO TÍTULOS DE ANTICORPOSQuando ocorrem os surtos ?
Autores Ano Estado/ Região Nº de amostras testadas % de Reagentes Espécie Animal Moreira et al. 1980 MG 577 74 Bovina
Cunha et al. 1982 RJ 553 41 Bovina
Abreu 1982 RR 1472 16 Bovina AM 360 26 Bovina PA 360 33 Bovina PA 360 21 Bovina PA 141 20 Bubalina
Abreu et al. 1984 RJ ... 15 Caprina
Silva et al. 1988 MG 340 06 Caprina
Cunha et al. 1987 PR 106 20 Bovina SP 214 54 Bovina SC 174 37 Bovina RS 409 0,1 Bovina
Cunha et al. 1988 RJ 593 44 Caprina RJ 33 24 Ovina
Castro et al. 1992 MG 451 76 Bovina
Arita et al. 1992 SP 72 53 Ovina
Lage et al. 1996 MG 329 54 Bubalina
Pelllegrin et al. 1997 MS ... 21 Bovino MS 37 Bovino MS 20 Bovino
Melo et al. 1999 SE ... 89 Bovina
Costa et al. 2000 RS 1341 15 Ovina RS 1272 60 Bovina
Lobato et al. 2001 MG 1484 42 Caprina MG 628 62 Ovina
Laender et al. 2002 MG 1295 41 Caprina MG 577 59 Ovina
Silva et al. 2002 CE 1865 31 Caprina
Gouveia et al. 2003 MG 2168 45 Caprina MG 1429 54 Ovina
Costa et al. 2006 RS 1331 0,16 Ovina
Venditti 2009 SP 1272 538 0,60 13 Bovina Ovina
EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZULLíngua azul no Brasil
1980 sorotipo 4: bovinos
quarentena exportados para os EUA 2001 sorotipo 12 Paraná: ovinos e caprinos
2009 sorotipo 12 Rio Grande do Sul: ovinos
2013 sorotipo 4 (?) Rio de Janeiro: ovinos
Evidências: outros sorotipos circulantes
ETIOLOGIA
ETIOLOGIA
Família: Reoviridae
Gênero:
Orthoreovirus
Orbivirus
Rotavirus
Coltivirus
Seadornavirus
Aquareovirus
Cypovirus
Idnoreovirus
Fijivirus
Phytoreovirus
Oryzavirus
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZULGênero: Orbivirus
ETIOLOGIA
ETIOLOGIA
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
SOROGRUPO SOROTIPOS VETOR HOSPEDEIRO DOENÇA DISTRIBUIÇÃO
GEOGRÁFICA VÍRUS DA LÍNGUA AZUL 25 (VLA1-VLA25) Culicoides spp. Ovinos, bovinos, caprinos, cervídeos Rinite, estomatite, laminite África, Ásia, Austrália , Américas e Europa VÍRUS DA DOENÇA EPIZOÓTICA HEMORRÁGICA
7 Culicoides spp. Cervídeos Similar a língua azul Américas, Austrália e África VÍRUS DA PESTE EQUINA AFRICANA
10 Culicoides spp. Equídeos, cães,
zebras Doença cardiopulmonar e febre África, Oriente Médio, Ásia e Europa
VÍRUS PALYAM 2 Culicoides spp. Bovinos
Aborto e mal formações congênitas
ETIOLOGIA
ETIOLOGIA
Não envelopado
Capsídeo icosaédrico (80 nm)
Genoma: RNA segmentado
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL VP1 VP2 VP3 VP4 VP5 NS1 VP7 NS2 VP6 NS3 7 PROTEÍNAS ESTRUTURAIS 3 NÃO ESTRUTURAIS CAPSÍDEO PROTÉICO NÚCLEO AC NEUTRALIZANTES SOROGRUPO ESPECÍFICA
ETIOLOGIA
ETIOLOGIA
Replicação
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL RER CGDiversidade genética: 25 sorotipos
ETIOLOGIA
ETIOLOGIA
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
PATOGENIA
PATOGENIA
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
GLICOFORINAS
OVELHAS 40-80 DIAS GESTAÇÃO VACAS < DE 150 DIAS GESTAÇÃO
Circulação viral na presença de altos títulos de Ac LINFONODOS REGIONAIS VIREMIA ERITRÓCITOS, PLAQUETAS, MONÓCITOS MO, LINFONODOS,
BAÇO OUTROS ÓRGÃOS PLACENTA
LISE DAS CÉLULAS ENDOTELIAIS EDEMA HEMORRAGIA ABORTO MÁ FORMAÇÃO FETAL VIREMIA:
Ovinos: em média 50 dias Caprinos: 28 – 41 dias
Bovinos: > 100 dias
PATOGENIA
PATOGENIA
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
EDEMA PULMONAR, EFUSÃO PLEURAL, ABDOMINAL E
PERICÁRDICA INFECÇÃO DAS CÉLULAS
ENDOTELIAIS CITOCINAS (TNF α) AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR BOVINOS OVINOS EXPRESSÃO DE MEDIADORES VASOATIVOS E INFLAMATÓRIOS ISQUEMIA E NECROSE ATIVAÇÃO LISE INFECÇÃO DOS MACRÓFAGOS TROMBOXANAS E PROSTACICLINAS EDEMA, HEMORRAGIA E INFLAMAÇÃO LOCALIZADOS
Ovinos
Caprinos
Bovinos
INFECÇÃO
SUBCLÍNICA
DOENÇA
AGUDA/LETAL
Espécie Raça Variações individuais Idade Estado imune Estresse ambiental Patogenicidade da amostra Fatores relacionados ao vetor LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZULSINAIS CLÍNICOS
SINAIS CLÍNICOS
FebreHiperemia de focinho, lábios e mucosa oral Edema de face e mandíbula
Conjuntivite
Descarga nasal serosa e mucopurulenta Língua edemaciada
Erosões orais e úlceras Salivação
Laminite Fraqueza
Prostração e dificuldade de locomoção Aborto em qualquer fase da gestação
SINAIS CLÍNICOS
SINAIS CLÍNICOS
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
Fonte: Mário Balaro 2013 (UFF) Fonte: Mário Balaro 2013 (UFF) Fonte: Nádia Antoniassi 2010 (UFRGS)
SINAIS CLÍNICOS
SINAIS CLÍNICOS
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
Fonte: Mário Balaro 2013 (UFF)
Fonte: Nádia Antoniassi 2010 (UFRGS) Fonte: Nádia Antoniassi 2010 (UFRGS)
SINAIS CLÍNICOS
SINAIS CLÍNICOS
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
Fonte: Nádia Antoniassi 2010 (UFRGS) Fonte: Mário Balaro 2013 (UFF)
SINAIS CLÍNICOS
SINAIS CLÍNICOS
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
SINAIS CLÍNICOS
SINAIS CLÍNICOS
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
PATOLOGIA
PATOLOGIA
Hemorragia e necrose da mucosa do trato gastrointestinal superior (cavidade oral – estômagos)
Edema e hemorragia de linfonodos Edema e hemorragia subcutâneos Edema pulmonar (casos fatais) Efusão pleural e pericárdica Edema de face e pescoço
Hemorragia na base da artéria pulmonar
Necrose do miocárdio e músculo esquelético
PATOLOGIA
PATOLOGIA
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
PATOLOGIA
PATOLOGIA
Febre Aftosa
Estomatite vesicular
Febre catarral maligna
Ectima Contagioso
Intoxicação por planta (coerana/Cestrum sp.)
Pneumonia
Hemoncose
Scrapie
Diarréia viral bovina/Doenças das mucosas
Rinotraqueíte infecciosa bovina
Fotossensibilização
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
Ovinos, caprinos e bovinos
Estações de maior atividade do vetor Introdução de animais novos no rebanho
RT-PCR (transcrição reversa seguida por reação em cadeia pela polimerase)
ELISA (Ensaio de imunoadsorção enzimática) Isolamento em OEG e cultivo celular
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL SINAIS CLÍNICOS: PESQUISA VIRAL: Material de escolha: Sangue total Baço Linfonodos Coração Medula óssea Tecido nervoso (problemas congênitos) Teste prescrito pela OIE para o comércio internacional de animais
Isolamento viral: OEG de 9-12 dias e cultura de células
BHK-21
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZULDIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
PESQUISA VIRAL:Identificação do sorogrupo viral:
Imunofluorescência
Imunoperoxidase
RT-PCR
ELISA
Tipificação sorológica
Soroneutralização
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZULDIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
PESQUISA VIRAL:RT-PCR
Triagem para o isolamento
Menos laboriosa que o isolamento
Animais virêmicos
Boa sensibilidade e especificidade
Genotipificação (VP2)
qPCR (PCR quantitativa)
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZULDIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
PESQUISA VIRAL:DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
IDGA (Imunodifusão em gel de agarose)
Reação cruzada com EHD (doença epizoótica hemorrágica dos
cervídeos)
Boa sensibilidade e baixa especificidade
Levantamentos epidemiológicos
Vigilância epidemiológica de rebanho
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
ELISA de competição
Exposição ao sorogrupo
Maior especificidade
ELISA indireto
Amostras de tanque de leite
Vigilância do rebanho
Soroneutralização
Identificação do sorotipo viral
Reação cruzada entre sorotipos
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
Laboratórios de referência internacional:
(http://www.oie.int/our-scientific-expertise/reference-laboratories/list-of-laboratories/)Australian Animal Health Laboratory CSIRO Livestock Industries
(Austrália)
Istituto Zooprofilattico Sperimentale dell
Abruzzo e del Molise G.
Caporale
(Itália)
Onderstepoort Veterinary Institute Agricultural Research Council
(África do Sul)
Institute for Animal Health, Pirbright (Inglaterra)
National Veterinary Services Laboratories USDA, APHIS, Veterinary
Services (EUA)
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
Laboratórios que realizam diagnóstico no Brasil:
Laboratório de Viroses de Bovídeos (Instituto Biológico –
São Paulo)
IDGA
ELISA
ISOLAMENTO
PCR
Laboratório de Diagnóstico em Virologia Animal (UFMG –
Belo Horizonte)
IDGA
ISOLAMENTO
PCR
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZULDIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
CONTROLE E PROFILAXIA
CONTROLE E PROFILAXIA
Áreas livres
Controle do trânsito de animais
Regras rígidas de importação e quarentena
Testes sorológicos
Infecção instalada
Sacrifício dos animais
Controle de vetores
Áreas endêmicas
Erradicação impossível
Controle de vetores (?)
Redução do número de animais suscetíveis
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
Vacinação
Previne doença clínica
África do Sul, Israel, EUA (alguns Estados)
Sorotipos circulantes
Quase todos os sorotipos
Imunidade prolongada
Ovinos e Bovinos
Animais prenhes: reversão da virulência e risco de deformidade
fetal
Não se vacina em estações de atividade do vetor
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
CONTROLE E PROFILAXIA
CONTROLE E PROFILAXIA
Vacinação
Sorotipos 2, 4, 1 e 8
Vacinação de animais prenhes
Vacinação em período de maior atividade do vetor
Vírus recombinante expressando VP2 e VP5
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
CONTROLE E PROFILAXIA
CONTROLE E PROFILAXIA
INATIVADAS
RECOMBINANTES
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
LÍNGUA AZUL LÍNGUA AZUL
Alfieri, A.A. et al.. Reoviridae. In: Flores, E.F. (Ed.). Virologia Veterinária. Santa Maria. UFSM. p.775-805, 2007.
Instituto Biológico:
http://www.biologico.sp.gov.br/exames_triagemanimal/tabela_exames.pdf
OIE (Office International des Epizooties/World Organization for Animal Health).
Bluetongue. In: Manual of diagnostic tests and vaccines for terrestrial animals 2009. Chap 2.1.3. Aug 2009.
OIE (Office International des Epizooties/World Organization for Animal Health).