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Projeto PRALER: Prática de Leitura e Escrita Reflexiva na Universidade Federal do Pampa campus Jaguarão

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Academic year: 2021

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Projeto PRALER: Prática de Leitura e Escrita Reflexiva na Universidade Federal do Pampa – campus Jaguarão

A proposta aqui apresentada se refere ao desenvolvimento de estratégias de leitura e escrita, para ser trabalhada com os alunos do Ensino Superior. Essa atividade aconteceu por meio do projeto Prática de Leitura e Escrita Reflexiva (PRALER) e tinha como ponto de partida o desenvolvimento de habilidades e competências que não foram o alvo do ensino de Língua Portuguesa na Educação Básica, sobretudo aquelas que dizem respeito à leitura e à produção de textos.

O projeto PRALER visava atender aos alunos da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus Jaguarão com o objetivo de proporcionar um espaço de reflexão acerca da importância do papel da leitura e da escrita na formação dos discentes a fim de que, através dos diálogos e atividades, possam ir se constituindo enquanto leitores e produtores textuais proficientes. Freire (2008) destaca a importância da atividade prática de leitura como geradora de conhecimento, pois assim o sujeito será ativo no mundo, sendo capaz de transformar a realidade e ser consciente do conhecimento que possui. Não basta os alunos lerem sem entender o que estão lendo, sem ter uma posição crítica. É preciso que os alunos sejam conscientes da importância da leitura e do seu papel na atualidade e possam ser ativos na sociedade a partir da visão crítica proporcionada pela leitura.

No PRALER, as atividades de leitura e produção textual são mediadas pelo Moodle (Modular object-oriented dynamic learning environment), o qual é um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) que possibilita a integração de diferentes tipos de textos, a interatividade e o diálogo entre os envolvidos no projeto por apresentar várias ferramentas de recursos e atividades.

São disponibilizadas 50 vagas para o projeto. A única atividade presencial é a capacitação para utilização da plataforma Moodle, que acontece antes da primeira atividade ser disponibilizada para os cursistas. As inscrições dos participantes interessados_no_projeto_foi_via_e-mail.

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No referido projeto, foram elaboradas atividades de leitura e produção textual que proporcionassem aos participantes uma reflexão acerca da importância do papel da leitura e da escrita na sua formação, e que através dos diálogos estabelecidos e das atividades propostas durante o projeto os cursistas pudessem ir se constituindo enquanto leitores e produtores textuais proficientes, bem como se sentissem integrados ao processo de aprendizagem mediado pelas tecnologias. As atividades abordavam temáticas diversas, que procuravam desenvolver nos alunos uma leitura crítica; além disso, visavam aumentar o nível de escrita dos participantes do projeto.

Os alunos tinham uma semana para realizar cada módulo, em um total de oito módulos. Cada módulo começava com uma leitura ou um vídeo destacando a temática do módulo da semana e, após, atividades que norteavam os alunos para que fossem utilizadas estratégias de leitura. Dentre as atividades realizadas, há questionários relativos à leitura, análise e produção textual com base em vídeos, glossário para colaborar no desenvolvimento das atividades, utilização de elementos que constituem um texto como coesão e coerência, produção de resumos, produção de resenha coletiva, entre outras. Também, foi disponibilizado aos alunos um fórum de interação onde podiam expor suas dúvidas, deixar suas sugestões. As leituras propostas visavam não trabalhar com textos descontextualizados e não fragmentar o texto, pois, conforme salienta Demo (2006), um “efeito negativo é a fragmentação dispersa dos textos, dificultando a compreensão abrangente e profunda do contexto, em especial a habilidade de interpretar com autonomia”.

Os alunos bolsistas e voluntários que participavam do projeto, mais a equipe de professores que coordenava o projeto, eram responsáveis pela correção das atividades. Em cada atividade, o grupo se reunia e discutia quais eram os resultados esperados para aquele módulo. Durante as correções, os tutores procuravam não deixar uma atividade como encerrada, procuravam sempre buscar uma estratégia para que o texto de alguma maneira pudesse ser melhorado, para que assim, de fato, ocorresse um crescimento por parte dos participantes. Cada tutor era responsável por corrigir as tarefas de um determinado número de alunos e passar o feedback para o

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cursista. As dúvidas que iam surgindo ao longo das correções também eram discutidas nas reuniões do grupo. Os tutores e professores procuravam tratar os alunos de forma individual principalmente nos fóruns, onde as atividades eram visualizadas por todos os participantes. As mensagens individuais eram para que os alunos não se sentissem dentro de um processo mecânico, mas sim que pudessem contar com tutores que estão lendo suas mensagens individuais e não simplesmente copiando e colando o que disse para o outro cursista.

O crescimento para os tutores que corrigiam as atividades é enriquecedor, pois, ao mesmo tempo em que estavam lendo outras opiniões, estavam refletindo sobre elas e tentando fazer aquele aluno pensar sobre outras possíveis maneiras de se posicionar diante daquele tema. Por exemplo, um determinado cursista respondeu uma atividade relatando que “quem não lia não emitia opiniões”, talvez o aluno quisesse dizer que não emitia opiniões críticas, mas da maneira escrita ele deixou claro que uma pessoa que não lê não sabe opinar. Então, incentivamos ele a escrever de uma outra maneira, utilizar outras expressões para que pudesse passar ao leitor a sua real ideia.

Quando eram trabalhadas atividades em que alguns alunos pudessem desconhecer determinada palavra ou determinado autor citado, e que o conhecimento desses termos fosse relevante ou necessário para uma boa resolução da atividade, eram inseridos junto às atividades hiperlinks, mencionando dados relevantes, para que os alunos pudessem consultar e resolver a atividade. Por exemplo, em uma determinada atividade mencionamos o cientista Freud. Para realizar a atividade os alunos deveriam saber quem foi Freud, para isso foi inserido um hiperlink com a biografia do autor para que os alunos pudessem realizá-la. Caso ainda assim houvesse dúvidas, os participantes podiam acessar na plataforma Moodle os fóruns de discussão ou, ainda, entrar em contato com a equipe do projeto por e-mail.

É preciso repensar a questão da leitura. É muito complicado pensar de que forma trabalhar a leitura na universidade, pois a maioria dos alunos não tem o hábito de ler e compreender os textos com facilidade, o que dificulta e atrasa um pouco o

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trabalho dos professores, que precisam, antes de qualquer coisa, fazer com que os alunos leiam os textos com eficiência, sabendo interpretar a leitura que têm em mãos. Com o projeto queríamos que os cursistas fossem cada vez mais leitores proficientes, que fossem capazes de ler criticamente os textos com que se deparavam, construindo significados e interpretações a partir de seus conhecimentos prévios, que soubessem utilizar estratégias de leitura na interpretação de um texto, que pudessem se tornar leitores críticos e conscientes do seu papel de leitores, e que a partir dessas atribuições conseguissem utilizar as diversas linguagens que circulam na sociedade contemporânea. Para isso, ao longo do curso foram utilizadas diversas estratégias de leitura para que os textos pudessem ser produzidos com mais facilidade. Fazíamos com que o aluno fizesse uma reflexão sobre aquilo que estava lendo. A cada texto escrito pelos alunos, pensávamos sempre de que forma ele podia ser melhorado e dávamos as sugestões aos alunos na correção da atividade.

Em Solé (1998) percebemos essa questão da elaboração da compreensão de um texto quando aponta que

a interpretação progressiva do texto, isto é, a elaboração de sua compreensão, envolve determinar ideias principais que ele contém. É importante estabelecer que, embora um autor possa elaborar um texto para comunicar determinados conteúdos, a ideia ou as ideias principais construídas pelo leitor dependem em grande parte dos seus objetivos de leitura, dos seus conhecimentos prévios e daquilo que o processo de leitura em si lhe oferece com relação aos primeiros (SOLÉ, 1998, p.30).

Entendemos que a leitura deve ser desenvolvida através de perspectiva interacionista de linguagem e, para tal, planejamos um trabalho que contemple o texto e as suas múltiplas facetas em seu aspecto dinâmico, heterogêneo e múltiplo, uma vez que todo processo de construção de sentidos caracteriza-se pelo movimento, pelo dinamismo, pela troca e pela interação. Para Silva (2004), a concepção sócio-interacional é aquela que se volta tanto para o texto quanto para o leitor; o texto,

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nessa perspectiva, não traz todos os significados. Segundo a concepção do autor, é o leitor que vai construindo à medida que a interação com o texto acontece.

As tecnologias têm se expandido nos mais variados ambientes da sociedade contemporânea. Para o professor, a tecnologia é muito útil, já que proporciona novas formas de apresentar os conteúdos, de uma forma mais dinâmica, mais próxima da vida real do aluno. É fundamental que os professores trabalhem com as tecnologias na sala de aula, fazendo com que as aulas sejam mais interessantes e atrativas, para que o conhecimento se dê com mais interesse por parte dos alunos. Para isso, os professores devem estar em constante atualização, para que não fiquem presos a métodos, programas, softwares muito antigos e pouco utilizados. É importante que os professores, antes de utilizarem algum recurso tecnológico, testem para ver se está tudo funcionando e que tenham uma “carta na manga” para que, caso aconteça algo como, por exemplo, faltar luz, a aula não fique sem atividades a serem realizadas.

No PRALER aliamos o uso da tecnologia com a prática de leitura e escrita do projeto. Segundo aponta Amaral (2003),

o objetivo deve ser, portanto, fazer com que os recursos disponibilizados pelas novas tecnologias da informação e da comunicação contribuam para a reflexão e o desenvolvimento do espírito crítico, quebrando as barreiras entre o espaço escolar e o mundo exterior, integrando-os de forma consciente e enriquecedora. Até mesmo a simples transmissão de informações pode ser feita mais ativamente, com recursos de animação e de som, desenvolvendo novas formas de lidar com o conhecimento disponível (AMARAL, 2003, p. 113).

Consideramos relevante a leitura sob a perspectiva interacionista da linguagem, pois com ela leva-se em conta tanto o texto como o leitor. O leitor pode aliar os conhecimentos que tem para ir construindo o significado e a interpretação do texto de acordo com os conhecimentos prévios que possui. É na interação, no dinamismo, na troca que o aluno vai significando seu texto e aumentando sua

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bagagem de conhecimentos prévios. Também julgamos importante a utilização das tecnologias nesse processo de leitura e escrita, para que os alunos possam, a partir do manejo das diversas linguagens que circulam na sociedade, se tornarem leitores críticos e conscientes do seu papel de leitor.

O uso das tecnologias só faz com que se criem novos espaços de interação, espaços mais próximos da vivência cotidiana do aluno. Esse ambiente propicia aos alunos novas formas de construir o conhecimento, pela quantidade de informações disponíveis na rede e pela facilidade que têm de ir de um lugar para outro com rapidez. Então, a utilização dos ambientes virtuais nos contextos escolares é de extrema relevância, uma vez que propicia novas formas de ler, escrever e, consequentemente, de pensar e agir. Aliando as tecnologias a uma prática reflexiva de leitura e escrita, faremos com que os alunos aumentem sua capacidade crítica na leitura, fazendo com que os alunos consigam ler o texto que tem em mãos, e, se não conseguirem por falta de conhecimentos prévios, saberão onde buscar, de que maneira buscar para que possam ler o texto e interpretá-lo com eficiência, sendo assim leitores proficientes.

6. Referências

AMARAL, S.F. As novas tecnologias e as mudanças nos padrões de percepção da realidade. In: SILVA, E. T. (coord.). A leitura nos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003.

DEMO, P. Leitores para sempre. Porto Alegre: Mediação, 2006.

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 2008.

SILVA, S. R. Concepção sócio-interacional da leitura: abordagens teóricas e práticas a partir de dois textos escritos. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 4, n. 2, p. 321-347, jan./jun., 2004.

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Vanessa David Acosta - Acadêmica do 4º Semestre do Curso de Letras Português –

Espanhol e respectivas literaturas, da

Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus Jaguarão/RS.

Vanessa Doumid Damasceno - Coordenadora do Projeto PRALER. No mestrado em Linguística Aplicada (UNISINOS) estudou o Jogo digital no ensino e aprendizagem de língua materna. No doutorado em Linguística Aplicada (UCPEL) pesquisa sobre: Aprendizagem de alunos frentes às TICs, Professor e Escola representados pelos discentes na era digital. Professora da Universidade Federal do Pampa, campus Jaguarão, do Curso Letras, com experiência na área de TICs e Ensino de Línguas e Formação de Professores de Língua Materna.

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