• Nenhum resultado encontrado

Os desafios para o encontro da cidade com a sustentabilidade / The challenges for the city's meeting with sustainability

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Os desafios para o encontro da cidade com a sustentabilidade / The challenges for the city's meeting with sustainability"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761

Os desafios para o encontro da cidade com a sustentabilidade

The challenges for the city's meeting with sustainability

DOI:10.34117/bjdv6n11-532

Recebimento dos originais: 19/10/2020 Aceitação para publicação: 25/11/2020

Bruna Coelho da Conceição Pôjo

Mestra em Energia para Sustentabilidade pela Universidade de Coimbra e Especialista em Gestão de Cidades e Sustentabilidade pela Universidade Federal do Pará

Instituição: Universidade Federal do Pará

Endereço: Passagem São Domingos, 135 – Jurunas, Belém-PA, Brasil E-mail: brunapojo95@gmail.com

RESUMO

As cidades sustentáveis se apresentam como grande desafio atual, entretanto não há fórmula para uma cidade ser sustentável, pois cada cidade tem seus próprios obstáculos com organização, cultura, estrutura diferentes umas das outras. Assim, este artigo tem o objetivo de identificar os desafios que as cidades enfrentam para alcançar a sustentabilidade. A partir de uma revisão integrativa da literatura, foi possível identificar os principais desafios para que as cidades sejam sustentáveis, sendo possível entender o papel da gestão participativa para dar suporte a todas as outras instâncias e sendo vital para superar os desafios observados, sendo estes: a questão da sustentabilidade dentro do modelo econômico capitalista; a gestão representativa ao invés da participativa para sustentabilidade; a importância da determinação de dos indicadores de sustentabilidade.

Palavras-Chave: Cidades sustentáveis, Desafios, Desenvolvimento, Sustentabilidade.

ABSTRACT

Sustainable cities present themselves as a great current challenge, however there is no formula for a city to be sustainable, as each city has its own obstacles with different organization, culture, structure. Thus, this article aims to identify the challenges that cities face to achieve sustainability. From an

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761

integrative literature review, it was possible to identify the main challenges for cities to be sustainable, being possible to understand the role of participatory management to support all other instances and being vital to overcome the observed challenges, being these: the question of sustainability within the capitalist economic model; representative management instead of participative for sustainability; the importance of determining sustainability indicators.

the development of the activities, besides learning forms of horticulture crops.

Keywords: Sustainable cities, Challenges, Development, Sustainability.

Introdução

A industrialização aumentou as desigualdades e a globalização as evidenciou, o que contribuiu para incentivar deslocamentos da população aos grandes centros urbanos em busca de melhores condições de vida, este crescimento urbano desregulado aprofundou as desigualdades e impactou o meio ambiente.

“Nesse contexto, as consequências foram sentidas em diversas cidades de todo o mundo – e também do Brasil - que passaram a contar, cada vez mais, com a ocupação informal, a exclusão social, pouquíssima ou nenhuma área verde e, com a chegada da modernidade e a adoção do modelo capitalista, a ampla impermeabilização do solo em seus cenários, a falta de mobilidade e acessibilidade, dentre outros problemas, afastando, assim, a sustentabilidade ambiental, social e econômica” (Souza e Albino, 2018, p. 96).

Segundo Abdala et.al. (2014, p. 98), “a sustentabilidade global é um dos grandes desafios a ser enfrentado no século XXI, sendo o desenvolvimento sustentável amplamente entendido a partir da teoria do Triple Botton Line”, em português a tradução seria ‘O Tripé da Sustentabilidade’, baseado nos três ‘Ps’: people, planet and profit, significa que para uma ação ou algo ser sustentável deveria ser financeiramente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável.

“O desenvolvimento sustentável se apresenta mais urgentemente onde mora o problema: as cidades darão as respostas para um futuro verde. Nelas se consomem os maiores recursos do planeta; nelas se geram os maiores resíduos” (Leite, 2012, p. 14). Sendo assim, como é possível alcançar a sustentabilidade vivendo em uma sociedade capitalista? Por muitas vezes o ambientalmente responsável não é páreo para questão de vontade financeira no momento de agir.

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 “No modelo capitalista atual, a humanidade tem buscado o progresso por meio do desenvolvimento, que, na maioria das vezes, não está correlacionado a qualquer preocupação ou responsabilidade com a preservação do patrimônio ambiental ou a sua exploração razoável e, tampouco, com os conflitos sociais dai decorrentes” (Souza e Albino, 2018, p. 98). O fomento a sustentabilidade atualmente, está também relacionado ao querer de grandes marcas, na maioria das vezes mais por marketing do que motivadas por quererem alcançar a verdadeira sustentabilidade.

É evidente que para a mudança neste paradigma não ocorrerá apenas com ações governamentais, também é vital a participação da sociedade em exigir estas mudanças. Atualmente as dificuldades urbanas, tais como escassez de água/alimento/energia, ocorrências de epidemias, pandemia, perda da biodiversidade e mudanças climáticas, são sinais que mostram as cidades praticamente exigindo esta mudança de paradigma e demanda urgente um planejamento sustentável para as cidades.

A questão ambiental está sendo ressignificada, atualmente é vista como fundamental sua defesa para que a sociedade tenha uma adequada qualidade de vida, já que o ‘meio ambiente’ não é algo externo da sociedade e sim a sociedade está inserida no meio ambiente e preserva-lo é preservar a própria vida das pessoas.

Levanta-se assim o questionamento: quais os principais desafios para o encontro da cidade com a sustentabilidade?

Um dos ‘Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável’, das Nações Unidas, sendo o 11º objetivo, é ‘Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e

sustentáveis’, pois 3,5 bilhões de pessoas vivem nas cidades atualmente, em 2030, quase 60% da

população mundial viverá em áreas urbanas, 828 milhões de pessoas vivem em favelas e o número continua aumentando.

Assim, entende-se que “as cidades sustentáveis ou comunidades sustentáveis, representam um objetivo, um direcionamento para o desenvolvimento das comunidades - não um simples slogan de mercado” (Roseland, 1997, p. 201). Observa-se que não há uma fórmula para uma cidade ser sustentável, pois cada cidade tem seus próprios obstáculos com organização, cultura e estrutura diferentes umas das outra, é um sistema muito complexo para que exista uma fórmula em que todas as cidades se adequem.

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 Assim, este artigo tem o objetivo de identificar os principais desafios das cidades para alcançar a sustentabilidade; pois entende-se que identificar os principais desafios é o primeiro passo para auxiliar a tomada de decisão na gestão, gerar incentivos e dar suporte para formulação de políticas públicas voltadas a sustentabilidade nas cidades. A partir da metodologia utilizada foram determinadas etapas que deverão ser seguidas para análise do problema desta pesquisa e definidos critérios para seleção dos artigos que irão embasar este estudo.

METODOLOGIA

O presente capítulo apresenta os procedimentos metodológicos seguidos durante a pesquisa, a fim de se atingir o objetivo proposto sendo assim, o estudo em questão consiste em uma pesquisa exploratória que, de acordo com Prodanov et.al. (2013, p. 51), “tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; [...]. Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso”.

Será realizada neste artigo a revisão integrativa da literatura, Mendes et.al. (2008, p. 759), afirma que “esse método tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado”. Adicionalmente, Mendes et.al. (2008, p. 760) esclarece que “para a construção da revisão integrativa é preciso percorrer seis etapas distintas, similares aos estágios de desenvolvimento de pesquisa convencional”. Para o levantamento bibliográfico, as seguintes etapas foram seguidas para análise do problema desta pesquisa de acordo com Mendes et.al. (2008):

 Primeira etapa: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa;

 Segunda etapa: estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura;

 Terceira etapa: definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos;

 Quarta etapa: avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa;  Quinta etapa: interpretação dos resultados.

Desta forma, a primeira etapa ocorreu a partir da formulação da hipótese de pesquisa, sendo esta: identificar os desafios do encontro da cidade com a sustentabilidade.

(5)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 Na segunda etapa, foram estabelecidos os critérios para seleção dos artigos, de modo que a pesquisa seja transparente e para que a validação dos resultados seja clara, sendo assim, os principais critérios utilizados nesta pesquisa estão relacionados à obrigação de: se encontrar no âmbito do assunto analisado e possuir relevância, credibilidade e seriedade (em relação à revista e aos autores). Foi, também, estabelecido que serão selecionados apenas artigos dos últimos 5 anos, a fim de abranger publicações mais atuais, sendo obtidos através do Portal de Periódicos Capes, ScienceDirect e Directory of Open Access Journals, utilizando palavras chaves: Cidades Sustentáveis/Sustainable City. Na terceira etapa, foi desenvolvida um esquema de maneira a reunir os dados dos artigos coletados e selecionados, contendo as seguintes informações: título do texto científico, ano de publicação, objetivo do estudo. A partir de então, foram selecionados os artigo a serem analisados e foi produzida a Tabela 1, – contendo as seguintes informações: título do texto científico, ano de publicação e autor – que devido ao potencial de informações pertinentes ao objetivo desta pesquisa foram recuperados 8 (oito) artigos, que compreende o assunto a ser analisado.

Tabela 01: Artigos selecionados

Autor/Ano Título

Cheshmehzangia (2016) City Enhancement beyond the Notion of “Sustainable City”: Introduction to Integrated Assessment for City Enhancement (iACE) Toolkit Gibberd (2017) Strengthening Sustainability Planning: The City

Capability Framework

Griggs et.al. (2017) Characterizing and evaluating rival discourses of the ‘sustainable city’: Towards a politics of pragmatic adversarialism

Nathanail et.al. (2017) A novel approach for assessing sustainable city logistics

Bento et.al. (2018) As novas diretrizes e a importância do planejamento urbano para o desenvolvimento de cidades

sustentáveis

Carneatto et.al. (2018) O papel da educação ambiental e a gestão de riscos de desastres no desenvolvimento de cidades

sustentáveis e resilientes Liu (2018) IoT and A Sustainable City

Huovila et.al. (2019) Comparative analysis of standardized indicators for Smart sustainable cities: What indicators and standards to use and when?

(6)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 A partir desta seleção serão realizadas a quarta e quinta etapa estabelecidas por Mendes et.al. (2008), que consistem na avaliação dos estudos e análise dos resultados que constarão no próximo capítulo deste artigo, sendo:

“Equivalente à análise dos dados em uma pesquisa convencional, na qual há o emprego de ferramentas apropriadas [...] corresponde à fase de discussão dos principais resultados na pesquisa convencional. O revisor fundamentado nos resultados da avaliação crítica dos estudos incluídos realiza a comparação com o conhecimento teórico, a identificação de conclusões e implicações resultantes da revisão integrativa” (Mendes et.al., 2008, p. 762).

Esta metodologia de pesquisa visa aprofundar os estudos quanto ao tema escolhido, principalmente por meio de discussões entre os artigos selecionados, com o objetivo de responder a pergunta de pesquisa por meio da análise das reflexões de outros autores sobre a temática estudada.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Quando se pesquisa sobre cidades sustentáveis, a palavra ‘planejamento’ vem concomitantemente nos artigos selecionados, principalmente pelo fato de que planejar é a chave para mudança do paradigma atual, Carneatto et.al. (2018) enfatiza em seu artigo que o planejamento e a administração são pressupostos importantes no uso dos recursos para o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis e resilientes. O autor afirma que o desenvolvimento das cidades é um dos grandes desafios dos gestores públicos, para o planejamento adequado dos espaços urbanos a fim de que possam atender às necessidades das populações residentes e criar políticas públicas com foco nessas necessidades.

Entretanto, a utopia que a cerca o conceito de cidades sustentáveis foi ressaltada por Cheshmehzangia (2016), que questiona até que ponto as cidades podem realmente ser sustentáveis ou são sustentáveis, o autor critica as diversas rotulagens da cidade de 'eco', 'verde', 'resiliente', 'baixo carbono', 'inteligente' e acredita que a solução é uma gestão integrada de recursos. Entretanto, Cheshmehzangia (2016) afirma que realizar esta gestão integrada de recursos é mais complicada para cidades em desenvolvimento, pois a desigualdade ainda é muito latente e que ainda estão lutando para combater as questões de pobreza, crescimento econômico, poluição, degradação ambiental e etc.

Ou seja, neste contexto é vital o engajamento dos gestores formuladores de políticas para superar os desafios presente entre o encontro da cidade com a sustentabilidade, sendo que os desafios do planejamento urbano sustentável, segundo Cheshmehzangia (2016), são: a falta de visão explícita; implementação mínima e, por vezes, sem implementação; o fato de não se cumprir os planos de ação

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 ou metas; e complicação com custos e atração de investimentos. A sociedade, como já ressaltado nesta pesquisa, também deve ser uma das ferramentas a serem utilizadas no caminho para superar estes desafios já que, de acordo com Carneatto et.al (2018), a Educação Ambiental é uma grande aliada para ajudar na resolução de problemas, seja por causa de fatores naturais, culturais, educacionais, econômicos.

Já Griggs et.al. (2017), constrói três discursos distintos da cidade sustentável: progressive reformism, public localism, and moral stewardship - em tradução livre - reformismo progressivo, localismo público e mordomia moral. O reformismo progressivo propõe uma mudança profunda no sistema atual no qual não é viável apenas a redução do comportamento humano prejudicial em relação ao meio ambiente, assim os autores sugerem que a cidade sustentável depende da mudança do crescimento antropocêntrico para uma forma ecocêntrica de desenvolvimento. O localismo público é movido pelo fato de acreditarem que as pessoas tem sim controle da sua vida e, portanto se caracteriza por suas crenças em uma liderança forte e clara do setor público, pois acredita que os desafios da cidade a caminho da sustentabilidade podem ser superados por meio de liderança pública e regulamento. Por fim, a mordomia moral acredita que os seres humanos estão tentando viver além da capacidade da Terra, e que por isso é obrigação da atual geração proteger o planeta e reabastecer ecossistemas diminuídos.

O fato é que, apelar para o dever moral pode ser em vão, pois observa-se que apesar dos impactos provocados pela insustentabilidade ambiental das cidades atingir a todos, estes impactos atingem a todos de forma diferente e desigual, já que os que mais sofrem com as consequências ambientais, sociais e econômicas são as pessoas marginalizadas socialmente.

Entre as questões levantadas quanto a desigualdade aprofundada nas grandes cidades, Nathanail et.al. (2017) explica que a atividade de mobilidade, relacionada ao transporte urbano de mercadorias, é um indicador que contribui para sustentabilidade nas cidades, pois conduz ao alívio do congestionamento do tráfego e à mitigação das emissões de CO2 e impactos de ruído. Observa-se então, que tanto Liu (2018) como Nathanail et.al. (2017), estudam a mobilidade como uma das medidas que contribuem para cidades serem sustentáveis, entretanto Liu (2018) analisa o IoT, Internet das Coisas um sistema de compartilhamento de bicicletas, o autor afirma que transporte de uma cidade será o mais ecológico e conveniente e que essa alternativa pode se tornar um papel importante em uma cidade sustentável e inteligente.

(8)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 O planejamento para uma cidade sustentável é complexo, pois deve levar em consideração a movimentação da população, buscando acessibilidade a serviços e cultura, melhor mobilidade, menos tráfego, justiça social, consumo responsável e gestão sustentável dos recursos. Sendo então, necessário diagnosticar as desigualdades nas cidades e as levar em consideração durante processo de planejamento estratégico do desenvolvimento sustentável nos centros urbanos.

Assim, para garantir uma adequada estratégia para alcançar a sustentabilidade nas cidades, Gibberd (2017) explica, é necessário estruturar metas, indicadores, planejamento e implementação de processos, o autor também faz algumas ressalvas quanto ao modelo, no qual o mesmo deve ser: totalmente desenvolvido em diferentes ferramentas, guias e treinamento; deve ser testado aplicando-se a uma cidade de tamanho médio; o monitoramento e a avaliação do piloto devem ser usados para refinar a estrutura em ferramentas de conhecimento, que pode ser disseminado e usado por outras cidades que desejam a replicação da abordagem.

Os artigos recuperados para esta pesquisa, no geral, analisam o que seria uma cidade sustentável, indicam ferramentas e propõem soluções para que as cidades sejam mais sustentáveis. Porém, estudo e abordagem desenvolvida por Huovila et.al. (2019) é o primeiro de seu tipo, uma vez que esses padrões de indicadores de cidades não foram comparativamente analisados anteriormente na literatura científica.

No artigo de Huovila et.al. (2019), são identificados indicadores para cidades inteligentes e sustentáveis, como ambiente natural, ambiente construído, água e resíduos, transporte, energia, economia, educação, cultura, inovação, ciência, saúde, qualidade de vida, segurança, governança e engajamento dos cidadãos, que podem dar suporte para gestores municipais na definição de metas, avaliação de desempenho, monitoramento, gerenciamento e tomada de decisões. Entretanto, o autor faz a ressalva que qualquer conjunto de indicadores padrão deve ser considerado como um ponto de partida, os indicadores e as medidas não devem se tornar uma meta em si, mas apoiar a satisfação das necessidades individuais de cada cidade.

O encontro da cidade com a sustentabilidade é complexo, deve ser compreendido a partir dos conceitos separados dos dois, mas que por fim se encontrem. Por isso é complexo, porque é particular para cada cidade, encontramos diferenças entre as cidades dentro de um mesmo país, é impossível comparar as cidades no mundo. Porém é necessário a compreensão dos indicadores que norteiam uma cidade sustentável, pois apenas entendendo exemplos que deram certo, que se estuda o que pode dar certo em outras condições de aplicação.

(9)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 Por fim, o caminho para o encontro das cidades com a sustentabilidade já está sendo percorrido, as pesquisas desenvolvidas em torno deste assunto é a prova disto. A partir da análise dos artigos selecionados, foi identificado que a questão da sustentabilidade dentro do modelo econômico capitalista foi um dos desafios, encontrados nesta pesquisa, já que a partir do modelo capitalista, o capital fica concentrado na mão de poucos, enquanto que produz externalidades como pobreza extrema e escassez de recursos gerando um desequilíbrio e assim tornando esse sistema insustentável, Griggs et.al. (2017) afirma que esta mudança de paradigma seria possível através da mudança do crescimento antropocêntrico para uma forma ecocêntrica de desenvolvimento.

O outro desafio encontrado trata-se do uso frequente da gestão representativa ao invés da participativa para sustentabilidade, nota-se como é fundamental o papel da participação da população neste processo, o envolvimento das pessoas é peça chave para que se alcance um padrão de cidades sustentáveis, já que uma gestão participativa das cidades demonstra uma integração entre os poderes, onde a população é ouvida e suas dores são sentidas, até porque não se pode gerir sem saber os reais problemas a serem enfrentados, pois desta forma não se encontram as soluções corretas aos mesmos. Neste sentido, Carniatto et.al. (2018) esclarece que a educação ambiental está diretamente conectada ao fato de a sociedade ter condições ou qualificações para interferir e participar na formulação de políticas públicas.

O planejamento urbano se apresenta como ferramenta para superar os desafios do encontro da cidade com a sustentabilidade, o estudo de Bento et.al. (2018) demonstra que o planejamento urbano é um elemento fundamental para promover a sustentabilidade urbana, ordenar a complexidade das cidades e das aglomerações urbanas, equilibrar as suas dinâmicas de desenvolvimento, representar os interesses dos cidadãos e facilitar o processo de evolução de uma sociedade em constante transformação. O autor indica ainda a necessidade de as cidades criarem novos modelos de governança política, os quais devem ser participativos e inclusivos.

A ausência ou insuficiência de políticas públicas para legitimar a sustentabilidade foi um dos principais desafios encontrados. É essencial ser analisado o modo de vida de cada cidade para que cada uma crie seu próprio modelo, sendo necessário um planejamento integrado e uma gestão participativa. “A comunidade deve estar envolvida na definição da sustentabilidade a partir de uma perspectiva local. O desafio é saber fomentar a democracia local dentro de um marco de sustentabilidade global” (Roseland, 1997, p. 201).

(10)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 Bento et.al. (2018) ressalta que a participação política no desenvolvimento sustentável das cidades pode se dar de diferentes maneiras: uma delas é no processo decisório, para que a população se aproprie da legislação, a entenda como necessária e seja sua defensora, outra é no cotidiano, em que o cidadão se apropria e passa a ter consciência da sustentabilidade urbana, e reflete isso tanto em suas ações e práticas como em princípios e valores que serão passados adiante para as gerações futuras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da revisão integrativa de literatura utilizada nesta pesquisa, foi possível compreender como os estudos analisados contribuíram para verificar os principais desafios para que as cidades sejam sustentáveis, sendo estes: a questão da sustentabilidade dentro do modelo econômico capitalista; a gestão representativa ao invés da participativa para sustentabilidade; a importância da determinação de dos indicadores de sustentabilidade.

Apesar dos desafios encontrados, a democratização da informação é poder, participar de decisões governamentais é dever e é direito da sociedade, o investimento em educação ambiental é vital para que a população entenda melhor estes seus direitos e deveres e assim exigir justiça social, diminuição das desigualdades e melhoria na qualidade de vida. Entretanto, o que se observou a partir dos artigos analisados é que para cidade ser sustentável será necessário romper com o sistema capitalista, ou mudar drasticamente a visão de desenvolvimento regional e suas relações de mercado de trabalho, dinâmicas produtivas, sociais, do uso espaço e uso dos recursos naturais, para que o tripé da sustentabilidade seja equilibrado.

Principalmente pelo fato de a sustentabilidade estar envolta de uma visão conciliatória, e o que se nota é que atualmente questões ambientais vitais continuam a ser menosprezadas por conta, em grande parte, do capitalismo. Por isso esta questão se apresenta como um grande desafio para o encontro da cidade com a sustentabilidade, e a mudança drástica deste paradigma deverá ser realizada a partir de uma visão da sociedade mais ambientalista, sendo necessário um sistema de concepção conciliatório para que a cidade se encontre com a sustentabilidade.

“A solução da contradição está na construção de uma nova racionalidade produtiva que incorpore os valores, normas e princípios do Ambientalismo como forças materiais e sociais para um desenvolvimento alternativo das forças produtivas e para o seu controle democrático, mediante os princípios da gestão participativa” (Leff, 2000, p. 233). Por fim, a sustentabilidade da cidade não está apenas relacionada à quantidade de verde que nela tem, e sim a sustentabilidade do sistema como um

(11)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 todo, que pode sim ser alcançada através da gestão participativa, política pública de cunho social e planejamento integrado de ações. Os desafios são enormes, porém há como supera-los.

(12)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761

REFERENCIAS

Abdala, L.N; Schreiner, T.; Costa, E.M.; Dos Santos, N. Desenvolvimento de Cidades Sustentáveis? Uma revisão sistemática de literatura. Int. J. Knowl. Eng. Manag., 3(5), 98-120, mar./jun. 2014.

Disponível em: http://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/IJKEM/article/view/2613/3255

Bento, S.C.; Conti, D..; Baptista, R.M.; Ghobril, C.N. As novas diretrizes e a importância do planejamento urbano para o desenvolvimento de cidades sustentáveis. Rev. Gest. Ambient.

Sustentabilidade, 7(3), 469-488, set./dez. 2018. doi: https://doi.org/10.5585/geas.v7i3.1342

Carniatto, I.; Fiedler, L.; Ottaviano, S. O papel da educação ambiental e a gestão de riscos de desastres no desenvolvimento de cidades sustentáveis e resilientes. Cadernos de Pesquisa: Pensamento

Educacional, 13, 2018. doi:

https://doi.org/10.35168/2175-2613.UTP.pens_ed.2018.Vol13.NEspecial.pp278-300

Cheshmehzangi, A. City Enhancement beyond the Notion of “Sustainable City”: Introduction to Integrated Assessment for City Enhancement (iACE) Toolkit. Energy Procedia, 104, 153–158, 2016. doi: https://doi.org/10.1016/j.egypro.2016.12.027

Gibberd, J. Strengthening Sustainability Planning: The City Capability Framework. Procedia

Engineering, 198, 200–211, 2017. doi: https://doi.org/10.1016/j.proeng.2017.07.084

Griggs, S.; Hall, S.; Howarth, D.; Seigneuret, N. Characterizing and evaluating rival discourses of the ‘sustainable city’: Towards a politics of pragmatic adversarialism. Political Geography, 59, 36–46, 2017. doi: https://doi.org/10.1016/j.polgeo.2017.02.007

Huovila, A.; Boschb, P.; Airaksinen, M. Comparative analysis of standardized indicators for Smart sustainable cities: What indicators and standards to use and when? Cities, 89, 141-153, 2019. doi: https://doi.org/10.1016/j.cities.2019.01.029

Leff, E. Ecologia, Capital e Cultura: racionalidade ambiental, democracia participativa e

desenvolvimento sustentável. Blumenau: Editora da FURB, 2000.

Leite, C. Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes: Desenvolvimento Sustentável num Planeta

Urbano. Porto Alegre: Bookman, 2012.

Liu, L. IoT and A Sustainable City. Energy Procedia, 153, 342-346, 2018. doi: https://doi.org/10.1016/j.egypro.2018.10.080

Mendes, Karina Dal Sasso; Silveira, Renata Cristina de Campos Pereira; Galvão, Cristina Maria. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem, 17, 4, 758-764. ISSN 1980-265X. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018

Nathanail, E.; Adamos, G.; Gogas, M. A novel approach for assessing sustainable city logistics.

Transportation Research Procedia; 25, 1036–1045, 2017. doi: https://doi.org/10.1016/j.trpro.2017.05.477

(13)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 11, p.91542-91554, nov. 2020. ISSN 2525-8761 ONU - Organização das Nações Unidas. Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento

Sustentável da ONU, 2015. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/conheca-os-novos-17-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/>. Acesso em: ago. 2020.

Prodanov, C.C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho

acadêmico / Cleber Cristiano Prodanov, Ernani Cesar de Freitas. Novo Hamburgo: Feevale, 2 ed.,

2013.

Roseland, M. Dimensions of the eco-city. Cities, 14, 197-202, ago. 1997. doi: https://doi.org/10.1016/s0264-2751(97)00003-6

Souza, M.C.S.A; Albino, P.L. Cidades sustentáveis: limites e possibilidades conceituais e regulatórios.

Revista Direito e Sustentabilidade, 4(1), 95–109, jan./jun. 2018. doi: http://dx.doi.org/10.26668/IndexLawJournals/2525-9687/2018.v4i1.4388

Referências

Documentos relacionados

Você pode dizer que o objeto Banco e o objeto Cliente são pares, porque os objetos Cliente podem existir independentemente do objeto Banco.  Isso significa que se o objeto

O divisor utilizado era de 200 (duzentos) passou a ser de 175 (cento e setenta e cinco), levando-se em consideração que, na Justiça Eleitoral/ a jornada diária é de 07 (sete)

Segundo, pode haver uma pessoa que seja simpática, cordata e de fácil relacionamento (Alta Sensibilidade), mas que o faz não para ajudar os outros, mas para se focar

O Rio São Manoel inicia com a junção dos Córregos Sapucaia e Claro, e corta o distrito de Ocidente, recebe as águas dos Córregos afluentes inclusive do

3.6 Capital Segurado por Morte Acidental em Dobro Consiste no pagamento de um capital adicional relativo a morte acidental, limitado 100% (cem por cento) do valor estipulado para

Entre outros, os seus benefícios fiscais incluem 5% de IRC, isenção de retenção na fonte sobre pagamentos feitos para o exterior, uma participation exemption mundial, isenção

Assim, o objetivo do trabalho foi gerar informações sobre a produtividade potencial da cana-de-açúcar cultivar RB83- 2847 na cidade de Paranavaí – PI, com plantio

Na primeira troca de óleo e após esta troca, a cada duas.. trocas de óleo