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A Economia do Município de Lavras-MG nas Décadas Finais do Regime Escravista ( ) Eduardo José Vieira 1

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A Economia do Município de Lavras-MG nas Décadas Finais do Regime Escravista (1870-1879)

Eduardo José Vieira1

Resumo: O Trabalho apresenta os resultados preliminares da pesquisa realizada no programa

de pós graduação em História Econômica da Universidade de São Paulo. Trata do perfil econômico do Município de Lavras-MG nas décadas finais do sistema escravista brasileiro. A fontes pesquisadas são processos de inventário do referido município. A pesquisa busca identificar em que atividades estava ocupada a mão de obra escrava da localidade, verificando assim como se estruturava a riqueza da população no período. O município apresenta grande importância no contexto sul mineiro e os primeiros levantamentos apontam para uma produção diversificada e a maior população escrava dentre os municípios da região durante o período estudado. A partir do estudo da riqueza da população, o trabalho permitirá verificar de que forma Lavras se insere no cenário econômico Mineiro e sul mineiro.

Palavras-chave: Economia. Escravidão. Lavras-MG.

The Economics of Lavras-MG in the Final Decades of the slave regime (1870-1879)

Abstract: Work presents the preliminary results of the survey in graduate programin

Economic History, University of Sao Paulo. This is the economic profile ofLavras-MG in the final decades of the Brazilian slave system. The sourcesstudied are probate proceedings of that municipality. The research seeks toidentify which activities were busy slave labor of the locality, as well as checking ifstructured the wealth of the population in the period. The city has great importance in the southern mining and the first surveys point to a diversified production and the largest slave population among the municipalities in the region during the study period. From the study of the wealth of the population, the work willdetermine how Lavras falls in the economic and southern Minas Gerais Minas Gerais.

Keywords: Economics. Slavery. Lavras-MG.

1

Técnico em Assuntos Educacionais da Universidade Federal de Alfenas. Aluno do Mestrado em História Econômica da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas-FFLCH, da Universidade de São Paulo. Orientador: Prof. Dr. Alexandre Macchione Saes. E-mail: eduardojosevieira@hotmail.com

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A Economia do Município de Lavras-MG nas Décadas Finais do Regime Escravista (1870-1888)

Lavras foi elevada a categoria de cidade em 1868, já com o nome atual, após tornar-se vila em 1831 e ser constituído o município em 1832. Em 1870 era termo da comarca do Sapucahy. Embora neste momento estivesse ligado a esta comarca, até 1882, quando se cria a comarca de Lavras, a localidade pertenceu a diferentes comarcas. O “Almanach Sul-Mineiro”2

de 1874, traz a trajetória das transferências ocorridas. De 1841 até 1850, esteve ligada à comarca do Rio das Mortes, de 1850 até 1852 pertenceu a comarca do Rio Verde. De 1852 até 1855 voltou a integrar a comarca do Rio das Mortes. Em 1855 volta para a comarca do Rio Verde juntamente com os termos de Campanha e Três Pontas, onde permanece até a dissolução de tal comarca em 1865 quando Lavras volta a compor a comarca do Rio das Mortes. Em 1870, Lavras voltaria à comarca do Rio Verde, mas uma redistribuição das comarcas de Minas, promovida no mesmo ano, criou a comarca do Sapucahy que a cidade passou a integrar. O “Almanak Sul-Mineiro”3 de 1884, acrescenta que em 1882 a comarca do Sapucahy “passa a denominar-se Lavras, sendo constituída apenas pelo termo deste nome”. Os livros não entram no mérito da discussão sobre o que motivou tantas mudanças em curto espaço de tempo, se foram razões políticas, econômicas ou mesmo geográficas. Provavelmente, todos esses fatores tiveram influência no processo, mas o desfecho com somente o termo de Lavras compondo a comarca indica que certamente a cidade teve importância crescente no contexto mineiro.

Desde o início do processo de povoamento, ainda no século XVIII, quando ainda pertencente à freguesia de Carrancas, na comarca do Rio das Mortes, a região de Lavras já sofria a influência de fatores político-econômicos relacionados à província de Minas ou à colônia como um todo. Os primeiros a povoar a localidade foram atraídos pela exploração aurífera que logo daria sinais de fraqueza, mas que daria o primeiro impulso para o desenvolvimento de uma economia de abastecimento na região.

Como indicadores do desenvolvimento desse mercado temos os números divulgados no almanaque do ano de 1874. Este indica a produção de volume considerável de gêneros para exportação nas freguesias ligadas ao município de Lavras. Aponta uma exportação anual,

2 VEIGA, Bernardo Saturnino da . Almanach Sul Mineiro. Para o ano de 1874. Campanha: Thypographia do

Monitor Sul Mineiro, 1874, pag. 184.

3

Veiga, Bernardo Saturnino da. Almanach Sul Mineiro. Para o ano de 1884. Campanha: Thypographia do Monitor Sul Mineiro, 1884, pag. 582.

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somente da freguesia de Carmo da Cachoeira, de “6000 bois e vacas, 15000 arrobas de toucinho, 1000 ditas de fumo, e algum queijo para os municípios vizinhos”4

. Para a freguesia de Perdões, também pertencente ao município, “de 8 a 10 mil arrobas de fumo, 4 a 6 mil ditas de assucar, 3 a 4 mil ditas de toucinho, cerca de 70 arrobas de cêra em velas, e grande porção de aguardente, rapaduras, etc...”5

. Apesar de não constar a produção detalhada da cidade de Lavras, a indicação da ocupação dos cidadãos indicam que a produção da sede do município pode superar as das demais freguesias. Enquanto indica que existam 18 fazendeiros em Carmo da Cachoeira e 25 em Perdões, em Lavras esse número é de 41. Da mesma forma aponta um número superior de pessoas ligadas ao comércio e à indústria. A essas informações acrescente-se a ideia de que a partir das cotas do Fundo de Emancipação de Escravos, durante as décadas de 1870 e 1880, é possível observar que Lavras se manteve com o maior plantel de escravos da região Sul de Minas por todo o período.

O objetivo do presente artigo é verificar, a partir da análise dos processos de inventário disponíveis para a década de 1870, como se estruturava a riqueza da população e se organizava a produção local.

Tabela 1: Processos de Inventário para o município de Lavras na década de 1870

Fonte: Inventários post-mortem do município de Lavras. CEMEC, Campanha – MG. 1870 –

1879.

Para o período estão disponíveis no Centro de Memória do Sul de Minas – CEMEC/, na cidade de Campanha – MG, 300 processos de inventário do município de Lavras. Devido a inconsistências que impediram o tratamento dos dados foram excluídos da amostra 27

4

Veiga, Bernardo Saturnino da. Almanach Sul Mineiro...1874, pag. 196.

5 Veiga, Bernardo Saturnino da. Almanach Sul Mineiro...1874, pag. 199.

Ano Número de Processos

1870 35 1871 35 1872 22 1873 38 1874 27 1875 29 1876 29 1877 20 1878 19 1979 19 Total 273

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processos por estarem incompletos ou ilegíveis. O restante está distribuído conforme a tabela 1.

A análise preliminar buscou observar o valor do Monte Mor6 dos Inventários e o número de escravos que constam em cada processo. Com esse levantamento buscamos perceber de que forma estava distribuída a riqueza da população inventariada e a posse dos escravos. Com a finalidade de identificar a estrutura das grandes fortunas do município no período, a proposta era a de analisar a estrutura dos cinco processos com Monte Mor de maior valor. Ao fazer a seleção foi verificado que as cinco maiores fortunas não representavam os cinco maiores planteis de escravos, o que nos levou a proceder a mais esse recorte. Como existiam dois processos empatados em quinto lugar em número de escravos, ambos foram analisados. Da combinação das cinco maiores fortunas e cinco maiores planteis, considerando a ocorrência supra citada chegamos ao total de oito inventários analisados em toda sua estrutura.

A partir dessa análise observaremos como Lavras se enquadra no contexto econômico mineiro e se aproxima dos modelos explicativos propostos pela historiografia.

O Contexto Mineiro

A análise das décadas finais do regime escravista é um exercício bastante complexo para quem se propõe a estudar uma cidade ou região brasileira específica no período. Para tal faz-se necessário o reconhecimento das profundas transformações por que passa o Brasil do século dezenove que desencadearão no fim do escravismo e na mudança da forma de governo. Os fatos geradores dessas transformações e as formas como vão sendo assimiladas pelos grupos sociais nos revelam que em cada região, a estrutura social define um tipo de reação específica. Em Minas essas transformações se dão de forma especial devido a sua importância política e econômica, seja como geradora de divisas através da exploração do ouro, ainda no século XVIII, como abastecedora do mercado da corte após 1808, ou, posteriormente, com a cultura do café, esta também visando o mercado externo. Buscaremos observar como existem propostas diferenciadas de explicação para o desenvolvimento desse processo.

Marcelo Godoy7, em estudo sobre Minas Gerais na primeira República, nos apresenta uma análise sobre a economia mineira desde a sua inserção no cenário econômico colonial,

6 O Monte Mor em um processo de inventário é a soma dos valores de todos os bens do inventariado, móveis,

imóveis, animais, escravos e dívidas ativas.

7

GODOY, Marcelo Magalhães. Minas Gerais na República: atraso econômico, estado e planejamento. Cadernos da Escola do Legislativo. Belo Horizonte, v. 11, n. 16, p. 89-116, jan./jun. 2009.

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com a “economia do ouro”, ainda no século XVIII. Caracteriza esse período pela dinâmica do sistema escravista e a orientação para o mercado externo, característica do sistema colonial. Nesse contexto Minas Gerais se estabelece como o principal centro consumidor do mercado interno colonial. A partir da crise desse sistema, em fins do século XVIII, Godoy apresenta o que seria a primeira transição por que passa a economia mineira, no período de 1775 a 1825, em que a economia assumiria um caráter pré-capitalista, que para o autor se caracteriza fundamentalmente por “uma reestruturação produtiva, que significa o alargamento da fronteira de ocupação” com o aprofundamento do processo de diferenciação espacial, o que provocará “uma redefinição do padrão integrativo de Minas Gerais com as outras economias regionais do Brasil”8

. De 1825 a 1875 se daria a formação e o auge do sistema gerado pela transição, “um sistema escravista, com uma economia de subsistência mercantil”. Desse processo, que parte ainda da segunda metade do século XVIII, resulta a formação e consolidação de sistemas regionais distintos, uma diversidade interna que é característica de Minas Gerais para o período. Na medida em que a região mineradora perde sua capacidade centralizadora, a desconcentração espacial e demográfica se acelera, já que não existe outro centro com a mesma capacidade integradora. Essa fragmentação prevaleceria até meados do século XX.

Já na segunda metade do século XIX, no contexto de outra transição, a passagem do trabalho escravo para o trabalho livre em uma formação econômica capitalista, o Brasil se propõe a modernizar-se a partir das chamadas “reformas liberais”, que significam o estabelecimento do Brasil em uma posição periférica na divisão internacional do trabalho, produzindo alimentos e matéria-prima para a exportação e importando gêneros manufaturados, sendo, portanto, nada mais que a adequação do país às exigências dos grandes centros exportadores. Sobre o caráter modernizador das reformas, Godoy enumera quatro processos fundamentais:

“Destacam-se quatro processos que integram nossa modernização. A transição do trabalho escravo para o trabalho livre é o primeiro. O segundo é o estabelecimento da propriedade privada juridicamente plena, a partir de 1850, com a Lei de Terras. O terceiro processo é a modernização das relações comerciais e financeiras, particularmente a progressiva constituição do sistema bancário. O quarto é a transição da rede de transportes nacionais para um sistema de transportes moderno e integrado. (…) São processos de longo prazo, portanto se estendem por um intervalo de tempo largo e, no caso de países periféricos, em especial os países de tradição colonial, são

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processos marcados pela incompletude e ritmo relativamente lento”9

No Brasil, e em Minas particularmente, a baixa integração das regiões e seus respectivos mercados faz com que esses processos sejam sentidos em tempos diferentes. A conjuntura proporcionada pelas transformações da segunda metade do século XIX, em especial as décadas de 1870 e 1880, é considerada por Godoy uma oportunidade histórica, sendo que na medida em que soubesse aproveitar essa oportunidade, as regiões estariam se inserindo no processo de modernização de sua economia em direção a uma economia capitalista fundada em padrões superiores. Para este autor, Minas não teria aproveitado tal oportunidade, o que teria provocado o atraso relativo do Estado. Resultam do não aproveitamento de tal oportunidade questões como a concentração da propriedade da terra, a transição da mão de obra escrava para outra não capitalista, a meação ou parceria, e o reflexo relativamente baixo dos resultados do café na indústria. John Wirth considera que “a meação e outras formas de parceria amorteceram o impacto da depressão durante 1897-1909, mas restringiram o poder aquisitivo e a produtividade dos bons tempos”10. Godoy afirma que em Minas a indústria “é muito disseminada e espacialmente desconcentrada, opera em pequena escala de produção, (…) e apresenta nível técnico baixo”.11

Clélio Campolina Diniz, em estudo sobre a industrialização mineira observa que esta tem seus primeiros impulsos ainda na primeira metade do século XIX, com experiências na área da siderurgia, mas uma experiência diversificada acontecerá apenas na segunda metade do século XIX com indústrias têxteis, alimentares e siderurgia de alto forno. Ele afirma que, embora nascida precocemente, a indústria mineira sofre um “não desenvolvimento” ou mesmo “atrofiamento”12

. Na tentativa de explicar essa situação, o autor começa pelo setor agrário que por condições várias não cumpriu seu “papel” de prover o desenvolvimento capitalista. Entre essas condições estaria a geografia mineira, que não possibilitaria a “aplicação de métodos de cultivo mais racionais e equipamentos agrícolas”13

e ainda, a oferta de mão de obra escrava remanescente das regiões mineradoras que comprometeu a procura por trabalho livre, condição de primeira importância para a acumulação capitalista, e, após a abolição, por muito tempo predominou o regime de meação. Aliado a essa situação é

9

GODOY, Marcelo Magalhães. Minas Gerais...jan./jun. 2009, p. 94.

10 WIRTH, John D. O Fiel da Balança: Minas Gerais na Federação Brasileira (1889-1937). Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1982, p. 81.

11 GODOY, Marcelo Magalhães. Minas Gerais...jan./jun. 2009, p. 99. 12

DINIZ, Clélio Campolina. Estado e capital estrangeiro na industrialização mineira. Belo Horizonte: UFMG/PROED. 1981.

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observado que Minas não desenvolveu seu setor exportador, vendendo sua produção na própria fazenda ou na estação ferroviária mais próxima, canalizando para o Rio de Janeiro os efeitos das economias de aglomeração exportadora. Nas palavras do autor:

“Em Minas Gerais, do ponto de vista da atividade cafeeira, várias questões impediram o fortalecimento das bases capitalistas de acumulação. Falta de um centro comercial exportador que articulasse as atividades econômicas; relações de produção não assalariadas, impedindo a criação de um mercado de trabalho e de consumo(…). Minas não retinha os frutos do processo de comercialização do café e de outros produtos de exportação; não se beneficiava das economias de aglomeração exportadora; não conseguiu ou não lhe interessou a vinda de imigrantes e atrasou sua transição para o trabalho assalariado”14

Outra importante referência sobre a economia mineira é o estudo feito por Roberto Borges Martins15 em que nega o perfil exportador atribuído à economia mineira e afirma seu caráter escravista por todo o século XIX. Não considera que o café explique a direção tomada pela escravidão em Minas Gerais, defende a orientação para o mercado interno, diversificação e auto-suficiência como as características essenciais da economia mineira.

“Minas tinha o mais baixo nível de exportações per capta no país, e, fora da região cafeeira, este nível declinou em termos reais no decorrer do século. A grande lavoura exportadora ficou confinada a uma área reduzida e não teve praticamente nenhuma influência sobre a vida econômica do resto da província. A economia da província era formada basicamente por unidades agrícolas diversificadas internamente – fazendas, sítios e roças – produzindo para o auto-consumo e para venda nos mercados locais.”16

Sobre a predominância do trabalho escravo, Martins considera que a explicação passa pela facilidade de acesso à terra. Nessas condições o trabalhador livre conseguiria sua subsistência pela produção direta e não teria razões para vender sua força de trabalho. Mesmo fazendo essa observação, o autor não considera que haja em Minas uma menor concentração da propriedade da terra, explica que embora a grande propriedade seja comum, abrangia apenas uma fração das terras. Para este autor, “As fazendas mineiras eram unidades auto-suficientes. (...) Ela incluía freqüentemente produtos ‘coloniais’, do tipo tradicionalmente associado a plantation exportadora como açúcar e algodão, mas, em Minas, esses artigos eram

14 DINIZ, Clélio Campolina. Estado e capital estrangeiro.... 1981. p. 104. 15

MARTINS, Roberto Borges. A Economia Escravista de Minas Gerais no Século XIX. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 1980a.

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produzidos quase exclusivamente para consumo local.”17

Martins justifica sua afirmação com uma tabela onde aponta o valor percentual exportado por tipo de produto. Apenas porcos, bois e algodão apresentam valores relevantes de exportação por todo o século XIX. Outros produtos como aguardente, arroz, feijão, milho, farinha de mandioca e óleo de mamona não ultrapassam 1% de produto exportado em todo o século. O açúcar, que em 1819 tinha 31,3% da produção exportada, em 1840 e 1845 tem esse valor reduzido para menos de 10%, chegando em 1868 a apenas 4,73% do produto exportado. O algodão também sofre variação considerável, partindo de 76,7% de produto exportado em 1819 e chegando em 1882 com menos de 5% da produção exportada.18

Outro autor que se dedica a analisar a economia mineira é Robert Slenes19. Ele discorda da posição citada de Martins quanto a pouca expressividade do café na economia mineira. Defende que o desenvolvimento dessa cultura em São Paulo, Rio de Janeiro e Zona da Mata influenciou a estrutura da produção de outras áreas. Para Slenes, Minas exportava gado vacum e suíno, queijo, toucinho, algodão. Aí justifica a grande concentração de escravos na província.

“a produção de Minas para mercados externos (...) gerava uma renda monetária significativa, que teria incentivado não só a procura de escravos na economia de exportação, mas teria criado também uma forte demanda dentro da província por mantimentos, bens de consumo e matérias primas utilizadas pelo setor exportador e pelas atividades internas ligadas e esse setor.”20

Assim, o autor afirma a ligação da economia mineira ao sistema de plantation, atuando de forma subsidiária, no abastecimento das regiões produtoras.

Apesar da produção historiográfica específica sobre a cidade de Lavras-MG para o período ser apenas residual, ocorrendo referências em estudos sobre outras localidades da região, a partir destes estudos, como no caso da indústria no referido trabalhado feito por Campolina, podemos identificar o que se aproximaria à realidade da cidade no período. Para isso devemos especificar o contexto regional em que Lavras se insere. Delimitar uma região

17

MARTINS, Roberto Borges. A Economia Escravista.... 1980a. p.37.

18 Os valores apontados pelo autor, por produto, para os anos de 1819, 1840, 1845, 1868 e 1882 podem ser vistos

em: MARTINS, Roberto Borges. A Economia Escravista de Minas Gerais no Século XIX. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 1980a, p. 44.

19

SLENES, Robert W. Os Múltiplos de Porcos e Diamantes: a economia escrava de Minas Gerais no século XIX. In: Estudos Econômicos. São Paulo, v.18, nº3, 1988.

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não é tarefa simples. Alexandre Cunha, Rodrigo Simões e João Antônio de Paula21 consideram “a necessidade de se ultrapassar a ideia de regiões como puras “paisagens naturais” dado que são, “a um só tempo, espaços sociais, econômicos, políticos naturais e culturais”22. Juliano Custódio Sobrinho também considera que “a noção de “região” transcende as delimitações geográficas e as subdivisões jurídico-administrativas das comarcas e parte para uma realidade mais complexa, que engloba outros fatores, como o fator mercantil que rompia coma as barreiras do que se considerava como sul mineiro.”23

Apesar de apresentado em um trabalho proposto para período anterior a nossa proposta, tal observação acerca da regionalização não perde a importância. Considerar um município/localidade pertencente a uma região não exclui nem deve excluir da observação possíveis e prováveis relações que esta tenha com localidades de regiões diversas. Cunha, Simões e Antônio de Paula dizem que “numa concepção econômica de região, a dimensão das trocas, efetivamente as relações mercantis, assume o papel de eixo fundante”24

. Assim, a análise das regiões produtoras com as respectivas rotas de escoamento da produção e seus mercados consumidores são importantes e não se submetem a divisões políticas fundamentadas em razões que extrapolam o campo da economia.

Para o estudo de Minas no período de 1889-1937 John Wirth25 considera o estado dividido em sete regiões, recorrendo ao “uso corrente” para fundamentar a escolha desta regionalização. Posteriormente, autores como Clotilde Paiva e Marcelo Godoy26 revisitam a temática da regionalização e propõem outra regionalização para Minas. Com base nos relatos de viajantes estrangeiros, consideram a região dividida em dezoito regiões. Para Wirth, Lavras aparece como pertencente a região Sul do estado, já na regionalização proposta por Paiva e Godoy a cidade estaria localizada no Sul Central, perto da divisão com a região intermediária de Pitangui-Tamanduá. Entendemos que as regiões possuem histórias específicas e problemas particulares, aos quais não cabem modelos prontos de análise que não estejam livres para se adaptarem às dinâmicas próprias de cada região. A região Sul, para Wirth, seria uma extensão

21 CUNHA, Alexandre Mendes; SIMÕES, Rodrigo Ferreira e PAULA, João Antônio de. História Econômica e

Regionalização: contribuição a um desafio teórico-metodológico. Est. Econ., São Paulo. V. 38, N. 3, P. 493-524, julho-setembro, 2008.

22 CUNHA, Alexandre Mendes; SIMÕES, Rodrigo Ferreira e PAULA, João Antônio de. História Econômica e

Regionalização... 2008. p. 494.

23 CUSTÓDIO SOBRINHO, Juliano. Produção mercantil e diversificação econômica: um desafio para o sul

mineiro. Freguesia de Itajubá, 1785-1850.

24 CUNHA, Alexandre Mendes; SIMÕES, Rodrigo Ferreira e PAULA, João Antônio de. História Econômica e

Regionalização..., 2008, p. 510.

25 WIRTH, John D. O Fiel da Balança... 1982. 26

GODOY, Marcelo M. e PAIVA, Clotilde Andrade. Território de Contrastes: Economia e Sociedade das Minas Gerais do século XIX. In: História e Educação, homenagem à Maria Yeda Linhares. Rio de Janeiro: Mauad e Faperj, 2001.

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natural do interior paulista. A partir de estudos como de Lenharo27, Andrade28 e Restituti29 percebemos que a região possui importantes rotas de comunicação com a corte, o que inviabiliza a visão de extensão natural.

Para a primeira metade do século XIX, Custódio Sobrinho30 aponta a predominância de atividades consorciadas principalmente na região Sul do estado de Minas Gerais. Tais atividades visavam prover o abastecimento das unidades produtivas com produtos básicos de consumo. O consórcio de atividades visava além do abastecimento, a geração de excedentes comercializáveis, visando o aumento da renda da unidade produtiva.

Martins caracteriza o Sul de Minas “durante quase todo o império” como “uma região esparsamente povoada, isolada da costa por uma formidável barreira natural e destituída de qualquer via exportadora de importância31”. Com essa afirmação este autor considera que embora haja produtos de exportação na região como gado e porcos, estes não apresentavam vulto suficiente para fazer frente à quantidade consumida internamente.

Em artigo sobre a organização do trabalho livre na zona da mata mineira, para o período de 1870 a 1920, Ana Lanna32 observa que o bom momento vivido pela economia do café em fins do século XIX, desestimula a produção de gêneros de abastecimento interno e exportação e proporciona um impulso monocultor para a cultura do café. Ela afirma que:

“Em fins do século XIX, a cultura do café se revigora na Zona da Mata, tendo em vista a alta dos preços alcançada no mercado internacional. Com isto abandona-se muitas lavouras de cereais e as atividades pecuárias. A diversificação das atividades produtivas cede lugar ao monopólio da cultura do café. Com a impossibilidade de expansão da fronteira dada pelos limites naturais já explicitados, ocupam-se gradativamente todas as terras no interior das fazendas. (…) Em consequência, são abandonadas as outras atividades econômicas que conviviam com a expansão da cafeicultura até então, exceção feita à cultura de cereais desenvolvida pelos parceiros. Desta forma Minas Gerais passa a importar produtos básicos de alimentação que tradicionalmente exportava ou produzia em quantidade suficiente para atender às suas necessidades.”33

Embora a autora faça referência à produção de cereais pelos parceiros, ela não

27 LENHARO, Alcir. As Tropas da Moderação – o abastecimento da Corte na formação política do Brasil –

1808-1842. São Paulo: Edições Símbolo. 1979.

28 ANDRADE, Marcos Ferreira de. Elites Regionais e a Formação do estado Imperial Brasileiro: Minas Gerais

– Campanha da Princesa (1799-1850). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional: 2008.

29 RESTITUTTI, Cristiano Corte. As fronteiras da província: rotas de comércio interprovincial, minas gerais,

1839-1884. Araraquara, 2006.

30 CUSTÓDIO SOBRINHO, Juliano. Produção mercantil e diversificação econômica....2010. 31

MARTINS, Roberto Borges. A Economia Escravista.... 1980a. p.17.

32 LANNA, Ana. A organização do trabalho livre na Zona da Mata mineira: 1870-1920. 1985. 33 LANNA, Ana. A organização do trabalho... 1985.

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estabelece a dimensão da importação de produtos básicos, qual proporção do consumo seria importada ou coberta pela produção interna e de onde viriam tais produtos. A proposta de investigação feita pela autora não abrange tais questionamentos, mas a origem desses produtos de abastecimento é para nós de primeira importância. Wirth aponta em seu trabalho que “salvo o breve período do 'boom' do café na década de 1890, o estado era autossuficiente em alimentação”34

. Lavras, por um vasto período, teve importante função no abastecimento do mercado regional mineiro. Cristiano Restitutti, para o período de 1839 a 1884, aponta Lavras como produtora de

“gêneros variados da agropecuária, com baixo índice de preços de exportação. Café e queijos para o abastecimento local, cereais, farinhas e fumo para o mercado regional, suínos e toucinho para o mercado inter-regional e interprovincial. (...) Deixou de constituir produção subsidiária do setor exportador para tornar-se abastecedora de mercados regionais, característica da estrutura agrária sul – mineira que se desligou da mineração.”35

Feitos esses apontamentos sobre o plano provincial e regional, passemos à análise específica de Lavras. Buscaremos verificar de que forma a economia local se relaciona com os modelos explicativos aqui expostos, evidenciando a partir da análise das fontes, os pontos de proximidade ou distanciamento.

O Caso de Lavras/MG

Como apresentado na introdução, o primeiro recurso utilizado no trato dos processos de inventário foi a exclusão dos incompletos ou ilegíveis. Depois passamos ao levantamento do número de escravos e do valor do Monte Mor de cada riqueza inventariada. O valor total dos Montes Mor alcançou a quantia de Rs 7.299:424$071 e o número de escravos chegou a 3094. A distribuição da posse de escravos e a distribuição do valor da riqueza mostram uma forte concentração da propriedade. A tabela 2 mostra como se dá a concentração da posse de escravos e das maiores riquezas do local. Dos 272 processos analisados, 52 não possuíam escravos arrolados entre os bens. Trata-se de processos com valor médio de 2.617$346. Valor baixo se comparados aos processos selecionados para análise detalhada. Ainda mais baixos se

34 WIRTH, John D. O Fiel da Balança... 1982, p. 46. 35

RESTITUTTI, Cristiano Corte. As fronteiras da província: rotas de comércio interprovincial, minas gerais, 1839-1884. Araraquara, 2006, p 122.

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forem retirados dois processos que se desviam do restante por possuir mais de vinte contos de réis no monte mor, feito isso o valor médio cai para 1:766$560.

Tabela 2: Distribuição da posse de escravos e acumulação da riqueza em Lavras/MG na década de 1870

Faixa de Escravaria Nº de Ocorrências Nº de Escravos Total do Monte Mor 0 52 Não se aplica 136:116$102 Até 5 escravos36 87 242 604:696$761 6 a 10 escravos 54 418 679:524$720 11 a 20 escravos 35 522 967:355$284 21 a 50 escravos 33 1130 2.431:794$962 Acima de 51 11 782 2.479:936$242 Total 272 3094 7.299:424$071

Fonte: Inventários post-mortem do município de Lavras. CEMEC, Campanha – MG. 1870 –

1879.

Para os inventários com até cinco escravos foram encontrados 87 processos. Acumulam juntos 242 escravos e tem um valor médio de riqueza no valor de 6:950$537. O valor médio dos inventários para a faixa de 6 a 10 escravos fica em 12:583$791, praticamente o dobro do valor da faixa anterior. A concentração já dá sinais de intensificação nos inventários com escravos entre 11 e 20, eles são 35 e mostram a média de 27:638$722 como valor total dos bens. Mas o verdadeiro perfil da concentração pode ser visto quando passamos à faixa de escravaria entre 21 e 50. São apenas 33 inventariados, aproximadamente 12% do total e concentram a propriedade de mais de um terço dos escravos arrolados e também aproximadamente um terço do valor total dos bens inventariados. Mais característica desse painel é a faixa com plantel acima de 50 almas. São 11 proprietários que concentram 25,2% do total de escravos e outro terço do valor total dos inventários, com uma média de 71 escravos por propriedade inventariada. Em suma, 16,1% dos inventariados concentram 61,7% dos escravos e 67,2% do monte mor total. Os dados da concentração da propriedade ainda podem ser vais evidentes, se forem consideradas as 20 maiores fortunas arroladas, ou seja,

36 Nessa faixa não estão sendo considerados o Monte Mor e a escrava de propriedade do Capitão Silvestre Alves

de Azevedo. Tal opção se baseia em dois pontos. Por um lado, o fato de possuir uma escrava está longe de caracterizar a riqueza do inventariado como escravista, já que o valor da escrava é irrelevante no conjunto dos bens. Por outro lado, e talvez mais importante, a inclusão do valor referente ao Monte Mor provocaria uma distorção no que entenderíamos como a propriedade típica com essa faixa de escravaria.

(13)

pouco mais de 7% do total, possuem 34,6% dos escravos e 52,3% da riqueza total. É interessante observar que embora a concentração de riqueza se reforce com esse último recorte proposto, a média de escravos por proprietário cai para 53 por processo. Isso aponta para uma maior diversificação da propriedade nas grandes riquezas. Poderemos observar exemplos dessa diversificação quando passarmos a análise da amostra selecionada.

Essa primeira abordagem nos permite verificar que, embora haja inventariados sem posse de escravos, salvo poucas exceções, isso não era uma opção, era por falta de condições que a maioria deles não possuíam escravos entre seus bens. Outro ponto interessante verificado a partir do primeiro contato com os documentos é que os 50 inventários que contavam com mais de vinte escravos estão distribuídos pela década sem grande concentração em um ano específico. O mesmo acontece com os 82 processos com fortunas superiores a vinte contos de réis. Daí podemos considerar que não houve grandes transformações na distribuição básica da riqueza no decorrer da década de 1870. Registre-se que a referência é à distribuição da propriedade e não da alocação dos recursos dessa propriedade. Para verificarmos como se estruturava a propriedade do município, analisaremos oito processos que foram selecionados conforme critérios já observados.

Passaremos à análise dos referidos processos, primeiro em conjunto, de forma a verificar a existência de um padrão de alocação dos recursos da propriedade. Em seguida mostraremos as particularidades de cada riqueza observando como estas organizam sua produção. A tabela 3 mostra como estão distribuídos os bens das oito maiores riquezas inventariadas, utilizando como parâmetro os maiores valores do monte mor e a maior concentração de escravos. A primeira observação a fazer é a grande diferença estrutural observada para a localidade. Ao contrário do observado por Alexandre Saes e Antoniel Avelino Filho37 para o município de Campanha-MG, onde a maior parcela dos bens estão aplicados em imóveis, o principal montante aplicado em Lavras está nas dívidas ativas, somando 38,5% do total dos montes mor selecionados. A predominância dos bens imóveis no valor dos inventários também foi observada por Luciana Suarez Lopez38 em estudo sobre Ribeirão Preto. No caso de Lavras, os imóveis representam 31,3% do valor total.

O grande peso das dívidas ativas se deve principalmente aos inventários de Antônio

37 SAES, Alexandre Macchione; AVELINO FILHO, Antoniel. Campanha da Princesa na última década do

escravismo. VII Seminário Nacional do Centro de Memória UNICAMP – CMU. Campinas, 2012.

38

LOPES, Luciana Suarez. Um estudo sobre a composição da riqueza de Ribeirão Preto com base nos inventários post mortem (1866-1888). Disponível em

(14)

Caetano de Andrade39 e do Capitão Silvestre Alves de Azevedo40. Os demais processos da amostra também apresentam quantias aplicadas em dívidas ativas, não com o mesmo vulto desses últimos, mas o fato é que existem e indicam a existência de uma oferta de crédito local, seja de pequeno vulto, principalmente nos casos de contas correntes em casas de comércio, seja de mais peso, emprestado a prêmio pré-fixado. Infelizmente, a listagem dos devedores dos dois inventários citados não tem detalhes suficientes para identificarmos a natureza dos créditos, mas há registros de empréstimos a pessoas jurídicas como o “que deve Andrade, Azevedo e Compahia, setenta contos, duzentos e sessenta e quatro mil, seiscentos e cincoenta (sic) réis”41. E também há empréstimos pessoais, como “o que deve Antônio da Rocha Leão, por crédito a prêmio, até hoje, na importância de trinta e quatro contos, setecentos e dezoito mil e quatrocentos réis”42

. O mecanismo de garantia desses créditos são, primeiramente os bens do solicitante, e como acessório, aparecem os abonos, que são garantias dadas por terceiros ao crédito efetuado. Quanto ao custo do crédito, o inventário do Capitão Flávio Antônio da Silva traz em suas dívidas passivas o registro de dívidas por crédito a prêmio de 8 e 10% ao ano43. Os passivos do Alferes Manoel Correa Affonso registram créditos efetuados a custo de 6 e 8% ao ano44. Se compararmos com as taxas apresentadas por Luciana Suarez Lopes no estudo citado, estas estão extremamente acessíveis, já que a autora aponta o caso do comerciante Jacinto José de Souza, da década de 1870, que “além das contas de livro(...) também emprestava dinheiro a juros, que variavam de 1,5% a 2,0% ao mês”45(Grifo nosso). O dinheiro em espécie, que ocupa a quarta posição em valor, deve-se quase exclusivamente ao inventário do Capitão Silvestre de Azevedo. É um importante indicador de que além do montante já aplicado em dívidas ativas, havia ainda capital disponível para aplicação imediata.

39

Inventário de Antônio Caetano de Andrade, caixa 168, CEMEC, 1871.

40 Inventário do Capitão Silvestre Alves de Azevedo, caixa 206, CEMEC, 1879. 41 Inventário de Antônio Caetano de Andrade, caixa 168, CEMEC, 1871. p. 18. 42 Inventário do Capitão Silvestre Alves de Azevedo, caixa 206, CEMEC, 1879, p. 29. 43

Inventário do Capitão Flávio Antônio da Silva, caixa 177, CEMEC, 1873.

44 Inventário do Alferes Manoel Correa Affonso, caixa 193, CEMEC, 1876. 45 LOPES, Luciana Suarez. Um estudo sobre a composição da riqueza ... , p.15.

(15)

Tabela 3: Composição das maiores riquezas, tendo como referência o Monte Mor e a quantidade de escravos dos Inventários

Fonte: Centro de Memória Cultural do Sul de Minas, Campanha-MG. Processos de Inventário do município de Lavras, década de 1870, caixas

168, 206, 177, 193, 180, 178, 187 e 177, respectivamente.

46

Valores percentuais referentes ao Monte Mor dos inventários. Os valores não informados não chegaram a 0,1% do valor do processo.

47 Para esse levantamento não foram considerados os ingênuos, que apesar de terem sua força de trabalho avaliada e somada ao Monte Mor, não podem mais ser considerados

cativos.

48 O baixo valor declarado dos bens móveis do inventariado se deve ao fato de terem sido somados parte dos móveis em conjunto com os imóveis, estando estes arrolados

junto aos bens de raiz.

Ano Inventariado Monte Mor Bens de Raiz

%46 Escravos47 % Animais % Bens

Móveis % Dívidas Ativas % Dívidas Passivas % Dinheiro % 1871 Antônio Caetano de Andrade 767:326$931 74:160$000 9,6 51:450$000 6,7 14:480$000 1,8 425$00048 - 502:611$245 65,5 8:784$445 1,1 0 - 1879 Capitão Silvestre Alves de Azevedo 530:555$380 61:131$500 11,5 250$000 - 260$000 - 4:737$780 0,8 371:392$850 70 40:681$303 7,6 88:283$251 16,6 1873 Domingos Marcelino dos Reis 373:935$940 201:755$000 53,9 66:135$000 17,6 21:713$000 5,7 32:405$740 8,6 48:954$500 13 0 - 1:050$000 0,2 1876 Alferes Manoel Correia Affonso 244:637$800 174:675$000 71,4 44:340$000 18,1 9:146$000 3,7 3:330$860 1,3 12:990$940 5,3 37:422$686 15,2 0 - 1873 Dona Maria Cândida Ribeiro 168:728$700 75:933$000 45 50:520$000 29,9 14:000$000 8,2 4:844$900 2,8 7:930$800 4,7 0 - 0 - 1873 Capitão Francisco Teodoro de Andrade Mendonça 123:379$000 59:600$000 48,3 34:760$000 28,1 19:782$000 16 5:075$655 4,1 0 - 0 - 0 - 1873 Capitão Flávio Antônio da Silva 90:312$640 32:135$000 35,5 43:280$000 47,9 5:437$000 6 4:202$140 4,6 527$400 0,5 12:926$000 14,3 0 - 1875 Gabriel Flávio da Costa 147:203$200 88:200$000 59,9 50:610$000 34,3 6:617$000 4,4 1:776$200 1,2 0 - 0 - 0 - Total 2.448:079$591 767:589$500 31,3 341:345$000 13,9 91:435$000 3,7 56:798$275 2,3 944:407$735 38,5 99:814$430 4,0 89:333$251 3,6

(16)

Os passivos somam apenas 4,0% do valor dos inventários sendo a maior fração representada pela dívida do Capitão Silvestre Alves de Azevedo, com seu herdeiro Evaristo Alves de Azevedo, pela legítima materna não entregue em tempo49. Registre-se tratar do único passivo desse inventário. O maior valor relativo de dívida encontrado foi do Alferes Manoel Correa Affonso, com 15,2% do patrimônio comprometido, e se compõe principalmente de seis empréstimos solicitados a José da Costa Ribeiro pelo custo médio acima informado. No caso do Capitão Flávio Antônio da Silva, a maior parte da dívida resulta de um crédito a prêmio de 8% a.a. solicitado a José Alves Garcia no valor de 10:719$962. No espaço desse trabalho, não nos é possível mensurar o peso da oferta de crédito local na economia do município e região, mas a julgar pelos dados apontados, esta não deve ser desprezada já que, mesmo de forma residual, onde o crédito oficial não chegava, atendia a demanda imediata da população.

Os “bens de raiz”, imóveis urbanos e rurais, aparecem como segundo maior valor. Embora o Capitão Silvestre de Azevedo possua exclusivamente imóveis urbanos, trata-se de uma exceção, o que predomina nesse campo são as propriedades rurais junto com suas “benfeitorias”. Três dos inventariados apresentam uma expressiva concentração da riqueza nos bens de raiz. O Capitão Francisco Teodoro de Andrade Mendonça, o Alferes Manoel Correa Affonso e Domingos Marcelino dos Reis com 48,3%, 53,9% e 71,4% da propriedade imobilizada em bens de raiz, respectivamente. Da parte do Capitão, a fazenda do Angaby, com suas benfeitorias somam 57:000$000, sendo “terras de culturas e campos de criar com diversos pastos e apartadores”50

. Para o citado Alferes, a maior parte deste valor está em “uma fazenda no lugar denominado ‘Cachoeirinha’, sita na freguesia da cidade de Lavras”51, avaliada pela expressiva quantia de 160:000$000. Apresenta também uma casa na cidade de Lavras, sendo seu único bem urbano, avaliado em 2:600$000. Domingos Marcelino também apresenta caso análogo, sendo a “Fazenda da Serra” avaliada em 170:000$000. A parcela urbana dos seus imóveis está no “arraial de Varginha, termo de Três Pontas” e é composto por “uma casa”, “um rancho nos fundos da dita” e “um terreno contíguo”, avaliados todos a 2.285$000. Como já observado somente predomina a propriedade urbana entre os bens do Capitão Silvestre Alves de Azevedo. Cabe salientar neste caso, que dos 61:131$500 referentes aos bens de raiz, 44:000$000 representam duas casas e um terreno situado no Rio de Janeiro. O restante são casas em Lavras, parte na “casa que se fez para o colégio junto a casa de

49

Inventário do Capitão Silvestre Alves de Azevedo, caixa 206, CEMEC, 1879.

50 Inventário do Capitão Francisco Teodoro de Andrade Mendonça, caixa 178, CEMEC, 1873. 51 Inventário do Alferes Manoel Correa Affonso, caixa 193, CEMEC, 1876.

(17)

instrução” e “parte no theatro desta cidade”52 .

O terceiro maior peso, representando 13,9% do valor total dos processos, com o valor total de 341:345$000, é referente a 506 escravos. Destes 294 são homens e 212 são mulheres. Entre os homens 50%, 147 indivíduos, tem idade entre 15 e 49 anos. As crianças somam 67 indivíduos, 22,7%, e os idosos 80, ou 27,2%53. Calculamos o valor médio dos escravos por sexo e por faixa etária utilizando como base o ano de 1873. A escolha deste ano foi por ser possível considerar os valores de quatro processos, com quatro avaliadores diferentes, assim esperamos corrigir possíveis distorções e aproximar ao máximo do valor real dos cativos no mercado da época.

Tabela 4: Valor médio dos escravos por faixa de idade e sexo – Lavras 187354

Idade/sexo Preço Médio

Criança/masculino 592:857$142 Criança/feminino 366:666$666 Adulto/masculino 1:145$783 Adulto/feminino 599$253 Idoso/masculino 401$875 Idoso/feminino 192$941

Fonte: Centro de Memória Cultural do Sul de Minas, Campanha-MG. Processos de

Inventário do município de Lavras, década de 1870, caixas 168, 206, 177, 193, 180, 178, 187 e 177.

Todos os proprietários selecionados tinham entre seus escravos especialistas em determinadas atividades como pedreiros, carpinteiros, ferreiros, tecedeiras, costureiras, tropeiros e carreiros. Embora apresentados os valores médios acima, cabe registrar que, a depender de sua especialidade, o escravo poderia apresentar um valor acima da média, como é o caso dos sapateiros, com valor médio de 1:400$000, oficiais de ferreiro a 1:700$000 e o caso mais expressivo, o escravo Francisco, de 34 anos, um carpinteiro avaliado em 2:500$000. Dente os inventários selecionados, o que concentra maior valor relativo em escravos é o do Capitão Flávio Antônio da Costa, que imobiliza 47,9% de sua riqueza em

52 Inventário do Capitão Silvestre Alves de Azevedo, caixa 206, CEMEC, 1879, p. 26 e verso. 53

O critério para classificação etária é dado por José Flávio Motta e considera como crianças indivíduos de até 5 anos e idosos os escravos com 50 ou mais anos de idade. As ponderações que levaram à eleição desse recorte pelo autor podem ser vistas em: MOTTA, José Flávio. Velhos no Cativeiro: posse e comercialização de escravos idosos. XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais de Caxambu-MG, 2008.

54

Para esse levantamento foram excluídos da amostra todos os escravos cujas enfermidades pudessem alterar seu valor. Assim foram desconsiderados escravos, aleijados, cegos, reumáticos, além dos classificados

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escravos. Com um plantel de 71 almas, o alto valor do plantel pode ser explicado pela concentração de escravos na idade adulta, do sexo masculino, e com várias especialidades declaradas como ferreiro, costureira, pedreiro, carpinteiro e carreiro. O maior valor absoluto em escravos é o de Domingos Marcelino dos Reis e se deve claramente ao tamanho do seu plantel que conta com 89 cativos. Nos inventários foram listados 25 ingênuos, já sob as determinações da Lei nº 2040, de setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre. Eles tiveram seus serviços futuros avaliados no total de 785$000.

Considerando que a propriedade de fazendas e escravos não se sustenta por si e não é geradora de divisas de forma independente, qual seria então a atividade produtiva típica do município de Lavras? Tal constatação se dará a partir da relação dos bens móveis relacionados aos bens de raiz, já que entre estes bens estão basicamente o mobiliário das casas e os instrumentos de trabalho nas propriedades rurais. Os animais também ocupam fração expressiva nessa função e serão analisados em detalhes.

Veremos que os inventários trazem bastante similaridade entre os tipos de bens arrolados salvo poucas exceções. Com exceção do Capitão Silvestre de Azevedo e do Capitão Flávio Antônio da Silva55, todos os inventariados possuíam a maior parte do valor de seus bens de raiz imobilizado em uma fazenda “principal”. A estrutura dessas fazendas principais é quase idêntica, variando apenas a dimensão da propriedade e alguns detalhes na descrição. Veja como exemplo a Fazenda da Serra, de propriedade de Domingos Marcelino dos Reis que tem “casa de vivenda, engenho de pilões, dois moinhos, dois paióis, casa de despejo, senzalas, tenda de ferreiro, monjolo, curraes(...)”56 e a fazenda da Cachoeirinha, de propriedade do Alferes Manoel Correa Affonso que conta com “casa de vivenda, dois paióis, casa de despejo, tenda de ferreiro, moinho, monjolos, ranchos para carro(...) engenhos de cana(...)”57. Dessa definição das fazendas típicas, se tira o sentido para a posse de grande quantidade de tachos de cobre, encontrados em todas as propriedades. São comuns também quantidades de “ferro velho” que seriam aproveitados com a estrutura da própria fazenda. A presença de teares e rodas de fiar também é comum. Nenhuma propriedade apresentou mais do que dois teares, mas a quantidade de rodas de fiar sofre bastante variação. Enquanto Gabriel Flávio da Costa58 apresenta 12 rodas de fiar, o supra citado Domingos Marcelino contava com 26 ditas entre seus bens. Entre os bens móveis ainda são arrolados alambiques, pipas de tamanhos variados, carros de boi. São também listados estoques e plantações de milho, feijão, arroz, mamona,

55 Nesse caso, a propriedade rural era composta por seis frações de terra em fazendas distintas. 56

Inventário de Domingos Marcelino dos Reis, caixa 177, CEMEC, 1873, p. 26 verso.

57 Inventário do Alferes Manoel Correia Affonso, caixa 193, CEMEC, 1876, p. 27 e verso. 58 Inventário de Gabriel Flávio da Costa, caixa 187, CEMEC, 1875.

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cana, fumo e algodão, sendo mais recorrentes o milho, o feijão e a cana. É interessante registrar que o café só aparece como parte de uma chácara, em consórcio com mandioca e um bananal, sem mais informações sobre extensão ou quantidade de pés plantados.

Passemos a análise dos animais. A tabela 5 traz a distribuição dos animais por tipo e finalidade. A razão dessa divisão é a diferenciação dos animais de trabalho nas fazendas dos animais criados para corte e comercialização.

Tabela 5: distribuição do valor dos animais por tipo e finalidade

Tipo de Animal Quantidade Valor

Bois de Carro 337 16:991$000 Bestas de Carga 62 3:335$000 Muares 124 4:709$000 Equinos 282 7:189$000 Bovinos 1578 50:593$000 Suinos 839 7:897$000 Ovinos 357 721$000 Total 3579 91:435$000

Fonte: Centro de Memória Cultural do Sul de Minas, Campanha-MG. Processos de

Inventário do município de Lavras, década de 1870, caixas 168, 206, 177, 193, 180, 178, 187 e 177.

A importância da diferenciação se mostra nos valores da tabela acima. Considerando como animais de trabalho os bois de carro e os muares, estes incluindo as bestas de carga, temos 29% do valor total dos animais dedicado à própria fazenda. Chama atenção a quantidade de bois de carro por fazenda. No caso de Antônio Caetano de Andrade, são 75 animais dessa qualidade. Dona Maria Cândida Ribeiro possui 64 exemplares e Domingos Marcelino dos Reis outros 57. Além desses, se considerarmos que boa parte dos eqüinos também é dedicada ao trabalho nas propriedades esse valor aumenta consideravelmente, mas como não havia essa diferenciação nas descrições dos processos, não sabemos exatamente qual parcela desses animais era destinada à venda ou utilizada no trabalho. Dentre os animais criados para comércio e corte temos a predominância do gado bovino com amplo valor acima das demais categorias. O número de cabeças também supera em muito as outras criações. Dentre os proprietários destacamos o Coronel Francisco Teodoro de Andrade Mendonça, com 401 cabeças de bovinos e Domingos Marcelino dos Reis, com 356 cabeças. Esses dois criadores concentram quase metade desse gado. Os suínos também mostram grande importância apresentando um número de cabeças que ultrapassa os 20% do total da criação. Os principais criadores desses animais são Domingos Marcelino dos Reis, com 293 cabeças e o Capitão Flávio Antônio da Silva, com 212. Esses dois criadores concentram juntos 60% do

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rebanho suíno da amostra. Entre os criadores o que mostra maior investimento relativo na criação de animais é o Capitão Francisco Teodoro de Andrade Mendonça, com 16% do monte mor alocado na criação. Embora com valor relativo baixo, os ovinos estão presentes entre todos os criadores e seu número é um indicador do caráter de auto abastecimento das unidades produtivas dos mais variados itens, neste caso de lã.

Apesar do valor investido não alcançar grande vulto, nos chamou atenção a existência de dois registros de investimento em valores mobiliários. O Capitão Silvestre Alves de Azevedo possuía 23 apólices da Companhia Locomotora, no valor de 4:500$000. Mais uma vez a diminuta descrição do bem nos privou de maiores informações sobre a empresa em questão. Também há o registro de “uma ação da Casa Social de Lima, Pimenta e Companhia”, no inventário do Capitão Francisco Teodoro de Andrade Mendonça, com valor de 2:500$000. No caso do Capitão Silvestre de Azevedo, não se trata de desvio no padrão da propriedade, já que, como vimos, a estrutura de seus bens é totalmente urbana. Mas no caso do Capitão Francisco Teodoro, embora não haja a descrição detalhada dessa companhia, percebemos a inserção de práticas econômicas modernas em uma economia com caráter visivelmente tradicional, predominantemente rural.

Considerações Finais

Após a apresentação da estrutura da propriedade Lavrense para a década de 1870, nos parece razoável a visão de Roberto Martins sobre a produção para o auto consumo e comercialização do excedente. A propriedade rural típica produz praticamente todos os itens necessários a sua manutenção. Também foi verificada a produção de todos os produtos indicados pelo Almanach Sul Mineiro59 e por Restitutti60 como típicos da localidade. Queijos, cereais, aguardente, farinha, fumo, algodão e principalmente animais constituíam o produto local.

Ao verificar que a expansão cafeeira verificada por Ana Lanna61 para a Zona da Mata não pode ser aplicada a região de Lavras, entendemos, por outro lado, que a especialização dessa região na produção de café a torna um potencial consumidor de produtos de abastecimento produzidos em outras regiões de Minas. Isso nos aproxima da visão de

59

Veiga, Bernardo Saturnino da. Almanach Sul Mineiro...1874.

60 RESTITUTTI, Cristiano Corte. As fronteiras da província rotas: ... 2006. 61 LANNA, Ana. A organização do trabalho... 1985.

(21)

Slenes62, em que atesta a diversificação da produção, mas a vincula ao abastecimento de regiões produtoras com orientação ao mercado externo.

Em linhas gerais podemos concluir que a economia de Lavras era predominantemente escravista, diversificada, e com unidades produtivas praticamente auto suficientes. O principal limite que encontramos foi a impossibilidade de mensurar o peso desses produtos no consumo local e a quantidade dedicada ao comércio intra e interprovincial. Isso impede que concluamos pela versão da introspecção defendida por Martins ou pela orientação ao abastecimento de regiões produtoras para o mercado externo, como dito por Slenes. Fato é que o município apresenta valores representativos de uma importância considerável no contexto regional. Esperamos que o desenvolvimento e aprofundamento da pesquisa nos permita mensurar a participação de Lavras no contexto mineiro.

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