Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 44218-44226, jul. 2020. ISSN 2525-8761
Características de amputação em membros inferiores decorrentes de pé
diabético: revisão literária
Amputation characteristics in lower limbs resulting from diabetic foot: a
literary review
DOI:10.34117/bjdv6n7-150
Recebimento dos originais: 03/06/2020 Aceitação para publicação: 07/07/2020
Mickaella de Sousa Custódio
Graduanda em enfermagem, Uninassau- Campina Grande-PB Endereço: Rua Ivanilda Rodriguês Chagas, 80, Boqueirão- PB
E-mail: mickaella.sousa.custodio@hotmail.com
Patrícia Leite de Oliveira Belém
Mestre em saúde pública pela Universidade Estadual da Paraíba, Docente do curso de Graduação em Enfermagem da UNINASSAU- Campina Grande-PB
Endereço: Rua João Silveira Guimarães, 46, Itarare, Campina Grande-PB E-mail: pathybelem@gmail.com
Anna Beatriz Malheiro Lubambo Belém
Academia de Medicina, pela Faculdades Integradas de Patos, Patos-PB
Endereço: Rua Manoel Leonardo Gomes, 1180, Jardim Paulistano, Campina Grande-PB. E-mail: annabeatrizlb@gmail.com
Alanna Thereza de Farias Carvalho
Enfermeira, Pós graduada em Geriatria e Gerontologia - Faveni, Endereço: Rua Emiliano Rosendo da Silva, 75, Campina Grande - PB
E-mail: alannaumbelino@hotmail.com
RESUMO
INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional, no Brasil, traz consigo uma alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, entre elas o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). Entre as complicações está o Pé Diabético (PD), que pode levar a amputações. Estima-se que cerca de 60% das amputações não traumáticas ocorrem em indivíduos com essa patologia, gerando um alto custo para a saúde, superior às despesas hospitalares e medicamentosas para a prevenção da mesma. OBJETIVO: Caracterizar a literatura acerca de amputação decorrentes de PD em pessoas idosas. METODOLOGIA: Trata-se de uma Revisão Integrativa, realizada na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde com os descritores: amputação, pé diabético e idosos. Foram encontrados 23 artigos, após adotados critérios de exclusão, restaram sete artigos. Os dados foram apresentados em forma de quadro e criadas categorias. RESULTADOS: Os estudos evidenciaram altos índices de amputações em portadores de PD. A maioria dos artigos apontou maior prevalência entre homens. Tabagismo e ingestão de álcool apresentam-se como fatores de risco para amputações. Na maior parte dos estudos, verificou-se alta incidência de amputação localizada na coxa. Um estudo verificou que após a amputação, houve um sentimento de luto, porém ainda houve relato de alivio, atribuído às dores e odor fétido. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A amputação por PD foi a mais frequentes em idosos. Observou-se pouca literatura acerca do tema específico,
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 44218-44226, jul. 2020. ISSN 2525-8761 se mais estudos para um melhor direcionamento dos profissionais de saúde, sobretudo, a enfermagem, otimizando a abordagem na prevenção, cuidados e reabilitação dos amputados.
Palavras-chave: amputação, pé diabético e idosos. ABSTRACT
INTRODUCTION: Population aging in Brazil brings with it a high prevalence of chronic non-communicable diseases, including type 2 Diabetes Mellitus (DM2). Among the complications is the Diabetic Foot (PD), which can lead to amputations. It is estimated that about 60% of non-traumatic amputations occur in individuals with this pathology, generating a high cost for health, higher than hospital and drug expenses for its prevention. OBJECTIVE: To characterize the literature on amputation resulting from PD in elderly people. METHODOLOGY: This is an Integrative Review, carried out in the Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences database with the descriptors: amputation, diabetic foot and the elderly. 23 articles were found, after adopting exclusion criteria, seven articles remained. The data were presented in a table and categories were created. RESULTS: Studies have shown high rates of amputations in PD patients. Most articles pointed to a higher prevalence among men. Smoking and alcohol intake are risk factors for amputations. In most studies, there was a high incidence of amputation located in the thigh. A study found that after the amputation, there was a feeling of mourning, but there was still a report of relief, attributed to pain and a foul odor. FINAL CONSIDERATIONS: PD amputation was the most frequent in the elderly. Little literature was observed on the specific theme, suggesting further studies for better targeting of health professionals, especially nursing, optimizing the approach to prevention, care and rehabilitation of amputees.
Keywords: amputation, diabetic foot and elderly. 1 INTRODUÇÃO
A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que vem crescendo epidemiologicamente ao longo dos anos, tornando um grave problema de saúde pública, por ter uma alta prevalência e incidência no mundo, (GARCIA 2016). Segundo Vargas (2017) até 2020 a principal causa de morbimortalidade está relacionada a doenças crônicas incluindo o DM, esta doença é caracterizada por uma hiperglicemia que ocorre ou por deficiência na secreção do hormônio ou por resistência a ação de insulina, (GARCIA 2016).
De acordo com Garcia (2016), esta patologia geralmente acomete pessoas a partir de 40 anos e tem relação com obesidade, já que o DM2 é causado por fatores genéticos e pelo estilo de vida, sem deixar de ressaltar que a gordura abdominal aumenta 10 vezes as chances de desencadear esta doença.
Ao longo do tempo o DM vai gerando complicações no corpo, como retinopatia, nefropatias, doenças cardiovasculares, doenças arteriais coronarianas, obstrutivas periféricas e pé diabético. Conforme Oliveira (2016) o pé diabético é inicialmente caracterizado por infecção, ulceração e destruição dos tecidos, consequentemente é uma das complicações mas devastadoras, acometendo 15% dos pacientes como DM. Cerca de 60% das amputações não traumáticas ocorrem em indivíduos
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 44218-44226, jul. 2020. ISSN 2525-8761 com essa patologia. Destes, 85% são precedidos uma ulceração principalmente em idosos de 61 a 75 anos (ALMEIDA 2018).
Segundo Lucas (2010), a amputação propriamente dita não é só a perda de um membro, mais de mudanças na vida do paciente como a perda do emprego causando problemas financeiros e gerando uma aposentadoria precoce, além disso, problemas psicossociais levando a um agravamento na qualidade de vida. O aumento de amputações gera um alto custo para a saúde, maior do que despesas hospitalares e medicamentosas para a prevenção da mesma. Santos (2011) em seu estudo observou que o comparecimento a consultas de enfermagem é um fator importante para a prevenção, já que os números de casos podem ser reduzidos por meio de cuidados mais focados com as ulceras mediante do profissional e do paciente (SANTOS 2011).
Diante disso, vemos a importância da prevenção de infecções e ulcerações na prevenção de amputações em idosos decorrentes de pé diabético, fatores predisponentes e cuidados da enfermagem. O objetivo deste estudo é caracterizar a literatura acerca de amputação por pé diabético em idosos.
2 MÉTODOS
Utilizou-se uma revisão integrativa (RI) da literatura, métodos de revisão específico que sumariza a literatura teórica ou empírica anterior para prover o entendimento compreensivo de um fenômeno particular ou problema relacionado a saúde. Este método pode tornar os resultados de pesquisas mais acessíveis, reduzindo alguns obstáculos da utilização do conhecimento científico, pois possibilita ao leitor o acesso de diversas pesquisas realizadas em um único estudo.
Depois de estabelecida a questão norteadora, foi utilizada a base de dados LILACS, com a combinação dos seguintes descritores: amputação, pé diabético e idosos. Foram utilizados artigos em português, disponíveis na integra nos últimos 10 anos. No cruzamento dos descritores, foi encontrado 23 artigos, após a leitura desses artigos, 7 foram selecionados para compor o estudo.
A análise dos artigos ocorreu de forma descritiva, de acordo com o instrumento de coleta de dados, permitindo avaliar as seguintes características de cada artigo: identificação da publicação, critérios de avaliação e metodologia dos estudos. Para a construção das categorias, utilizou-se a técnica de análise temática.
3 RESULTADOS
Foram analisados sete artigos na integra sem divisão de categorias. Em relação à caracterização dos estudos, quanto ao ano de publicação, em 2010 foi publicado dois artigos e em 2011,2012,2013,2016 e 2018, foram publicados um artigo em cada. Quanto a formação profissional do autor principal, um artigo foi publicado por médico e os outros 6 por enfermeiros.
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 44218-44226, jul. 2020. ISSN 2525-8761 De acordo com a origem dos autores principais, cinco artigos estão vinculados a universidades e os outros dois vinculados a hospitais. No que se refere a idioma, os sete artigos foram em português. Com relação ao país-sede de estudo foi o Brasil. Quanto ao critério de avaliação, todos os artigos estão relacionados a amputação em seus objetivos.
O quadro 1 mostra a sinopse os artigos selecionados para a revisão integrativa.
Quadro 1. Sinopse dos artigos incluídos na revisão integrativa
AUTORES/TITULO ANO MÉTODO OBJETIVO RESULTADOS
OLIVEIRA JC, TAQUARY SAS, BARBOSA AM, VERONEZI RJB. Pé diabético e amputações em pessoas internadas em hospital público: estudo transversal. 2016 Estudo transversal Caracterizar sociodemografica e clinicamente os pacientes hospitalizados por pé diabéticos, diferenciando o perfil entre os amputados e não amputados.
O sexo masculino prevaleceu nos amputados e o feminino
nos não amputados, na escolaridade o mais prevalente foram os amputados no ensino fundamental incompleto, idade foi nos amputados de 50 a 69 anos, índice de massa
corporal ficou entre o peso normal e sobre peso nos amputados, mas também se
encontra obeso. AMLEIDA FCA, COSTA MML, BASTOS RAA, ALMEIDA RA, PEQUENO GA, BRILHANTE EAA. Idosos diabéticos: Fatores clínicos predisponentes para amputação de membros inferiores. 2018 Estudo descritivo quantitativo Identificar os fatores que predispõem os idosos diabéticos a amputações. A hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus em conjunto aumentam os riscos para
doenças micro e macrovasculares. O uso de tabaco consumo de álcool, hábitos alimentares como consumo de óleo, gorduras,
açucares no desjejum e o diagnóstico tardio aumentam as chances de amputação com
a média de 2,45 vezes. SANTOS ICRV, SOBREIRA CMM, NUNES ENS, MORAIS MCA. Prevalência e fatores associados a amputações por pé diabético. 2013 Estudo epidemiológico de corte transversal Estimar a prevalência de amputações por pé diabético e verificar associações com fatores relacionados a atenção básica. A prevalência da amputação foi relacionada a baixa escolaridade, 16,45% doa amputados com o estudo de 0 a 4 anos, 91,6% relacionado a quantidade de moradores na
mesma residência que se relacionou ao acontecido e 92,5% a renda até um salário
mínimo. Os pontos relacionado a atenção básica
se remete a pacientes que receberam o diagnostico em consulta e em internação, não conhecem valores normais de glicemia e não fazem exames
regulares nos pés. SILVA CL, MOLETA C, SEVEROO E, 2012 Pesquisa quantitativa Verificar a prevalência de amputações de
Em dois estudos distintos foram encontradas altas taxas
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 44218-44226, jul. 2020. ISSN 2525-8761 GASPAR MDR, CAVALHIEIRO MA. Características de lesões de pé diabético e suas complicações membros inferiores decorrentes de úlceras diabéticas com infecções de pacientes internados em um hospital Ponta Grossa, analisar as alterações fisiológicas detectadas durante a avaliação. diabético decorrente de ulceras, o primeiro com 71,4% e o segundo com 65%
dos casos. Pacientes que sofrem amputações correm um risco de isolação social e
depressão, por afetar a auto estima, auto imagem, seu
papel na sociedade e principalmente se houver limitação física onde, seu estado psicológico vai interferir no cuidado com a
doença. BORTOLETTO M SS, VIUDE DF, HADDAD MCL, KARINO ME. Caracterização dos portadores de diabetes submetidos à amputação de membros inferiores em Londrina, Estado de Paraná 2010 Estudo descritivo de abordagem quantitativa. Identificar o perfil doa pacientes portadores de DM que se submeteram em 2006, a amputação de membros inferiores em um Hospital Universitário, na cidade de Londrina, Estado do Paraná. Do total de pacientes amputados, 29,3% era diabéticos, encontrando-se 52% sexo masculino e 48% feminino. Diante do perfil dos
pacientes, a maioria (40,7%) eram aposentados, a terapia
farmacológica, 63% uso exclusivo de hipoglicemiantes oral e 15%
de insulina. Em relação a tempo de diagnostico a mais de 15 anos, encontra-se 30% observando maior incidência de amputação nos mesmos. SANTOS ICR,
NUNES ENS, MELO CA, FARIAS DG. Amputações por pé diabético e fatores sociais: implicações para cuidados preventivos de enfermagem 2011 Estudo epidemiológico do tipo caso-controle. Verificar a ocorrência de amputações em portadores de pé diabético segundo fatores sociais e suas respectivas implicações para os cuidados preventivos de enfermagem.
Na região de estudo encontra-se um alto grau de pobreza
exclusão social, como é o caso do analfabetismo,
desencadeando uma implicação na renda familiar
e na quantidade de pessoas residente no mesmo local,
com 2 vezes a mais de chances de ocorrer amputação, em relação a faixa etária a prevalência foi entre 60 e 70 anos com 62,5%
nos casos e 48,7% nos controles. O enfermeiro juntamente com a equipe deve realizar ações diferentes
como: cartilhas, reuniões, visitas domiciliares para garantir o autocuidado destes
idosos. LUCAS LOO, BARICHELLO E, ZUFFI FB, BARBOSA MH. A percepção dos portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 em relação à amputação. 2010 Estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa e hermenêutica. Descrever a percepção dos pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 em relação a sua amputação e expectativas para o futuro em relação O sentimento da perda do membro acarretou de início um sentimento de tristeza por
estar sem um membro e logo após um sentimento de alívio,
por ter eliminado a dor que o membro causava, o odor fétido e outros aspectos. Após
a amputação, o momento é marcado como uma incerteza
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 44218-44226, jul. 2020. ISSN 2525-8761 ao membro
amputado.
do futuro, porque a amputação não é só a perda
do membro mais sim a liberdade de ir e vir sozinho. Diante a pesquisa viu-se uma
necessidade da inclusão da família no processo de enfrentamento, tanto antes,
como após a amputação.
4 DISCUSSÃO
O alto índice de complicações no pé diabético está principalmente relacionado a úlceras, infecções e amputações, sendo 70% dos participantes dos estudos com ulceras ausentes por pelo menos 5 anos. As amputações estão muito presentes em pacientes portadores de pé diabético, segundo Silva (2012) 71,4% dos pacientes com pé diabético realizam amputação, ao contrário de Almeida (2018) que já mostra um índice maior de 85%.
Os sexos masculinos e femininos continham o mesmo número de pacientes nos estudos realizados, porém, a prevalência foi nos masculinos, ou seja, o sexo é um fator de risco para amputação sendo até duas vezes a mais que nas mulheres, relata Oliveira (2016). Já na pesquisa realizada por Almeida (2018), refere-se que 53,43% dos idosos com amputação era do sexo feminino. Mediante cinco artigos utilizados nesta revisão, encontra-se grande parte dos idosos com amputação entre 60 e 70 anos, sem deixar de ressaltar que dentro dos estudos existiam dois idosos entre 90 e 110 anos.
Os hábitos de vida estão diretamente relacionados com prevenção de complicações do DM, o consumo desorganizado de comidas, o tabagismo e a ingestão de álcool regularmente. Bortoletto (2010) relata resultados elevados na população entrevistada, 26% relatam ser fumantes, 22% com histórias de tabagismo e 19% referiam-se a consumo de álcool. O tabagismo é considerado um agravante para o aparecimento de neuropatias sensitivas, é o principal percussor de ulceras e amputações, da mesma forma o uso de álcool traz complicações e aumentam até sete vezes o desenvolvimento de neuropatias para aqueles de uso moderado e segundo Almeida (2018) para aquele que utiliza ou não, sem ter relação com frequência ou aumento é de 4,28 vezes.
A obesidade está interligada com está patologia, pois o desencadeamento da mesma tem relação com fatores genéticos e o estilo de vida, onde inclui a alimentação. A obesidade e o sobre peso estão presentes em mais da metade dos pacientes envolvidos no estudo, e este fato além de ser um fator complicante para o DM é um problema de saúde pública. (OLIVEIRA, 2016; BORTOLETTO 2010). Em decorrência de dados encontrados por Bortoletto (2010), o Brasil está passando por uma transição nutricional, onde 8,5% da população é desnutrida e 32% encontra-se em
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 44218-44226, jul. 2020. ISSN 2525-8761 sobrepeso e 8% são obesos, entre 1975 e 2000 a população obesa chegou a média de 22%, tendo em vista, que com o passar dos anos estes dados aumentem.
Segundo Santos (2013) as variações interligadas na prevalência de amputação dentro de seus resultados foram a baixa escolaridade, número de pessoas residente do mesmo local correspondente de 3 ou mais e um salário mínimo ($510,00 em 2010, $998,00 em 2019). O número de habitantes ao mesmo domicilio tem uma implicação direta com a doença, em termos de prevenção e controle, pois interfere no financeiro e consequentemente na alimentação, cuidados básicos de higiene, calçados, entre outros.
Mediante a algumas patologias em consonância com o Diabetes Mellitus temos a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) que entre relatos de Almeida (2018), foi a patologia que mais prevaleceu em pacientes diabéticos e é pelo menos duas vezes a mais nessa população do que na população geral. A HAS é o maior determinante para doenças cardiovasculares, em conjunto com o DM aumentam os fatores de risco micro e macrovasculares, uma vez que 70% dos diabéticos são hipertensos.
Em relação a complicações do DM, Bortoletto (2010) verificou que 85% das amputações era precedida de ulceras e entre estas, 93% dos pacientes que continham as ulceras em membros inferiores apresentavam neuropatia, ou seja, uma diminuição da sensibilidade nos pés. A angiopatia foi diagnosticada em 82% dos pacientes submetidos a amputação, levando em consideração que a mesma constitui um dos principais agravantes para a amputação, observamos que essa complicação causa em indivíduos não diabéticos a probabilidade 17 vezes maior de desenvolver gangrena precede de 50 a 70% das amputações.
Entre os diabéticos participantes, 11% apresentava uma alteração nos vasos sanguíneos levando a perda de proteína pela urina (nefropatia), e segundo o Ministério da Saúde 40% da população geral diabética possuem esta mesma complicação após 20 anos da doença. Quanto as complicações na retina por excesso de glicose (retinopatia) foram encontradas 3,7% e supõe-se que foram encontrados esses dados a partir de análise de prontuários.
Quanto a amputação propriamente dita, a alta incidência de amputação por local foi na coxa com 30% dos casos, diante desse achado encontra-se uma necessidade de cuidados após cirurgia tanto com o próprio paciente, a família e os profissionais, principalmente pela dificuldade de cicatrização da incisão cirúrgica, podendo posteriormente desenvolver novas ulceras e amputações por conta de infecção. (SILVA,2012).
O impacto que a amputação trás para um idoso é de extrema importância para a equipe de saúde, principalmente para a atenção básica, onde se encontra o maior contato com a população. Diante a pesquisa realizada por Lucas (2010) após a amputação, o relato de alguns idosos de imediato é o luto, que muitas vezes é considerado como vivência de perda de um ente querido e muita tristeza
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 7, p. 44218-44226, jul. 2020. ISSN 2525-8761 por ter que se submeter a uma adaptação total na vida, porém, alguns já relataram um certo alivio porque o membro acarretava dores e odor fétido.
Segundo ponto observado foi a expectativa pós amputação, onde existe uma ansiedade e por incerteza do futuro de como vai ocorrer a readaptação. Foi observado também uma grande consciência de cuidados preventivos, como o próprio curativo, higienização eficaz e apesar de todos os sentimentos de dependência e angustia expressados por estes sujeitos, foi identificado um apoio na espiritualidade.
5 CONCLUSÃO
Concluindo a presente revisão integrativa na busca de conhecimento da literatura relacionado a amputação por pé diabético em idosos, entende-se que para a prevenção da mesma é indispensável a atuação da enfermagem na atenção básica e na parte hospitalar prevenindo complicações.
Como foi visto em vários estudos apresentados, a idade, o sexo, os hábitos de vida (alimentação, tabagismo e alcoolismo), renda salarial, quantidade de pessoas na mesma residência, doenças arteriais periféricas, neuropatias e nefropatias, mostram um alto risco para amputação.
A neuropatia é um fator fisiológico, onde causa fraqueza, dormência e dor devido a dano nos nervos, desta forma, pode-se evidenciar que a neuropatia é o maior fator para o aparecimento de ulceras, sem deixar de ressaltar, grande parte das amputações são precedidas de ulceras.
Após a amputação os cuidados devem ser redobrados, desde a equipe de saúde no hospital, até a família e o próprio paciente, com o propósito de uma cicatrização eficaz, a prevenção de novas ulceras e consequentemente uma segunda amputação e apoio psicológico, visto que, o impacto de perda e impossibilidade de reabilitação social foi bastante abordado em estudos.
Portanto, de acordo com os resultados sugere-se aos profissionais de saúde, inclusive os enfermeiros uma maior abordagem de mudança de hábitos, melhorando a qualidade de vida e prevenindo Doenças Crônicas Não Transmissíveis como a Diabete Mellitus e prevenindo complicações da mesma.
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