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CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS PROVA ESCRITA DE DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL DESTINADA A CANDIDATOS COM EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL 2ª CHAMADA

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CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS PROVA ESCRITA

DE

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

DESTINADA A CANDIDATOS COM EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL 2ª CHAMADA

Proceda à elaboração de uma sentença, com a data de hoje, considerando o seguinte:

1 - O Ministério Público deduziu acusação contra João Carlos Freitas Fortunato, conforme a peça junta em anexo.

Nota - É intencional a omissão da qualificação jurídica dos factos constantes da acusação. Parta do princípio de que se verificaria essa qualificação e que a mesma nunca impediria a qualificação jurídica dos factos provados que considere adequada

2 - O arguido não apresentou contestação

3 - Não foi deduzido pedido de indemnização civil

4 – Realizou-se a audiência de julgamento a 2 de Abril de 2008, conforme acta junta em anexo.

5 – Estão juntos aos autos os seguintes documentos, que foram examinados em audiência:

Cópia autenticada de caderneta da Caixa Geral de Depósitos pertencente a António Sabino (donde resulta que foi levantado o cheque referido na acusação, no valor de €3000, e que esta quantia foi reposta pela Caixa Geral de Depósitos)

Cópia autenticada de um cheque emitido por este no valor de €500 à ordem do arguido

Um relatório de exame pericial no qual foi analisada a escrita suspeita constante dos preenchimentos e assinaturas do cheque e da requisição de cheque, da Caixa Geral de

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Depósitos, com data de 17 de Janeiro de 2007, e os autógrafos recolhidos do arguido, do qual resulta a conclusão seguinte:

«Admite-se como “provável” que a escrita suspeita constante dos preenchimentos e assinaturas dos cheques e das requisições de cheques seja da autoria de João Carlos Freitas Fortunato.

Haverá que considerar que nos exames de identificação e comparação de escrita não é possível equiparar as expressões utilizadas nas conclusões a termos matemáticos de probabilidade, encontrando-se as expressões hierarquizadas pela seguinte ordem: ser; muito provável; provável; pode ter sido; não concluir, pode não ter sido; provável não; muito provável não e não ser».

O original desse cheque e documento de requisição.

Um auto de apreensão de 26 de Janeiro de 2007, no qual se declara que ao arguido foi apreendido o bilhete de identidade nº 7303761, emitido em 07 de Janeiro de 1993, pela D.C.R.N.L., pertencente a António Sabino, e também dez telemóveis de marca “Nokia”.

Cópia autenticada desse bilhete de identidade.

Uma informação policial donde consta que o arguido vive sozinho, não tem encargos familiares e explora por conta própria uma oficina de reparação de automóveis, auferindo rendimentos mensais médios na ordem dos mil euros.

6 – Em audiência, realizada em 2 de Abril de 2008, foram prestadas apenas as seguintes declarações:

A testemunha António Sabino referiu ter entregue ao arguido o cheque para pagamento da reparação do seu veículo, o qual ficou naquele local para reparação. Afirmou que apenas se apercebeu de que não tinha o bilhete de identidade quando teve um acidente com o veículo, em 12 de Fevereiro de 2007, e lhe foram solicitados os documentos nessa altura. Esclareceu que o seu bilhete de identidade se encontrava dentro do porta-luvas da viatura, juntamente com os restantes documentos do veículo.

A testemunha Joaquim dos Anjos, empregado da Caixa Geral de Depósitos descreveu o procedimento normal adoptado pelos empregados bancários quando são confrontados com um pedido de cheque avulso, referindo, designadamente, que ao

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apresentante é solicitado o bilhete de identidade, que o preenchimento dos impressos de requisição pode ser feito pelo empregado e que o mesmo é entregue ao requisitante para ser assinado. Ao ver o arguido em audiência, declarou não ter dúvidas de que foi arguido quem lhe solicitou os cheques referidos na data indicada.

As testemunhas António Sabino e Joaquim dos Anjos declararam que o primeiro foi reembolsado pela Caixa Geral de Depósitos da quantia total de € 3000.

A testemunha Jorge Figueiredo, agente da PSP que procedeu à apreensão referida, declarou que, em conversa informal com o arguido aquando dessa apreensão, este lhe disse que havia adquirido, em dia do mês de Janeiro de 2007 os sete telemóveis referidos a um indivíduo toxicodependente pela quantia de €250.

7 - Aos autos estão juntas certidões, com nota de trânsito, das seguintes condenações do arguido:

- por acórdão de 22 de Setembro de 2006, transitado em julgado a 7 de Outubro do mesmo ano, do 1° Juízo de Competência Especializada Criminal de Cascais, relativo ao processo nº1971/05.0PBCSC, pelo crime de furto qualificado, p. e p. pelos artigos 203º e 204º, nº 1, f), do Código Penal, praticado em Janeiro de 2005, foi o arguido condenado na pena de dois anos de prisão, suspensos na sua execução por dois anos; sendo que desse acórdão consta que o arguido subtraiu objectos alheios no valor de dois mil euros (que não foram recuperados), introduzindo-se numa casa de habitação sem autorização do dono, que o mesmo não prestou declarações em audiência e que a suspensão de execução da pena se fundamentou na circunstância de o mesmo não ter, à data da prática dos factos, antecedentes criminais.

- por acórdão de 22 de Maio de 2007, transitado em julgado a 6 de Junho do mesmo ano, da 1ª Vara Mista do Tribunal de Sintra, relativo ao processo nº 746/05.0PCSNT, pelo crime de furto qualificado, p. e p. pelos artigos 203º e 204º, nº 2, e), do Código Penal, praticado em Fevereiro de 2005, foi o arguido condenado na pena de três anos de prisão, suspensos na sua execução por três anos; sendo que desse acórdão consta que o arguido subtraiu objectos alheios no valor de três mil euros (que não foram recuperados), introduzindo-se numa casa de habitação partindo o vidro de uma janela, que o mesmo não prestou declarações em audiência e que a suspensão de execução da pena se fundamentou na circunstância de o mesmo não ter, à data da prática dos factos, antecedentes criminais.

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SERVIÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA COMARCA DE CASCAIS Conclusão, em 12 de Janeiro de 2008 Encerro o inquérito Regº nº 34/07 O Ministério Público,

ao abrigo do disposto no artigo 3º, nº 1, c), da Lei nº 60/08, de 27 de Agosto, e nos artigos 48º e segs. do Código de Processo Penal, considerando que – tendo em conta os montantes envolvidos - não deverá ser aplicada pena superior a cinco anos de prisão, requer o julgamento, sob a forma comum e perante o juiz singular (artigos 14º e 16º, nº 3, do Código Penal) de

João Carlos Freitas Fortunato (solteiro, mecânico, nascido em Lisboa a 14 de Fevereiro de 1977, filho de António Fortunato e de Maria Isabel Freitas, portador do B.I. nº 4387100, de 15/9/99, residente na Rua da Sociedade Recreativa, nº 5, Adroana, Cascais)

Porquanto indiciam suficientemente os autos que: 1)

Em dia não apurado do início de Janeiro de 2007, o arguido procedeu à reparação de uma avaria na viatura de António Sabino, enquanto mecânico de automóveis, numa oficina perto do Autódromo do Estoril, em Cascais. 2)

No interior da viatura encontrava-se o bilhete de identidade nº 7303761, emitido em nome de António Sabino, de que o arguido se apoderou.

3)

Pela reparação, o arguido cobrou a quantia de €500. 4)

Para pagamento dessa quantia, António Sabino assinou, preencheu e entregou o cheque nº 8010239708, sacado sobre a sua conta bancária nº 00043080100 da Caixa Geral de Depósitos.

5) Na posse do cheque, o arguido formulou o propósito de se apoderar de quantias em seu proveito, tirando partido de alguma semelhança física com

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SERVIÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA COMARCA DE CASCAIS

António Sabino, de deter na sua posse o bilhete de identidade deste e os dados constantes do cheque que aquele lhe entregara, designadamente a instituição bancária sacada e o número de conta.

6)

No dia 17 de Janeiro de 2007, cerca das 10h, na prossecução dos seus intentos, o arguido dirigiu-se à agência da Caixa Geral de Depósitos, sita em Cascais.

7)

Dirigiu-se ao balcão e identificou-se como António Sabino, exibiu o bilhete de identidade nº 7303761, indicou o número da conta e agência onde a mesma estava sediada - 0774043080100- e requisitou um cheque avulso. 8)

O empregado que o atendeu, Joaquim dos Anjos, convicto de que estava perante o verdadeiro titular da conta, preencheu o impresso de requisição com os dados fornecidos pelo arguido, que, para o efeito, assinou com o nome de António Sabino, e entregou-lhe o cheque nº 6165819327 para levantamento directo de fundos.

9)

Seguidamente, o arguido preencheu e assinou o referido cheque, apondo, no espaço destinado à assinatura do sacador, o nome de António Sabino como se de assinatura sua deste se tratasse, nele escreveu a data de. 17/1/2007 e preencheu-o por extenso e numerário com a quantia de € 3000. 10)

Acto contínuo, o arguido dirigiu-se à caixa e apresentou o cheque a pagamento, exibindo o bilhete de identidade nº 7303761.

11)

O empregado, após verificar a sua identidade, inscreveu os dados constantes do bilhete de identidade no rosto do cheque, tendo o arguido assinado no verso com o nome de António Sabino.

12)

Convicto de que o arguido era o legítimo titular do cheque, o empregado entregou-lhe a quantia de € 3000, titulada no mesmo, que o arguido veio a gastar em seu proveito.

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SERVIÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA COMARCA DE CASCAIS

13)

Até à data, o arguido não restituiu a referida quantia de €3000. 14)

No seguimento da reclamação apresentada pelo sacado António Sabino, a Caixa Geral de Depósitos creditou-lhe na conta € 3000.

15)

Em data não apurada de Janeiro de 2007, o arguido recebeu de um indivíduo cuja identidade não foi possível apurar e que aparentava ser toxicodependente sete telemóveis de marca “Nokia”, no valor total de €2000, por eles pagando a quantia total de €250.

16)

O arguido agiu livre, deliberada e conscientemente, pretendendo iludir terceiros e auferir um benefício económico que de direito lhe não pertencia. 17)

Sabia o arguido que o bilhete de identidade nº 7303761 não lhe pertencia e quis fazê-lo seu.

18)

Sabia o arguido que os telemóveis referidos eram provenientes de furtos e roubos e tinham um valor superior a €250.

19)

Sabia o arguido que todas as condutas, acima descritas eram proibidas e punidas por lei.

Pelo exposto, o Ministério Público imputa ao arguido João Carlos Freitas Fortunato a prática de

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SERVIÇOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA COMARCA DE CASCAIS

Prova:

- cheque junto a fls. 5

- documentos juntos a fls. 10 a 20

- relatório de exame pericial junto a fls. 45 a 53 - auto de apreensão junto a fls. 24

- testemunhas:

António Sabino, id. a fls. 23 Joaquim dos Anjos, id. a fls. 25

Jorge Figueiredo, agente da PSP. id. a fls.28

Medida de coacção:

Uma vez que não se verifica nenhuma das situações a que se reporta o artigo 204º do C.P.P., o arguido aguardará os ulteriores termos do processo em liberdade, mediante termo de identidade e residência, já prestado (artigo 196º do C.P.P.)

Proceda à notificação do ilustre defensor (fls. 56) e às restantes notificações legais – artigos 277º, nº 3, e 283º, nº 5 e 6, do C.P.P.

Acto processual elaborado em processador de texto e revisto pelo signatário – artigo 94º, nº 2, do C.P.P.

Cascais, 12 de Janeiro de 2008

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JUÍZOS DE COMPETÊNCIA ESPECIALIZADA CRIMINAL DE CASCAIS

ACTA DE AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO

PROCESSO COMUM SINGULAR Nº 571/07. PECSC DATA: 2 de Abril de 2008

INÍCIO: 15h. 15m. TERMO: 16h. 45m.

MAGISTRADO JUDICIAL PRESENTE: Dr. Bártolo Correia dos Santos MAGISTRADA DO MINISTÉRIO PÚBLICO: Drª Maria da Glória Pereira FUNCIONÁRIA JUDICIAL: Maria Susana Costa

DEFENSORA: Drª Alice Cotovia

PRESENTES: Todas as pessoas convocadas

----Aberta a audiência, o Mº Juiz fez uma exposição sucinta sobre o objecto da causa, tendo dado a palavra à Digna Magistrada do Ministério Público e à ilustre defensora oficiosa do arguido para, querendo, indicarem os factos que se propõem provar, tendo ambas dito que prescindiam de tais exposições.

----O Mº Juiz advertiu o arguido de que era obrigado a responder com verdade às perguntas que lhe iam ser feitas sobre a sua identidade, sob pena de incorrer em responsabilidade criminal

.---Identificou-se o arguido da forma

seguinte:---JOÃO CARLOS FREITAS FORTUNATO, solteiro, mecânico, nascido em Lisboa a 14 de Fevereiro de 1977, filho de António Fortunato e de Maria Isabel Freitas, portador do B.I. nº 4387100, de 15/9/99, residente na Rua da Sociedade Recreativa, nº 5, Adroana,

Cascais.---O arguido foi advertido de que tem o direito de prestar declarações em qualquer altura da audiência, desde que se refiram ao objecto do processo, sem que, no entanto, o seu silêncio o possa desfavorecer, tendo o mesmo declarado que não pretendia prestar

declarações.---Seguidamente, passou o Tribunal a ouvir as testemunhas de acusação, que se identificaram da seguinte

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forma:---JUÍZOS DE COMPETÊNCIA ESPECIALIZADA CRIMINAL DE CASCAIS

----ANTÓNIO SABINO, id. a fls. 23 dos

autos.--- Prestou juramento legal e aos costumes disse ser queixoso, facto que não o impede de dizer a

verdade.---JOAQUIM DOS ANJOS, id. a fls. 25 dos

autos.---Prestou juramento legal e aos costumes disse ser empregado da Caixa Geral de Depósitos, facto que não o impede de dizer a

verdade.---JORGE FIGUEIREDO, agente da P.S.P. de Cascais. id. a fls. 28 dos autos.---Prestou juramento legal e aos costumes disse

nada.---Seguidamente, o Mº Juiz determinou que ficasse consignado que o Tribunal examinou o cheque junto a fls. 5, os documentos juntos a fls. 10 a 20, o relatório de exame pericial junto a fls. 45 a 53 e o auto de apreensão junto a fls.

24.---Seguidamente, o Mº Juiz deu à palavra à Digna Magistrada do Ministério Público e à ilustre defensora do arguido para alegações finais, findo o que perguntou ao arguido se algo mais tinha a dizer em sua defesa, ao que este respondeu

negativamente.---Seguidamente, o Mº Juiz ditou para a acta o seguinte:---DESPACHO

---Para leitura de sentença, designo o próximo dia 7 de Abril, pelas 10 horas.---

----Notifique.---Logo foram todos os presentes

notificados.---Para constar se lavrou a presente acta, que, depois de lida e achada conforme, vai ser assinada.---

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